• Irineu Berestinas
  • 12 Setembro 2019


                  Nos últimos tempos, nas plagas latino-americanas, o que temos observado, com certa frequência, são governantes cujos compromissos estão pautados pela irracionalidade, culto à personalidade, autoritarismo ou pelo mais desbragado populismo. E, agora em anos mais recentes, alguns deles estão associados aos objetivos do Foro de São Paulo (as esquerdas da América Latina reunidas para transformar o nosso continente noutra União Soviética), incluído nesse projeto o apoio a Daniel Ortega, da Nicarágua, e ao proposto de Hugo Chávez, na Venezuela, Nicolás Maduro... Cidadãos que chegaram ao poder pela via democrática, cujos objetivos, entretanto, são o de detonar a Democracia em seus países. O que estão fazendo, sem se importar com os meios e os métodos de terror aplicados.

                  A bem da verdade, toda essa lambança teve origem na teoria econômica de John Maynard Keynes, na década de 30 do século passado, que abriu a Caixa de Pandora da Economia, com a sua engenhosa criação denominada "Sintonia Fina", por meio da qual eram manipuladas as políticas fiscal e monetária (os gastos públicos, no primeiro caso; e o crédito, a expansão do dinheiro, os juros, no segundo), abrindo historicamente, assim, as comportas do déficit público, e, por consequência, da inflação. Certamente, o precursor da teoria de livres mercados, o escocês Adam Smith, não se conformaria com esse Cavalo de Troia do capitalismo nas Américas, e diria com arguta propriedade: "Espera lá, vocês fabricaram a crise de 29, o crash da bolsa americana do século passado, primeiro injetando muito dinheiro na economia, depois enxugando demais, a par de buscarem solução no fechamento do seu mercado para outros países, por meio de tarifas alfandegárias estratosféricas, e querem atribuir esse abismo à teoria que iniciei, é muito desatino e lapidar injustiça!"

                  É bom dizer que, pela Sintonia Fina, o "gerenciamento" da economia é realizado para atender ao obstinado continuísmo, ao desejo de poder, atrelado a projetos bolivarianos ou não, na forma já relatada, e não para preservar os interesses gerais da sociedade. Essa é a leitura que podemos fazer da era petista (Lula e Dilma), na qual manipularam os agregados econômicos e o dinheiro do BNDES para fazer camaradagem com empresários amigos e com países identificados com a sua ideologia, os quais estão rodando o socialismo com muita dificuldade (Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia). Sem contar ainda países africanos que receberam dinheiro brasileiro para construir obras. Pasmem, prezados leitores! Essas práticas são dignas de fazer parte da coletânea de contos de Jorge Luis Borges, o argentino culto e inspirado, denominada "História Universal da Infâmia". A nossa gente sem hospitais e rede de esgoto, serviços públicos precários, e Lula e Dilma resolvem fazer caridade com outros países: porto de Mariel em Cuba, aeroporto na África do Sul, viadutos e metrôs na Venezuela, perdão da dívida da Bolívia. Quer dizer, vamos fazer um esforço sobre-humano para economizar 940 bilhões de reais, dinheiro a ser retirado das aposentadorias, num espaço de dez anos, quando esse senhor e essa senhora, representando a esquerda no poder, pelo que se tem notícia, remeteram, via BNDES, um bilhão de reais para as ditas repúblicas socialistas. A coisa funcionava do seguinte modo: o governo emitia títulos da dívida federal e repassava esse dinheiro arrecadado para a referida instituição financeira, e essa, por sua vez e sigilosamente, enchia o bolso de ditadores, tal qual o relatado. Isso tudo sem passar pela apreciação do Parlamento Brasileiro. Crime de lesa pátria! É o mínimo que se pode dizer...

Assim, políticos "obsequiosos" se apropriaram da "Sintonia Fina", que passou a ser eficiente instrumento das suas pretensões pessoais e ideológicas: "vamos continuar no poder nem que seja falindo as finanças públicas dos nossos países". A Dilma, mesmo sem ter recebido, provavelmente, muitas informações a respeito da semântica da "Sintonia Fina" (já pensaram na cidadã dando uma aula sobre Sintonia Fina em entrevista...), fez a lambança que todos nós conhecemos e que resultou em 12 milhões de desempregados e no desarranjo das finanças públicas.

