A Argentina foi sempre um constante desafio para os estudiosos, pois não é fácil interpretar sua acidentada trajetória. O começo foi atribulado desde que Pedro de Mendoza, em 1536, estabeleceu na margem ocidental do rio da Prata o acampamento que denominou Puerto de Nuestra Señora Santa Maria del Buen Aire. O apogeu e glória se deu a partir de 1880, seguindo-se cinquenta anos aproximadamente do que se denominou de “Era do Ouro”. Depois o mergulho na decadência, na violência institucionalizada, a intermitência entre prosperidade e declínio.
Essa Argentina que já foi chamada de enigma, com suas marcas coloniais, seu estilo europeizado, seus acordes passionais de um nostálgico tango, também já foi considerada a vanguarda da América Latina por ser o lugar onde as coisas acontecem primeiro. E sendo um genuíno país latino-americano não se pode esquecer a tendência populista que se alternou em seus governos e aquele falso esquerdismo que sempre marcou os povos latinos. Tampouco não se olvide outra característica latino-americana: a ingovernabilidade.
Em um dos meus livros, América Latina – Em Busca do Paraíso Perdido, discorri longamente na segunda parte sobre a Argentina. Em um pequeno artigo isso é impossível por vou me referir aqui de modo bem resumido apenas a três governantes que demonstraram traços marcantes da cultura política argentina. São ele: Rosas, Sarmiento e Perón.
Juan Manuel de Rosas foi a essência do caudilhismo e tornou-se governador de Buenos Aires em fins de 1829. Segundo Carlos Rangel, na sua obra Do Bom Selvagem ao Bom Revolucionário:
"Rosas foi o mais centralizador de todos os chefes de governo na Argentina, porquanto seu pretenso federalismo como o de todos os dirigentes dos países da América Latina, só revelava, na realidade, a ambição egoísta de ser o senhor do seu feudo e, depois, quando o poder adquirido tivesse ultrapassado os dos outros feudais, obter a submissão ou aniquilá-los”.
Domingo Faustino Sarmiento foi um educador, um escritor e um político argentino. Ele governou a Argentina de 1868 a 1874 e esse verdadeiro liberal modernizou o país através de ampla reforma educacional, dos estímulos às liberdades civis, da construção de uma rede ferroviária, da expansão comercial, do incentivo à imigração.
Sua obra, Facundo: Civilização e Barbárie (1845) é uma das mais importantes da literatura latino-americana para se entender num sentido histórico, sociológico e político o que era e, portanto, o que vem a ser a terra da prata. Sarmiento foi o representante da civilização e sua grande admiração pelos Estados Unidos o levou a uma série de observações e análises como um Tocqueville à moda latino-americana.
Através do seu governo (1946-1955) Juan Domingo Perón foi odiado por uns, idolatrados por outros e isso acontece até hoje. Carlos Rangel, em sua obra aqui já citada afirmou que “Perón conseguiu reconduzir a Argentina ao obscurantismo autóctone de maneira evidente”. Atribuiu a ele ter arruinado o país política e economicamente conseguindo torná-lo quase ingovernável.
De todo modo, ficaram evidentes certos elementos marcantes da era peronista. Foram eles: a falsa democracia, o nacionalismo ultraxenófobo, a demagogia e o populismo exacerbado.
Recentemente, um fato aconteceu na Argentina que chamou atenção. Foram as prévias eleitorais nas quais a chapa Alberto Fernández para presidente tendo como vice-presidente Cristina Kirchner, ficou à frente do presidente Mauricio Macri que disputa a reeleição.
A eleição será em outubro e não existe como prever o que acontecerá, entretanto, o espectro da ingovernabilidade ronda a Argentina caso se confirme a vitória de Kirchner, na medida em que certamente ela terá ação decisiva nos destinos do país.
