Percival Puggina
02/11/2018
Enquanto conservadores e liberais lentamente se mobilizam e – derrotados ou vitoriosos – rapidamente retomam suas atividades normais, os esquerdistas, sempre ligados na tomada de algum “coletivo”, operam em regime de 24 por 24 horas.
Nestes dias, os estudantes brasileiros se tornaram objeto dessa pesada ação política. Professores militantes inseridos no sistema de ensino são missionários da desgraça. As ideias que defendem sempre dão errado. Não há um único caso de sucesso entre suas 42 experiências concretas mundo afora. Falam em justiça e entregam uma nova elite corrupta; falam em liberdade e entregam opressão e paredão; falam em sabedoria e entregam cartilha; falam em pluralismo e entregam histeria e sanção contra toda divergência; falam em prosperidade e entregam cartão de racionamento; falam em democracia e entregam o manjado totalitarismo de sempre; falam em amor e entregam filhos revoltados chamando fascistas os próprios pais.
Depois de Georg Luckács, de Antonio Gramsci e da Escola de Frankfurt (Marcuse e Adorno), a renitente construção da desgraça precisa das salas de aula. É por ali que passa a grosseira expulsão do conhecimento divergente (Luckács), a construção da hegemonia pela ação do intelectual coletivo (Gramsci) e a superação das resistências culturais (Escola de Frankfurt). Lembrei-me muito deles ao ler notícias sobre reações em colégios e universidades à vitória de Jair Bolsonaro. Os derrotados na eleição democrática rejeitando o vencedor dois meses antes de ele usar a caneta pela primeira vez!
Em especial, lembrei-me de um artigo de Michael Minnicino, publicado em 1992 com o título “O politicamente correto e a Escola de Frankfurt”. Ali se lê:
“Os herdeiros de Marcuse e Adorno dominam completamente as universidades, ensinando seus estudantes a substituir a razão por exercícios [rituais] de ‘politicamente correto’. Há, hoje, um número reduzido de obras teóricas em Arte, Letras ou Linguagem que não iniciam reconhecendo sua dívida à Escola de Frankfurt. A caça às bruxas nos atuais campus é mera implementação do conceito de Marcuse sobre “tolerância repressiva” – tolerância para movimentos de esquerda, mas intolerância para os movimentos de direita”. (1)
Resulta impossível não associar esse relato ao que vem acontecendo ao longo dos anos com representações efetivamente rituais, além de manifestações, nos pátios e auditórios de nossas escolas e estabelecimentos de ensino superior.
O despertar conservador e liberal brasileiro tardou demais. Acorda sob insultos. É dito fascista porque a tanto são ensinados os jovens por professores que assim qualificam os pais de seus alunos e os que ousam divergir, ainda que a divergência se expresse em uma bandeirinha do Brasil.
Lembrem-se do que Beltrand Russel, outro frankfurtiano, escreveu, em 1951, após afirmar que “o mais influente dos modernos métodos de propaganda se chama Educação”:
“Os psicólogos sociais do futuro ensaiarão diferentes métodos de produzir, em crianças, inabalável convicção de que a neve é preta. Vários resultados serão percebidos: 1º) a influência doméstica atrapalha; 2º) nenhum resultado será obtido se a doutrinação iniciar depois dos 10 anos; 3º) refrões musicados insistentemente repetidos são muito efetivos; 4º) a opinião de que a neve é branca deve ser atribuída a um estado de excentricidade mórbida”. (2)
Ao final, Russel conclui afirmando que quando a técnica estiver aperfeiçoada, qualquer governo que tenha a seu cargo a educação de uma geração exercerá controle de seus sujeitos sem necessidade de armas ou policiais.
Portanto, senhores pais, se quiserem dar algum sentido prático ao presente, invistam no futuro e façam valer seu peso nas decisões pedagógicas das escolas de seus filhos.
(1) - https://archive.schillerinstitute.com/fid_91-96/921_frankfurt.html
(2) - http://www.whale.to/c/frankfurt_school1.html
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
31/10/2018
Qual é o problema de vocês? Quem lhes disse que a nação está interessada em custear uma universidade para ser transformada em feudo esquerdista, de onde a divergência é expulsa a gritos e atos de selvageria intolerante? De onde lhes vem essa pretensa superioridade moral quando os frutos mais amargos da história são colhidos nas suas bibliografias? Querem uma universidade para a esquerda, criem uma. Querem duas, criem duas, criem três, criem quantas quiserem. Mas não usurpem o que pertence a todos! A universidade tem autonomia para que o pluralismo seja possível; não para que seja impedido!
