• Percival Puggina
  • 19/07/2019
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BRASIL, ALEGRIA DE BANDIDO

 

Quantos policiais deixariam de morrer todo ano se quem os matou estivesse onde deveria estar, atrás das grades de um presídio? Duvido que não tenham, todos, longo prontuário de ocorrências, intimações, prisões e condenações a certificar sua disposição de viver fora da lei. Ninguém inaugura sua vida criminosa matando policiais. Só que nenhum daqueles eventos teve o tratamento necessário para assegurar a proteção da sociedade. Com raras, raríssimas exceções, todos foram conduzidos, pelas instituições, de modo a favorecer o transgressor. Presídios brasileiros têm porta de vai e vem.

 Convivem, aqui, altos índices de criminalidade e tolerância institucional para com os criminosos. Temos, aqui, progressistas que atrasam tudo. Indivíduos perigosos passeiam impunes por nossas ruas e estradas, vivendo de violações e gerando insegurança. Na longa lista de preceitos protetivos que o engenho humano possa conceber para livrar a pele de bandidos, nada há que nossa legislação, nossos ritos, usos e costumes não consagrem. Como escreveria Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, se vivos fossem, “Aqui, majestade, em se roubando ou matando, nada dá”.
 E não dá nada mesmo. Às normas tolerantes, pusilânimes face ao crime, mas inclementes com a sociedade, muitos se juntam para tornar folgada a vida dos bandidos. Tudo fazem para que tais atividades não tragam sobressaltos, riscos e cárcere a quem escolher a vida criminosa. Entre outros, verdadeira multidão de legisladores, magistrados, professores de Direito, promotores, defensores, advogados, comunicadores, sociólogos, assistentes sociais, políticos e religiosos – corações moles como merengue da vovó – tagarelando sobre uma nova humanidade e uma nova sociedade, convergem esforços para obter esse efeito.

“Mas são pobres!”, dirá o leitor, penalizado, da dura situação de tais criminosos. Pobres? Pobre é aquele brasileiro, magro como a fome, pelo qual passei ainda há pouco na rua. Arquejava em seu labor de papeleiro, tracionando uma carroça pesada, com tanto papel e papelão que seu excesso lateral obstruía parte da outra pista. Aquele sim é pobre. Pobre e honesto ao ponto de trabalhar como “animal” de tração para não se corromper. Talvez seja também ignorante, mas é intelectualmente honesto como não são tantos que falam bonito em seu nome. E o abandonam com sua indecente carroça. Não me venham – por favor! – falar em pobreza, infância sofrida, de quem importa toneladas de maconha, rouba carga de caminhões, assalta bancos, explode carros-fortes e estoca munição pesada para lutar contra a sociedade. E não se peja de pôr mulher e filhos no carro para iludir a polícia.

No topo da luta por um direito penal folgazão, que não dê nada e não atrapalhe os negócios, estão os poderosos da corrupção ativa e passiva, custodiados por caríssimos advogados que operam num clube muito restrito de intimidade com a Corte. No topo da luta por um direito penal folgazão, camarada, bonachão, estão muitos membros do Congresso Nacional, que têm frêmitos de ódio e temor da Lava Jato e que se juntam a qualquer bandido se for para tirar Sérgio Moro da cena. Um fio de esperança que rompe o fio da decência. Esses não têm por hábito atirar na polícia, mas disparam as armas da injúria e da calúnia, assassinam reputações e têm responsabilidade direta sobre as leis penais e processuais que não mudam ou mudam para pior. No topo da luta estão os “garantistas” do STF, sustentando princípios que os bandidos invocam e a cuja sombra lavam seu dinheiro.

 

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


MARILENE COSTA BRANDALISE -   28/07/2019 13:28:46

Excelente visão dos fatos. Muito obrigada Puggina, por mais este alento de lucidez sobre nossas desgraças e seus responsáveis.

José Pires Viana. Pires Viana -   26/07/2019 23:15:04

Não sou a favor de prisão perpétua pelo fato de que, seremos sempre nós, os menos favorecidos financeiramente, que vamos sustentar os vagabundos na prisão, e ainda pagar o salário reclusão. Sou a favor que mande os prisioneiros (como nos filmes de bang bang) para um local em que podem trabalhar e continuar cuidando de sua família e pagando sua pensão na cadeia. Quanto se gasta hoje com estes malditos mafiosos políticos que estão na prisão? Ou trabalham para se manterem ou mete estes vagabundos no paredão de fuzilamento.

