Os acontecimentos em Ottawa, Canadá, comprovam, pela enésima vez, que controle de armas serve apenas para deixar uma população pacífica ainda mais vulnerável.O desarmamento não apenas deixa uma população menos livre, como também a deixa menos segura. E não existe liberdade individual se o indivíduo está proibido de se proteger contra eventuais ataques físicos. Liberdade e autodefesa são conceitos totalmente indivisíveis. Sem o segundo não há o primeiro.
Respeitar o direito de cada indivíduo poder ter armas de fogo ainda é a melhor política de segurança, como os fatos listados abaixo mostrarão. Já restringir, ou até mesmo proibir, o direito de um indivíduo ter uma arma de fogo o deixa sem nenhuma defesa efetiva contra criminosos violentos ou contra um governo tirânico.
A Universidade de Harvard, que não tem nada de conservadora, divulgou recentemente um estudo que comprova que, quanto mais armas os indivíduos de uma nação têm, menor é a criminalidade. Em outras palavras, há uma robusta correlação positiva entre mais armas e menos crimes. Isso é exatamente o oposto do que a mídia quer nos fazer acreditar. Mas o fato é que tal correlação faz sentido, e o motivo é bem intuitivo: nenhum criminoso gostaria de levar um tiro.
Se o governo de um país aprova um estatuto do desarmamento, o que ele realmente está fazendo é diminuindo o medo de criminosos levarem um tiro de cidadãos honestos e trabalhadores, e aumentando a confiança desses criminosos em saber que suas eventuais vítimas — que obedecem a lei — estão desarmadas. A seguir, 20 fatos pouco conhecidos que comprovam que, ao redor do mundo, mais armas deixam uma população mais segura.
01) Um estudo publicado pela Universidade de Harvard — Harvard Journal of Law & Public Policy — relata que países que têm mais armas tendem a ter menos crimes
02) Ao longo dos últimos 20 anos, as vendas de armas dispararam nos EUA, mas os homicídios relacionados a armas de fogo caíram 39 por cento durante esse mesmo período. Mais ainda: “outros crimes relacionados a armas de fogo” despencaram 69%.
03) Ainda segundo o estudo da Harvard, os nove países europeus que apresentam a menor taxa de posse de armas apresentam taxas de homicídios que, em conjunto, são três vezes maiores do que as dos outro nove países europeus que apresentam a maior taxa de posse de armas.
04) Quase todas as chacinas cometidas por indivíduos desajustados nos Estados Unidos desde 1950 ocorreram em estados que possuem rígidas leis de controle de armas.
Com uma única exceção, todos os assassinatos em massa cometidos nos EUA desde 1950 ocorreram em locais em que os cidadãos são proibidos de portarem armas. Já a Europa, não obstante sua rígida política de controle de armas, apresentou três dos seis piores episódios de chacinas em escolas.
05) Os EUA são o país número 1 do mundo em termos de posse de armas per capita, mas estão apenas na 28ª posição mundial em termos de homicídios cometidos por armas de fogo para cada 100.000 pessoas.
06) A taxa de crimes violentos nos EUA era de 757,7 por 100.000 pessoas em 1992. Já em 2011, ela despencou para 386,3 por 100.000 pessoas. Durante esse mesmo período, a taxa de homicídios caiu de 9,3 por 100.000 para 4,7 por 100.000. E, também durante esse período, como já dito acima, as vendas de armas dispararam.
07) A cada ano, aproximadamente 200.000 mulheres nos EUA utilizam armas de fogo para se proteger de crimes sexuais.
08) Em termos gerais, as armas de fogo são utilizadas com uma frequência 80 vezes maior para impedir crimes do que para tirar vidas.
09) O número de fatalidades involuntárias causadas por armas de fogo caiu 58% entre 1991 e 2011.
10) Apesar da extremamente rígida lei desarmamentista em vigor no Reino Unido, sua taxa de crimes violentos é aproximadamente 4 vezes superior à dos EUA. Em 2009, houve 2.034 crimes violentos para cada 100.000 habitantes do Reino Unido. Naquele mesmo ano, houve apenas 466 crimes violentos para cada 100.000 habitantes nos EUA.
11) O Reino Unido apresenta aproximadamente 125% mais vítimas de estupro por 100.000 pessoas a cada ano do que os EUA.
12) Anualmente, o Reino Unido tem 133% mais vítimas de assaltos e de outras agressões físicas por 100.000 habitantes do que os EUA.