Desculpem-me os demais leitores, mas eu precisava mandar a mensagem acima às universidades públicas. Há muitos anos, notadamente na área de Humanas, elas foram tomadas de assalto pelo pensamento esquerdista. Tornaram-se, no Brasil, versão acabada do que Antonio Gramsci denominava “intelectuais coletivos” – grandes centros de formação e difusão do pensamento do partido.
É patrimônio nacional, custeado pela sociedade, escandalosamente usado para serviço político e ideológico tão explícito quanto desonesto, onde se ocultam autores liberais e conservadores, relegados ao mais empoeirado ostracismo.
Os males se consolidam ao longo dos anos porque protegidos com o inexpugnável escudo da autonomia universitária. Toda divergência é castigada sob o manto sagrado dessa autonomia! Ela é invocada para encobrir abusos e para que, atrás de seus muros, a verdade seja torturada. Dirão que a verdade merece porque ela mesma é coisa de fascista, que a história dos crimes praticados em nome das ideias que defendem também é fascista, que o combate à corrupção é fascista, que o enfrentamento à criminalidade é fascista, que os ideais de liberdade econômica e empreendedorismo são fascistas. Só a esquerda não é fascista, nesse vocabulário bronco de militante chapado.
A água do batismo da universidade é a cristalina abertura ao universo do conhecimento. Nobilíssimo atributo! Ela tem autonomia para que isso seja possível. Não para que seja impedido!
Vê-la convertida em mera caixa de ressonância desses chavões vulgares que a esquerda produz e embala não os faz sofrer? Não os sensibiliza pensar em tudo que ela deixa de promover enquanto mentes jovens vão sendo zelosamente calafetadas e lacradas, inibidas de buscar a verdade? Dezenas de campi universitários, nos estertores da campanha de Fernando Haddad, dito o Poste, registraram consequências disso.
No sprint final da disputa pelo voto, de modo simultâneo e coordenado, universidades públicas de nove estados sediaram agitados eventos “antifascistas”, artimanha com que, combatendo Bolsonaro, ajudavam Haddad. Os juízes entenderam os atos pelo que de fato eram: propaganda eleitoral em órgãos públicos. E trataram de sustá-los, mas a ministra Cármen Lúcia determinou a suspensão das medidas.
Disse ela: que as ações dos TREs e da Polícia Federal "impediam a manifestação livre de ideias e divulgação do pensamento nos ambientes universitários”. Foi secundada por Dias Toffoli, presidente do STF, para quem o Supremo "sempre defendeu a autonomia e a independência das universidades brasileiras, bem como o livre exercício do pensar, da expressão e da manifestação pacífica".
Na última quarta-feira o STF, por unanimidade, manteve a decisão da ministra Cármen Lúcia, relatora do caso ao plenário. Assim, as palavras são usadas para consagrar como nobre o uso vicioso do espaço universitário e dar por são, legítimo e plural, o que é rasgadamente enfermo, ilegítimo e sectário. Pelas mãos do STF, converte-se o ambiente acadêmico em casamata portadora de uma dignidade negada pela prática. Quem duvida, assista aqui cenas dessa “plural liberdade de manifestação e expressão”. São sempre os mesmos, contra os mesmos, fazendo o mesmo, em toda parte.
Será que os ministros do STF, vendo estas cenas tão comuns, dirão que elas correspondem a um bem merecedor das palavras que lhe dedicam?
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
30/10/2018
O momento é oportuno, então, para estas ponderações.
Não parece ser justo, em muitos casos, que recaia exclusivamente sobre os ombros dos governantes o peso dos insucessos que ocorram em suas gestões. Para efeitos históricos, biográficos e para a pedagogia que se deve colher do cotidiano numa democracia, isso não está certo e não faz bem. Esse débito levado à conta dos governantes não corresponde, por exemplo, ao que vi acontecer nos governos Rigotto, Yeda e Sartori. Deixo de incluir os dois governos petistas que se entremearam à lista porque ambos atuaram como persistentes e ativas empresas de demolição.
