Samir Keedi
No artigo anterior (parte 1/2) (https://blogdosamirkeedi.com.br/brasil-e-crescimento-economico-na-historia-recente-parte-1-2/), falamos sobre o crescimento econômico brasileiro de 1901 a 2022, em períodos grandes e pequenos. É nossa vergonha econômica. E não entendendo porque não somos a maior economia do planeta.
Nesta parte final, falaremos do nosso crescimento econômico de 1901 a 2022, em cada década, em cada período presidencial e, se reeleito, em cada um deles e o acumulado. Bem como os dados individuais e acumulados de longos mandatos como de Getúlio Vargas, dos Militares e do PT – Partido dos Trabalhadores.
Nesse período de nossa história tivemos bons e maus momentos, como citamos anteriormente. Entre 1901 e 1980 tivemos excelentes momentos e alguns não tão excelentes, mas, longe de nos envergonharem. Mas, a partir de 1981, prevaleceram os maus momentos, embora tenhamos tido alguma alegria em anos isolados. Nada mais que isso, e que apenas serviram para amenizar o todo.
Começamos o século 20 bem, com o governo de Campos Sales, em 1901 e 1902. Nesses dois anos tivemos, respectivamente, crescimento positivo de 14,36% e negativo de -0,48%, com média de governo de 6,94%. Seguido por Rodrigues Alves, de 1903 a 1906, com média de 4,85%, tendo apresentado em 1906 crescimento de 12,73%.
Com Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca e Wenceslau Brás, de 1907 a 1918, tivemos fraco crescimento, com média dos quatro Presidentes de 2,79% ao ano. Nesse período tivemos três recessões, de -3,2% em 1908 com Afonso pena, -1,25 em 1914 com Hermes da Fonseca, e -2,10% em 1918 com Wenceslau Brás. E dois bons crescimentos, de 10,33% em 1909 com Afonso Pena, e 9,4% em 1917 com Wenceslau Brás.
Com Delfim Moreira, 1919-1920, tivemos um bom período, com média anual de 10,18%. Na década de 1900 tivemos média de crescimento de 4,38%, e na de 1910, de 4,33%. Entre 1921 e 1930 tivemos crescimentos quase equivalentes nos governos de Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Washington Luis, sem qualquer recessão, e crescimentos extraordinários de 7,8% em 1922 com Pessoa, 8,6% em 1923 com Bernardes, 10,80% em 1927 e 11,50% em 1928 com Washington. A década apresentou crescimento médio anual de 4,62%.
Getúlio Vargas governou, primeiramente, de 1931 a 1945, e teve média de crescimento anual, nos 15 anos, de 4,42%. Apresentou crescimentos de 8,9% em 1933, de 9,20% em 1934, de 12,10% em 1936 e 8,50% em 1943. Na década de 1930 tivemos crescimento médio anual de 4,48%. Em seu segundo governo, de 1951 a 1954, teve crescimento médio anual de 6,17% no período. Em seus dois mandatos de 19 anos, apresentou um crescimento médio anual de 4,79%.
No governo de Eurico Gaspar Dutra, de 1946 a 1950, o crescimento melhorou e teve média anual de 7,64%. Com a década de 1940 apresentando crescimento médio ao ano de 5,97%. Percebe-se uma equivalência no crescimento econômico na primeira metade do século 20, década a década e, ao final, apresentando média anual de 4,75% entre 1901 a 1950.
Café Filho (João Fernandes Campos) governou em 1955 com crescimento de 8,80% no ano. Em seguida Juscelino Kubitscheck governou de 1956 a 1960, tendo apresentado 8,12% de média, com pico de 10,80% em 1958, ano em que o Brasil sagrou-se campeão mundial de futebol, na Suécia, consagrando um mito, Pelé, o ainda Rei do futebol. A década de 1950 apresentou crescimento econômico médio de 7,41% ao ano, a melhor do século 20 até então.
De 1961 a 1963, nos governos Jânio Quadros e João Goulart, tivemos media anual de 5,27% ao ano, em face dos 8,60% de 1961, na esteira do governo Juscelino.
Em 1964 iniciou-se a fase dos governos militares, com cinco Generais seguindo-se na Presidência do Brasil até 1984. De 1964 a 1966 tivemos crescimento médio anual de 4,17% com Humberto Castelo Branco. O Presidente Artur da Costa e Silva, que governou de 1967 a 1969, teve um crescimento médio anual de 7,83%. Na década de 1960 (1961-1970) tivemos crescimento médio anual de 6,22%, embalado pelo crescimento de 10,40% em 1970, ano do início do governo Emílio Garrastazu Médici.
