• J.R. Guzzo - Revista Veja
  • 07 Janeiro 2018

De Lula só se espere ignomínia e fatuidade.
É O QUE TEMOS

A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente? (…)
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos? Que palmas?
Que vitórias?
Luís de Camões, Os Lusíadas

O VELHO DO RESTELO, esse homem difícil, pessimista e dado a falar o contrário do que se espera, disparou as perguntas acima a Vasco da Gama e outros peixes graúdos da corte de Portugal no momento em que largavam do cais de Belém, sob as palmas da multidão, para a viagem que os levaria a descobrir o novo Caminho das Índias. Denunciava, nas palavras que Camões tornou imortais em seu poema, a “glória de mandar” e a “vã cobiça” de Gama e de seus parceiros — eles juravam estar indo “além da força humana” pelo bem da pátria, mas só estavam interessados mesmo em sua fama, fortuna e ambições pessoais. Se ainda estivesse circulando hoje por aí, o áspero velho bem que poderia perguntar ao ex-presidente Lula: “Que promessas farás em tua campanha eleitoral de 2018?”. Promessa nunca foi problema para Lula, é verdade. Mas, se for candidato a presidente mais uma vez, ele vai ter de arrumar alguma promessa, qualquer promessa — e no seu repertório de hoje não há nada que possa realmente entusiasmar as multidões.

Lula tem prometido, por exemplo, virar o país de cabeça para baixo, mas não parece que há muita gente interessada nisso — o que se quer, pelo que dá para entender, é que o país fique com a cabeça onde está e vá em frente. Ele promete, também, mudar tudo na Petrobras. Mudar para quê? É a primeira vez em quase quinze anos que a Petrobras tem uma diretoria que não rouba a empresa. O que Lula está propondo? Criar de novo a situação de ladroeira alucinada que arruinou a companhia durante seus governos e os de Dilma Rousseff? Outra promessa é recuperar “direitos que foram cortados” do povo brasileiro. Quais? O imposto sindical, por exemplo, abolido na reforma trabalhista? Não dá, ao mesmo tempo, para prometer um novo “trem-bala”, um segundo “pré-­sal” ou a transposição das águas do São Francisco no sentido contrário.

Até algum tempo atrás, Lula punha muita fé em prometer na campanha uma reforma monumental na economia. Hoje a coisa já parece mais complicada. Fazer o contrário do que está sendo feito pelo governo de Michel Temer significa, por exemplo, aumentar os juros, que chegaram à menor taxa da história. Não dá para prometer um negócio desses. O ex-pr­esidente também não pode prometer que vai aumentar a inflação, que hoje é a mais baixa dos últimos vinte anos. Nem jogar o Brasil de volta à maior recessão jamais vista por aqui — obra-prima de sua criatura, que conseguiu fazer a economia recuar mais de 7% em 2015 e 2016.

Sempre existe à mão, naturalmente, a história da “ascensão social”, um dos maiores contos do vigário jamais aplicados neste país. Ao final de seu governo, Lula anunciou que a pobreza havia sido extinta por ele no Brasil. Acreditaram nisso, na época, de São José dos Ausentes até a Universidade Harvard — e talvez dê para reembalar a mercadoria e passar adiante mais uma vez. Segundo o ex-­presidente, só haviam sobrado aqui e ali uns poucos pobres para ser salvos; segundo ele, não tinha sido possível localizar fisicamente esses coitados, de tão poucos que eram em nosso vasto território. Dilma teria só de fazer o acabamento. Ela foi rápida. Em 2013, proclamou que a miséria tinha sido extinta de uma vez por todas; a partir de então, só havia no Brasil de classe média para cima. O truque aritmético que usaram para fabricar essa nova realidade é conhecido. Um desses órgãos públicos encarregados de fazer estatísticas, que o PT então utilizava como parte do seu departamento de propaganda, decretou que a classe média no Brasil começava em 1?280 reais por mês; com 1?281 o sujeito já não era pobre. Pronto: acabou a pobreza.