Tendo observado de perto os dois governos do PMDB e o governo do PSDB, pude perceber que, após alguns meses, todos estavam perfeitamente esclarecidos sobre as efetivas necessidades do Estado. Já conheciam a realidade e tinham traçado as providências a serem adotadas para pôr ordem nas contas e começarem a promover as iniciativas típicas de Estado com vistas ao desenvolvimento econômico e social.
Mas qual! Saber, conhecer, nunca bastou. Diferentemente do que se crê, governadores não são os autores monocráticos de qualquer medida saneadora das contas públicas. Nada acontece sem aval legislativo; nada que tenha qualquer reflexo no Poder Judiciário acontece sem uma agenda de insistentes e persistentes reuniões entre poderes. Nelas, diálogo e negociação não são sinônimos de entendimento e êxito. Quantas vezes as negociações fracassam e os diálogos não levam a parte alguma!
Por isso, quando ouço postulantes a cargos executivos afirmando que resolverão os problemas com capacidade de negociação e com diálogo, firmo a convicção de que, em breve, estarão pagando o preço da inexperiência. É preciso saber como reagem os parlamentos quando as galerias superlotam, ou quando os corredores dos gabinetes são tomados por corporações funcionais engravatadas, ou pelo cortejo dos amigos.
A palavra final sobre a despesa pública é proferida na Assembleia Legislativa, ou vem, às vezes, escrita pela mão do Poder Judiciário. Quem acompanhar esse diálogo entre poderes, através dos anos, perceberá a sensação de impotência do governante sempre que a impopularidade de qualquer iniciativa abre fissuras na sua base parlamentar. É algo que espanta porque o controle do gasto público está na própria essência da função legislativa e na origem mesma dos parlamentos ao longo da história, desde a Magna Carta de 1215. No entanto, questões de finanças e orçamento suscitam muito pequeno apreço em meio às atividades parlamentares. O orçamento é visto, preferivelmente, sob a ótica do benefício político advindo do gasto e nunca acolhido como um provável ônus político advindo do senso de responsabilidade.
É bom dizer sim ao gasto. É ruim dizer não à despesa. É bom dizer sim ao endividamento. É muito ruim pagar a dívida. O voto – que diabos! – vem do dinheiro despendido e não do dinheiro arrecadado ou economizado.
Haverá quem diga que essa é a lógica da democracia. Mas não penso que se trate de realismo, assim entender. Se realismo for, é um realismo cínico porque não se deveriam salvar mandatos hoje, condenando, ali adiante, as demandas da população ao abandono pelo Estado falido. E a tal ponto chegamos: abandono da população por parte das instituições de Estado que ela custeia para servi-la.
Inverte-se o polo de comando e dependência. A soberania muda de mãos; sai do povo e vai para aqueles a quem constituiu para servi-lo. Já não é o Estado que trabalha para a sociedade, mas é esta que trabalha para manter o Estado. Tal entendimento oposto precisa ser reentronizado nos nossos parlamentos! Deputados e vereadores deveriam sentir-se até mais responsáveis do que governadores e prefeitos em relação às contas públicas. Ao longo da história recente, é prioritariamente de sua conta a crise fiscal da União e dos entes federados. Mas essa consciência só agirá como grilo falante na hora das decisões legislativas quando a própria população tomar consciência, por sua vez, de que a irresponsabilidade deve ser castigada e não premiada na hora da eleição.
*Publicado originalmente na Revista Voto
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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
29/10/2018
Momento histórico que ficará marcado para sempre no HD do meu coração. Eram 19 horas de ontem, 28 de outubro, quando a tela da TV mostrou o resultado da pesquisa de boca de urna. Com uma diferença de 10 pontos percentuais, a nação escolhera Jair Bolsonaro para presidir a República a partir de 1º de janeiro. Dei um grito que assustou minha mulher. Afinal, o evento excedia as forças normais da natureza. Milagre!