Vejamos o legado de Cristina Kirchner, que foi bem resumido no O Estado de S. Paulo (14/08/2019):
“O legado da ex-presidente é bem impressionante e, sob qualquer aspecto deveria representar o fim de sua carreira política. Além de ser processada por corrupção e de ter escapado da prisão em razão de sua imunidade parlamentar como senadora. Cristina arruinou os fundamentos econômicos da Argentina – obra que começou no governo de seu antecessor e marido, Néstor Kirchner."
A trajetória política da Argentina e esses fatos mais recentes, lembram um antigo comercial de vodca: “Eu sou você amanhã”. É como se a Argentina nos dissesse isso, pois seus acontecimentos políticos sempre antecederam os nossos de modo não exatamente igual, mas semelhante.
No momento, enquanto o presidente Bolsonaro vem sendo cerceado de várias maneiras para governar pelo Congresso e pelo STF e, esses Poderes têm desferidos golpes na Lava Jato através das pessoas do ministro Sergio Moro e do procurador Daltan Dallagnol, com o claro objetivo de soltar o presidiário Lula da Silva, se pode dizer que o espectro da ingovernabilidade ronda também o Brasil, como, aliás, sempre rondou a América Latina.
* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; A Política como Vocação; e o Desencanto do Mundo, obras do primeiro autor mencionado na epígrafe, das quais recomendo a leitura, por parte de todos aqueles que se interessam pelas Ciências Sociais. (o autor)
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; A Política como Vocação; e o Desencanto do Mundo, obras do primeiro autor mencionado na epígrafe, das quais recomendo a leitura, por parte de todos aqueles que se interessam pelas Ciências Sociais.
Na verdade, os estudos sociológicos incorporaram interpretações variadas, em que pese o amplo domínio do marxismo cultural em nosso meio (Marcuse, Horkeiheimer, Adorno, Lucáks, Gramsci, etc). Aqui, neste breve espaço, vou ater-me a alguns aspectos do pensamento de dois dos mais importantes clássicos das Ciências Sociais, cuja influência tem-se propagado de forma eloquente e influenciado o rumo das sociedades. Estou referindo-me a Karl Marx e Max Weber, curiosamente ambos de nacionalidade germânica.
Karl Marx fotografa a marcha histórica com uma concepção determinista, associada à sua dialética materialista (inverteu a dialética que em Hegel, era movimentada pelo espírito, e a pôs a serviço do materialismo histórico), ou seja dois polos compunham-se em unidade, movimentando-se por oposição e contradição historicamente. De um lado, proletários, de outro, os detentores do capital, ou seja, de degrau em degrau, chegaríamos à sociedade sem classes sociais inevitavelmente, e o capitalismo, na reta final dessa escalada, prepararia as condições para que o resultado emergisse naturalmente, trazendo contradições de tal ordem (acumulação de capital, redução da taxa de lucros, superprodução e desemprego crescente), que o colapso desse sistema seria iminente, e o Estado, que atuava como comitê da burguesia, segundo a concepção de Marx, na reta final, deixaria de existir, e a classe trabalhadora organizaria, por si mesma, todos os elementos da vida social e a distribuição da produção, segundo as necessidades de cada um, livre da mais valia, preconizada pelo prussiano, e pela qual conceituava todo o seu arcabouço de exploração capitalista (o valor dos bens produzidos é determinado pela incorporação das horas de trabalho neles materializada, e os capitalistas, descontando-se o que era destinado aos trabalhadores, no processo produtivo, apropriavam-se do restante, era a chamada mais valia)... o que para ele constituía-se no roubo dos patrões.
Não se tem, porém, confirmação histórica desses ajeites "científicos", porque, na realidade, nos países em que o regime comunista se implantou (Rússia, seguida pela União Soviética, China, Coreia do Norte, Vietnã, Camboja, Vietnã, Cuba, Laos etc.) o Estado tomou para si todos os bens de produção (as fábricas, as terras, as máquinas), e duas classes se formaram no interior desse regime: os trabalhadores e os integrantes da nomenclatura (a burocracia e a casta dirigente). Imagine o leitor quem foi escalado para usufruir da vida boa...