O problema com tudo isso é que o IBGE, com dados apurados durante os próprios governos de Lula e Dilma, acaba de divulgar números oficiais em que a verdade aparece. Em 2016, ano em que Dilma foi despachada, em 31 de agosto, 52 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza — o que, pensando um pouco, é gente que não acaba mais. Se Lula e o PT eliminaram a miséria, de onde, então, saiu todo esse povo que sobrevive com 18 reais e alguns centavos por dia? O ex-­presidente e sua corte têm uma explicação: foi Michel Temer, de agosto do ano passado para cá, quem criou sozinho os 52 milhões de pobres que andam por aí. Só mesmo Lula, agora, para salvar a vida deles. É meio duro de engolir. Mas, em matéria de promessa, é o que temos no momento.
 

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  • Editorial Estadão
  • 07 Janeiro 2018

"Em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato" - é a palavra de ordem com a qual o PT pretende manter- se em evidência, radicalizando contra tudo e contra todos o confronto a propósito do julgamento em segunda instância do ex-presidente, no caso relativo ao triplex do Guarujá.

Até o dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) decretará sua sentença em Porto Alegre, a militância petista e "movimentos sociais" manipulados por sectários da esquerda como João Pedro Stédile e Guilherme Boulos estarão mobilizados numa campanha que pretende ter âmbito nacional, com o ambicioso objetivo de promover uma rebelião popular em defesa do "maior líder popular que o Brasil já conheceu" e está sendo vítima de "perseguição" por parte de um "governo golpista" que se tem dedicado a acabar com as "conquistas populares".

Numa democracia ninguém pode ser contra o direito de quem quer que seja de candidatar- se ao que bem entender, principalmente quando se trata de um líder popular - melhor dito, populista. Mas não é esta a questão em jogo. O que está em jogo na atual conjuntura é questão institucional da maior relevância: o império da lei e, em particular, das regras da disputa eleitoral que estabelecem, em defesa da legitimidade dos mandatos populares, restrições a políticos com "ficha suja". São regras que cumprem o mesmo objetivo de "moralizar a vida pública" fortemente defendidas pelo PT antes de chegar ao poder.

No dia 24, o TRF-4 não vai decidir se Lula poderá ou não ser candidato à Presidência. Vai limitar-se ao que lhe cabe: confirmar, ou não, a condenação imposta ao ex-presidente em primeira instância pela mesma Justiça que já colocou atrás das grades adversários históricos do PT como Eduardo Cunha e Paulo Maluf e está investigando denúncias contra muitos outros. Se houver condenação em segunda instância - ou seja, por um órgão colegiado, como determina a lei -, a candidatura de Lula estará enquadrada na chamada Lei da Ficha Limpa, o que resultará no impedimento de sua candidatura à Presidência da República.

Nunca é demais lembrar, principalmente quando está envolvido na questão um partido como o PT, que se considera monopolista da defesa dos interesses populares, que a Lei da Ficha Limpa nasceu, em dezembro de 2010, por iniciativa popular. Foi coletado 1,6 milhão de assinaturas - 300 mil a mais do que o necessário - e o projeto tramitou normalmente no Congresso Nacional, sendo aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para ser, finalmente, sancionada a lei, em 4 de junho de 2010 pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia adotada agora pelo PT, transparente em sua página oficial na internet, é politizar o julgamento do TRF-4 de modo a exacerbar a campanha de vitimização de Lula, na qual estariam empenhadas "forças poderosas" que conspiram contra os interesses do povo brasileiro.

