• Leo Iolovitch
  • 28 Março 2015



Zé Dirceu foi líder estudantil, teria aderido à luta armada e viveu na clandestinidade. Foi libertado na troca pelo embaixador americano sequestrado e foi para Cuba. Lá teria feito curso de guerrilha e uma plástica para não ser reconhecido.

Voltou ao Brasil com outra identidade e foi morar no interior do Paraná, onde foi dono de uma loja. Lá durante alguns anos, sem ser identificado, comprava e vendia.

Na clandestinidade Zé Dirceu adotou outro nome, não permitiu sequer que sua mulher soubesse quem ele era, viveu uma vida falsa, uma espécie de esquizofrenia civil. Era comerciante, comprava e vendia.

Ao ser restabelecida a democracia, ele saiu da clandestinidade.

Ele deixou a mulher, deixou o interior do Paraná, mas não deixou o ofício ao qual se dedicou lá, ou seja, seguiu fazendo o mesmo: comprava e vendia.

Ele continuou com a ideia leninista que os fins justificariam quaisquer meios. Por isso não se estranha que, com seu ar de bom moço e gestos polidos, pudesse ser capaz das maiores monstruosidades, do mensalão, da compra de votos e da corrupção desbragada.

Sua prática política era a compra de votos, de legendas, de apoios, com dinheiro de má origem, corrupção em grau superlativo. Comprava e vendia.

De todas as fases de sua vida parece que o período mais importante ele viveu no Paraná, onde comprava e vendia. Vendia e comprava.

Foi para o governo Lula e lá seguiu fazendo a mesma coisa: comprava e vendia. Vendia e comprava.

Comprava votos, comprava deputados, comprava e vendia, comprava apoios e vendia a democracia, que tão arduamente foi restabelecida no país.

Até que foi corrido do cargo pelo Roberto Jefferson de forma constrangedora: “Vai pra casa Zé”. Duro para quem é um pudim de prepotência.

Depois foi condenado pelo STF, um duro golpe para a política clandestina, desonesta e onipotente. Por um tempo esteve preso e ficamos livres da esquizofrenia, onipotência e corrupção na política. Depois foi solto. Houve até uma “vaquinha de paspalhos” que juntaram dinheiro para pagar sua multa penal. Os otários não sabiam que durante todo esse tempo, como pessoa jurídica: JD CONSULTORIA, continuava no seu ofício, ganhando fortunas durante o governo Dilma. Ou seja, comprava e vendia.

Toda turma da Operação Lava Jato era de clientes seus. Mas qual o tipo de clientela? Usava seu trânsito com o Governo para levar seus “clientes” a fazer negociatas com o dinheiro do BNDES nos países bolivarianos e africanos. É a vitória definitiva da esquerda sobre a direita, o Maluf e o PC Farias perto do Zé Dirceu são uns trombadinhas. Vamos convir ladrão ideológico é mais charmoso, quando é preso ergue o punho para mostrar o relógio Rolex e tem até slogan marxista: “Canalhas e sem-vergonhas do mundo, uni-vos”!

Se não for preso novamente talvez desapareça por um tempo e volte ao seu momento mais autêntico e verdadeiro, abrindo uma loja no interior do Paraná. Fazendo aquilo que sabe fazer: Vender e comprar. Tenho até sugestão para o nome da loja: O BARATILHO DO IMPOSTOR.
 

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  • Arnaldo Jabor
  • 28 Março 2015

(Publicado originalmente em O Globo)


Finalmente vimos a cara verdadeira da Dilma, carregada de ódio, acusando o governo anterior do FH, porque lá teria havido também corrupção. Claro que sempre houve; corrupção existe desde a fundação da cidade de Salvador, desde 1550, quando Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil criou o “bahião”, roubando tanto que quase quebrou Portugal. Dilma tenta responsabilizar outros governos, esquecendo-se de que estão no poder há 13 anos e só fizeram m... ah, “malfeitos”.

Os mais espantosos escândalos do planeta foram provocados por uma corrupção diferente das tradicionais: com o PT no governo, a corrupção foi usada como ferramenta de trabalho, quando o nefasto Lula chamou a turminha dos ladrões aliados e disse: “Podem roubar o que quiserem, desde que me apoiem e votem comigo”. Mas, neste artigo não quero mais bater no governo, pois tudo já está dito, tudo provado, tudo batido.

Quero me ater aos vícios mentais que assolam essa gente, para além da roubalheira.

Como se forma a cabeça de um sujeito como Dirceu, Vaccari, a cabeça do petismo, esse filho bastardo do velho socialismo dos anos 1950?

Havia antigamente uma forte motivação romântica nos jovens que conheci. Era ingênuo, talvez, mas era bonito.