13) O Reino Unido apresenta a quarta maior taxa de arrombamentos e invasões de residências de toda a União Europeia.
14) O Reino Unido apresenta a segunda maior taxa de criminalidade de toda a União Europeia.
15) Na Austrália, os homicídios cometidos por armas de fogo aumentaram 19% e os assaltos a mão armada aumentaram 69% após o governo instituir o desarmamento da população.
16) A cidade de Chicago havia aprovado uma das mais rígidas leis de controle de armas dos EUA. O que houve com a criminalidade? A taxa de homicídios foi 17% maior em 2012 em relação a 2011, e Chicago passou a ser considerada a “mais mortífera dentre as cidades globais“. Inacreditavelmente, no ano de 2012, a quantidade de homicídios em Chicago foi aproximadamente igual à quantidade de homicídios ocorrida em todo o Japão.
17) Após essa catástrofe, a cidade de Chicago recuou e, no início de 2014, voltou a permitir que seus cidadãos andassem armados. Eis as consequências: o número de roubos caiu 20%; o número de arrombamentos caiu também 20%; o de furto de veículos caiu 26%; e, já no primeiro semestre, a taxa de homicídios da cidade recuou para o menor nível dos últimos 56 anos.
18) Após a cidade de Kennesaw, no estado americano da Geórgia, ter aprovado uma lei que obrigava cada casa a ter uma arma, a taxa de criminalidade caiu mais de 50% ao longo dos 23 anos seguintes. A taxa de arrombamentos e invasões de domicílios despencou incríveis 89%.
19) Os governos ao redor do mundo chacinaram mais de 170 milhões de seus próprios cidadãos durante o século XX (Stalin, Hitler, Mao Tsé-Tung, Pol Pot etc.). A esmagadora maioria desses cidadãos havia sido desarmada por esses mesmos governos antes de serem assassinados.
20) No Brasil, 10 anos após a aprovação do estatuto do desarmamento — considerado um dos mais rígidos do mundo —, o comércio legal de armas de fogo caiu 90%. Mas as mortes por armas de fogo aumentaram 346% ao longo dos últimos 30 anos. Com quase 60 mil homicídios por ano, o Brasil já é, em números absolutos, o país em que mais se mata.
Quantas dessas notícias você já viu na mídia convencional, que dá voz apenas a desarmamentistas?
Armas são objetos inanimados, tão inanimados quanto facas, tesouras e pedras. Costumes, tradições, valores morais e regras de etiqueta — e não leis e regulações estatais — são o que fazem uma sociedade ser civilizada. Restrições sobre a posse de objetos inanimados não irão gerar civilização.
Essas normas comportamentais — as quais são transmitidas pelo exemplo familiar, por palavras e também por ensinamentos religiosos — representam todo um conjunto de sabedoria refinado por anos de experiência, por processos de tentativa e erro, e pela busca daquilo que funciona. O benefício de se ter costumes, tradições e valores morais regulando o comportamento — em vez de atribuir essa função ao governo — é que as pessoas passam a se comportar eticamente mesmo quando não há ninguém vigiando. Em outras palavras, é a moralidade a primeira linha de defesa de uma sociedade contra comportamentos bárbaros.
No entanto, em vez de se concentrar naquilo que funciona, os progressistas desarmamentistas querem substituir moral e ética por palavras bonitas e por leis de fácil apelo.
Por último, vale um raciocínio lógico: quem é a favor do desarmamento não é contra armas, pois as armas serão necessárias para se desarmar os cidadãos. Logo, um desarmamentista nunca será contra armas — afinal, ele quer que a polícia utilize armas para confiscar as armas dos cidadãos.
Consequentemente, um desarmamentista é necessariamente a favor de armas. Mas ele quer que apenas o governo (que, obviamente, é composto por pessoas honestas, confiáveis, morais e virtuosas) tenha armas.
Conclusão: nunca existiu e nem nunca existirá um genuíno ‘desarmamento’. Existe apenas armamento centralizado nas mãos de uma pequena elite política e dos burocratas fardados que protegem os interesses dessa elite.
Participaram desse artigo:
Walter Williams, professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Ron Paul, médico e ex-congressista republicano do Texas. Foi candidato a presidente dos Estados Unidos em 1988 pelo Partido Libertário e candidato à nomeação para as eleições presidenciais de 2008 e 2012 pelo partido republicano.
É autor de diversos livros sobre a Escola Austríaca de economia e a filosofia política libertária como Mises e a Escola Austríaca: uma visão pessoal, Definindo a liberdade, O Fim do Fed – por que acabar com o Banco Central (2009), The Case for Gold (1982), The Revolution: A Manifesto (2008), Pillars of Prosperity (2008) e A Foreign Policy of Freedom (2007).