O desfecho nós conhecemos: derrocada da União Soviética, queda do
Muro de Berlim, abertura da economia chinesa para atividades capitalistas, imensas dificuldades ao regime cubano, tão logo deixou de ser financiado pela União Soviética.
Diante desse relato, é necessário dizer que Marx fez menoscabo do ambiente feudal dos povos eslavos, e o destino dele se vingou e interpôs a Rússia como palco da primeira revolução comunista... E os bolcheviques, liderados por Lênin, Stalin e Trotsky, demonstraram que não estavam dispostos a ser mordomos da sua teoria e novos rumos lhe imprimiram pelo voluntarismo revolucionárIo. Mao repetiu a dose na China agrária e culturalmente influenciada das ideias milenares de Confúcio...
Já, por sua vez, Max Weber, que qualifico como um verdadeiro gigante da Sociologia, não se empenhou em qualquer projeto irmanado ao determinismo histórico ou a filosofias teleológicas (finalísticas), e, em seu lugar, introduziu o saber compreensivo e interpretativo como método dessa ciência. E indicou a sua receita: quem quisesse tomar pé do funcionamento das sociedades deveria entender o sentido das ações humanas, a ser extraído da apreensão da totalidade de significados e valores. Não fez prescrição para as ordenações sociais.
Definiu quatro tipos de ação: tradicional (orientada pelos hábitos vigentes), afetiva (orientada pelas emoções), racional com relação a valor (feita por convicção, fé ou dever) e racional em relação aos fins (na qual são relacionados meios e fins). A par dessa leitura, deduziu que não existe um só fator determinando os rumos históricos, mas sim, vários atores atuando concorrentemente, a saber: a religião, a economia, a política, a cultura, etc. Já para Marx, o motor da História é a luta de classes: proletários versus detentores dos meios de produção. Concepção e método claramente reducionistas.
Por essa narrativa, estão postos alguns lances importantes da concepção sociológica desses autores do mundo ocidental. Conhecê-los é obrigação dos estudantes das Ciências Sociais e de quem pretende exercer a tarefa de representar a sociedade.
Em outra ocasião vou trazer o pensamento de Auguste Comte e Èmile Durkheim. E, desse modo, os leitores poderão ter contato com os fundadores da Sociologia. O trabalho de ambos resultou em efetiva importância nessa área do conhecimento. O primeiro entendia que as sociedades são governadas por leis imutáveis, passando por três estados: teológico ou fictício, metafísico ou abstrato e, por fim, científico ou positivo. O segundo propugnava o método das ciências físicas para as ciências sociais.
Interessante conhecer tudo isso! Até porque, nos últimos tempos, o debate em torno de ideias está deveras empobrecido. E, assim, nos habilitamos a ser apenas coadjuvantes passivos do devenir histórico...
O filme Baseado em fatos raciais, em exibição na Netflix, sustenta que o combate à maconha e à heroína, nos Estados Unidos, tem um viés racista. Dessa forma, o Estado conteria os negros, aprisionando-os por longos períodos.
Argumenta que a maconha é histórica e culturalmente ligada aos negros, tendo a droga contribuído para alargar a mente de grandes artistas do jazz, como Miles Davis, John Coltrane e Billy Holliday, e propiciar-lhes inspiração.
Ao centrar fogo no combate à venda e ao porte de maconha, o governo impediria que moças brancas se misturassem aos jovens negros e mexicanos para fazer dos EUA uma nação mestiça.
É muita viagem, viu?
Resta saber quem foi que o governo quis atingir combatendo drogas como a cocaína, que em certa época era de uso restrito a determinados segmentos endinheirados.
O mesmo argumento é usado para condenar as prisões por crimes contra o patrimônio, incluindo o latrocínio, sob a justificativa de que são delitos praticados por negros e pobres.
Como o Estado é ineficiente para combater a corrupção, o delito típico dos poderosos ficaria impune, o que começou a ser desmentido no Brasil após a bem-sucedida Operação Lava Jato.