A desgraça dos pobres nos doía como um problema existencial nosso, embora a miséria fosse deles. Era difícil fazer uma revolução? Deixávamos esses “detalhes mixurucas” para os militantes tarefeiros, que considerávamos inferiores “peões” de Lênin ou (mais absurdo ainda) delegávamos o dever da revolução ao presidente da Republica, na melhor tradição de dependência ao Estado, como hoje.

Quando o PT subiu ao poder, eu achava que havia um substrato generoso de amor, uma crença na “revolução”, que era a mão na roda para justificar tudo, qualquer desejo político. Nada disso. Só vimos uma “tomada do poder”, como se os sindicalistas estivessem invadindo o palácio de inverno em São Petersburgo.

Seus vícios mentais eram muito mais óbvios e rasteiros do que esperávamos. Foi minha grande decepção; em vez da “justiça social”, o que houve parecia uma porcada magra invadindo o batatal.

E aí, me bateu: como é a cabeça do petista típico?

Em primeiro lugar, eles são inocentes, mesmo antes de pecar. Estão perdoados de tudo, pois qualquer fim justifica seus meios, vagamente considerados “nobres” no futuro.

Para eles não existe presente — tudo será “um dia”. Não sabem bem o quê, mas algo virá no futuro.

Eles têm a ideia assombrosa de que o partido pode se servir do Estado como se fosse sua propriedade; assim, podem assaltar a Petrobras, fundos de pensão, outras estatais com a consciência limpa, porque se a Petrobras é do povo, é deles. Não é roubo, em sua limitada linguagem de slogans — é “desapropriação”.

Aliás, e o silêncio dos intelectuais simpatizantes diante dos crimes óbvios? Está tudo caladinho...

Outra coisa: o petista legítimo, “escocês” (como o Blue Label 30 anos, único que o Lula toma), acha que “complexidade” é frescura e que a verdade é simplista, um reducionismo dualista. Para eles, o mundo se explica por opressores e oprimidos, tudo, claro, culpa do “capitalismo”, tratado como uma pessoa, com crises de humor: “Ih, o capitalismo está muito agressivo ultimamente”.

Para eles, na melhor tradição stalinista, deve-se ocultar da população questões internas do governo, pois não confiam na sociedade, esse aglomerado de indivíduos alienados e sem rumo.

Podem mentir em paz, sem dar satisfações a ninguém. Eles têm ausência de culpa ou arrependimento, têm o cinismo perfeito de quem se sente uma vítima inocente no instante mesmo em que se esmeram na mentira.

Na prática têm as mesmas motivações do velho stalinismo ou do fascismo: controle de um sobre todos e o manejo da Historia como uma carroça em direção ao “socialismo” imaginário em que creem ou fingem crer.

Ser esquerdo-petista é uma boa desculpa para a própria ignorância (como o são!) — “não preciso pensar muito ou estudar, pois já sou um militante do futuro!” Entrar no partido é sentir-se vitorioso, escondendo o fracasso de suas vidas pessoais, por despreparo ou incompetência.

Nunca vi gente tão incompetente quanto a velha esquerda. São as mesmas besteiras de pessoas que ainda pensam como nos anos 1940. Não precisam estudar nada profundamente, por serem “a favor” do bem e da justiça — a “boa consciência”, último refugio dos boçais.

Aliás, vão além: criticam a competência como porta aberta para a direita; competência é coisa de neoliberal, ideia que subjaz por exemplo na indicação de Joaquim Levy — “neoliberal sabe fazer contas”, pensam. Se não der certo, por causa de suas sabotagens, a culpa é dos social-democratas. Como não têm projeto algum, acham que os meios são seus fins.

A mente dos petistas é uma barafunda de certezas e resume as emoções e ações humanas a meia dúzia de sintomas, de defeitos: “sectários, obreiristas, alienados, vacilantes, massa atrasada e massa adiantada, elite branca” e ignoram outros recortes de personalidade como narcisistas, invejosos, vingativos e como sempre os indefectíveis filhos da puta. Como hoje, os idiotas continuam com as mesmas palavras, se bem que aprenderam a roubar e mentir como “burgueses”.

Obstinam-se com teimosia nos erros, pois consideram suas cagadas “contradições negativas” que se resolverão por novos acertos que não chegam nunca. Há anos vi na TV um debate entre o grande intelectual José Guilherme Merquior e dois marxistas que lamentavam erros passados: derrota em 1935, 56 na Hungria, 68 na Tchecoslováquia, 68 no Brasil, erros sem fim que iriam “superar.” Mas nada dava certo. Merquior não se conteve e replicou com ironia: “Por que vocês não desistem”?