O Presidente Médici apresentou o maior crescimento entre os militares e todos os Presidentes do Brasil, e em toda a história brasileira desde 1901. Em seu governo, de 1970 a 1973, os crescimentos anuais foram de 10,40% em 1970, 11,34% em 1971, 11,94% em 1972 e 13,97% em 1973, resultando na extraordinária média anual de 12,42%, a maior de toda a nossa história. E que ensejou o chamado Milagre Econômico, com crescimento médio anual, de 11,16% de 1968 a 1973, e 10,73% entre 1968 e 1974.
Entre 1974 e 1979 tivemos o governo de Ernesto Geisel que apresentou média anual de 6,71%, com pico de 10,26% em 1976. Em 1980 iniciou-se o governo do Presidente João Batista de Oliveira Figueiredo, o último ano de crescimento efetivo e sustentado no Brasil, com taxa de 9,23%. A média anual da década de 1970 foi de 8,67%, muito boa. Figueiredo teve média anual de 1,66%. Nos governos militares, de 1964 a 1984, a média anual de crescimento foi de 6,29%.
A partir de 1981 iniciou-se a derrocada econômica brasileira, nada mais tendo a ver com os anos de 1901 a 1980. No governo de José Sarney, de 1985 a 1989 o crescimento médio anual foi de 4,39%. Em 1990, ano do início do governo Fernando Collor de Mello, tivemos uma recessão de -4,35%. A década de 1980 foi, até então, a pior do Brasil desde 1901 em termos econômicos. Só superada pela década de 2010, que veremos adiante.
Collor governou de 1990 a 1992, deixando um país recessivo, com -1,29% de média ao ano. Com o impeachment de Collor, Itamar Franco, Vice-Presidente, o sucedeu, e teve crescimento médio de 5,39%, sendo que a média Collor/Itamar foi de 1,38%. Fernando Henrique Cardoso, que governou de 1995 a 2002, teve média anual de 2,54% no primeiro mandato e 2,30% no segundo, com média geral de 2,43% ano. A média anual da década de 1990 foi de 2,63%. O século, de 1901 a 2000 encerrou com media anual de 5,04%. Não foi um século perdido, pelo contrário, apesar das péssimas décadas de 1980 e 1990. Se elas tivessem seguido 1901 a 1980, teríamos tido um século 20 melhor.
Em 2003 assumiu o Governo Luis Inácio Lula da Silva, seguindo até 2010. No primeiro governo apresentou média anual de crescimento econômico de 3,52%, e no segundo de 4,64%, com média geral de 4,08%. Anos em que o mundo voava e crescia extraordinariamente. E que não acompanhamos, apesar do nosso crescimento maior, justamente em face da conjuntura mundial favorável. Se aproveitado, estaríamos um pouco melhor. A década fechou com média anual de 3,71%.
Na década seguinte, de 2010, o caos se instalou definitivamente no país, apresentando a pior década da economia brasileira desde 1901. Dilma Vana Roussef assumiu em 2011 e governou até 2016 quando foi apeada do poder por um impeachment. Ela deixou um crescimento anual no primeiro mandato de 2,35%, e no segundo mandato de -3,42% ao ano, com duas recessões de -3,55% em 2015 e -3,28% em 2016. Assim, com média de -3,42% nesses dois anos, e média de 0,43% nos seus dois mandatos. A média anual de crescimento do PT, de 2003 a 2016, foi de 2,51%. O Vice-Presidente Michel Temer a sucedeu, e governou em 2017 e 2018, e entregou o país com média anual de 1,32%.
A década de 2010 apresentou crescimento total de 2,5%, ou seja, com média anual de 0,25%.
De 2019 a 2022 governou o Presidente Jair Messias Bolsonaro, que mesmo enfrentando uma pandemia, a do Covid 2019, a pior da história, e uma guerra, da Rússia contra a Ucrânia, e uma consequente recessão de -3,88% em 2020, entregou o país com crescimento, ainda que pequeno, com média anual de 1,19%, recuperando a economia em 2021 com 4,60% e em 2022 de 2,90% de crescimento.