É evidente que é mais fácil prender quem está cometendo delitos à vista de todos, como o vendedor de drogas que fica na esquina e o ladrão que assalta passageiros em um ônibus ou num estabelecimento comercial. Não faltam gente para reconhecer e vestígios para levarem até o autor do fato.
Não é pelo fato de o delinquente ser negro ou pobre, mas porque os mais necessitados que enveredam pelo mundo do crime não têm acesso aos métodos sofisticados de afanar os recursos públicos e ficam expostos à ação do aparelho repressor do Estado.
Os confrontos bélicos com a Polícia também se dão nesse contexto e, por isso, os bandidos comuns acabam, mais uma vez, ficando na mira direta das forças de segurança, o que não acontece com quem pratica crimes por baixo dos panos.
Essas são as razões, o resto é discurso ideológico ou viagens enfumaçadas.
* Miguel Lucena é Delegado de Polícia do Distrito Federal, jornalista e escritor.
**Publicado originalmente no Diário do Poder.
LUZ NO FINAL DO TÚNEL -ARGENTINA-
Ontem, a péssima ex-presidente Dilma Neocomunista Rousseff, sem surpreender, festejou, via twitter, a vitória da chapa -Alberto Fernández/Cristina Kirchner-, com 15 pontos de vantagem sobre Macri, como uma LUZ NO FINAL DO TÚNEL para o povo argentino e para a América Latina. E arrematou: -é um enorme alento para todos que lutamos pela democracia-.
TREM DESGOVERNADO
Ora, o fato de Dilma, reconhecidamente, ter sido a grande responsável pelo desastre que colocou o nosso empobrecido Brasil na UTI, proporcionado pela adoção da Matriz Econômica Bolivariana-, não há a menor dúvida de que a tal LUZ que a incompetentíssima ex-presidente vê no FINAL DO TÚNEL DA ARGENTINA provem do FAROL DE UM TREM DESGOVERNADO, NO SENTIDO CONTRÁRIO.
PORTA DE SAÍDA
Pois, enquanto a ARGENTINA, através da vontade de seus eleitores, dá a entender que o prazer está no sofrimento, e para tanto se mostra fortemente disposta a REPETIR O GRAVE ERRO de eleger governantes socialistas, do tipo que apoiam programas ditatoriais, o BRASIL, por sua vez dá sinais ao mundo todo de que a PORTA DE SAÍDA está na correta LIBERDADE ECONÔMICA.
LUZ MÁGICA
Para transformar esta -vontade explícita- em realidade é preciso que os nossos deputados, como está previsto para hoje, aprovem em plenário a importante MP 881. Volto a repetir, pela enésima vez, que a aprovação da MP da LIBERDADE ECONÔMICA é a LUZ MÁGICA DO EMPREENDEDORISMO poderá ser vista no FINAL DO-TÚNEL BRASIL-.
DESABAFO DE UM ARGENTINO
A propósito do resultado das primárias na argentina, eis a mensagem/desabafo de um decepcionado amigo empresário argentino:
- Este pais no tiene solucion !! El pueblo es extremadamente ignorante.Yo comprendo que Macri no fuera votado, porque realmente hizo TODO mal ( como yo te venia falando hace mucho tiempo ), pero no entiendo que quieran voltar a Cristina, que tiene 16 pedidos de prision, 11 funcionarios presos por corrupcion; que mataron a un procurador de la nacion; se vieron videos de como escondian dinero robado en una casa de monjas ..... Por tv se vieron los aviones cargados de dinero que sacaban ocultos del pais....
Una locura !! Peor: la 3a y 4a opcion obtuvieron el 8% y 3 %.
CANTO DA SEREIA POPULISTA
Mesmo com FOCO TOTAL na votação da MP DA LIBERDADE ECONÔMICA, jamais podemos esquecer que os DESTRUIDORES ESTÃO SEMPRE PRONTOS, DE PLANTÃO, para oferecer o POPULISMO como o produto eleitoral ideal. Insisto: não se deixem levar, como os argentinos, pelo CANTO DA SEREIA POPULISTA.