A Argentina, por exemplo, com a aplicação da "Sintonia Fina" e com medidas heterodoxas na sua economia, aplicadas por políticos peronistas, perdeu o bonde da história...

Por tudo isso, é razoável dizer que é absolutamente necessário estabelecer limites percentuais para a dívida pública federal e proibir os governos de repassar dinheiro para o BNDES. Aliás, o que é absolutamente necessário é tirar o banco público de investimentos dessa jornada, de tal sorte que o mercado de capitais seja a grande fonte de financiamentos das nossas empresas. O ministro Paulo Guedes, cujas ideias estão na contramão da teoria de John Maynard Keynes, tem, sabiamente, trabalhado nessa direção, ao fomentar as reformas necessárias. Esperamos que continue firmemente no seu trajeto sem ser obstado (ele e a sua valorosa e competente equipe).

Sem esses dispositivos restritivos, nem mesmo um banco central independente seria capaz de executar o seu ofício com nobreza, qual seja, o de zelar, naquilo que lhe diz respeito, pela preservação do poder de compra da moeda, pois da forma como são constituídos, até mesmo nos EUA, são fonte de financiamento de governos gastadores, perdulários, que sobrevivem de déficits orçamentários rotineiros e crescentes, porque a dívida pública traz a exigência da emissão monetária em algum momento, e a emissão é sabidamente inflacionária, quando a quantidade de moeda excede as exigências da economia.

  

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 12 Setembro 2019

 

O PROBLEMA FISCAL É DESCONHECIDO

Recentemente, o IBGE publicou uma nota oficial dando conta de que a população brasileira está estimada em 209 milhões. Pois, deste enorme contingente, sem medo de errar, apenas pouco mais de 100 brasileiros enxergam o dramático, e sempre crescente, DÉFICIT DAS CONTAS PÚBLICAS, tanto da União quanto dos Estados e Municípios com olhos de preocupação.

ENDIVIDAMENTO PÚBLICO

A grande maioria dos brasileiros não sabe, por exemplo, que o ENDIVIDAMENTO PÚBLICO, que em julho deste ano atingiu a marca de 77% (fora os títulos que estão na carteira do BC), já garante que, em 2020, independente da REFORMA DA PREVIDÊNCIA (única que tem chance real de ser aprovada até o final de 2019), estará beirando os 85%.

EFEITOS NO LONGO PRAZO

Vale aí um esclarecimento, ainda que o universo dos habitantes do nosso empobrecido Brasil seguirá dando pouco ou nenhuma importância: - a economia que a REFORMA DA PREVIDÊNCIA propõe, ainda que deva ser festejada, não produzirá efeito no curto e médio prazos. Quando muito, no longo prazo.

DESPESAS DE PESSOAL

Vejam que enquanto o Estado brasileiro -União, Estados e Municípios- continuar refém das DESPESAS OBRIGATÓRIAS, que já beiram 96% do PIB, onde as DESPESAS DE PESSOAL DO SETOR PÚBLICO (ativos e inativos) representam a sua maior parte, a economia brasileira seguirá sufocada e impedida de crescer.

PEC 438

Se alguém imagina que o Brasil conseguirá sair desta enorme encrenca, que leva o nome de -DESPESAS OBRIGATÓRIAS-, sugiro que antes de tudo comece a ajudar o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ) apoiando a PEC 438/2018.

Pela tal PEC 438/2018, quando as operações de crédito atingirem 95% das despesas de capital, o governo já poderá SUSPENDER REAJUSTES, CONCURSOS E CRIAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS, além de LIMITAR BENEFÍCIOS FISCAIS.

PROPOSTA

Em caso de excesso de operações de crédito, que é a situação atual, o Executivo poderá também REDUZIR SALÁRIOS DOS SERVIDORES pelo prazo de um ano com redução de jornada; INTERROMPER O PAGAMENTO DO ABONO SALARIAL DO PIS/PASEP no ano seguinte; EXONERAR SERVIDORES NÃO ESTÁVEIS; e AUMENTAR A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA, entre outras ações.

MÃOS À OBRA

Atenção: não estou dizendo que acredito que depois de aprovada (se é que isto vai acontecer) os governantes aplicarão a lei. Duvido. Entretanto, o que me resta neste momento, é apoiar a PEC 438 para que possa testar se os nossos governantes aplicarão a lei. Portanto, mãos à obra pela aprovação da PEC 438!