Para dramatizar a encenação programada até o dia do julgamento em Porto Alegre, Lula anunciou que pretende estar presente à sessão, tendo reivindicado ao tribunal o direito de se manifestar na ocasião. Fica difícil entender que esteja em campanha "em defesa da democracia" um partido político que acredita que a lei deve valer para todos, menos para seu líder. Este "democrata", num incontido impulso de revelar suas convicções mais genuínas, recentemente declarou, em mais uma tola e pretensiosa provocação à Justiça, que talvez algum dia ele mesmo decida prender aqueles que hoje querem botá-lo na cadeia. A "defesa da democracia", para os petistas, resumese no momento à preservação do "direito de Lula ser candidato". O próprio ex-presidente e seu partido se apresentam como vítimas. Mas as vítimas são outras.

Lula e o PT legaram essa sofrida condição ao povo brasileiro, como resultado de uma jornada de 13 anos que começou em festa e terminou em tragédia.


* Editorial do Estadão em 04/01/2018

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  • Alfredo Severo Luzardo
  • 05 Janeiro 2018


Gramsci escreveu mais de mil páginas filosofando sobre o neomarxismo e a importância da deformação das mentes de um povo para torná-lo vulnerável, e com isso transformá-lo em uma nação comunista. Era uma coisa surrealista para a época. Sua intenção maior estava em se contrapor a Stalin e Mao, que, para consolidar o comunismo na Rússia e na China usaram a força bruta, aterrorizando e matando mais de 100 milhões de pessoas.

Ele queria uma transição menos traumática e mais efetiva. Para implantar essa intenção em uma nação era necessário remoldar sua cultura através da arte, da musica, de seus hábitos, suas crenças e incentivar a libertinagem através de livros e filmes pornográficos com distorções éticas e morais e, com isso, enfraquecendo-a, tirando-lhe a dignidade e a vontade própria. Como instrumentos de trabalho usaria simplesmente os meios de comunicação de massa, controladores da cultura de um povo, moldando o pensamento das futuras gerações. Isso demandaria tempo, mais a consolidação seria perene.

Era preciso infiltrar comunistas marxistas leninistas nessas áreas sensíveis. Não para destruí-las, mas para transformá-las através de mudanças comportamentais. Para colocar em prática seus pensamentos seria necessário posicionar na linha de frente os grandes "formadores de opinião". São eles os propagadores da fé cristã através das igrejas de militantes então chamadas "progressistas" onde conseguem incutir em seus fieis uma nova "ordem religiosa"; as instituições de ensino, principalmente as universidades, pelo incentivo da liberdade total e da desobediência com um chamamento "democrático" onde o que vale é uma mudança anárquica de comportamento ético e moral; e a imprensa onde os padrões sociais podem ser massificados através de uma propaganda dirigida, uma constante "lavagem cerebral" para deturpar valores sociais já estabelecidos. Os chamados "intelectuais", boêmios, filósofos de botequim, onde o ego impera, são incentivados e valorizados para garantir um conceito libertador, com o propósito da difusão de uma democracia liberal exacerbada onde só existem direitos, mas não se fala em deveres.

È um processo que Incentiva uma luta de classes sociais onde, subliminarmente, coloca como pontos chaves as disputas patronais, o racismo, as opções sexuais, a desvalorização familiar e religiosa. A família seria o núcleo mais abalado e alterado em seus valores. Gramsci não queria uma revolução armada. Queria, e conseguiu em vários países como no Brasil, uma mudança comportamental a longo-prazo para que a sua revolução acontecesse sem que fosse percebida pelo povo. Sua ideologia seria implantada através da reestruturação da cultura original onde os valores morais e éticos voltados para a manutenção da dignidade da sociedade seriam alterados ou destruídos. Isso fragiliza o povo, tira a sua vontade, a sua dignidade e o confunde, tornando-o uma presa fácil para a implantação do marxismo-leninismo sem maiores problemas.

No Brasil sua tropa de choque já está formada. São professores, "educadores" transformadores das cabeças moldáveis dos jovens; jornalistas e artistas divulgadores das "novas ideias". Com uma grande penetração na população e distorcendo realidades juntamente com os autodenominados "intelectuais" elevados a "pensadores introdutores das novas filosofias socialistas" e os pregadores religiosos que se aproveitam dos menos favorecidos para induzi-los à "posse de direitos igualitários econômicos". Todos são recrutados para essa missão por comunistas marxistas leninistas natos. Priorizam somente os "direitos" sem cobrar os "deveres" de cidadão, induzindo-os a um caminho ilusório de liberdade, de igualdade e, sobretudo, de direitos.

