• Paulo Briguet
  • 13 Março 2015

Sempre que faço críticas ao PT, alguém me chama de elitista. E é verdade. Sou da elite que acorda às cinco da manhã e dorme depois das dez, trabalhando o dia inteiro. Pertenço à elite que vai de ônibus para o serviço, porque nunca aprendeu a dirigir. Sou da elite que come arroz e feijão todos os dias. Que conversa com os porteiros. Que lava a louça depois do jantar. Que assiste desenho da Peppa com o filho.

Sou daquela elite golpista e pernóstica chamada classe média, que faz das tripas coração para evitar o vermelho no banco. Elite que paga contas cada vez mais altas de água, luz, educação, saúde, condomínio. Elite que luta para não se afogar em impostos e taxas. Elite que se espanta com os aumentos de preços no supermercado, no sacolão, na padaria, no shopping, no restaurante. Que os companheiros me desculpem, mas continuo preocupado com a situação do País. Um elitismo incorrigível da minha parte!

Sou da elite que guardaria dinheiro na poupança – se tivesse dinheiro. Elite que anda pelo Calçadão diariamente, que já comeu muito pastel na feira, que não vive sem tomar uma cervejinha sexta-feira no bar do japonês.

Um de meus mais irritantes hábitos elitistas é percorrer os sebos da cidade atrás de livros que jamais encontro. Mas acabo achando outros livros e os levo para casa – meio escondido da mulher, porque já não há mais espaço nas estantes.
Estou entre os 88% de londrinenses elitistas que desaprovam o governo Dilma. Sou da elite que neste domingo vai sair às ruas contra a corrupção e a incompetência dos companheiros. Sou daqueles reacionários imperdoáveis que ainda acreditam em coisas antiquadas como moralidade, receitas e despesas, economia de mercado, liberdade de expressão, respeito à vida humana.

O pior, no entanto, é ser um elitista cristão. Escandaloso! Faço parte da elite que acredita em Deus, lê a Bíblia, vai à missa todos os domingos e reza o terço todos os dias. Só mesmo um burguês inimigo do povo para fazer isso. E agora vocês me dão licença, que eu vou brincar de sabre de luz com o Pedro. Gente fina é outra coisa.

 

http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/

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  • Waldo Luís Viana
  • 12 Março 2015

 

Tudo começa com a falta de Deus. Não há caridade, espírito comunitário, empreendedor e valorização do indivíduo. Em lugar de Deus vem outra fantasmagoria, o tal “homem social” e o culto à personalidade. Um Lênin, um Stálin, um Pol Pot, um Mao Tsé Tung, um Fidel Castro, um Chávez e até um pobre semianalfa como o Lula.

Todos eternizados como chama acesa em lugar de Deus, que, ao dizer de Dostoiévsky, quando não existe, tudo é permitido. Em lugar do Supremo, a revolução; em lugar Dele, o culto à personalidade. Chávez precisava existir para que Maduro pudesse assumir. Dilma existe porque Lula é seu mentor e chefe...

É um paradoxo: onde se dignifica o homem social, para apoia-lo é preciso cultuar um indivíduo como se fosse deus. Na verdade, institui-se uma caricatura idiota de demiurgo. Todos os que tentaram substituir Deus transformaram-se em déspotas sanguinários ou assassinos. No caso brasileiro, no entanto, nem se chegou a tanto, porque nosso demiurgo é carnavalesco, apenas um reles cachaceiro. Seria até bom para eles que Lula perdurasse para sempre como condutor, além da caninha 51. Mas, infelizmente, não é assim...

Os homens não sobrevivem ao cruel socialismo e o socialismo não sobrevive quando acaba o dinheiro dos outros! Pobre câncer que arrefece as ambições amargas de quem pensa que pode assumir o lugar de Deus...
Aí vem aquela estória de denegrir o pensamento individual e sua capacidade de gestá-lo. Pensar, que é um privilégio de indivíduos não de corporações, passa a ser maquinação exclusiva dos movimentos sociais. Talvez seja por isso que, em 12 anos de pensamento petista, eles não conseguiram gestar sequer um premio Nobel!