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  • Claudia Kubala
  • 12 Setembro 2019

 


Em 15 de setembro de 1935, Adolf Hitler se reuniu com outros membros do Partido Nazista na cidade de Nuremberg onde aprovou textos que mudariam para sempre a história da humanidade. A Lei da Bandeira do Reich, a Lei da Cidadania do Reich e a Lei da Proteção do Sangue e Honra Alemães, se transformaram em um conjunto de leis que seriam conhecidas como Leis de Nuremberg, as quais passariam a ser utilizadas nos tribunais raciais do Terceiro Reich.

Estas leis formavam a base da ideologia nazista, determinando a proibição do casamento, das relações sexuais e de qualquer tipo de relacionamento com judeus, classificados como pessoas de segunda categoria. Em 26 de novembro de 1935, estas leis foram ampliadas para negros e ciganos, os colocando no mesmo patamar dos filhos de Abraão.

Os tribunais se utilizavam de classificações que levavam em consideração a cor da pele e escalas baseadas nas raízes ancestrais dos cidadãos como, por exemplo, as escalas de ZM+ e ZM indicando parentesco de primeiro e segundo graus, e ZM- para a ascendência decrescente, estas utilizadas para definir quem receberia o "selo" cigano.

Eis que, nos dias de hoje, vemos a história repetir o passado. As Comissões Raciais atuam com primor nas universidades, garantindo que alunos que não se enquadram em suas exigências sejam sumariamente eliminados. Mas quais seriam as classificações e escalas utilizadas pelos novos tribunais? Como determinar quem é branco ou negro em um país miscigenado como o Brasil? Estes mesmos apoiadores daqueles que "se sentem" diferentes são os que atuam de forma separatista, indicando de acordo com suas próprias leis, quem é quem em relação a sua raça. Raça... palavrinha ingrata... para alguns poucos sábios só existe uma: a raça humana.

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 12 Setembro 2019

 

Muitas coisas que ocorrem de maneira repetida, não necessariamente significam fatos. Sempre, parece-me, o fundamental é analisar profundamente tais "coisas", a fim de que possam ser estabelecidas correlações realmente fidedignas.

Como sabiamente apontou o economista Thomas Sowell, correlação nem sempre significa causalidade! Entre algumas rotineiras falácias, Sowell identificou a falácia da composição. Esta ocorre sempre que se pressupõe que algo que é verdade para uma parte do sistema, então também é verdade para o todo de um determinado conjunto. Por exemplo, muitos podem argumentar que as novas tecnologias "roubam" os empregos de determinados tipos de trabalhadores. Contudo, esses se esquecem de que tais tecnologias geram outros tipos de empregos para outros trabalhadores e agregam novas soluções em termos de serviços, produtos e experiências para a maioria dos indivíduos-consumidores. O que parece ser "bom" para um grupo, uma parte do sistema social, nem sempre é o melhor para o todo! Concluir o contrário seria cair na armadilha da falácia da composição.

Pois é, como a retórica falaciosa de "especialistas" brasileiros tem-se utilizado de argumentos e números "bem apresentados e arrumados", que na superfície do "senso comum", querem efetivamente esconder a "verdade total", enganando aqueles mais incautos, com o objetivo de buscar o atingimento de seus próprios interesses pessoais e/ou grupais.

Na mesma veia, em seu seminal livro "Armas, Germes e Aço", o professor de geografia Jared Diamond descreveu o Princípio Anna Karenina. Quem não lembra da frase de Tolstói que alude que: "Todas as famílias felizes são iguais, as infelizes o são cada uma à sua maneira."? Tolstói, com essa sentença, queria dizer que um casamento bem-sucedido dependeria de uma série de fatores distintos. Qualquer um de diversos aspectos fundamentais não atendidos poderia arruinar um casamento, mesmo que ele possuísse todos os demais ingredientes essenciais para um "bom casamento".
Sinteticamente, representa que num determinado evento, uma deficiência em qualquer um dos fatores que compõem o todo, ou seja, apenas uma parte, condenaria ao fracasso. Sem dúvida, é preciso ressaltar que "coisas boas" são mais difíceis de serem alcançadas!