Meditemos um pouco sobre os atuais acontecimentos no nosso país. Deixamos de lado a nossa dignidade ao aceitarmos a conivência, por indiferença com as distorções sociais, morais e éticas que nos atingem. Falta um rumo político; falta um Executivo "ético" e transparente; falta um Legislativo voltado para soluções através de "leis claras, simples e justas"; e falta um Judiciário "imparcial, eficiente e eficaz". Observem que a atual ordem do dia é a "anarquia generalizada". A desestruturação e desmoralização dos poderes constituídos tem sido uma tônica. É um prende e desprende onde ninguém entende mais nada. Ninguém sabe quem manda. Um deplorável "silêncio dos bons" faz crescer essa anarquia perniciosa, corrupta e assassina.

O país está sendo conduzido para uma trágica "guerra civil" iniciada pela criminalidade dominante. Os poderes constituídos perdem sua força de comando e se imiscuem numa promíscua troca-troca de favores para encobrir seus atos de corrupção. Prevalecem os "direitos humanos" dos "desumanos", dos "intocáveis". Na atual conjuntura nem "Pilatos" saberia como lavar suas mãos. Muita sujeira e pouco sabão. Até o Judiciário está esquecido do seu papel de ser o "pilar básico de uma democracia"! Esquecemos que corrupção com desvio de recursos dos órgãos públicos é o mesmo que assassinato cruel. Suas consequências nefastas são inimagináveis para uma sociedade. Perdemos o nível mínimo educacional padrão. Com a saúde publica esfacelada e com uma previdência social falida, tudo por corrupção e sem uma "justiça justa" estamos nos matando, cometendo um massacre social. Sofremos um processo de eliminação dos valores, tornando-nos uma Nação fragilizada e sem vontade própria para conduzir nossos destinos.

Uma Nação enfraquecida é uma presa fácil para a implantação de um regime "totalitário". Gostaria que refletíssemos sobre os acontecimentos atuais. Qual o porquê da existência desse nível de corrupção? Ora, essa resposta é fácil: - porque muitos dos que possuem condições de liderança são desonestos, achacam ou são achacados pelos gestores do poder público. Uma justiça lenta e parcial é o principal fator dessa anarquia desenfreada. Vinte anos para dar solução a um crime comprovado é sinônimo de impunidade. Se a transgressão da lei for por um "poderoso $$$", este poderá nunca ser julgado. Morre antes... São infindáveis recursos em cima de recursos prorrogando ou mantendo essa impunidade. Até a presidente do STF disse, em seu discurso de posse, que havia processos com infindáveis recursos só naquele tribunal! Processo com mais de trinta recursos no STF! O judiciário mostra-se fragilizado em sua ética, imparcialidade e morosidade. Permite que a corrupção se infiltre e dá aos criminosos a certeza da impunidade. Isso é determinante pelo fracasso das instituições. Isso desencadeou um processo criminoso, desordeiro e abrangente dentro de uma sociedade que se diz organizada. Quando um juiz corrupto é punido, é punido com uma bela aposentadoria! Institucionalizou-se a corrupção. Não precisa se dizer mais nada. A exceção de um momento incomum, temos que aplaudir a "Lava-Jato", e rezar para Deus não permitir que "outros" tipos de "justiceiros" se intrometam. Olhem para o nosso Legislativo. Promulgam "Leis", supostamente sociais, "pressionados apenas por interesses sociais". Balela e hipocrisia. Acreditaria se os congressistas fossem eleitos pelos seus méritos, "todos fossem fichas limpas" e os interesses principais fossem os da Pátria e não os dos seus próprios bolsos, os dos "chefes" de quadrilha, lobistas ou dos interesses partidários. Empreguismo de afilhados políticos, em todas as instituições publicas, é o mesmo que abolir a meritocracia e minar essas instituições, enfraquecendo-as e tornando-as facilmente sabotadas, corruptas e ineficientes. Que seja feita uma Reforma Política urgente e decente. Criem-se regras básicas para serem candidatos ao parlamento. Valorize a "Ficha Limpa", o valor intelectual e cultural. Acabem com a suplência dos Senadores. Promovam leis abolindo as excrescências da legislação atual como foro privilegiado e imunidade parlamentar. Leis contundentes onde o desvio de dinheiro público deveria ser considerado crime hediondo, pois roubar recursos destinados à saúde pública é o mesmo que assassinato doloso. Desviar verbas da educação é promover futuros bandidos aumentando a criminalidade. Manter a atual lei da maioridade penal em 18 anos é um enorme incentivo a menores serem envolvidos pelo crime na certeza dessa impunidade legal. Hoje todos os maiores de 12 anos têm consciência do certo e do errado e devem responder pelos seus atos.