Surgem então aqueles pensamentos típicos que são jogados à horda. À manada de carneiros, ovelhas ou búfalos espavoridos são espargidos slogans como lemas, repetidos à farta como se fossem verdades. Aí os ideólogos instruem-nos a repetir o que os gestores do chefe mandaram dizer, repercutindo palavras de ordem como se fossem outdoors sem mídia. Nada devem pensar, mas somente replicar, de modo surrado e irracional.

“Ora, impeachment é golpe; é terceiro turno”. Contra Collor não era; contra Dilma, sim. “Se o PT é sujo, corrupto e propineiro, o governo FHC também o era. Sim, o PT é uma merda, mas se o compararmos com o passado, ele fica perdoado." Então, tudo bem e vamos comer pizza.

Nosso líder nos instruiu: “a causa merece o sacrifício da cumpanheirada”, desde que o pescoço dele naturalmente fique livre. “Roubar faz bem à saúde, desde que salvemos nosso pobre povo da miséria, que já sofreu tanto antes e que agora não sofre mais...”

Dirceu era capitão do time e foi sacrificado. E não se pode bradar aos quatro ventos, porque “são os ricos e a elite branca que estariam a protestar” – dizem eles. E a presidanta precisa completar o mandato sem que se moleste a sua pobre legitimidade que, aliás, já morreu! Então, “preparemos o exército do MST para que eles percebam que está tudo dominado.”

Só falta deter a mídia golpista, que lembra a todos que houve corrupção, ora, “apenas um pequeno detalhe da passagem de um polo a outro, do capitalismo neoliberal ao socialismo bolivariano”, capitaneado pelo Foro de São Paulo e que irá alçar a América Latina como o continente mais desenvolvido do concerto das nações.

Nossa presidanta, afinal, disse-nos em recente cornucópia, que só falta superar a “grave crise internacional”. Os países estão todos parados lá fora, esperando o estonteante crescimento do Brasil, sob a tutela extraordinária do MST, dos haitianos, venezuelanos e cubanos que irão dominar desta vez o nosso território.

E o PT, em suprema agonia, substituirá de vez os regimes baseados na tutela de Deus, substituindo-os por algum prócer terreno que será adorado pelas massas como aquele que nos devolveu a dignidade e a felicidade eternas.
O homem social demonstrará que poderemos viver com a tenacidade e dignidade das formigas ou o protagonismo da cachaça e das amantes pagas pelo contribuinte e por cartões corporativos. E o povo, estupefato, depois que acabou o Carnaval e o verão, começando o outono, prepara-se para um inverno de sangue, sem pão à mesa.
Mas tudo termina com a falta de Deus e os petistas estão em distinta e merecida agonia.
Enterremo-los, com as devidas orações...
 

* Escritor e ghost writer

www.waldoluisviana.w3br.com

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  • Roberto Rachewsky
  • 10 Março 2015

 

Há décadas ouvimos sempre a mesma sentença, o Brasil é o país do futuro. Temos honrado fielmente esse título, outorgado por Stefan Zweig, escritor austríaco que optou por adotar nosso país como sua residência até acabar com a própria vida, desanimado com o futuro da humanidade.

Ser o país do futuro pode ter dupla interpretação.

Pode ser como o nosso, sempre correndo atrás de um pretenso desenvolvimento, sem nunca alcançá-lo efetivamente ou sempre chegando depois de quase todos os demais.

Imaginamos que a vontade e a marcha do tempo serão suficientes para nos colocar no primeiro time de nações. Porém acabamos, pela nossa própria inépcia, mantendo o futuro, entendido como o desenvolvimento pleno e desejável, sempre à frente e distante.

Temos sido governados por personagens que, com sua retórica populista e demagógica, nos tratam como se fôssemos mulas, aquelas nas quais se amarra uma cenoura à frente para estimulá-las a seguir adiante, irracional e resignadamente, perseguindo uma isca, um objetivo, que jamais alcançarão.

Ser o país do futuro pode significar também, por outro lado, ser uma nação de vanguarda, inovadora nas ciências e na tecnologia. Criativa e crítica na cultura e na educação. Libertária e resolvida nas relações sociais e políticas. Interdependente e cooperativa nas relações internacionais. Desenvolvida e empreendedora nas atividades econômicas e empresariais.