Artus James Lampert Dressler -   21/07/2019 23:10:43

Eu estive lá dentro do então PRESÍDIO CENTRAL, quando em 1968 administrando a implantação da profissionalização de detentos , por conta do PIPMOI/DEI/MEC , me surpreendi com a quantidade de “CADELAS DE PROGRAMA’ que faziam trottoir pelos corredores. Solicitei e fui atendido pelo então Diretor que desejava conhecer todo o complexo e depois uma reunião com todos os detentos, naquele tempo era menos de mil, no amplo auditório que lá existia. Acedeu mas me disse : “Isso é coisa de professor, lá eu não entro, o senhor vai sozinho”; foi pedido reforço da BRIGADA MILITAR. Fui, estive duas horas com eles, inicialmente no palco e depois desci a maneira de SILVIO SANTOS a partir de quando transitei livre onde a guarda andava armada. Na hora do almoço fui junto com os detentos e com eles fiz a ceia. O PROGRAMA FOI UM SUCESSO. Fui então, convidado pelo SUPERINTENDENTE DOS SERVIÇOS PENITENCIÁRIOS para ser o DIRETOR EM CHARQUEADAS; declinei. Recebida a atribuição de implementar um treinamento eu logo levei uma equipe de instrutores para treiná-los; não nos cabia agir como justiceiros e nem entrar no mérito de suas culpas, precisávamos cativá-los como se todos fossem inocentes ou não teríamos “adeptos” à causa de treinar. PROFESSOR É ASSIM, NÃO TEM IDEOLOGIA, TEM METAS; ATÉ PORQUE SALA DE AULA NÃO É “CASA DA SOBRA” nem “CASA DA IRENE”. É CLARO DE NINGUÉM ESTÁ LÁ POR SER SANTO E DEFENDO QUE ESSA PROGRESSÃO DE PENA TEM INCENTIVADO O DEBOCHE ÀS PENAS . CADA UM DEVE PAGAR O VALOR DA FATURA DE SEUS DESMANDOS.

Décio Antônio Damin -   21/07/2019 21:29:38

Em Londres um brasileiro que matou a esposa foi condenado à prisão perpétua! Aqui um casal joga a filha pela janela do alto de um edifício e já está fora do regime fechado; um goleiro mata, esquarteja e some com o corpo da mãe de seu filho dando-os aos animais (porcos), após curto período fechado já vai para o semi-aberto... e, etc,etc e etc!!! Q QUE É ISSO?!!!

Almanakut Brasil -   21/07/2019 18:54:35

Policial grávida que foi baleada em assalto perde bebê - (Conexão Política - 21/07/2019) Ela estava grávida de cinco meses e foi atingida por um tiro durante tentativa de assalto em Belém – PA. https://conexaopolitica.com.br/ultimas/policial-gravida-que-foi-baleada-em-assalto-perde-bebe

José Antonio -   21/07/2019 17:08:49

Apud Olavo de Carvalho: PT e o lumpen campesinato.

João Guilherme Maia -   21/07/2019 16:46:38

QUAL FOI O PRINCIPAL OBJETIVO DESSA CANETADA DE TOFFOLI? O principal objetivo dessa canetada do presidente do STF Dias Toffoli, não é atingir só a Lava Jato, mas principalmente enfraquecer o governo do presidente Jair Bolsonaro. Com isso ele e os outros que estão dominados pelo Lula, têm um só objetivo que é libertá-lo. Quando o STF falou pela primeira vez em soltar o Lula, os Generais se manifestaram mandando um aviso para o STF se soltassem o Lula iríamos ter a tal intervenção militar pedida tanto pelo povo Brasil a fora em 2018, se não fosse isso, eles já teriam soltado o Lula há muito tempo. Se ele pensa que os Generais não estão atentos com as atitudes do STF como aquela que eles soltaram vários bandidos de colarinhos brancos, que fizeram tantos maus ao Brasil está redondamente enganado. Agora nós temos de continuar dando todo o nosso apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro, pra ele não vai ser fácil governar um país em que prevalecia era as falcatruas, corrupções e desvios do dinheiro público. Mas o Congresso Nacional e STF vão ter de entender que nós estamos num novo Brasil e o Brasil das falcatruas, corrupções e desvios de dinheiro público, se encerrou em 31/12/2018. Em 01/01/2019 se iniciou um novo Brasil e as falcatruas, corrupções e desvios de dinheiro público, não tem mais vez no novo Brasil.