Não pode haver dúvida da loucura contida nisso tudo. Só uma agenda irracional defenderia uma destruição sistemática dos fundamentos que garantem a liberdade organizada. Apenas um homem irracional iria desejar o Estado decidindo sua vida por ele. Muitos são psicopatas, mas a maioria é de burros mesmo.

 

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  • Paulo Moura
  • 28 Março 2015

Formou-se consenso entre atores e observadores da cena política nacional de que as manifestações programadas para 12 de abril próximo servirão de indicador decisivo para o futuro do governo Dilma. Se o público que for às ruas nessas datas for expressivamente mais amplo do que já o foi em 15 de março passado, mais um passo decisivo, talvez o derradeiro, será dado na direção da abertura do processo de impeachment da presidente.
Para os defensores do impeachment, portanto, aumentar a quantidade de povo nas ruas é a missão número um. Como fazer isso?

Antes de qualquer coisa, convém observar que o número de pessoas que já confirmaram presença nos eventos locais convocados pelo Facebook, em várias das principais cidades, já é maior que o dobro daqueles que haviam confirmado presença, em período de tempo equivalente de divulgação das manifestações de 15/3. Cresceu, também, o número de cidades novas em que há eventos marcados.

Há um público adjacente ao que foi às ruas em março, que deixou de comparecer por medo das ameaças de Lula e do MST de usar a violência contra os manifestantes. O rotundo fracasso das manifestações petistas e o caráter ordeiro e pacífico das manifestações contra o governo serviu de incentivo para a ida às ruas de mais gente em 12/4.
Em artigo recente no Estadão, o cientista político José Roberto de Toledo (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-eleitor-sao-tome-imp-,1655855) identificou os públicos que podem engrossar as fileiras do movimento pelo impeachment em 12 de abril.

A primeira descoberta é de que os manifestantes de 2015 são de outra faixa etária, cerca de 13 anos mais velhos, em média, do que os manifestantes de junho de 2013. Os jovens de 2013 eram, também, mais antipartido e menos inseridos no mercado de trabalho. Mas, há vasocomunicação entre os públicos, devido ao perfil de classe média de ambos, o que possibilita a influência dos que foram às ruas em 2015 sobre os que foram em 2013.

Em 2013 as pautas eram difusas, mas Dilma cometeu o erro de chamar a si a reposta às ruas, colocando-se no centro do alvo. A recente campanha eleitoral, o estelionato político patrocinado por Dilma e a crise econômica, política e moral em que o país mergulhou, contribuíram para dar foco antigoverno às manifestações de 2015.

E, é justamente a crise econômica que oferece aos manifestantes de 15 de março a oportunidade de atrair para as ruas os segmentos populares que estão insatisfeitos com as consequências da crise sobre seus bolsos, e que não foram às ruas antes. As pesquisas de opinião recém publicadas sugerem, dado o grau de rejeição à Dilma, que esses novos contingentes poderão ser mobilizados para 12 de abril.

A chave aqui é a comunicação. Será preciso, aos mobilizadores de abril, agregar conteúdo econômico às convocatórias. Associar a inflação, o aumento do desemprego, a abaixa qualidade dos serviços públicos, os cortes nos programas sociais (foco nos estudantes excluídos do FIES) e demais maldades patrocinadas por Dilma, à roubalheira na Petrobrás, como custo transferido ao bolso do trabalhador por Dilma e pelo Partido dos Trabalhadores.

Esse é um atalho cognitivo de fácil compreensão para qualquer um. Para além do Facebook, esse tipo de mensagem terá que ser lavado às periferias urbanas em panfletos criativos para serem distribuídos nos transportes públicos nos horários de pico, quando o povão estiver voltando para casa, cansado do trabalho em ônibus e trens abarrotados.
Além do número de gente nas ruas, a mídia usou como indicador de força das manifestações de março, o número de cidades em que elas aconteceram. Incentivar a criação de eventos no Facebook convocando o povo às ruas no maior número de cidades possível é outra tarefa central dos mobilizadores de abril.

A conjuntura está a favor. A crise econômica recém está começando e suas consequências se farão sentir ao longo do ano, evoluindo em sua gravidade em proporção e velocidade exponenciais. Paralelamente, a crise política avança a passos rápidos para um quadro de crise institucional. Não há perspectiva de que a presidente Dilma adquira capacidade pessoal de mudar a si mesma para inverter a espiral negativa que sua conduta desastrada estimula. Dilma está em conflito, com Lula; Dilma está em conflito com o PT; Dilma está em conflito com o PMDB; Dilma está e conflito com povo.