Essas características descrevem um país de futuro pródigo e desejável, fundado em princípios que privilegiam a todos por promover o indivíduo como um fim em si mesmo.

Uma sociedade do futuro pode ser uma referência, um marco de avanços sociais e econômicos consistentes que transformam conhecimentos e demandas diferentes em riqueza, distribuída justamente, de acordo com o que cada um contribui e em conformidade com a capacidade que cada um tem de bancar.

A divisão do trabalho, base para o aprimoramento empresarial e laboral, e a cooperação voluntária, essencial para a satisfação mútua, submetidas a uma ordem livre e espontânea que chamamos de mercado, levarão a sociedade à riqueza, fazendo com que o futuro nos encontre antes do que imaginamos e mais preparados para aproveitá-lo.

Não é por outra razão que vemos países chegarem ao futuro antes do que nós, senão porque seus mercados são mais livres e suas instituições protegem com mais veemência e estabilidade os que neles interagem livre e espontaneamente.

O grande problema do Brasil é que ainda não fizemos nossa revolução capitalista. O capitalismo, sistema que preza a liberdade, a cooperação, a competitividade, a propriedade privada, é a porta para um futuro melhor a qual jamais ousamos abrir.

O Brasil nunca adotou o capitalismo como sistema de organização econômica e social, por aqui jamais passou o liberalismo, seja na sua versão clássica ou, como chamam os estatistas, neo.

Não faz parte da doutrina libertária defender um Estado que existe para restringir o empreendedorismo, a contratação particular entre indivíduos, o uso da propriedade privada em suas diversas formas; nem para estabelecer proteções, cotas, subsídios, incentivos para uns, privilegiados, em detrimento de outros, oprimidos.

O verdadeiro capitalismo requer a separação absoluta entre o Estado e a economia, do mesmo jeito, que o laicismo requer a separação entre o Estado e a igreja. O liberalismo permite que o indivíduo seja autônomo e que qualquer associação seja decorrente de sua livre e legítima vontade.

Num sistema capitalista, é vedado ao Estado, como é a qualquer indivíduo isoladamente, utilizar o poder de coerção para, em detrimento de alguns, beneficiar a si ou a outros.

Vivemos sob a égide de uma economia regida pelo Estado, sempre autocrático, por demais castrador, e invariavelmente perdulário.

Sofremos com instituições que desprezam os direitos individuais e que, portanto, não garantem nem o interesse público nem o interesse privado legitimamente, sendo de forma contumaz, pervertidas para benefício escuso de pequenos grupos de interesse que se alternam cíclica e constantemente.

É como se estivéssemos amarrados a um pêndulo ideológico que oscila de um lado para o outro, ora tocando o fascismo, ora o socialismo. Por aqui, as revoluções que se sucedem tem conseguido instituir apenas o statu quo. Nossos revolucionários acabam completando giros de 360 graus e terminam seguindo no mesmo sentido e direção para onde rumavam aqueles que lhes antecederam.

Porém, não custa lembrar, a porta do futuro sempre esteve ali, a nossa frente, fechada, esperando para nos surpreender, de acordo com a chave que usarmos para abri-la. A chave que abre a porta para um futuro melhor está ao nosso alcance, basta reconhecê-la.

Nada mais do que a liberdade, o direito de propriedade e o direito à vida é necessário para abrir a porta que nos conduzirá à busca da felicidade, força-motriz que pretende e permite um futuro melhor.
 

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  • Rodrigo Constantino
  • 09 Março 2015

(Publicado originalmente no blog do autor, na Veja, dia 8 de março)

A presidente Dilma fez um longo pronunciamento em cadeia nacional de televisão e rádio nesse Dia Internacional da Mulher. Como não poderia deixar de ser, vindo de quem vem, houve um abuso da “cartada sexual” logo no começo, com Dilma se colocando num papel especial só por ser mulher. Ou seja, esqueçam os argumentos, os fatos, pois o importante é “sentir”, algo que todas as mulheres podem compreender.