O estímulo a essa desordem é promovida, não só pela imprensa infiltrada, como também pelo ensino de baixa qualidade, ignorando os valores básicos da educação, incutindo na nossa juventude que é válido tirar proveito de tudo, independente das suas consequências. Uma inversão de valores estimulando que tudo é permitido. Com isso os princípios éticos e morais se esvaem e a família, o núcleo básico de uma sociedade organizada, se esfacela. Vamos abrir nossos olhos, combater os malfeitos e começar a trabalhar voltados para um bem estar social, sem interesses, sem corrupção, com justiça e com alto nível de ética, moral e dignidade. Não vamos deixar os pensamentos de Gramsci dominar a nossa Pátria. Está na hora de um BASTA nessa anarquia. Lembrem-se, o mau se expande quando os bons se omitem.


• Alfredo Severo Luzardo é Cel Av Ref

 

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  • Antônio Augusto Mayer dos Santos
  • 04 Janeiro 2018

 

  Com tantos esparramos pela República, os ímpetos de uma parcela do eleitorado vêm adquirindo conotações peculiares. Exemplo disso está na requentada falácia da “nova eleição” ante um hipotético predomínio de votos nulos sobre os válidos.

A cada pleito a ladainha se repete. Os adeptos dessa delirante “solução” para as anomalias e mazelas do poder trombeteiam que se mais da metade dos votos for anulada, haverá outro pleito, sendo que os candidatos do primeiro não poderão concorrer novamente. Tolice deslavada.

O ordenamento jurídico, em excelente vernáculo, dispõe que será considerado eleito aquele que obtiver maioria absoluta, desconsiderados os brancos e nulos. Ou seja, vencerá o pleito o candidato que alcançar metade mais um dos votos válidos. Assim, mesmo que os índices de participação sejam escassos e uma enxurrada de votos imprestáveis inunde as urnas, haverá um eleito, em primeiro ou no segundo turno, salvo se o comparecimento às urnas for zero, o que obviamente é incogitável.

Na prática, a propalada “tese” da nulidade de uma eleição para que outra lhe suceda corresponde a uma pregação inútil porque é juridicamente impossível. O sistema não estabeleceu (e, convenhamos, não estabeleceria) regra tão vacilante a ponto de debilitar a democracia que o sustenta. De outra parte, calha recordar que a lei prevê “nova eleição” somente quando a Justiça Eleitoral indeferir o registro, cassar o diploma ou decretar a perda do mandato do eleito, independentemente do número de votos anulados.

Assim, enquanto a manifestação apolítica do eleitor anulando o seu voto expressa um eloquente repúdio aos candidatos, à politicagem ou à obrigatoriedade do sufrágio, a disseminação de fórmulas insensatas em nome de utopias corresponde a um desserviço. Até porque, os defensores da “nova eleição” omitem o essencial: votos nulos não tem serventia alguma porque não são direcionados a nenhum candidato registrado.