* O autor, Samir Keedi é professor universitário de pós-graduação e técnico, palestrante, bacharel em economia, mestre em administração, autor de vários livros em comércio exterior, entre eles o "ABC do comércio exterior" e titular da cadeira 4 da APH-Academia Paulista de História
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Samir Keedi
Quando pensamos na economia brasileira, nos vem à mente que o Brasil é um país que já soube crescer. O que a maioria da população desconhece, pois, isso não ocorre há mais de 40 anos. E perdeu isso ao longo do tempo. Assim como perdeu muitas outras coisas. Em que podemos dizer, conforme a tradição brasileira de ter reis para tudo, que já fomos reis e perdemos a coroa.
Considerando nosso crescimento econômico de 1901 a 2022, temos números que nos orgulham. E outros que nos decepcionam, e fazem pensar o que aconteceu. Boa parte da nossa decepcionante economia atual deve-se ao petróleo. Ou a falta do petróleo, como se costumava dizer no passado.
Fato que nunca entendemos na nossa juventude, em que também passamos por lá. A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo. A Argentina produz petróleo. E o Brasil, na moratória do governo Sarney, em 1987, importava, segundo dados que conhecemos, entre 80-85% do nosso consumo.
Sempre pensamos sobre como o petróleo poderia ser tão "temperamental" (sic). Como ele poderia ser abundante na Venezuela e, ao chegar à fronteira brasileira dizer a si próprio "para o Brasil não vou". Idem o da Argentina. Difícil entender. Em especial que hoje somos auto-suficientes. Embora nem todo o nosso petróleo seja exatamente de primeira qualidade. Exportamos o nosso para importarmos um melhor, que supra nossas necessidades.
Considerando grandes períodos, temos que o Brasil já teve crescimentos grandiosos, que nos orgulham. Em que sabemos que "já fomos chineses" antes do chineses.
Entre 1901 e 1980 tivemos um crescimento considerável. De 4,9% de média ao ano, o que não é desprezível, pelo contrário. Entre 1950 e 1980 crescemos à média de 7,4% ao ano. O que consideramos um grande feito. Entre 1959 e 1980 apresentamos a extraordinária média de 8,1% ao ano.
E, a gloriosa média anual de 10,7% entre 1968 e 1974, com pico de 14% em 1973. E, mais espetacular ainda a média de 11,1% entre 1968 e 1973. O que justifica termos dito acima que já fomos chineses antes dos chineses. Que somente começaram a crescer e mudar a partir de 1978, justamente quando nós estancamos em 1980. Parece que houve uma troca. Vocês vão à procura da riqueza, e nós ficamos com a pobreza.
A partir de 1981 nossa situação econômica degringolou rapidamente. E, dissemos mais acima, que se tratava da falta de petróleo, que não cruzava a fronteira e nem sabia nadar, como sabe hoje. Em 1973 tivemos o conhecido choque do petróleo, em que o barril, de 159 litros, pulou de cerca de US$ 1.20-1.40 para cerca de US$ 12.00-14.00. Em 1979 tivemos o arrasador segundo choque, com o petróleo pulando para cerca de US$ 40.00 o barril.
Entre os dois choques do petróleo, criamos o Proálcool. Para quem não sabe, o álcool é nosso. Mas, infelizmente, não deslanchamos como deveríamos, em especial que é um combustível verde.
Não é preciso entrar em muitos detalhes para que se veja o que aconteceu conosco. Diante desses dois brutais aumentos, e nossa insignificante produção de 15-20% do que consumíamos, nossa economia disse adeus às excelentes oito décadas citadas, de 1901 a 1980.
Devido a isso, nossas divisas escassearam e, em 1987, o Presidente José Sarney declarou moratória na nossa dívida externa. Nós que éramos do comércio exterior, sofremos como nunca antes neste país. Importávamos e não tínhamos como pagar, não havia dólares. Como o câmbio era centralizado – inclusive o Banco Central fazia mini-desvalorizações diárias ao fim do dia – era necessário contratar câmbio. Nós o fazíamos e entregávamos a moeda nacional ao banco. E, quando houvesse sobras de divisas, se pagava o exportador estrangeiro. Ou seja, a priori, nossos importadores pagavam, mas o exportador não recebia.