Em seguida, Dilma mostrou porque jamais poderia ser uma estadista, sendo apenas uma populista de quinta categoria. Vive em campanha eleitoral, não pensa no longo prazo, quer apenas ludibriar o eleitor. É incapaz de reconhecer um único erro. Conseguiu colocar até a alta das tarifas de eletricidade na conta de uma seca, ou seja, não tem nada a ver com a desorganização no setor após várias decisões demagógicas tomadas por seu governo, que resolveu reduzir na marra as tarifas antes, de olho nas eleições.

Dilma insistiu na desculpa esfarrapada da crise internacional, a “mais severa desde a crise de 1929?. Segundo ela, ainda estamos pagando o custo dessa crise, e o momento difícil que o Brasil vive hoje é apenas conjuntural e não tem ligação alguma com seu governo. Para “comprovar” isso, ela citou a situação na União Europeia. Ou seja, o Brasil não vai mal coisa alguma, quem diz o contrário mente, exagera, e basta olhar para o baixo crescimento da Europa para ver como estamos, na verdade, muito bem, obrigado. Haja cara de pau!

Foi repetido duas vezes que desta vez, ao contrário das crises passadas, o país não parou nem vai parar. Como é? Então quer dizer que a recessão que experimentamos já em 2014, e que será repetida em dose maior este ano, não é coisa de um país parado? De fato, é coisa de um país que está andando para trás, isso sim! Mas Dilma tentou vender novamente a ilusão de um país que não existe, ou que só existe na cabeça de seu marqueteiro. Tudo pela propaganda.
Enfim, tratou-se de um discurso típico de uma líder medíocre, incapaz de um ato de sinceridade para com o povo, incapaz de reconhecer seus equívocos. Dilma se pega na cartada sexual – é uma mulher, logo, merece créditos – e também num apelo nacionalista – precisamos ter fé pois tudo será melhor amanhã. A realidade é bem diferente, e subtraí-la do brasileiro é um absurdo.

Não sofremos efeitos de uma suposta crise internacional, pois os países emergentes estão em situação muito melhor e nossos problemas foram produzidos em casa. Não são problemas conjunturais, mas estruturais. E não serão resolvidos rapidamente; levarão muito tempo até serem digeridos, se o governo realmente mudar o rumo. O discurso eleitoreiro e mentiroso da presidente mostra que a ficha ainda não caiu, que Dilma ainda prefere culpar os astros pelos problemas que sua incompetência produziu.

É covardia, ou pior, é uma insistência asinina no erro. Afinal, talvez Dilma, uma desenvolvimentista, acredite mesmo em suas baboseiras, ache mesmo que fez tudo certo e que agora deve apenas fazer pequenas correções, pois o cenário mudou. Se os investidores acharem que essa é a crença de Dilma, aí é que vão retirar investimentos do país mesmo, pois sabem que somente uma mudança radical de postura pode salvar nossa economia, e não sem um grande custo a ser pago no curto prazo.

Por fim, e no auge da vigarice, Dilma citou o “lamentável episódio com a Petrobras”, como se fosse algo totalmente sem relação com o seu partido, com a quadrilha que o PT montou dentro da estatal, sendo que a própria Dilma fora presidente do Conselho da empresa e ministra de Minas e Energia, além de ter indicado para o comando da empresa Graça Foster, incapaz, por incompetência ou conivência, de identificar a roubalheira bem debaixo de seu nariz.
É tratar o povo brasileiro como idiota. Só que o povo parece ter acordado, e enquanto Dilma mentia em seu discurso, buzinas e “panelaços” podiam ser ouvidos por várias capitais do país, como protesto. O povo está cansado de tanta canalhice, e talvez o tiro saia pela culatra. Afinal, dia 15 de março está logo ali, e o pronunciamento hipócrita da presidente pode muito bem ter jogado mais lenha na fogueira das manifestações…

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/a-incapacidade-de-dilma-de-reconhecer-seus-erros/
 

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  • Anônimo
  • 06 Março 2015

 

O autor é um "anônimo" bem conhecido e muito amigo, cuja identidade não pode ser revelada.

 

Ouço a notícia de que o governo está tentando mudar as regras para o cálculo do tal superávit primário. Dizem por aí que ele é definido como o dinheiro que sobra na conta do governo depois de pagar suas despesas, exceto os juros da dívida pública. Vamos simplificar: é o que sobra entre a bufunfa que entra para o governo e a que sai para pagar as despesas, sem contar os pagamentos de juros das dívidas do governo.