O doutor Paul foi um dos fundadores do Ludwig von Mises Institute, em 1982, e no ano de 2013 fundou o Ron Paul Institute for Peace and Prosperity e o The Ron Paul Channel.
Stefan Molyneux, ex-empresário do ramo de software, hoje se dedica inteiramente à filosofia. Já escreveu sete livros, todos disponíveis em seu website.
Michael Snyder, colunista do blog Economic Collapse.
* Publicado originalmente em 04/04/2015, por https://www.epochtimes.com.br/
Neste 7 de setembro, lá me fui a contemplar o tão esperado filme da Lava Jato, cuja proposta foi ilustrar, com tintas de romance policial, a epopeia investigativa dos primórdios da Força Tarefa, até a condução coercitiva de Lula da Silva em março de 2016.
A produção está excelente, em vista dos padrões nacionais. Como obra de arte, claro, fica longe de representar qualquer marco da cinematografia: para dar coerência e integridade à trama, foi preciso converter a narrativa à primeira pessoa e elevar a personagem de Antônio Calloni (um delegado fictício da PF, amálgama – como todos os demais nesse núcleo – de inspirações verídicas) a ombudsman da história, o que me parece batido e um tanto cansativo. Ainda assim, a solução de continuidade cumpriu a difícil tarefa de tornar a Lava Jato um caso mais linear, fluído e compreensível, sem simplificações excessivas.
Eu receava que o roteiro fizesse concessões descabidas à torcida criminosa, a fim de afetar neutralidade política. Não as fez. Quando muito – embora, vá lá, para grande desgosto do historiador que há em mim – insistiu na falácia de que a corrupção endêmica seria uma constante brasileira desde as caravelas, curiosamente contradizendo-se quando, em passagem mais avançada, uma das personagens encaixa o começo da magna rapinagem apenas no governo Sarney.
Os atores estiveram muito bem em seus papéis. Ary Fontoura como Lula foi impagável: empáfia mafiosa, intimidação sindicalista, "alô?!" e "tchau, querida" estão todos lá. Marcelo Serrado, por sua vez, em suas discretas, porém significativas aparições como Sérgio Moro não ficou para trás, sempre digno, sempre judicioso. Youssef e Marcelo Odebrecht são ótimos arquétipos de vilões para um 007 à brasileira, permanecendo verossímeis e próximos aos originais. Os policiais protagonistas também andaram bem, com destaque para a atuação competente de Flávia Alessandra e o alcance humano da personagem de Bruce Gomlevsky.
O saldo é um muito bom thriller nacional – ademais, absolutamente didático para o entendimento da operação jurídico-policial que arrebatou o país.
Politicamente, o filme é um desastre para o lulismo, desnudado até a alma na metade final da película. Nem o "Brasil 247" foi poupado. Não fosse a delação de Palocci dominando os noticiários da semana, essa estréia estaria como alvo prioritário de todos os pasquins furiosos. Ficaram péssimos na fita.
Tal efeito não resulta de um recorte editorial, senão da fidelidade da obra aos fatos – tanto quanto dos fatos resultou seu argumento, a Lava Jato da vida real, algo devidamente retratado nos diálogos da telona: os criminosos não foram escolhidos pela Força Tarefa; os criminosos escolheram o crime, e a missão de policiais, procuradores e juízes é investigar, denunciar, sentenciar quem percorre essa via. Ponto, parágrafo, nova tomada.
Se recomendo a audiência? Sem dúvida. Comprem ingressos e prestigiem a produção, antes que os canhões da censura ideológica a identifiquem no radar. Dá gosto ver um filme brasileiro que não começa com logotipo de estatal. Apenas não esperem por um filme de ação: a tensão é fundamentalmente intelectual, e as sequências de prender o fôlego são poucas. Algo condizente com a temática, advinda de escutas telefônicas, cruzamento de informações, salas de interrogatório e tribunais.
Resta torcer para que a continuação não se dobre às redobradas pressões, como aconteceu com o segundo "Tropa de Elite", único precedente de filme nacional cujo alcance, fora das salas de cinema (embora, in casu, não intencional), foi favorável à civilização.