Pense comigo. O presidente eleito não dispôs de uma única emissora de TV ou de rádio, de um único jornal de grande influência, de qualquer ambiente acadêmico formal, de mínimos recursos financeiros. Seu partido PSL e sua coligação com o PRTB eram politicamente insignificantes. Ao mesmo tempo, tinha contra si o poderoso PT e seus insondáveis recursos financeiros. Sofreu ataques permanentes, não raro várias vezes a cada turno, dos pesos-pesados da comunicação social - TV Globo, Globo News, jornal O Globo, Folha, ZH, Veja, Época, e verdadeira multidão de artistas, atores e celebridades do mundo cultural. Beneficiando seu adversário, somavam esforços contra ele a CUT, as legiões dos movimentos sociais, e mais a UNE, a CNBB e o gigantesco e endinheirado universo das ONGs.
Atribuíam a Bolsonaro as piores intenções contra os negros, mas a maioria dos negros votou nele. Diziam-no machista, inimigo das mulheres, mas as mulheres deram mais votos a ele do que a seu adversário almofadinha. Acusavam-no de ser homofóbico, mas uma quarta parte dos homossexuais preferiu votar nele. Por quê? Porque ele, sabidamente, é contra o homossexualismo militante, que quer promover-se inclusive nas salas de aula com instrumentos pedagógicos como os da ideologia de gênero e do kit gay. Quem pode ser favorável a isso, além de seu adversário, para contrapropaganda?
Na festa de ontem à noite, no Parcão, aqui em Porto Alegre, enquanto comemorava com a multidão, entre abraços, lágrimas e fotos, infinitas fotos, senti que se cumpria uma tarefa que assumi em 1985, quando entrei em contato pessoal com as primeiras expressões políticas do petismo que iniciava suas ações no país.
Percebi que se tratava de uma legenda para a qual, na expressão posterior de José Dirceu, o importante era o partido (ou seja, não a nação, não o Estado, não o Brasil) e que esse partido tinha um braço sobre a mesa do jogo e um braço sob a mesa do jogo. Essa combinação, levada ao poder, teria um efeito desastroso. A realidade me deu razão.
Estas primeiras horas já estão mostrando como será o PT na oposição. Continuarão perseguindo apenas o bem do partido. Não reconheceram a derrota e vem aí o “Fora Bolsonaro!”, expressão do velho golpismo, que o petismo dedica a quem senta na cadeira que ambiciona. Alguns colunistas, hoje, amargando o gosto do insucesso, advertiam que a vitória não era um “cheque em branco” ao vencedor. Suponho que andaram lendo a Constituição e descobriram que o país tem instituições, tem leis e regras. Um dia talvez descubram que Dilma sofreu impeachment, que Lula está preso, e que o país ficou como está justamente por haver dado sucessivas vitórias a quem confundiu cada sucesso eleitoral com um cheque em branco. Foram os valores preenchidos nesse cheque que quebraram o país.
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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
25/10/2018
Pretendem puxá-lo. Ante a iminência da derrota não esperaram pelo dia 28. Oposição, para o PT, sempre foi sinônimo de puxar o tapete de quem venceu e de criar factoides para alimentar o golpismo que os mobiliza quando alguém senta na cadeira que ambicionam. Se Bolsonaro vencer a eleição, muita ciência e paciência serão requeridas para conviver com as tropas de choque petistas que se formarão nos parlamentos, nas greves políticas, nos sindicatos, nas salas de aula, nas redações dos jornais, com a finalidade explícita de desestabilizá-lo. A nação que rejeitou o partido nas urnas não merece ser levada em conta. Vem aí o petismo em sua versão clássica, aquela que, em 2003, lhe proporcionou acesso ao poder.
A suposta compra de pacotes do WhatsApp para envio de mensagens políticas é um daqueles casos em que notícia é o que vem depois da circulação do jornal. A repercussão é a notícia. E isso a militância petista na mídia e nas organizações da sociedade sabe conduzir muito bem.
* Este é um artigo especial para a Gazeta do Povo e deve ser lido, na íntegra, aqui.
Percival Puggina
24/10/2018
Não, não escreverei sobre aquela fração do eleitorado dependente do Bolsa Família e laboriosamente convencida de ser, também, dependente do PT (embora o programa exista por força de lei). Escreverei sobre outros grupos na torcida de Haddad.