 Ora, querer alterar as regras para fazer este cálculo só pode representar uma de duas coisas: ou se quer inventar uma nova aritmética, uma nova maneira de fazer contas de adição e de subtração, ou é desonestidade mesmo. É bom lembrar que falo das adições e subtrações honestas, as que aprendemos – ou deveríamos - no colégio; não falo das adições e subtrações dA Petrobras e de tantas outras desconhecidas maquinações com dinheiro público.

 A obviedade da ausência da necessidade de uma nova aritmética é fácil de demonstrar. Você recebe mil reais brutos ao final do mês. O governo que você escolheu fica com, aproximadamente, cinquenta por cento deste valor, ou seja, quinhentos reais. Agora, pergunto eu, você tem alguma dúvida de que sobraram, por enquanto, somente quinhentos reais para você administrar? Você tem alguma dúvida que mil reais menos quinhentos reais são quinhentos reais? Não tem né?! Nem eu!

 Como vimos, não há necessidade de modificar a aritmética, ela funciona muito bem! Logo, a razão para alterar o modo de cálculo deve ser querer mostrar – ou esconder – algo. Neste ponto, falamos de honestidade. Você é membro de uma família onde o responsável está passando por dificuldades financeiras diversas. Para que você não fique triste, ele opta por contar para você uma história, perdão, uma estória (como um mero H pode fazer diferença... e se você não entendeu o problema do “h” é porque sua escola está ruim...). E continua contando uma estória, ao invés de uma história. Em determinado momento, a casa cai. Neste exemplo, literalmente! Você perde sua casa, sua capacidade de investimento sustentado no futuro, etc. Você descobre que o responsável pela casa não contou a verdade sobre as contas, mas alterou a regra de cálculo do superávit da família. Você descobre o que a humanidade já sabe há alguns milênios: se você gastar mais do que recebe, esta faltando dinheiro e não sobrando! Fazer de conta que gastos em investimentos não são gastos é não saber aritmética ou ser desonesto. Não há meio termo para Não há como o país funcionar sem honestidade e sem conhecimentos básicos de aritmética – infelizmente, a aritmética tinha razão.

 Anuncia-se por aí que o corte de despesas do governo será “...de chorar...”, como teria falado um assessor próximo à cúpula da presidência.

Duas observações, antes da conclusão do texto que, por absoluta clareza fática, é curto:
1 – assustador saber que se vão cortar é porque estava no orçamento. E se estava no orçamento é porque ou i) achavam que dava para cumprir ou ii) estavam mentindo para agradar. Na primeira opção, não sabem matemática; na segunda opção, são mentirosos. Ambas as opções não são adequadas a pessoas que tem um país para administrar;
2 – se o governo tivesse não orçado o impossível e não tivesse gasto o impossível, não precisaria fazer o tal corte “...de chorar...”.

Como vimos, obviamente não há necessidade de uma nova aritmética: dois mais dois são quatro, e não cinco.
Infelizmente, o chefe de família contou uma estória ao invés da história...e a casa realmente caiu!

 

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  • Bruno Braga
  • 05 Março 2015


"Jamais se guie pelas aparências; sempre se funde em dados concretos. Não há regra melhor do que essa" [1].


O protagonista do romance de Dickens havia se enganado quanto à identidade do "benfeitor" que patrocinava suas "grandes esperanças". Perplexo, ouviu do advogado - e também seu tutor - uma orientação que, para os termos deste breve artigo, será preservada como princípio de investigação.