Frankfurt, Bahnsteig 7 !
Aqui um asiladinho africano da MerDel tentou empurrar várias pessoas quando o trem se aproximava, conseguiu jogar um menino de 8 anos que a mãe desesperada viu ser esmagado.
O africano sustentado pelos alemães não faz nada. Mora melhor que os alemães, ganha mais que a maioria dos alemaes e entra na estatística como "Adélio": os coitadinhos que nada sabem.
Não pode ser tratado mal. A culpa é dos alemães, que devem ser mortos, meninas estupradas , mulheres assassinadas.
Os dados são: 1 por 30. Um crime de homicídio, cometido por um alemão ou cidadão que está dentro da cultura do país e 30 por esses "menininhos da Merkel". No caso de estupro, latrocínio de adolescentes é 1 x 50.
Virou moda esses atos nas estaçoes de trem. Mas o povo está ficando bravo. Não adianta chamar quem nao concorda com isso de "neonazi" ou "fascista". A turma do antifa barbariza , espanca ,depreda e urra pela líder treme treme. Urra pela Globalização pichando, cheirando , fumando a erva. Não! Passa longe do número absurdo de drogados no Brasil e USA.
Mas igualmente raivosos e inúteis , a maioria ali no partido verde, Die Grüne, que engana os trouxas .
Um movimentozinho a mais do Sol e teremos terraqueos esturricados. Que sejam eles os primeiros.
.
Enquanto isso espero a conexão do trem. "Problemas na linha"....
Mas parece que teve amiguinho da MerDel e Macron que tomou porrada dentro do trem na parada em Straßburg e parou tudo.
Porrada de mulher ...
Entao....
Ah, quanta diferença dessas mulheres europeias culturalmente Fit que nao querem cartão de crédito de macho e nem dar jeito na baixa auto estima. Assim são criadas as meninas e os meninos na Europa: iguais
Guarde a dica: o ser humano tem que se bastar . Só quem é inteiro pode amar outro. E que o outro seja inteiro para amar de volta, pque metade e resto : dispensável...
Enquanto espero vou encarar minha refeição bio. Perna de porco assada com salada vegan.
Foto: Frankfurt / by JuniaTurra
*Do Facebook da autora, que é jornalista na Alemanha.
Mito e realidade empreendem viagem em sentidos opostos, diria, com muita segurança e convicção, o Conselheiro Acácio, de Eça de Queiroz, professorando as suas obviedades de sempre. Certamente, essa questão deveria ser assunto do pragmatismo econômico e não da ideologia, que não mede consequências outras, que não seja a de alcançar os seus objetivos, sempre camuflados, mas presentes em suas ações. A bem da verdade, nas mais das vezes, os dividendos políticos são mais importantes do que a verdadeira essência das coisas.
Não fosse assim, a causa motriz dessa questão viria à tona com toda a clareza: a origem de tudo está no endividamento irresponsável de governantes que gastam mais do que arrecadam da população, sob a chancela de impostos, taxas, endividamento e tarifas. Os principais responsáveis pelos juros elevados, portanto, são os governos gastadores e perdulários, pois aí também funciona a lei da oferta e da procura: mais dinheiro disponível, menores as taxas; menos dinheiro disponível, maiores as taxas. Ora se o governo é um tomador do dinheiro disponível para movimentar as trocas na economia, os governantes provocam a alta dos juros, elementar, meu Caro Watson, pois reduzem a quantidade de moeda para empresários e pessoas nele interessadas! Vejam bem, aqui, nestes comentários, não estou atribuindo culpa ao atual governo, que já pegou a carruagem em andamento...