Começo pelo próprio partido do candidato. O PT seria o primeiro e o principal beneficiário de uma vitória petista. Convém, então, que o eleitor se questione. O legado dos 14 anos de petismo no poder é desalentador. Organizações criminosas operaram sem qualquer constrangimento no aparelho de Estado. Os réus são confessos, bilhões são devolvidos e as delações robustecidas por farto material comprobatório. Simultaneamente ao vexame e perda de credibilidade internacional, emergiram o desemprego, a recessão e a instabilidade política. Apesar disso, nenhum arrependimento, nenhuma autocrítica, nenhum pedido de desculpas à nação. Ao contrário, críticas à Lava Jato, recriminações à Justiça em geral e a Sérgio Moro em especial.
Assim, também aos criminosos, agentes do crime organizado e desorganizado, interessa a eleição do candidato petista. Afinal, o partido defende restrições às penas de prisão e condenações mais breves. É notória sua animosidade em relação às atividades policiais e simétrico zelo em relação aos bandidos. O PT defende desencarceramento, semiaberto, saidinhas, saidões e indultos. É pelo desarmamento, contra a redução da maioridade penal, e sustenta – apesar de toda criminalidade das ruas e estradas – que no Brasil se prende demais. No Bolsonaro é que os bandidos não vão votar.
Uma vitória petista interessa muito ao Grupo Globo, que há longo tempo vem proporcionando em novelas, especiais e reportagens o substrato cultural e de costumes necessário à penetração política das ideias de esquerda. Seus atores e celebridades estão sempre disponíveis, ao estalar de dedos do PT, para o que der e vier. Convém ao Brasil, aumentar o poder da Globo? E, no mesmo diapasão, ampliar a influência da Folha, da Veja, da Época, e a fauna da “mídia amiga”, sempre interessada em conversar com Franklin Martins, perito em retribuir apoios?
Sem similar a qualquer democracia de respeito, estabeleceu-se, com o tempo, uma inequívoca proximidade entre o PT e figuras execráveis da política internacional. Ditadores africanos de Angola, Congo, Zimbabué, Guiné Equatorial, Gabão, Venezuela, Cuba, Nicarágua obtiveram financiamentos privilegiados do BNDES durante os governos petistas. E o recebimento é duvidoso. Eles apreciariam muito a volta do PT ao poder.
Também os infiltrados no aparelho de Estado, na burocracia federal, nas estatais, torcem pela volta do PT porque isso representará a retomada de sua própria influência. O trabalho de fazer cabeças, manipular a História, preparar militantes de esquerda e fornecer recursos humanos para as carreiras de Estado ganharia novas energias nas salas de aula. Da mesma usina acadêmica saem os difusores da ideologia de gênero e os programas que trazem essa sexualidade pós-moderna, auto-reverse, para crianças confiadas pelos pais ao sistema de ensino! Será que convém atender aos interesses políticos da burocracia e do funcionalismo militante?
Os eleitores de Bolsonaro, diferentemente, são cidadãos que clamam por paz social, segurança, combate à criminalidade, proteção da infância e da família, preservação dos valores morais, respeito e ordem pública. Desejam apenas viver e trabalhar, com seus direitos fundamentais respeitados, sem serem perturbados pelos agentes do mal e por aqueles que o cultivam.
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
22/10/2018
Durante os 25 anos em que tive atuação partidária, colaborei ou coordenei diversos planos de governo para eleições estaduais gaúchas e pleitos municipais de Porto Alegre. Conheço bem o volume de trabalho exigido e a seriedade com que se executam as muitas consultas, se organizam os grupos técnicos, se desenvolvem as rodadas de reunião e são elaborados os documentos finais.
O plano de governo do PT para esta eleição presidencial foi coordenado por Fernando Haddad a pedido de Lula. À época, este tentava fazer com que sua impossível candidatura descesse pelo esôfago do ordenamento jurídico e das instituições da República. Não passou. Assim, o plano que fora feito para Lula acabou sendo usado pelo seu autor, que o formalizou junto ao TSE. De Haddad para Haddad.
O atual candidato, dito “o Poste”, tem em seu currículo, além de alguns livros de cunho esquerdista sobre socialismo, marxismo, regime soviético e teoria da linguagem, uma gestão desastrosa no Ministério da Educação, marcada pelo aparelhamento de sua burocracia e das universidades federais. Poucos titulares do MEC dispuseram de tanto tempo no comando da pasta. Foram sete longos anos! E o que aconteceu com a educação brasileira é de conhecimento geral. Os subsequentes quatro anos de Haddad como prefeito de São Paulo lhe conferiram troféus de demérito, entre eles o de péssimo prefeito, certificado pelo abandono do eleitorado na tentativa de reeleição.