Bem, ontem à noite, acomodei-me confortavelmente para assistir ao programa Roda Viva. No centro da roda, o ilustre ex-ministro da Justiça José Carlos Dias. Em dado momento, esse Sr. relembrou, tristemente, que seu intento de formar uma frente ampla, juntamente com o candidato do PT, para que não houvesse a vitória do então candidato Bolsonaro, não se concretizou. De acordo com o advogado, venceu o candidato que afronta a democracia e os direitos humanos de toda sociedade brasileira.

Todos nós sabemos que não deveria mais existir aquele trivial debate entre pautas ditas de direita e esquerda. Nessa direção, a direita enfocando crescimento econômico e, supostamente, a esquerda, pondo em relevo os direitos sociais; a tal justiça social. Pura demagogia, uma vez que direitos sociais igualmente fazem parte de pautas "direitistas" - crescimento econômico é fonte geradora -, da mesma forma que pautas de esquerda podem incluir "crescimento econômico" (embora experiência pragmática demonstre que tipo de "crescimento" se alcança por meio do Estado grande: semelhante ao do rabo do cavalo!).

O Excelentíssimo Senhor Doutor José Carlos Dias, sustentou que Bolsonaro, sem compostura, sistematicamente desacata e ultraja os nobres direitos humanos. Justo até pontuar que algumas declarações do presidente são efetivamente infelizes, para dizer o mínimo. Mas a partir daí desqualificar totalmente o presidente e os resultados alvissareiros dos primeiros meses de seu governo, é que, de fato, parece-me verdadeira infâmia.

Para tal "especialista", direitos humanos são exclusividade de sua turma! Nada daquilo que está sendo realizado, inclusive nesta área, merece reconhecimento e respeito. Natural, na medida em que seu notório grupo migrou da defesa das condições de emprego dos trabalhadores, da "nefasta mais valia", para os iluminados direitos das minorias.

Para ele, uma frente ampla com o PT, partido político que ressignificou e constitucionalizou a roubalheira e um dos maiores casos de sistemática corrupção da história da humanidade, corrupção abissal essa que roubou recursos da saúde, da educação, da segurança pública, da chance de maior prosperidade e esperança nacional, essa pode ser tolerada!

Evidente que, segundo ele, não se pode ser condescendente com algumas das declarações do presidente, que contempla uma pauta de valores mais conservadores e que, segundo o entrevistado, são totalmente impróprios e disparatados numa democracia. Claro que o especialista não recorda das declarações de seu parceiro Lula, quando disse, por exemplo, que Pelotas é "exportadora de viados", e que similarmente perguntou a um interlocutor a respeito das mulheres do grelo duro do PT!

Que fala falaciosa! Que reducionismo! Lula é o "bom" - bondoso, o outro, Bolsonaro, aquele que não presta! Essa é a democracia brasileira - de um só lado -, mas é o que temos; todo o foco deve ser para aperfeiçoá-la. Não há outra saída...

Esquece-se o Doutor José Carlos, que foi justamente essa pauta mais conservadora que elegeu, por meio do voto popular, democrático, inclusive com votação bastante expressiva, o presidente que aí está!

Pois é. Prontamente, veio-me a cabeça a falácia da composição de Sowell e, simultaneamente, o Princípio Ana Karenina, enfatizado por Diamond. Talvez pela transparente parcialidade do especialista entrevistado, advogado de crimes de colarinho branco, com seu hermético discurso sobre direitos humanos, não seja surpresa notar sua demasiada confusão e visão interesseira da verdade. A "sua verdade".

"O problema" do país são vários, alguns frutos da generosa, corrupta e incompetente administração de governos anteriores. São justamente os mesmos que o presidente e sua Equipe estão buscando resolver e, ao mesmo tempo, propor novas soluções reais para os velhos problemas de uma nação estatista, intervencionista, patrimonialista e corrupta.

Não, caro Sr. José Carlos, mesmo com alguns deslizes verbais do presidente, nosso velho e grande problema é derivado de muitos outros fatores que vossa senhoria, obviamente, omite! O problema dos "excessos" que são apontados como o fator que vai de encontro aos direitos humanos existem e existiram de ambas direções!

Se a turma do referido Doutor deixar, tomara que os vários outros requisitos indispensáveis para a saúde do sistema brasileiro possam se realizar.

