• Décio Antônio Damin
  • 10/05/2015
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LIBEROU GERAL!

 

                   Penso que, em matéria de ética, moral e bons costumes, estamos sendo arrastados para o fundo do poço! O tal “presidencialismo de coalizão” é um eufemismo para encobrir toda a sorte de interesses, patifarias e, agora, falta de pudor! As votações que se realizam na Câmara estão escancarando o que, aliás, todos sabemos, mas fazemos questão de empurrar para debaixo do tapete para não termos que admitir que realmente não merecemos um regime democrático que possa efetivamente ser considerado como tal, e que é a chantagem política. A mentira que campeou na propaganda política do governo que não titubeou inclusive em arrastar a Petrobras para um nível tão baixo, que talvez até inviabilize a sua recuperação, ao permitir a corrupção e a venda de combustíveis abaixo do preço de custo para, maquiando a inflação, ganhar a eleição, se completa agora com as votações que buscam o “ajuste fiscal”. Quem, de sã consciência e com isenção pode dizer que não quer o bem do Brasil? Todos, em princípio, querem e deveriam votar nestas propostas na medida em que suas convicções determinassem o que é o melhor!

A expectativa de um governo, ansioso, perturbado, perdido e terceirizado atropela os fatos e materializa-se nas palavras do Ministro Mercadante e do Vice- Presidente Michel Temer que ameaçam abertamente os parlamentares dizendo que quem votar contra os seus projetos não terá as suas solicitações atendidas! Segundo o Ministro: “...é evidente que as votações são parâmetros fundamentais para fazer escolhas” e “quem sustenta o governo tem preferência.” Pode até parecer lógico e elementar mas verbalizar tal método é, na minha opinião, uma falta de respeito e de decoro inaceitável. Usam o peso do governo para corromper ou dobrar as consciências. É um ambiente de “liberou geral” onde tudo é válido! Prometeu inclusive “acelerar” as nomeações! A mesma ameaça velada, ou suavizada, embora com a mesma “cara de pau” saiu, segundo o Ministro da boca do Vice-presidente: “...como disse Michel Temer, é evidente que quem vota com o governo...terá prioridade nas indicações!.

Todos nós sabemos que funciona da forma antes descrita, mas atingirmos o nível da ameaça escancarada é demais, é insuportável! A chantagem governamental com os nossos legisladores deve ser considerada como um crime a ser punido exemplarmente pela sociedade. Alguma coisa tem de ser feita! Não é possível continuarmos, bovinamente, a aceitar tudo e admitir que “é assim mesmo” e que “não há nada que possamos fazer!”

* Médico