Devo à presidente Dilma a melhor lembrança que guardo da passagem de Haddad pelo Ministério de Educação. Foi quando ela mandou o órgão arquivar o projeto do kit gay, inteiramente desenvolvido na gestão do ministro petista. A tarefa de comandá-lo foi atribuída à sua Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC (creia, isso ainda existe!).
Com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação e uma faina produtiva que se prolongou durante quatro anos, ao custo de R$ 1,9 milhão, foram elaboradas as peças que integravam o kit. Quando chegaram ao conhecimento público (há um vídeo explicativo aqui), constatou-se que seu intuito era fazer nas salas de aula o que as novelas da Globo introduzem, diariamente, em tantos lares brasileiros: promoção do homossexualismo. Isso, claro, nada tem a ver com a necessária prevenção da discriminação.
Pois o assunto votou à tela no plano de governo do ex-ministro. Ali estava com todas as letras, num eufemismo tipicamente petista, o compromisso do candidato com “políticas de promoção da orientação sexual e identidade de gênero". Nenhum veículo da grande imprensa – ocupada em desancar o incômodo Bolsonaro – deu qualquer destaque aos vários pontos do programa de Haddad que o próprio candidato, quando tornados públicos pelas redes sociais, se apressou a modificar junto ao TSE! Entre eles, esse. Flagrado pelos leitores, Haddad correu para alterar o teor de seu compromisso e passou a falar em "políticas de combate à discriminação em função da orientação sexual e identidade de gênero".
Mas todo mundo sabe o que o PT realmente sempre quis e continua querendo, não é mesmo?
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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
19/10/2018
Nesta eleição, contra quase tudo e quase todos, o povo brasileiro, promoveu uma grande faxina eleitoral. Se lamentamos a preservação de certos mandatos, simbolizados pelos de Renan Calheiros, Jader Barbalho e Ciro Nogueira, é forçoso reconhecer que sempre haverá eleitores com tais imagens e semelhanças. Por outro lado, três em cada quatro colegas da trinca sinistra foram devolvidos à planície. E muitos à justiça dos homens.
Diversos indicativos deste pleito sugerem haver chegado ao fim a era da irresponsabilidade. Até o indulgente e leniente STF será atingido com mudanças no seu perfil. Nos próximos quatro anos, duas ou três substituições por aposentadoria o conduzirão a alterações significativas. Isso poderá levar, entre outras consequências, à maior valorização da colegialidade e à coibição do uso abusivo de prerrogativas individuais por seus membros.
A era da irresponsabilidade quebrou o país. Impulsionado pela influência positiva de um ciclo de crescimento da economia mundial, o petismo fez explodir a despesa pública. Já no fim do ciclo, para preservar a bolha da aparente prosperidade geral, o próprio gasto das famílias passou a ser estimulado. Consequências: recessão, êxodo de investimentos, 14 milhões de desempregados, dívida da União próxima do PIB anual e, em julho deste ano, 63,4 milhões de brasileiros com contas atrasadas! São produtos da falta de juízo que casou o keynesianismo de alguns economistas de esquerda com o insaciável populismo eleitoreiro do petismo.
Simultaneamente, o aparelho estatal brasileiro, que já era tamanho XL, passou para a categoria XXL. Povoadas por companheiros, criaram-se 41 novas estatais. Na década petista anterior a 2015, o funcionalismo federal cresceu 28%. Contrataram-se centenas de obras que permanecem paralisadas. A irresponsável Copa de 2014, de tão má memória, desencadeou uma gastança altamente comissionada por todo o país (entre elas as famosas “obras da Copa”). A insanidade atingiu seu ápice com a simultânea realização dos Jogos Olímpicos que deixam reminiscências na crise do Rio de Janeiro e nas já ruinosas instalações esportivas.