Alex Pipkin, PhD


 

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  • Marco Poli
  • 08 Setembro 2019

 

Minha estrada é vasta e venho de longe. No caminho fiz amigos de todas as tribos, culturas e filosofias. Sempre procurando aprender e compreender o que leva o ser humano a ser tão genial e cometer tantas barbaridades. Na maioria das vezes tentando usar os 2 olhos e 2 ouvidos em detrimento da única boca. Aprendi com meu pai, um mestre nessa arte, que só falava oportunamente. Em compensação mamãe descontava, falando pelos cotovelos, mas pra isso estudou a vida inteira, ela que foi diplomata de carreira e sempre insistiu comigo para sempre estudar e me preparar pra não falar besteira.

Desde sempre aprendi então que o português é o cartão de visita de quem vive em Terra Brasilis, que a história é a base cronológica da argumentação e que estudar filosofia ajuda muito o raciocínio lógico e a compreensão de eros. Com certeza uma bela influência que guardamos de nossa mãe. Meu irmão, por exemplo, é pós-graduado em filosofia na Alemanha. Vai debater com ele pra ver se é um passeio no parque?

Ao mesmo tempo por ser criado num lar plural, com pai Trabalhista e mãe Udenista, aprendi desde sempre que a discussão política é basilar no pensamento humano. Somos animais políticos e que esta só -E SOMENTE SÓ- deve ser travada num ambiente de respeito às ideias dos interlocutores. Caso contrário, quebraríamos os pratos em cada refeição lá em casa. Pelo contrário, sempre fomos da sopa à sobremesa e saímos alimentados, com os pratos salvos e com a cabeça sempre um pouco mais aberta a novas propostas.

Casualmente li, esta semana, um texto publicado pela revista americana Foreign Affairs (https://www.foreignaffairs.com/…/201…/your-brain-nationalism) que fala das interpretações feitas pelo córtex cerebral mediante estímulos contraditórios e ações mecânicas não usuais, em pleno escaneamento cerebral. As reações sempre tardam quando o raciocínio entra em ação, deixando claro que o ser humano traz razões culturais. Pelo estudo os próprios fundamentos do afeto e da cooperação também estão na raiz dos impulsos sombrios da humanidade. A culpa não é cultural; é atávica. O hormônio ocitocina, o mesmo que regula seu afeto e docilidade pela mãe desde o tempo do peito, quando vc não compreendia nada, é o mesmo responsável por agregar e dar estrutura fraternal a grupos heterogêneos, como um time de futebol ou uma claque partidária. É ela, a ocitocina, que leva os mamíferos a esse comportamento gregário e de proteção de grupo, mas que os faz feroz contra quem aparentemente está fora, quem não pertence ao mesmo “clã”. E a liberação do hormônio torna o grupo feroz, além de irracional. Sejam estes, chimpanzés de Uganda, torcedores de um clube de futebol, ou uma claque política.

Quem não aprende a controlar seus instintos, usando a razão a seu favor, vai sempre agir como um bando que precisa proteger os seus a todos custo, mesmo que não esteja sendo atacado, enquanto vai tentar destruir aquilo, ou quem, foi detectado como inimigo. É este o motivo científico da radicalização do debate, do “nós contra eles”. E a dissonância cognitiva daqueles não tentam entender o contraditório, preferindo fechar-se no casulo do pensamento único, os levará a quebrar os pratos antes de aproveitar a refeição, inviabilizando duas coisas fundamentais à espécie humana: alimentar-se e desenvolver ideias, mas enfim, quem prefere se comportar como um bando de chimpanzés, não vai ter capacidade para entender o contraditório e fazer evoluir ideias dentro de um cérebro limitado.

Daí pra se apaixonar pelo algós, por quem o colocou no cativeiro e causou sua tragédia, porque o alimenta e o mantém dentro do mesmo grupo é apenas uma demonstração de Síndrome de Estocolmo"

* Marco Poli é jornalista
**Do Facebook do autor.
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 05 Setembro 2019

 

A pós-modernidade brinda a vida com uma série de falácias, mentiras e mitos. Porém, traz algumas verdades: permissividade, deleite no curto prazo e a ditadura de direitos!

Inquestionavelmente, no mundo real, a criação humana do Estado é capaz de impulsionar - ou pelo menos não atrapalhar - ou barrar o desenvolvimento de organizações e pessoas. Políticas institucionais de estado, econômicas e sociais, moldam as preferências temporais de empresas e indivíduos.