O PMDB, por seu turno, percebeu que o jogo de Dilma e dos petistas é para destruí-lo e passou a travar uma luta de vida ou morte contra o PT. A CPI da Petrobrás é a arena central dessa luta, e o PMDB controla a comissão, sentando um por um dos corruptos petistas na vitrine inquisitorial, e impedindo o PT de convocar os envolvidos dos demais partidos. A requisição das gravações das reuniões do Conselho de Administração da Petrobrás na época da compra da refinaria de Pasadena revela que os peemedebistas estão em busca do “Fiat Elba” da Dilma.

O grito dos manifestantes nas ruas em março, com palavras de ordem como: “Lula cachaceiro, devolve o meu dinheiro” e “Um, dois, três, Lula no xadrez”, e pesquisas qualitativas não publicadas revelam que a imagem do líder maior do PT já foi arranhada a ponto de o ex-presidente FHC assegurar na imprensa que se Lula concorresse hoje a presidente, perderia.
Conectados online pelas mídias sociais no exato momento em que estão se manifestando em todo o país, os manifestantes transmitem uns para os outros o que se passa nas diferentes cidades, fazendo com essas palavras de ordem se espalhem como rastilho de pólvora pelo país.

Para completar, essa semana o Clube Militar se manifestou abertamente a favor do impeachment, e, portanto, contra a intervenção militar, puxando o tapete da minoria militarista que se infiltrou nas manifestações de março para dividir e tumultuar a luta pelo impeachment.

O cerco à Dilma, Lula e o PT vai se fechando. Não existe, na história, registro de que um exército mercenário remunerado com pão, mortadela e tubaína, possa vencer uma multidão de cidadãos livres lutando para viver num país livre e descente. O povo brasileiro está tomando as rédeas do seu destino.
 

http://professorpaulomoura.com.br/como-levar-mais-povo-as-ruas-em-124/

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  • Luis Milman
  • 25 Março 2015

Você quer que o proletariado se integre à vida econômica e social? Não o entregue aos cuidados de quem precisa dele exatamente como está. Leia com atenção este artigo do Prof. Dr. Luis Milman.

 

Desde a década de 80, o Partido dos Trabalhadores, mais especificamente o lulopetismo , estimulou sempre a ascensão do proletariado à cena política de ponta, tutelando-o, estimulando-o, tornando-o agente, ainda que dependente do partido, de transformações na sociedade brasileira. Os métodos de cooptação são conhecidos; distribuição de bolsas-família pelo governo, atendimento popular feito por médicos cubanos, programas de assentamento para sem terra, financiamento para casas populares nas periferias, entre outros. Por essa razão, é importante considerar, no plano da análise sociológica, as implicações desta ascensão para a nação nos últimos 30 anos. Ao contrário do que apregoa o esquerdismo de frases feitas, derivado do Manifesto Comunista de Marx e Engels, o crescimento do proletariado e da sua ideologia é corrosivo, do ponto de vista civilizacional.