A era da irresponsabilidade é um mostruário de lições penosas que – espera-se – tenham cumprido função pedagógica. O Estado brasileiro assumiu um peso insustentável. Também para ele falta dinheiro porque todo item de despesa criado pelo poder público adquire uma espécie de dimensão imanente da eternidade. Subsistirá até a ressurreição dos mortos. Daí a contenção de gastos. Daí, também, os crescentes bolsões de miséria salarial e material em serviços voltados ao atendimento da população nas áreas de segurança, saúde e educação. Simultaneamente, bem à moda da casa, preservam-se no aparelho de Estado núcleos de opulência que, por pura “coincidência”, correspondem aos centros de poder e decisão. Claro.
A mesma sociedade que, nos limites do possível, promoveu sua lava jato eleitoral precisa, agora, cobrar dos futuros detentores de poder todas as providências necessárias para “lacrar” em definitivo a era da irresponsabilidade.
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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
16/10/2018
Haddad está atrapalhadíssimo. Os marqueteiros do partido fizeram desabar sobre Bolsonaro três adjetivos que deveriam condená-lo à morte política por inanição de votos. Verdadeiro corte da fonte de suprimentos. Nos últimos meses, multidão de militantes, comunicadores, professores, intelectuais foi orientada a etiquetá-lo como machista, racista e homofóbico. A previsão era de que isso o fizesse definhar mais do que facada no ventre e sopa de canudinho no hospital. Pois apesar da carga cerrada, a mais recente pesquisa do Ibope mostrou que o candidato do PSL o supera em votos entre as mulheres (46% a 40%), entre os negros (47% a 41%) e provavelmente também entre os gays, mas isso não dá para saber. É informação difícil de buscar.
Haddad, então, não conhece seu adversário nem seus eleitores e já não sabe quem é. Por tanto tempo foi ventríloquo de Lula presidiário que quis continuar a usar a máscara com a face do chefe mesmo depois de ungido candidato a presidente. Aceitou ser chamado de “Poste” e – é claro – passou a ser tratado como tal. Haddad topava todas as postergações e humilhações porque ali adiante havia uma porta da felicidade que franqueava para os palácios presidenciais de Brasília. E tudo vale a pena, também quando a alma é pequena.
Ademais, as pesquisas, enganosas como são, vinham dando ao petismo a impressão de que o páreo estava corrido. Elas atribuíam a Bolsonaro um índice de rejeição incompatível com vitória eleitoral. Num segundo turno perderia para todos, incluído ele, Haddad. Bastava levar o adversário a um novo round e o PT voltaria às delícias do sítio de Atibaia da Praça dos Três Poderes.
O eleitor brasileiro, no entanto, “problematizou” a situação e “desconstruiu” essa narrativa, como diria um petista treinado nos ardis da novilíngua. O PT ficou reduzido a um único grande eleitor, o Lula. Nestes últimos dias, então, o atrapalhado Haddad descalçou o Lula; suprimiu a estrela, o PT e o PCdoB; fez desaparecer o vermelho. Adotou as cores da bandeira e ficou com jeito de “coxinha”. E quer porque quer debater com Bolsonaro. Valem, aqui, dois conselhos quase seculares: Não se atrapalha adversário que está errando e não se ajuda adversário que está atrapalhado.
Para que conceder ao adversário algo que ele tanto quer? Num debate, Haddad usará as piores estratégias. Estatísticas e calendários, desempenhos de gestão e atos de corrupção irão para o moedor das conveniências e das versões. Não vem o PT repetindo que sua gestão foi um paraíso de bem estar e prosperidade? Não alega que foi Temer quem arrastou o Brasil para o precipício? Oportunizar esse tipo de discurso? É muito difícil debater quando a honestidade intelectual fica fora do recinto.
Só para lembrar: em 1989, no primeiro turno, Collor faltou a todos os debates e no segundo foi a apenas dois; FHC, que venceu dois pleitos no primeiro turno, compareceu a apenas um evento em 1994 e em 1998 sequer houve debates; Lula não compareceu a nenhum debate no primeiro turno de 2006. Comparecer ou não é juízo de conveniência.
A campanha eleitoral vai terminar sem que o PT entenda que está perdendo esta eleição para o antipetismo em todos os segmentos da vida nacional. O petismo vive uma situação como a do samba de Vinícius e Toquinho em que o sujeito tantas fez que agora tanto faz.
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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.