Esse cenário me remete aos filósofos sofistas da Grécia Antiga, os quais eram especialistas em vender gato por lebre... didáticos no ensinamento. O importante é vencer o debate. Como podem assuntar os leitores, a coisa vem de longe... Já, do nosso lado, que buscamos conhecer a verdade, trabalhar com a sua exposição, em certas circunstâncias, equivale a tirar as castanhas do fogo, correndo o risco, na hipótese aqui vertente, de receber a pecha de defensor de “gananciosos e apetitosos banqueiros”... isso por parte de gente treinada para confundir os leigos e botar fogo no mundo para emplacar a sua ideologia. Fazer o quê? Melhor seria que a verdade aparecesse por decantação, mas, o que ocorre com frequência é que ela é formada, nesse processo, pelo lodo da distorção, com o claro objetivo de embaralhar as cartas e não o de esclarecer.
Os ávidos “Rotschild” dos nossos dias possuem apenas 10% dos ativos movimentados pelo sistema bancário, pois 90% dos recursos que utilizam pertencem às empresas e às pessoas físicas. Portanto, dizer que os títulos públicos são para enriquecer banqueiros é uma falácia inominável que se ajeita aos interesses propagandísticos e folhetinescos de gente que trabalha diuturnamente para destruir o nosso sistema de vida, assentado na livre iniciativa e na propriedade privada dos meios de produção, as únicas fontes plausíveis de criação de riquezas no nível demandado pela sociedade...
Vamos aos fatos. Os níveis dos juros estão relacionados em duas ordens de influência, e são elevados no Brasil, em comparação com tantos outros países, por algumas boas razões, nem sempre debatidas e explicitadas publicamente, a saber: a) – o governo é o principal tomador dos recursos financeiros disponíveis para rodar o seu endividamento irresponsável (gasta bem mais do que arrecada); b) - somos um povo que poupa pouco, diferentemente, dos japoneses, por exemplo; c) – a concorrência no setor bancário é reduzida, considerando, como agravante, que os bancos públicos movimentam a maior parte do crédito liberado para atender aos “negócios da economia”.
Já, de outro lado, podemos destacar as seguintes despesas do setor bancário, que, concretamente, influenciam também nos níveis dos juros praticados: 1º) - lucros dos bancos e custos administrativos; 2º) – impostos nada moderados; 3º) – custos embutidos da inadimplência; 4º) – depósito compulsório no Banco Central; 5º) – expectativas de inflação, cujos cálculos estão incluídos nas taxas de juro. Essa ordem, tirante, a primeira do enunciado anterior, que é a mais importante de todas, a meu ver, não está distribuída segundo o grau de importância, cabendo ao interessado pesquisar mais profundamente os percentuais de cada item nessa composição, que são reais, verdadeiros, e não produtos da “ideologia” usual e propagandística, exercitando a sua sempre macabra e mágica distorção. Bem feitas as contas e observados os números, há setores da economia que lucram mais do que os bancos. Pesquisem!
Como se tudo isso não bastasse, ainda é preciso considerar que os juros são importantes no exercício da política monetária por parte do Banco Central: na recessão, são reduzidos para aquecer a economia; na inflação, são acionados para desaquecer a demanda. A taxa Selic, a bem da verdade, é principal instrumento da política monetária.
Em face desta exposição, a prudência indica os caminhos a serem percorridos: reformas na margem, passo a passo, para desfazer essas insuficiências e desatinos. Nem revolução, nem acomodação! Apenas desobstrução da oferta de moeda. Manutenção do câmbio flutuante, que libera o Banco Central de praticar a política monetária sem as interferências das emissões monetárias diante do fluxo cambial. Em tudo isso, porém é de destacar: a fixação de percentuais para o endividamento do governo, assunto já previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, mas até hoje não executado pelo que sei; a formação de uma cultura econômica voltada para a poupança (ainda mais se ela fosse carreada para a Bolsa de Valores), com o objetivo de contribuir para aumentar o capital fixo das empresas, sem a necessidade de recorrente de financiamentos externos, os quais geram passivo no balanço de pagamentos; a redução da carga tributária que pesa sobre o setor bancário; formato do cadastro positivo dos cliente. Donde, podemos dizer que sem o equacionamento desses ingredientes narrados, dificilmente vamos resolver uma questão tão importante na vida de todos os brasileiros, que assanha sobremaneira a práxis dos venezuelanos!