Ion Mihai Pacepa - um ex-agente do serviço de inteligência da Romênia comunista - revelou que os soviéticos utilizaram o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) para chancelar a Teologia da Libertação. Um simulacro de teologia criado pela KGB para ser inoculado na Igreja Católica, capaz de distorcer maliciosamente o sentido da fé e instrumentalizá-la em favor do projeto de poder revolucionário. Pacepa - que participou diretamente da operação - conta o seguinte:
"O CMI, sediado em Genebra e representando a Igreja Ortodoxa Russa e outras pequenas denominações em mais de 120 países, JÁ ESTAVA SOB O CONTROLE DO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA INTERNACIONAL SOVIÉTICO. POLITICAMENTE, HOJE AINDA PERMANECE SOB O CONTROLE DO KREMLIN por meio de muitos sacerdotes ortodoxos que são proeminentes no CMI e ao mesmo tempo agentes da inteligência russa" [2].
Muito bem. O senhor Leonardo - ou melhor, Genézio - Boff é um dos mais conhecidos "apóstolos" da Teologia da Libertação. E - quem sabe, não por coincidência - é um ilustre participante dos eventos promovidos pelo CMI. Na foto abaixo, ele aparece ao lado de "frei" Betto - outro ícone da teologia revolucionária - em um tal "Fórum Mundial sobre Teologia e Libertação". Evento realizado em Porto Alegre, em 2005, e patrocinado pelo Conselho Mundial de Igrejas [3].

Para aproveitar o "fenômeno" Francisco, Genézio - um crítico contumaz dos antecessores do Pontífice argentino - transformou-se em um entusiasmado papista. Expressou todas as suas expectativas em um livro: "Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja". Nele, não se envergonhou - em sua "grande esperança" de construir uma "nova igreja" - de sugerir ao Papa estabelecer "o Dicastério da UNIDADE dos cristãos em Genebra, perto do CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS" [4].

Seria apenas coincidência? Ou melhor, seria apenas "mais uma" coincidência? Porque, além da Teologia da Libertação, Pacepa ainda denunciou uma das bases utilizadas para disseminá-la pela América Latina: o "Christian Peace Conference" (CPC). Uma organização religiosa internacional sediada em Praga e que era mais uma criação dos soviéticos [5]. Brian Norris, que participou de uma das assembleias na Tchecoslováquia, confirmou o caráter "pró-comunista" do CPC [6]. Não faz muito tempo, o Christian Peace Conference mantinha um site na internet, e quem contribuía com a sua plataforma de "evangelização" era - ora, ora - o senhor Genézio Boff [7].

É momento então de retomar o conselho do personagem de Dickens: "Jamais se guie pelas aparências; sempre se funde em dados concretos. Não há regra melhor do que essa". Pois bem. Já não se sabe o bastante sobre Genézio Boff para apontar a sua verdadeira identidade? Para alertar os incautos e ingênuos - sobretudo os católicos - que, caso se deixem impressionar pela "aparência" de "teólogo" e de "intelectual", serão fatalmente levados ao engano? E que, pelos "dados concretos" - considerando o objetivo prático dos seus escritos e discursos, as suas companhias e o histórico de sua militância - Genézio Boff é um agente político a serviço de um projeto de poder? Talvez seja oportuno tomar outro trecho do "Grandes esperanças". Não é uma orientação. É apenas uma lembrança do protagonista, a de quando ele deixa a sua pequena aldeia em direção a Londres e diz: "E todas as névoas se haviam dissipado solenemente, e o mundo se abria para mim" [8].

 

SITE DO AUTOR: http://b-braga.blogspot.com.br/2015/03/para-alem-das-aparencias.html

REFERÊNCIAS.

[1]. DICKENS, Charles. "Grandes esperanças". Trad. Paulo Henrique Britto. Penguin Classics Companhia das Letras: São Paulo, 2012. p. 460.

[2]. Cf. "A KGB criou a Teologia da Libertação". Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013) - escrito por Ion Mihai Pacepa e Ronald J. Rychlak [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html].

[3]. Cf. [http://www.wcc-coe.org/wcc/what/jpc/wsf2005-events.html].

[4]. BOFF, Leonardo. "Francisco de Assis e Francisco de Roma": uma nova primavera na Igreja. Mar de Ideias: Rio de Janeiro, 2014. p. 60.

[5]. PACEPA, Ion Mihai. "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].

[6]. NORRIS, Brian. "Crítica do 'Christian Peace Conference'". Trad. Bruno Braga. Publicado no periódico "Religion in Communist Lands", Keston Institute, 1979, Vol. 7/3. pp. 178-179 [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/07/critica-do-christian-peace-conference.html].

[7]. Cf. Nota [6], Apenso I.

[8]. Cf. Nota [1], p. 234.

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