* Advogado
Existiu, entre 1974 e 1984, na Inglaterra, um movimento de pedófilos chamado PIE (Pedophile Information Exchange), que entre outras coisas lutava no congresso para diminuir a idade de consentimento para relações sexuais, uma espécie de militância pela “maioridade sexual”. O movimento recebia dinheiro do governo britânico para a sua atividade por meio de verbas do Serviço de Voluntários do Ministério do Interior. O PIE acabou sendo fechado, na década de 80, depois que as investigações de frequentes escândalos de pedofilia acabaram levando a membros do movimento. Além disso, a sua atividade política começou a se tornar ultrajante para a sociedade britânica.
Entre as ações empreendidas por este movimento durante sua atividade, esteve a luta pela r
edução da idade de consentimento para QUATRO anos de idade, o que começou a despertar indignação. Mas houve resistência do governo pois a atividade do movimento estava abrigada pelo Conselho Nacional para Liberdades Civis.
Ficou claro na época que nenhuma iniciativa pedófila teria exito enquanto a prática mantiver um estigma negativo na sociedade, isto é, contrária a valores tradicionais ainda em voga.
Nos EUA, em 1978, foi criada a NAMBLA (Associação Norte-Americana do Amor entre Homens e Garotos) com o mesmo objetivo do PIE. NAMBLA é considerada a organização mais importante do ativismo pedófilo da atualidade.
Entre 1984 e 1994, pertenceu à ILGA (Associação Internacional de Gays e Lésbicas), mas foi expulsa. O movimento pedófilo alega que a expulsão da ILGA foi devido o objetivo do movimento internacional de conseguir um status consultivo como ONG nas Organização das Nações Unidas.
A ONU chegou a dar esse status ao ILGA em 1993 mesmo com a associação com o NAMBLA, mas com a ameaça do governo dos EUA de cortar financiamento às Nações Unidas enquanto abrigasse movimentos pedófilos, o ILGA decidiu pela dissociação com o NAMBLA, sendo então admitido pela ONU no ano seguinte após protestos de organizações pedófilas de outros países.
O ILGA é um dos principais promotores da Ideologia de Gênero na ONU por meio da UNESCO, embora haja hoje centenas de outros movimentos e ONGs feministas empenhadas na causa da educação sexual para idades cada vez menores. ( https://europeanmediacentre.wordpress.com/2013/11/05/pedophilia-is-a-sexual-orientation-under-new-california-state-law/ e http://www.nambla.org/)
Atualmente, no Brasil, por meio do Ministério da Educação e Cultura, rios de dinheiro são investidos na elaboração de programas educacionais que levam a temática da Ideologia de Gênero para ser ensinada a creches de todo o país. Essa ideologia, a pretexto de combater a discriminação, oferece às crianças um leque de opções sexuais e orientações possíveis que chama de gêneros.
A mudança de estratégia surtiu efeito. Hoje, na maioria dos países, a educação sexual é comum, embora a pedofilia seja oficialmente proibida. Um dos expedientes caros aos ativistas é a distinção, bastante arbitrária, entre pedófilos e abusadores de crianças. Segundo eles, há o pedófilo inofensivo que somente sente atração sexual por crianças mas não a pratica. Enquanto aos abusadores mantém-se a condenação penal, ao pobre pedófilo caberia tratamento, ajuda e toda a compreensão, cabendo inclusive, quem sabe, uma campanha de combate à discriminação contra ele.
O novo movimento pedófilo está hoje infiltrado nos movimentos LGBT por meio do “combate ao preconceito nas escolas”. Diante do preconceito sofrido por crianças com tendências homossexuais, sugere-se o ensino de todo tipo de prática sexual imaginável às crianças da mais tenra idade.
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A mais conhecida teórica da Ideologia de Gênero, Judith Butler, porém, afirma que “gênero é o seu comportamento”, fazendo do conceito um tipo de cultura ou revolução comportamental. Ora, segundo ela, não há homens ou mulheres, mas simplesmente pessoas. A consequência lógica deste pensamento impõe que não exista nem mesmo preconceito e, no entanto, este é o conceito que está sendo utilizado para ensinar as crianças, a partir dos 4 anos, a explorarem seus corpos e os de seus colegas em busca de prazeres sexuais para, assim, definirem seu “gênero”.
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A conceituação de Butler, se bem compreendida, já demonstra que não é o problema do preconceito que desejam resolver.
É sabido pela psicologia que para mudar a mentalidade de alguém, basta mudar-lhe o comportamento, pois o indivíduo lutará para adequar o pensamento às ações praticadas anteriormente, de modo a reduzir a dissonância cognitiva. Portanto, a mudança da mentalidade é o alvo principal, fazendo de crianças e adolescentes militantes eficientes pela destruição de todos os padrões morais.