A economia de subsídios para os proletários não retira deles a sua condição de párias. Convém lembrar que as palavras “prolertariado” e “´proletário” vêm-nos dos tempos romanos e não dos tempos de Marx. Na acepção romana, um "proletarium" era um homem que não contribuía para a comunidade política com nada, a não ser com a própria prole. Uma tal criatura não pagava impostos (porque não tinha renda suficiente), vivia às custas do público, não cumpria deveres cívicos, não fazia nenhum trabalho digno de menção e não conhecia o significado da solidariedade social ou da piedade. Como massa, os proletários coletivos, o proletariado, são formidáveis; exigem certos direitos – em tempos antigos, pão e circo; em nossos dias, direitos muito mais amplos, que lhes são concedidos para evitar que se tornem violentos como coletividade. Ao Estado, repito, o proletário contribui apenas com os filhos – que, por sua vez, quase sempre viram proletários. Ocioso, ignorante e muitas vezes criminoso, o proletariado pode arruinar uma nação. O que Arnold J. Toynbbe (1889-1975), em "A Study of History – Volume V: Desintegration of Civilization", Parte 1, chamava de “proletariado interno”, arrassou dessa maneira, a civilização romana de mil anos; os invasores bárbaros, o proletariado “externo”, apenas irromperam pelo frágil casco de uma cultura que já havia sangrado até a morte. Karl Marx, o duro inimigo do patrimônio da civilização moderna, conclamou o proletariado moderno a se levantar e a verter sangue em grande escala. O Manifesto do Partido Comunista, de 1848, conclui com as seguintes palavras: 'Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social até aqui existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada tem a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todo o mundo, uni-vos'. Triunfantes no Império Russo após a Primeira Guerra Mundial, na Europa Oriental e tantas outras regiões do mundo pouco depois da Segunda Guerra Mundial, os discípulos ideológicos de Marx instalaram no poder proletários brutais, como Lênin, Stálin, Mao Tse Tung e Fidel Castro, onde se mostraram tão impiedosos quanto estúpidos. As carnificinas, os genocídios e o terror que implantaram quando chegaram ao poder estão relatados nos livros de Stephanie Courtois ET. Al, " O Livro Negro do Comunismo: Crimes , Terror e Repressão" (1999), e de Paul Johnson, "Tempos Modernos: O Mundos dos anos 20 Aos 80 (1999)". Em nossos dias, no Brasil, o proletariado não possui apenas os meios de intimidação por meio da violência; ele tem mais efetivamente o poder da urna eleitoral. Nossos hunos e vândalos têm sido engendrados dentro de nosso País por subsídios estatais e nossas ominosas instituições educacionais e culturais. Ora, no Brasil de hoje, a quem nos referimos quando falamos de um proletariado, de uma classe desenraizada e descontente, que é um ônus para a comunidade política? Primeiro é necessário especificar os grupos que não podemos enquadrar nesta categoria social. O proletariado não é idêntico aos “pobres”. Embora a maioria dos proletários seja pobre, um homem pode ser rico e, ainda assim, proletário, se não for nada mais que uma vergonha para a comunidade política, e se tiver a mentalidade de um proletário. Por outro lado, também há muitas pessoas de renda modesta, que recebem baixos salários e que, mesmo assim, possuem um caráter louvável e são bons cidadãos e, por isso, não se enquadrando na categoria social dos proletários. O proletário não é idêntico ao “trabalhador” – de fato, uma das características do proletário é não trabalhar voluntariamente. O proletário não é idêntico ao “recebedor de auxílio social”, ainda que a vasta maioria dos proletários esteja na lista dos beneficiários deste auxílio. Logicamente, entre aqueles que recebem bolsas e auxílios locais, estaduais e federais, encontramos vários idosos, enfermos, ou pessoas afligidas por algum outro mal, que, contudo, não são tão desventurados a ponto de compartilhar da mentalidade e da moralidade proletária. O proletário não é idêntico ao homem negro que habita os bairros pobres dos centros urbanos. Parece que mais da metade dos proletários brasileiros são brancos e a outra metade gente negra, embora isto signifique, obviamente, que a proporção dos proletários entre a população negra do Brasil seja consideravelmente mais alta do que a proporção de proletários brancos. A população proletária não é apenas a população urbana. Cada vez mais a, a condição de vida proletária se expande até mesmo para remotos distritos rurais. Mesmo em longínquas pequenas cidade do interior, como Vicente Dutra e Panambi, no, Rio Grande do Sul, lúgubres ajuntamentos de casebres em decomposição circundam as ruelas que se projetam da praça central. Por lá, a taxa de crimes, especialmente a venda de drogas, a violência contra as mulheres, os homicídios e os latrocínios crescem a cada ano devido a presença de estratos já significativos de proletários nestas cidades. O proletariado, em suma, é uma massa desenraizada de pessoas, originada de deslocamentos populacionais sucessivos, que perdeu – se é que alguma vez possuiu – a comunidade, a esperança de melhora, as convicções morais, os hábitos de trabalho, o senso de responsabilidade pessoal, a curiosidade intelectual, a participação em uma família saudável, a propriedade, a participação ativa nos assuntos públicos, nas associações religiosas e a consciência de fins e objetivos da existência humana. A maioria dos proletários vive dia após dia, sem refletir. Em tempos de declínio na produção industrial e crise econômica, o proletariado moderno se vê quase sem dinheiro, com pouco trabalho desqualificado disponível e, invariavelmente, numa confusão social e moral. O divórcio, o abandono de esposas e de crianças e o crime endêmico tornam-se mais comuns, assim como o surgimento de pseudofamílias monoparentais, fazendo com que estados democráticos controlados por uma casta política de socialistas, como o Brasil, ativem programas assistenciais extremamente dispendiosos para atender suas demandas. Nosso panorama de políticas públicas é dominado pelo assistencialismo, via benefícios governamentais em grande escala. Ao mesmo tempo, o tecido dos costumes e o sistema educacional públicos se degradam pela ideologização esquerdista e permissiva. As esquinas das grandes cidades são dominadas por guangues de jovens sem futuro, entendiados e ociosos, que adotam como exemplos paternos o dono de bordel, o extorsonário e o traficante de drogas. Se pensarmos nos estados totalitários, ao longo da nossa mais recente história (século XX), constatamos que estes atacaram o problema da desagregação social que está na origem da ascensão do proletariado, com violência revolucionária interna ilimitada, guerras, reformas coletivistas desastrosas e deslocamentos populacionais forçados, gerando miséria generalizada, fome e instituindo o domínio do cotidiano da sociedade por gangues de criminosos com função policial, a serviço do estado. Cuba e Coréia do Norte, onde dinastias comunistas se perpetuam no poder e os níveis de pobreza e ignorância são aterradores, são os países que ainda hoje representam a assunção ao poder da mentalidade proletária; e a Venezuela é o exemplo mais recente do que a proletarização da política, com a correlata assunção de tiranos demagogos ao poder, é capaz de acarretar para uma nação. Passo a analisar um ponto importante No Brasil, ainda são precárias as estatísticas sobre o consumo de álcool e drogas pelos trabalhadores da indústria, mas estima-se, com base em pesquisas realizadas nos EUA, Canadá e Europa, que mais de 30 por cento encontram-se num nível de “debilitação” ou vivem perigosamente sob a influência de narcóticos e álcool, sendo que no setor de serviços a estimativa é de que este número ultrapasse os 20 por cento. Um trabalhador italiano da indústria, por exemplo, que pertence ao grupo consumidor de substâncias psicoativas pode gastar até a metade de seu salário em cocaína, heroína, maconha e bebidas destiladas e, ainda assim, permanecer empregado. Em que proporção este diagnóstico se aplica ao trabalhador industrial brasileiro? Não sabemos ao certo, mas os números, por projeção, nos colocam diante de um quadro muito mais alarmante. E, pelo vigor com que são apregoadas e recepcionadas as doutrinas de tolerância à droga no Brasil, este trabalhador é, certamente, um proletário situado na fronteira do desemprego e da ruptura com todos os padrões morais.