Os partidos mantidos pelo Fundo Partidário e a Justiça Eleitoral devem esclarecer a população que o contrário disso não passa de grotesca boataria.


• Advogado e professor de Direito Eleitoral
• Publicado originalmente em Zero Hora
 

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  • Ipojuca Pontes
  • 04 Janeiro 2018


Sob o comando do reincidente Lula, Zé Dirceu, “capitão” petista condenado a 30 anos de cadeia por lavagem de dinheiro, corrupção e partícipe de organização criminosa (mas, por enquanto, saltitante nas baladas por obra e graça da gente amiga do STF), partiu para o ataque.

Ciente de que no Brasil tudo lhe é permitido, o agente cubano, procurando intimidar os juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que julgarão recurso procrastinador do ex-presidente Lula (condenado a nove anos e meio de prisão), vociferou em calculada ira: “A hora é de ação, não de palavras. De transformar a fúria, a revolta, a indignação e mesmo o ódio em energia para a luta e o combate. Todos a Porto Alegre, no dia 24, o dia da revolta”. Vejam só a ousadia do criminoso!

Na ordem prática das coisas, o astro do mensalão quer que os bem-remunerados profissionais do MST, CUT, UNE, corporações artísticas e petistas terceirizados nas bocadas do governo, transformem as imediações do TRF-4 em praça de guerra, com muito sangue, bombas incendiárias, atos de terror e, se tudo “correr bem”, alguns cadáveres. Será, na ópera do malandro, o exercício do “quanto pior, melhor”.

Mas o problema consiste em como evitar a reação inversa de 59 % da população brasileira que exige ter Luiz Inácio, o quanto antes, por trás das grades (vide a Lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade” - ou maior, digo eu).

Lula é um cego moral. Sujeito ruim, irresponsável. (Vá lá, uma “jaearaca”). Para fugir da cadeia, tida como certa, chafurda histérico em cima de candidatura inviável, açulando uma massa (de manobra) inebriada pela mentira. Mas, repito: o governo Lula não é nada do que ele inventou e a mídia amestrada incensa. No livro “A Era Lula – Crônica de um desastre anunciado” (Girafa Editora, São Paulo, 2009) fiz levantamento minucioso dos dias inglórios do seu “governo socialista”, em que dava conta, entre tantas misérias, de acontecimento simbólico: a imolação do operário José de Souza, pedreiro desempregado que ateou fogo ao próprio corpo defronte ao Palácio do Planalto, sob os olhares indiferentes do “líder carismático” e sua patota.

(A propósito, neste sentido, como a denunciar a realidade vivida naqueles anos de muita propaganda enganosa e a vasta pilhagem, relatório do Banco Mundial publicado no final de 2017 dá conta de que 1/4 da população brasileira se viu reduzida à extrema pobreza, sendo que, no escopo, 22% vegetava abaixo da linha da pobreza, auferindo entre US$ 1,90 e US$ 5,5 por dia).

Nos dois mandatos de Lula foram denunciados cerca de 4.200 escândalos, entre os quais, cito de memória, as falcatruas do abominável tesoureiro petista Delúbio Soares e do corrupto Marcos Valério, as orgias do poderoso ministro Palloci, o ativismo corrupto do líder parlamentar José Genoino, o caso do AeroLula, as recepções de dólares contrabandeados de Cuba, os milhões manchados de sangue enviados pelo ditador (“amigo, irmão e líder”) Moamar Kadafi, os desvios de recursos das “parcerias (putarias) público-privadas”, o aparelhamento em massa do Estado pelas hordas do PT, as extorsões milionárias do assessor político José Waldomiro, as manobras do marqueteiro Duda Mendonça, os rombos dos sigilosos cartões corporativos, etc, etc, etc – para não mencionar o já clássico “mensalão”, prenúncio do Petrolão e da institucionalização da corrupção enquanto prática política.