Ao contrário do que muitos podem pensar, a Ideologia de Gênero não torna as crianças homossexuais, mas as transforma em órfãos incapazes de perceber a realidade justamente porque habituam-se a adequá-la aos seus desejos e às ideologias do momento. Convertem as crianças a meros brinquedos de adultos.
* Mestre em jornalismo, aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho. É editor do blog Estudos Nacionais (estudosnacionais.com).
Graças ao caudaloso noticiário sobre tragédias ocorridas em outras paragens do planeta — provocadas por fenômenos naturais ou seres tecnicamente humanos —, milhões de brasileiros chamam pelo nome os furacões Irma, Kátia e José, sabem que vem aí o Maria, medem pela escala Richter a força do terremoto no México, atualizam a contagem dos mortos em outro atentado terrorista em Londres e acompanham em tempo real a marcha da insensatez na Coreia do Norte desgovernada por um maluco atômico.
Concentrados nas turbulências internacionais, e também de olho no cortejo de infâmias descobertas pela Lava Jato, esse mundaréu de leitores, espectadores e ouvintes parecem sem tempo para horrorizar-se com tragédias em curso logo ali. No Rio de Janeiro, por exemplo. Entre tantas outras abjeções, bandalheiras, safadezas e patifarias, a quadrilha liderada por Sérgio Cabral — que agiu o tempo todo com as bênçãos e o patrocínio dos presidentes Lula e Dilma Rousseff — incluiu em seu legado maldito um Rio reduzido a zona de exclusão.
O Estado brasileiro deixou de existir nos territórios conflagrados, reafirmaram as trocas de chumbo do fim de semana. Neste fim de semana, por exemplo, a intensificação da guerra pelo controle do tráfico de drogas na Rocinha produziu centenas de cenas que poderiam ser inseridas sem retoques num documentário sobre a Síria. Os tiroteios foram mais apavorantes que os registrados há sete dias. Serão menos inverossímeis que os da semana que vem.
Que fim levaram as Unidades de Polícia Pacificadora, as festejadas UPPs, a invenção genial do governador canalha? O que restou das modernidades inauguradas com foguetório e discurseira pelo presidente megalomaníaco e pela sucessora afundada na mitomania? Cadê as tropas do Exército que ali pousaram há pouco mais de um mês, prontas para resgatar os incontáveis quilômetros quadrados amputados a bala do mapa do Brasil?
O Rio agoniza sob o olhar distraído do restante do Brasil e sob a cínica indiferença de boa parte da gente que mora lá. Sobretudo dos “artistas e intelectuais” nativos ou cariocas naturalizados. Esses, como se sabe, estão ocupados demais com a preservação da Amazônia para perder tempo com uma cidade sem lei.
* Publicado originalmente em veja.com
DOMINIC BARTON
A entrevista concedida pelo economista canadense Dominic Barton, atual diretor global da McKinsey, consultoria respeitadíssima no mundo todo, que a revista Veja desta semana disponibiliza nas Páginas Amarelas, é uma importante contribuição para o entendimento das transformações sociais em curso, tanto para leigos quanto para iniciados.
CONTEÚDO
Segundo Barton, o setor público não cumpre adequadamente o seu papel de preparar as pessoas para as novas possiblidades tecnológicas. Ora, se a percepção do economista é global, fico imaginando o que diria se conhecesse minimamente o que se passa no nosso empobrecido Brasil, onde a preparação do povo é feita através de grandes conteúdos ideológicos e pouco ou quase nada técnicos.
ANÁLISE INTERESSANTE
Ao enfatizar a necessidade de recapacitar as pessoas, Dominic Barton faz uma observação interessante: - Fizemos uma análise em 25 dos países mais ricos do mundo. Entre 1993 e 2005, apenas 2% das pessoas não havia melhorado de vida. Entre 2005 e 2014, no entanto, 70% das pessoas não tiveram aumento real de renda ou mesmo sofreram uma queda em seus ganhos. Com a tecnologia, a demanda por trabalho caiu e os salários estão estagnados. Mas 1% no topo dos rendimentos está muito bem.
PERDENDO A PACIÊNCIA
Esta análise diz, claramente, o quanto as empresas (esqueçam o setor público) precisam assumir novas responsabilidades. Até porque, como refere Barton, - as pessoas estão perdendo a paciência. Não estão satisfeitas com o governo, com as grandes corporações, com ninguém.