Ele busca alucinógenos ou a estupefação de bebidas muito fortes porque não tem mais nenhum fim ou objetivo na vida. Ele e, provavelmente, sua prole na escola, constituem a ponta de uma cadeia de escala planetária do tráfico e distribuição de drogas, controlado por mafiosos mundiais e locais, associados muitas vezes a governos e a grupos políticos terroristas, que se financiam mutuamente. O vício em narcóticos, convém não esquecer, faz de pessoas com chances de sucesso no trabalho e no estudo, proletários vazios. E quando quase um terço da mão-de-obra industrial está viciada desta forma, por quanto tempo uma sociedade urbana, como nossas cidades, pode se manter coesa? O que dizer, então, dos estratos econômicos inferiores, ligados ao subemprego e à desqualificação profissional? Por quanto tempo os costumes, a moralidade pública, a busca pelo sucesso e o estímulo ao aprendizado, podem resistir à corrosão continuada promovida pelo arremedo de vida proletária, pela embriaguez e a drogadição , que multiplicam a mentalidade proletária nas novas formas de família precária, na espetacularização do gosto vulgar e pornográfico, que a indústria de massa explora, transformando os proletários em consumidores de uma cultura degradada?

É por isso que a contribuição dos proletários à vida pública e aos bons costumes civilizatórios é apenas destrutiva, Como na Roma antiga, eles geram filhos que serão iguais a eles e permanecem à margem de qualquer contribuição pública. Os proletários continuam a ser movidos pelo tédio, pelo pão e pelo circo. Na realidade, estão ligados ao crime e ao ódio à vida civilizada. A forma de enfrentar o problema, nas repúblicas constitucionais, cada vez mais ameaçadas pelo avanço destas hordas nas cidades pequenas e grandes, é a reforma moral radical no sistema de educação pública que, a longo prazo, poderia transformar estas massas destrutivas, paulatinamente, em potenciais cidadãos orgulhosos de suas capacidades, dos valores cívicos adquiridos e, assim, capazes de integrarem-se em redes de atividades produtivas. Mas em países como o nosso, dominados por uma inteligentsia revolucionária, que estimula, usa e financia a cultura proletária para fins ideológicos, é de se esperar que não venhamos a sair da situação dramática em que estamos, ao menos tão cedo. Somente a ação política destinada a recuperar a alta cultura, que foi banida da escola e da universidade, pode alterar este quadro. Esperemos que ela não venha tarde demais.


 

 

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  • Katia Schmidt Filgueras
  • 24 Março 2015

Eu sou da elite. Médica. Branca. Ganho mais de dez salários por mês. Legítima coxinha. Qual dessas características me desqualifica para manifestar minhas contrariedades contra esse ou qualquer governo que seja? Ah! É médica, filhinha de papai, estudou nas melhores escolas, ganhou carro do paizinho quando entrou na faculdade, “nunca precisou pescar”... Idiotices. Não foi assim. Estudei a vida inteira em escola pública (inclusive a faculdade) e não foi por exercício de sociologia dos meus pais. E mesmo que tivesse sido dessa forma estereotipada que tanto se alardeia, uma vaga num curso de medicina não cai na cabeça da gente feito merda de pompo. Há que se ter certo mérito e esforço, por mais dinheiro e boa formação que se tenha.

