A pós-modernidade brinda a vida com uma série de falácias, mentiras e mitos. Porém, traz algumas verdades: permissividade, deleite no curto prazo e a ditadura de direitos!
Inquestionavelmente, no mundo real, a criação humana do Estado é capaz de impulsionar - ou pelo menos não atrapalhar - ou barrar o desenvolvimento de organizações e pessoas. Políticas institucionais de estado, econômicas e sociais, moldam as preferências temporais de empresas e indivíduos.
Vejamos. Na vida empresarial, alguns decretaram o fim do compromisso da estratégia com o longo prazo. Outros, até mesmo o perecimento da estratégia, já que o foco tem que estar em sistemáticas inovações de curto prazo. Será mesmo?!
Frequentemente, vejo gente confundindo novas tecnologias e inovações incrementais com verdadeiras mudanças estratégicas! A tecnologia da informação é somente uma parte do negócio. Crítica, contudo, não exatamente altera o que é um determinado negócio, mas fundamentalmente o "como"; a proposta de valor - inovadora - da empresa deve ser entregue para consumidores e clientes (não apenas uma vantagem, mas múltiplas!). A digitalização deveria servir para um repensar sobre a validade e adequação de determinada estratégia e seu respectivo modelo de negócios. O digital não é uma panaceia.
Não, nem a estratégia, tampouco o longo prazo estão mortos. Muito antes pelo contrário.
A estratégia é uma estrutura robusta, com princípios fundamentais e orientadores para uma tomada de decisões eficiente e eficaz. Não é a longo ou a curto prazo, mas é sobre alocação de recursos referentes à fontes de criação de valor; diferenciadoras e de custos. Se não existe uma estratégia consistente, decisões inadequadas serão tomadas! Estratégia de fato, refere-se ao que precisa ser feito hoje para moldar e prosperar no futuro.
Pesquisas recentes têm demonstrado que empresas que gerenciam num horizonte de longo prazo, alcançam crescimento de margem sustentável e lucros maiores do que aquelas que administram no curto prazo. Os grandes movimentos estratégicos - para além de novidades incrementais e cortes de custos - tais como crescimento em novos produtos, serviços e mercados, dependem de foco no longo prazo! Evidente que as políticas governamentais influenciam, positiva e negativamente, a preferência temporal das organizações.
Já a vida em sociedade, num mundo pós-moderno, gestou a cultura (falta!) do tudo é permitido, do imediatismo, da escassez de conteúdo legítimo e dos "especialistas" - e celebridades - das redes sociais. Pessoas são encorajadas para a obtenção de prazer, da gratificação imediata, do curto prazo. Sobretudo, aqueles menos abastados trocam as possibilidades de um futuro melhor pelas benesses no presente.
Todos esperam ter seus "direitos" assegurados pelo estado grande. Desincentivo a capacidade de realização das pessoas, a autodisciplina suficiente para sacrificar satisfação presente por uma futura. Persistente desemprego e baixa renda não são causas, mas os efeitos dessa cultura imediatista em que tudo é permitido!
A cultura da libertinagem afasta indivíduos de valores fundamentais do trabalho árduo, contumaz e da necessidade de estudo e atualização permanente. Retira dos cidadãos o livre arbítrio na definição e perseguição de seus próprios objetivos de vida, principalmente aqueles mais distantes da escala de valores prazerosos de curto prazo.
O estado benfeitor infantiliza as pessoas, à medida em que essas passam a esperar do governo a solução de seus problemas econômicos e sociais e, assim, os induz para a satisfação imediata em detrimento de um planejamento e ação de mais longo prazos.
Parece-me que quanto menos liberdade e livre iniciativa se tem no contexto social, quanto mais o governo intervém e se apropria da renda dos cidadãos, por meio da cobrança de impostos, mais fortemente ele impacta nas preferências temporais de empresas e indivíduos. Infelizmente, prepondera o “curto-prazismo”!
Como resultado dessa cultura libertina e de iniciativas paternalistas e estatizantes, empresas reduzem investimentos, derrubando produtividade, lucratividade e diminuindo respectiva geração de empregos. Por sua vez, indivíduos são impulsionados a viver apenas o presente gratificador, aquele que inibe a busca de desenvolvimento individual, por meio do esforço próprio, da poupança e do mérito.
Enfim, esse estado paternalista, patrimonial, clientelista e intervencionista reduz a oferta de bens, serviços e recursos presentes para empresas e indivíduos, aumentando a preferência temporal e fomentando uma sociedade mais orientada para o presente.
Tristemente, o imediatismo afeta tudo e todos, perenizando uma falsa consciência de direitos ilimitados, de interesses clientelistas que, no longo prazo, entrava o indispensável processo civilizatório.
Pois é: as coisas boas vêm para aqueles que esperam, mas as melhores ainda para aqueles que vão buscá-las! Agora percebe-se que o governo quer ajudar!
Alex Pipkin, PhD