Vejamos. Na vida empresarial, alguns decretaram o fim do compromisso da estratégia com o longo prazo. Outros, até mesmo o perecimento da estratégia, já que o foco tem que estar em sistemáticas inovações de curto prazo. Será mesmo?!

Frequentemente, vejo gente confundindo novas tecnologias e inovações incrementais com verdadeiras mudanças estratégicas! A tecnologia da informação é somente uma parte do negócio. Crítica, contudo, não exatamente altera o que é um determinado negócio, mas fundamentalmente o "como"; a proposta de valor - inovadora - da empresa deve ser entregue para consumidores e clientes (não apenas uma vantagem, mas múltiplas!). A digitalização deveria servir para um repensar sobre a validade e adequação de determinada estratégia e seu respectivo modelo de negócios. O digital não é uma panaceia.

Não, nem a estratégia, tampouco o longo prazo estão mortos. Muito antes pelo contrário.
A estratégia é uma estrutura robusta, com princípios fundamentais e orientadores para uma tomada de decisões eficiente e eficaz. Não é a longo ou a curto prazo, mas é sobre alocação de recursos referentes à fontes de criação de valor; diferenciadoras e de custos. Se não existe uma estratégia consistente, decisões inadequadas serão tomadas! Estratégia de fato, refere-se ao que precisa ser feito hoje para moldar e prosperar no futuro.

Pesquisas recentes têm demonstrado que empresas que gerenciam num horizonte de longo prazo, alcançam crescimento de margem sustentável e lucros maiores do que aquelas que administram no curto prazo. Os grandes movimentos estratégicos - para além de novidades incrementais e cortes de custos - tais como crescimento em novos produtos, serviços e mercados, dependem de foco no longo prazo! Evidente que as políticas governamentais influenciam, positiva e negativamente, a preferência temporal das organizações.

Já a vida em sociedade, num mundo pós-moderno, gestou a cultura (falta!) do tudo é permitido, do imediatismo, da escassez de conteúdo legítimo e dos "especialistas" - e celebridades - das redes sociais. Pessoas são encorajadas para a obtenção de prazer, da gratificação imediata, do curto prazo. Sobretudo, aqueles menos abastados trocam as possibilidades de um futuro melhor pelas benesses no presente.

Todos esperam ter seus "direitos" assegurados pelo estado grande. Desincentivo a capacidade de realização das pessoas, a autodisciplina suficiente para sacrificar satisfação presente por uma futura. Persistente desemprego e baixa renda não são causas, mas os efeitos dessa cultura imediatista em que tudo é permitido!

A cultura da libertinagem afasta indivíduos de valores fundamentais do trabalho árduo, contumaz e da necessidade de estudo e atualização permanente. Retira dos cidadãos o livre arbítrio na definição e perseguição de seus próprios objetivos de vida, principalmente aqueles mais distantes da escala de valores prazerosos de curto prazo.

O estado benfeitor infantiliza as pessoas, à medida em que essas passam a esperar do governo a solução de seus problemas econômicos e sociais e, assim, os induz para a satisfação imediata em detrimento de um planejamento e ação de mais longo prazos.

Parece-me que quanto menos liberdade e livre iniciativa se tem no contexto social, quanto mais o governo intervém e se apropria da renda dos cidadãos, por meio da cobrança de impostos, mais fortemente ele impacta nas preferências temporais de empresas e indivíduos. Infelizmente, prepondera o “curto-prazismo”!

Como resultado dessa cultura libertina e de iniciativas paternalistas e estatizantes, empresas reduzem investimentos, derrubando produtividade, lucratividade e diminuindo respectiva geração de empregos. Por sua vez, indivíduos são impulsionados a viver apenas o presente gratificador, aquele que inibe a busca de desenvolvimento individual, por meio do esforço próprio, da poupança e do mérito.

Enfim, esse estado paternalista, patrimonial, clientelista e intervencionista reduz a oferta de bens, serviços e recursos presentes para empresas e indivíduos, aumentando a preferência temporal e fomentando uma sociedade mais orientada para o presente.

Tristemente, o imediatismo afeta tudo e todos, perenizando uma falsa consciência de direitos ilimitados, de interesses clientelistas que, no longo prazo, entrava o indispensável processo civilizatório.

Pois é: as coisas boas vêm para aqueles que esperam, mas as melhores ainda para aqueles que vão buscá-las! Agora percebe-se que o governo quer ajudar!

Alex Pipkin, PhD

 

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