O mesmo vale para grandes empresários, donos de indústrias, comerciantes, representantes do agronegócio, etc. Ninguém chegou onde chegou, sem arriscar, sem empreender, sem esforço, sem mérito. Essas pessoas não foram agraciadas por Deus com torneiras de ouro por onde jorra dinheiro fácil, como parecem acreditar tantas pessoas (até alguns ditos intelectuais) de uma puerilidade quase cômica, se não fosse ridícula. Ganho mais de dez salários. Estudei (e muito). Ainda estudo. Trabalhei e trabalho para isso. Contribuo proporcionalmente à minha renda.

Quero e exijo o bom uso do dinheiro dos meus impostos. Que esses sejam revertidos em saúde, educação, segurança pública, transporte e infraestrutura. E que eu, como toda a população, possa usufruir de tudo isso. E que o meu dinheiro, dos meus impostos, sirva para proporcionar uma educação pública de excelência a todos aqueles que não têm as mesmas condições que eu hoje tenho. Para que pobres, brancos, negros ou mestiços, disputem em pé de igualdade as vagas nas universidades. Mesmo que eu não utilize o sistema público de saúde, exijo que o SUS seja, de fato, aquele que consta na Lei Orgânica da Saúde. Universal e INTEGRAL. E não esse arremedo desumano que massacra os mais pobres e desanima os profissionais de saúde.

Quero ver o dinheiro dos meus impostos de coxinha revertidos na saúde dos pacientes do SUS. Para que meus pacientes do SUS, não tenham de esperar meses por um exame, na suspeita de um câncer. Para que eu, como tantos outros médicos coxinhas, não tenhamos de continuar lamentando todo dia um diagnóstico tardio em nossos pacientes. NOSSOS pacientes. Pois, quem olha nos olhos das pessoas para dar diagnósticos infelizes, somos nós. Não é o governo. Não são aqueles que a cada quatro anos aparecem na TV pedindo votos e vendendo mentiras. Somos nós! E nós, a elite, temos todo o direito de exigir. Pagamos, como pagam todos, e não temos retorno. Quem vende a ideia de que nós, da dita elite, somos contra bolsa família e benefícios assistenciais, ou a ascensão social dos pobres, é idiota. Aqueles que divulgam o discurso mentiroso de que quem vive em melhores condições sociais e econômicas, o faz a custa do sofrimento dos mais desfavorecidos é alienado ou cafajeste. E é mais do que hora de adjetivarmos adequadamente as coisas.

Temos sido demasiadamente coniventes com o incentivo contínuo a luta de classes em nosso país. Temos aceitado por anos que gente mal intencionada, ou meramente ignorante e doutrinariamente alienada, repita insistentemente esses descalabros nas redes sociais, na imprensa, nas escolas de nossas crianças, nas universidades, em discursos de palanque. É preciso dar o basta. A elite (e que fique bem entendido, “elite”, para os adoradores do termo, não guarda qualquer relação com a condição econômica, eles “colam” o “elite” em quem quiserem, da forma que bem entenderem) precisa exigir mais, e se manifestar mais. Ganharemos nós, os coxinhas, com nossos impostos melhor investidos? Com governos mais responsáveis? Com políticos menos corruptos? Com o crescimento econômico? Com toda certeza. E ganharão os miseráveis, os muito pobres e a classe média baixa também. Só cegos e idiotizados é que não são capazes de enxergar isso. Que fiquem eles com a guerra, que há de ser perdida, da luta de classes. Fiquemos nós com a luta por um país decente para todos. Inclusive para eles. Kátia Filgueras.

* Médica. Erechim/RS
 

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  • Ruy Fabiano
  • 24 Março 2015

(Publicado originalmente em O Globo, 21/03/2015)

Diz-se que uma foto vale mais que mil palavras – e um símbolo mais que mil fotos. Uma das primeiras providências que Lula tomou, ao chegar à Presidência da República, foi mandar recortar na grama do jardim do Palácio da Alvorada uma imensa estrela do PT e pintá-la de vermelho.

Estavam ali simbolizados os valores que pautariam os sucessivos governos petistas. Governo e partido – pior: Estado e partido – passaram a ser uma coisa só, numa linha de raciocínio segundo a qual o que é bom para o PT é bom para o Brasil.