L A Adrião -   21/07/2019 13:55:22

Perfeita assertiva, está dificilimo mudar esse cenário com esse modelo progressista de "justiça",sou a favor da prisão perpétua para crimes hediondos,mas o Brasil está muito longe desse NÍVEL.

André Godoy -   21/07/2019 12:16:56

Professor, parabéns! Há muito não vejo tanta clareza acerca de nossa duríssima realidade. Infelizmente! Bom domingo!

ROBÉRIO DA SILVA SANTOS -   21/07/2019 02:50:02

Excelente texto. Marcado pela sobriedade de um conservador brasileiro de excelência. Apresenta consciência acerca do sistema penal brasileiro, carcomido, permissivo e doente. Parabéns.

José Nei de Lima -   21/07/2019 02:24:55

Ta se invertendo os valores no Brasil, quem deveria estar preso, estão bem soltinho, e ainda ficam usando do sistema de proteção na qual está disposto na Constituição federal, quem mais usa a carta Magna, sabem bem aproveitar enquanto as pessoas de bem não aproveita seus direitos e deveres, ótima matéria, meus parabéns, um ótimo final de semana, que Deus vos abençoe amém.

L A Adrião -   21/07/2019 02:11:24

Perfeita assertiva ,está dificílimo mudar toda essa engrenagem progressista, sempre fui a favor da prisão perpétua para crimes hediondos,mas a justiça brasileira está muito longe de atingir esse NIVEL.

Roberto Ferreira -   20/07/2019 16:33:33

Verdade, professor! Bandido de rua virou garoto propaganda, um verdadeiro "Herói da Resistência" a serviço (com remuneração, benefícios, direitos e defensores) do discurso dos intelectuais "progressistas". Que Deus ouça nossas orações, dando-nos o discernimento para batalhar de forma inteligente e digna contra esse mal que assola a nação. Obrigado pelo texto.

Mario -   20/07/2019 11:10:21

Perfeito!!!

Luiz R. Vilela -   19/07/2019 21:06:18

Ha muito venho achando que o nosso sistema legal, é uma estrada de mão única. Só temos o DIREITO, não temos a contrapartida, os DEVERES. Quando fazem qualquer alteração na legislação, o lado sempre contemplado, e o dos direitos. Sempre achei que direitos, é uma dádiva que é dada a quem cumpre os seus deveres, cidadão que vivem a margem da lei, pela naturalidade da sua conduta, deveriam ter apenas o direito a vida, mas se suas condutas, também não contribuísse para que outros, perdessem o direito também a vida, ou seja, quem nega a vida a um semelhante, pode também ter a sua abreviada. Acredito que o Brasil, seja o único pais do mundo, que premia o bom comportamento na cadeia. Na maioria dos países, o bom comportamento carcerário, é obrigação, o mau comportamento, é que acarreta sansões ao indisciplinado Visitas íntimas, saidinha nos dias de festas, prisão albergue, semi aberto e tantas excrecências mais que dão aos apenados, é que corrói o verdadeiro espírito da punição ao indivíduo de conduta anti social Ai vem os teóricos do direito dizer, " encarceramento não é punição, nem vingança da sociedade contra um de seus membros que errou, é a ressocialização e recuperação do ser humano". Que maravilha, e aqueles que já erraram muitas vezes, também tem direito a ressocialização? e as vítimas deles, vão se ressocializar onde? No cemitério? Se todo preso que cumpre pena realmente ficasse onde deveria estar, não só policiais não teriam morridos, mas muita gente que trabalha e pagas impostos e que deveria ser protegida pelo estado, mas que alem de lhes negar proteção, ainda solta pessoas já condenadas, de altíssima periculosidade, que deveriam estar sobre a custódia do próprio estado, mas este é totalmente omisso. Culpa de quem? Do próprio povo, que elege indivíduos que tem a cara de seus eleitores, até porque político não cai do céu ou vem do exterior, saem todos do meio próprio povo, a política é a carteira de identidade da sociedade a qual representa. Eleitores elegendo os políticos que elegem, e os políticos fazendo o que fazem, estaremos sempre como o grego Sísifo, rolando a pedra, sem nunca conseguir chegar ao topo.