Alguns observadores do imbróglio tupiniquim entendem que os três juizes do TRF-4 votarão pela condenação de Lula e, neste caso, adeus candidatura do réu já condenado. Mas outros acham que o TRF-4 o condenará por dois votos contra um, dando a Lula, assim, respaldo para que ele continue no jogo. No fundo, é tudo trololó acadêmico, pois o sr. Jararaca, perdendo por qualquer placar, vai apelar para o STF, onde conta com admiradores ferrenhos, muitos dos quais nomeados por ele próprio. (O tratamento dispensado ao agente Zé Dirceu, livre das grades, é sintomático).

Detalhe: no plano das pesquisas de intenções de votos publicadas pelo Datafolha, Lula continua na frente, congelado em 35% das intenções, enquanto Bolsonaro, em segundo lugar, não passa de 17% na preferência do eleitorado. O Datafolha, como todos sabem, pertence ao grupo da Folha de São Paulo, jornal 100% às esquerdas. Sua metodologia de amostragem é pra lá de suspeita. Em 2016, nos atos de protesto do povo contra Dilma e Lula efetuados na Av. Paulista, o Datafolha contabilizou a presença de 600 mil pessoas, enquanto o idôneo Instituto de Pesquisa StoreSmarts, por exemplo, anotou o movimento de 1.48 milhão de manifestantes. É preciso dizer mais?

Mês passada, a empresa de consultoria Big Data divulgava que 32% dos brasileiros residentes nos Estados Unidos tinham intenção de votar em Bolsonaro, enquanto Lula somava apenas 9%. Por sua vez, o Instituto Paraná, em Curitiba, informava que o petista não passava de 25% nas intenções de voto.

Moral da história: mesmo perdendo é preciso que caia sobre o costado de Lula, o Chacal, a verdade do encarceramento.

• Publicado originalmente no Diário do Poder
    

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  • General Augusto Heleno
  • 03 Janeiro 2018

 

Essa tem sido minha briga. Os brasileiros com vergonha na cara, não podem aceitar que o chefe da quadrilha, que arruinou o país, seja candidato ao mais alto cargo da República, se valendo de chicanas jurídicas. Isso é um deboche, um murro na nossa cara. Os idiotas da objetividade dizem que não há provas. Há sim, inúmeras. Basta que os magistrados de todos os níveis se tomem de um sentimento nacional e julguem, sem protelações e embargos, o que já lhes foi relatado sobre Lula e asseclas, por vários dos quadrilheiros mais notórios.

Agilizem os processos e coloquem essa máfia onde já devia estar: atrás das grades. Danem-se os prazos e os embargos. Basta que a imprensa, tão ciosa (quando lhe convém), no ataque à honra alheia, dispa-se das vestes ideológicas e assuma o papel preponderante que lhe cabe, com formadora de opinião, no extermínio dessa gangue. A mídia televisiva, precisa mostrar, exaustivamente, cara e feitos dos corruptos, independentemente de partidos políticos, cor, raça, opção sexual, condição financeira.

Vão esperar que tenham 80 anos?

Por que as delações não poupam o Molusco? Traição coletiva ao amado chefe? Não seria mais inteligente poupá-lo e investir no carisma de bandido que, segundo seus adoradores, vai reconduzi-lo à presidência da República?

A família, os filhos, os verdadeiros amigos lhes cobram um mínimo de dignidade, que reduza, senão as penas, pelo menos o inferno em que mergulham ao fazerem um exame de consciência.

Não está em jogo esquerda, centro ou direita, estatismo ou liberalismo, presidencialismo ou parlamentarismo. Trata-se da sobrevivência do Brasil, que anunciado muito tempo como o País do porvir, transformou-se em uma multidão angustiada, face ao triste futuro que se desenha no horizonte, se essa corja se mantiver no poder.

• Publicado originalmente no Diário do Poder
 

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