Portanto, apenas o PT – e ninguém mais – sabe o que é bom para o Brasil. Dentro dessa lógica, cabem todo o Mensalão, o Petrolão e outras caixas pretas ainda não vasculhadas (BNDES, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica etc.). O PT inventou a corrupção do bem – e a defende com ódio sincero.

Ainda que a estrela ajardinada tenha sido removida semanas depois, em face das críticas que provocou, seu simbolismo mostrou-se irremovível. “O Brasil é nosso”, dizem os petistas. Lula, no recente ato da ABI, bradou que “a Petrobras é nossa” – isto é, deles, que, com base nisso, a sugaram até a falência.

Num de seus inumeráveis arroubos de palanque, registrados no Youtube, Lula diz que só não descobriu o Brasil porque “não estava vivo naquela época”. Se estivesse, é o que se deduz, teria se antecipado a Pedro Álvares Cabral. Como não foi possível, joga ao lixo os 500 anos que o precederam e inaugura uma nova história.

Esse sentimento de posse em relação ao país e suas instituições explica a, digamos assim, dificuldade do PT em aceitar a alternância no poder. São capazes, nas palavras da candidata Dilma Roussef, de “fazer o diabo” para ganhar as eleições. E fizeram e ganharam, mas o “diabo” mandou a conta, que aí está.

A insistência com que o PT repete que venceu as eleições sugere que ele mesmo não está convencido disso. Venceu, mas como? Mediante compromissos que não está cumprindo e não terá como cumprir. Não só: venceu por estreita margem, que, numa pesquisa, indicaria empate técnico.

Não apenas os 51 milhões de eleitores de Aécio rejeitaram o PT. O que dizer dos 37 milhões que não votaram em nenhum dos dois? De que lado estão? Dilma não parece ter entendido que, na soma total, foi eleita por uma minoria – e mesmo esta acabou frustrada pelo descumprimento das promessas eleitorais.

Isso explica o fato de estar refém de vaias, manifestações e panelaços. Para se locomover, precisa acionar um vasto aparato de blindagem, que contrasta com o fato de estar no terceiro mês deste segundo mandato. O “Fora FHC”, acionado menos de um mês após a posse de Fernando Henrique - reeleito no primeiro turno, em 1999 -, não foi um grito das ruas.

Foi concebido por alguns aloprados do PT, sob o comando do então governador gaúcho Tarso Genro. Não prosperou exatamente porque faltou o grito das ruas. Agora, acontece o contrário: os tucanos se opõem ao “Fora Dilma”, enquanto as ruas bradam por ele. Que governador petista se disporia às vaias de sua base e do adversário – como aconteceu quinta-feira passada, em Goiânia, com o governador tucano Marcone Perillo – para defender a presidente em nome da tolerância política?

O sentimento petista de posse legítima e definitiva do país dificulta a negociação da crise. Documento interno vazado da Secretaria de Comunicação da Presidência da República recomenda que se invista nos blogs sujos – aqueles pagos com dinheiro público para difamar adversários – e nos “guerrilheiros” (sic) virtuais.

Rui Falcão, presidente do PT, pede punição às redes de TV, que, segundo ele, deram publicidade às manifestações do dia 15. Confunde notícia com publicidade: se a notícia é boa, é jornalismo; se é ruim, é publicidade golpista. Como não noticiar dois milhões de pessoas nas ruas do país contra o governo?

O fracasso das manifestações do partido no dia 13 indica que já não manda nas ruas. O “exército do Stédile” carece de mão de obra. Não bastam sanduíche de mortadela e cachê. Sem classe média – a mesma que levou o PT ao poder e hoje o abandona -, não há movimento nas ruas, não há revolução, não há nada.

Marx, Lênin, Stalin, Fidel Castro, Che Guevara eram todos de classe média. É onde se produz e se põe em cena a chamada massa crítica de qualquer sociedade, à direita ou à esquerda.

A “elite branca” – termo racista (e, portanto, criminoso) com que o PT busca satanizar a classe média e apostar na divisão do país – é responsável pela construção do PT, que não possui (nunca possuiu) um único negro em seu comando.

Lá estão os olhos azuis de Marta Suplicy, João Pedro Stédile, Guido Mantega, Gleisi Hoffmann, Renato Duque, entre outros. O mesmo partido que diz ter levado 20 milhões à classe média agora a abomina e discrimina racialmente.

Um partido nutrido nas elites acadêmicas de São Paulo tem tanta legitimidade para rejeitar a “elite branca” quanto para defender a Petrobras. E o resultado de tanta contradição para não “largar o osso” (vide Cid Gomes) é que o partido não vê saída para a crise – e por um motivo simples: ele próprio é a crise.

* Jornalista

 

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