AVALIAÇÃO SOBRE O BRASIL
Quando perguntado sobre o Brasil, eis a avaliação que Barton faz sobre a nossa economia: - O Brasil tem ficado para trás na comparação com outros países. O sistema regulatório e tributário precisa melhorar. Converso com administradores de recursos e empresários de todo o mundo e eles sempre dizem que a economia brasileira NÃO É DAS MAIS AMIGÁVEIS aos investidores. Outro aspecto é a EDUCAÇÃO. O esforço de combate à corrupção tem sido notável, mas as reformas precisam prosseguir.
Amém!
OPORTUNIDADES ENORMES
Para quem tem a mínima noção sobre o que acontece no Brasil, tudo que Dominic Barton diz sobre o nosso país não pode ser visto como algo novo e/ou surpreendente. Entretanto, por se tratar do diretor global da McKinsey, consultoria que goza de forte credibilidade internacional, quem sabe as suas afirmações consigam mexer com a cabeça daqueles que ainda não foram infectados pelo vírus ideológico do atraso. As oportunidades que o Brasil tem, sabidamente são enormes. Falta apenas colocá-las ao alcance dos investidores.
* Publicado originalmente em www.pontocritico.com
Quem assistiu ao filme Carandiru, baseado no livro Estação Carandiru, do médico Dráuzio Varella, que narra a dura experiência dos presídios brasileiros, deve se lembrar da frase dita e repetida por bandidos quando confrontados pela justiça: “Doutor, aqui dentro todo mundo é inocente”. Mais de uma década e meia depois, a expressão é atualíssima.
Diante da tragédia da corrupção exposta pela Lava Jato, os protagonistas do show de assalto aos cofres públicos se confessam indistintamente, todos, inocentes. Abordados por procuradores e juízes, questionados pela imprensa, esperneiam, dizem-se revoltados e se consideram injustiçados. As malas de dinheiro flagradas por câmeras sendo carregadas no meio da rua, os esconderijos transbordando milhões de reais e dólares; os imóveis recebidos como prêmio pelas facilidades criadas para terceiros no silêncio das madrugadas; as fortunas incalculáveis circulando clandestinamente como caixa dois e propinas milionárias, tudo isso, não passa de ilações. É fruto de delações fantasiosas, invenção da mídia golpista, perseguição política. É ódio da elite que tem asco, horror a pobre e não os quer ver melhorando de vida, lotando aeroportos e andando de avião, por isso acusa os líderes populistas de traficantes de influência, corruptos, mais que outros.
A versão da revolta dos inocentes dos tempos atuais também gerou a produção de filme Polícia Federal, a lei para todos – cujos personagens representados têm, claro, uma enorme diferença daquela bandidagem hospedada no antigo Centro de Detenção do Carandiru em São Paulo, palco de uma das maiores tragédias em presídios do mundo. Os supostos criminosos da Lava Jato são cidadãos de status, colarinho branco, autoridades da maior estirpe do universo político e empresarial do País e os condenados cumprem suas penas entre Penitenciária da Papuda, em Brasília, Carceragem da PF e Complexo Médico Penal do Paraná. Alguns privilegiados decoram as canelas com tornozeleira eletrônica arrastando-as pelos corredores de casa, moda dos novos tempos, na conhecida prisão domiciliar, desejo de consumo de centenas de congressistas, servidores públicos de alto escalão e poderosos empresários condenados do submundo da propina. Melhor o acessório que uma cela de pouco espaço com privada no chão e banho frio. Apenas um pequeno detalhe faz lembrar o drama dirigido por Hector Babenco no filme Carandiru, em 2003, é a manjada frase dos acusados: “Somos inocentes”.
No mar de sentenças e inquéritos abertos pelo Ministro Fachin, 74, tiveram seus sigilos quebrados, incluindo 8 ministros ou ex do governo Temer, 24 senadores denunciados por corrupção, dezenas de deputados e uma dúzia de governadores. Arrogantes, algum tempo atrás ostentavam poder e riqueza, senhores da razão. Pegos com a mão na massa, agora revoltados, atribuem as denúncias dos seus crimes aos delatores bandidos que desejam aliviar suas penas. Fazem discursos dramáticos no parlamento, sugerem CPIs, desconstroem a justiça, acusam a imprensa, desesperam-se, temem não conseguir a reeleição perdendo o foro privilegiado, bufam por todos os lados. Eles protagonizam a “revolta dos inocentes”. Quem sabe o título do próximo filme!
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** Publicado originalmente no Diário do Poder