• Percival Puggina
  • 29/07/2019
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JURISTAS CATÓLICOS? O QUE É ISSO? EU APLAUDO!

 

 Mesmo sem ter formação na área jurídica, participei intensamente, há muitos anos, na criação da Associação dos Juristas Católicos no Rio Grande do Sul e compareço, sempre que possível, às suas reuniões ou solenidades. Sinto-me estreitamente alinhado com a ideia de que congregar juristas católicos seja uma necessidade nacional. No pequeno grupo de queridos amigos que semanalmente se reúne em minha casa para conversarmos, como católicos, sobre os problemas sociais, políticos, e religiosos do Brasil, sou dos poucos sem formação em ciências jurídicas. De tais convívios concluo: a alma cristã padece no ambiente jurídico nacional.

 Vivemos realidade cultural em que o profano vale mais do que o sagrado, o temporal se sobrepõe ao eterno e o natural se impõe ao sobrenatural. Escrevendo sobre o tema, o filósofo espanhol Andrés Ollero identifica um novo confessionalismo. Diz ele:

“O temporal se sacralizou até converter o religioso em elemento estrangeiro à sociedade civil. É lógico, portanto, que o convide a se recolher ao templo”.

Está caracterizada a inversão: o profano (o que está fora do templo erguido a Deus) virou sagrado para o homem e o sagrado virou profano (descartado dos altares que o relativismo moral, o materialismo dialético e o ativismo judicial ergueram aos seres e às coisas criadas). Adão vai à forra e expulsa Deus do seu enfatuado “paraíso”.

Raros brasileiros atentos aos fatos da República deixarão de concordar com alguns adjetivos frequentemente aplicáveis à conduta de tantos mestres, legisladores, julgadores: vaidade, arrogância, presunção. Quando se recusa o Direito Natural, convertendo algo tão importante quanto o Direito na petulante construção de um indivíduo ou de um coletivo, o efeito psicológico dessa dicção é terrível. Como ensina o insigne jurista espanhol na menção acima, são criadas uma nova religião, um novo altar e uma nova Tábua de uma lei qualquer. Novas divindades surgem.

Não estou defendendo qualquer forma de fundamentalismo. Bem ao contrário, estou combatendo o fundamentalismo jurídico laicista que de modo impositivo e com aparatosa indignação recusa espaço às afeições morais partilhadas pela imensa maioria da sociedade sobre a qual se impõe um Direito cada vez menos parecido com ela mesma. É hipocrisia defender o pluralismo impondo silêncio aos cristãos!

Saúdo, por isso, a realização de um evento como o I Congresso Nacional dos Juristas Católicos, que vai acontecer em São Paulo, no dia 30 de agosto, no auditório da Academia Paulista de Letras, como promoção da União dos Juristas Católicos de São Paulo.

Eu, você que lê este artigo, os muitos mais que não o lerão, e tantos outros que sequer tomarão conhecimento de um evento com tal magnitude, reunindo as personalidades que ali se irão encontrar, muito terão a dever ao florescer de idéias e iniciativas que suscitará para a salvação do Brasil.

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Decio Werneck -   04/08/2019 11:41:40

Presado amigo, tenho o acompanhado no Diário do Poder, e postado mensagens no tempo que isso era possível, por lá. Lendo seu artigo, e tendo este site, tomo a liberdade de lhe escrever. Sei que, concordo com tudo que tem falado e escrito, pois somos temporários e vivemos o mesmo tempo da história. Este seu artigo, é ótimo e esclarecedor, e está totalmente incorporado, no tempo do Agora, e vai mostrar a VERDADE que o JMB, tem lutado por impor, neste país. Ele, não é o mito, mas uma LUZ que nos oferece a oportunidade de expressarmos os nossos direitos, em defesa de nossa família, educação , saúde e segurança, com liberdade e respeito.. O Olavo não é o guru, pois não ví nada além do que você e eu sabemos e professamos, pois ele não escreveu nada diferente do que vivemos nestes tempos. Conte comigo para suas visões filosóficas. Um forte abraço e Bençãos.

Cleodon de Brito Saraiva -   02/08/2019 19:51:51

Eu também li, e parece que esse futuro já chegou no Brasil. Temos aqui um "deus", que está preso, e uma plêiade de famosos seguidores: os buarques, os pitangas, os abreus, os mouras e outros.

Menelau Santos -   31/07/2019 01:35:59

Pois é, lendo o colega acima, lembrei-me de uma frase que lí não sei onde: "No futuro, os deuses dos homens serão outros homens."

Odilon Rocha -   30/07/2019 23:09:53

Uma salva de palmas à excelente iniciativa. Um basta nesse altar do Globalismo, onde imperam a cultura da morte, o relativismo e o politicamente correto. O tripé do desmonte da civilização ocidental.

Luiz R. Vilela -   30/07/2019 12:21:32

Certa vez, li em algum lugar, que o francês Montesquieu, havia dito que: "A religião no mundo, começou quando o primeiro vivo, encontrou o primeiro trouxa". Não sei se é verdade o dito atribuído ao "pai do estado moderno", mas seja de quem for a frase, acredito não estar muito longe da verdade. Conforme a ciência avança, as crenças religiosas vão diminuindo, não é mais possível se fazer crer que o mundo foi construído em apenas seis dia, e que toda a humanidade descende de apenas um casal. Na antiguidade, com a falta de conhecimento, era mais fácil crer nas divindades, as explicações eram assimiladas por todos, por não haver alternativas de pensamento. Hoje, os mais esclarecidos já não creem nestas "verdades", por falta de argumento convincente. Para tudo deve existir uma justificativa lógica, o que não existe nas narrativas fantasiosas das religiões. O que é deus? seria o criador de todas as coisas, que se decepcionou com o que produziu e abandonou a sua obra inacabada? E criou o universo para que? para ter apenas uma "distração" na sua vida tediosa? O último que diz que falou com deus, já morreu a mais de quatro mil anos, foi Moisés, de lá para cá, apenas "bispos" evangélicos é que dizem se comunicar com ele, isto em linha direta, sem testemunhas. Acho que as religiões tradicionais cada vez conseguem menos adeptos, os que ainda participam, estão bastante envelhecidos e em vias de deixar a vida, dai então continuar com a crença. Já as religiões mais recentes, dão uma conotação que se parecem mais um negócio, do que algo que pretenda salvar a alma e levar alguém ao paraíso, que pelos aspectos criados por teologias como o da prosperidade, parece que descobriram que o jardim do éden, é por aqui mesmo. Não entendo como religiões possam se envolver com política, que é uma atividade que busca resolver problemas de ordem material, enquanto que a crença religiosa busca justamente o contrário, ou seja a preparação do indivíduo para a vida espiritual após a morte. O avanço da ciência trará fatalmente o fim da religiosidade, até o mais profundo fanatismo, um dia se rendera a lógica que será proporcionada pelo conhecimento científico, que avança cada vez mais. Por ora, ainda continuamos usando o nosso atestado de ignorância,o seja, a fé em divindades, até porque não sabemos quem somos, de onde viemos, nem para onde vamos, se é que vamos para algum lugar e nem sequer sabemos o que estamos fazendo aqui na terra. Diz a bíblia, que deus criou o homem a sua imagem e semelhança, dai vem a pergunta, então deus é assim tão parecido com os homens? Ou não seria o contrário, deus é quem foi criado a imagem e a semelhança do homem? Quanto aos "juristas católicos", não sei o que dizer, até porque nunca tive conhecimento da existência desta entidade, mas julgo que lutam pelo que creem, e como a fé é que nos salva, que tenham um encontro promissor.