O resultado foi o conhecido. A década de 1981 a 1990 ficou conhecida como a década perdida – e que já não é mais a campeã da nossa fragilidade econômica de 1981 a 2022. Perdeu para esta última década de 2011 a 2020. Na década de 1980 tivemos um crescimento médio de 1,66% ao ano. Na década de 1990 (1991 a 2000), nosso crescimento médio anual situou-se em 2,58%.
A década de 2000 (2001 a 2010) apresentou algo melhor. Na média anual de 4,65%. Mas, antes que se fale que os bons tempos haviam relativamente voltado, lembramos que o mundo crescia mais do que isso. Portanto, nada a comemorar, continuávamos retrocedendo economicamente perante o mundo. Devido à péssima governança que tínhamos, e a crise de 2008, iniciada nos Estados Unidos da América, a tal marolinha que, segundo o presidente da época, não atravessaria o Atlântico (sic) virou uma marolona. Conforme artigo que escrevemos à época "Marolinha ou marolona?".
A década de 2010 (2011 a 2020) nos apresentou ao submundo da economia. Tivemos dois anos seguidos de recessão, com -3,3% em cada ano de 2015 e 2016, inédito na nossa história. E, como se não bastasse, a falta de sorte da pandemia, com nova recessão, agora de -4,1% em 2020. Passando então a ser a nossa pior década, com crescimento total de 3,0%. Ou seja, média anual de 0,3%. Inimaginável e inconcebível àquele que consideramos o melhor país do mundo, fisicamente.
Temos um país maravilhoso, bonito. Situado longe das zonas tradicionais de conflitos no mundo. Cerca de 8.000 quilômetros de costa, para usar e abusar. Praias belas. Maior território agricultável do planeta. Ou da Via Láctea como costumamos brincar. Um subsolo fantástico. E, também temos sob nossos pés, cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Uma floresta única, e na maioria esmagadora, preservada (ok Macron, Leonardo, Waters, suequinha e outros? Sol praticamente todos os dias. E muito mais. E não temos as desgraças que outros têm como terremotos, vulcões, furacões, desertos, gelos.
Então por que não somos o melhor país do mundo, economicamente e bem-estar da população brasileira? Quando honraremos o que temos e nos transformaremos no melhor do mundo efetivamente? Já perdemos uma grande oportunidade nos anos 1970-1980, quando surgiram os NICs – New Industrialized Countries. Que incluíam Hong Kong, Singapura, Taiwan e Brasil? Vejam o que aconteceu com os demais e onde ficamos estacionados. Aliás, engatando a marcha ré da Limousine ou do 747.
Nos anos 2000 vieram os Brics. E, vejam que estacionamos novamente. Parece que em todos os grupos que somos incluídos, nós sobramos. Por quê? Agora é esperar um novo grupo?
Continua... (parte 2/2)
* O autor é professor universitário de pós-graduação e técnico, palestrante, bacharel em economia, mestre em administração, autor de vários livros em comércio exterior, entre eles o "ABC do comércio exterior", tradutor oficial dos Incoterms 2000 para o Brasil, representante brasileiro do grupo da ICC-Paris para revisão para os Incoterms ® 2010, e cadeira 4 da APH-Academia Paulista de História
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Flávio Gordon
Muitos não sabem, mas o filósofo Eric Voegelin brigou com uma parte de sua família, que apoiava o nazismo. Dentre aqueles com quem rompeu relações, estava o seu próprio pai e sua irmã Klara Hartl.
Assim que chegou para o exílio nos EUA, após ter escapado por pouco de ser preso pelos nazistas, Voegelin endereçou uma dura carta à sua irmã. Segue um trecho:
“Querida Klara, é muito gentil de sua parte ter querido me escrever, mas poupe-me de seus truques nazistas. Você deveria saber que não sou estúpido para cair neles. Entre nós, não há uma diferença de opinião - como você pretende fingir -, mas assassinato, roubo, pilhagem. Não aja como se fosse decente demais para mencionar tais coisas: é um truque nazista manjado. Evitam-se assuntos desagradáveis, mas roubam-se das pessoas até a sua última peça de roupa, e se as espancam até a morte caso não cedam de bom grado".
Lembrei logo desse trecho ao presenciar o episódio de hoje em que, afetando estar profundamente ofendido com a pretensa grosseria de um senador (os tais "assuntos desagradáveis"), um ministro de Estado nada disse sobre a sua posição favorável à legalização do assassinato intra-uterino. Ou seja, segundo esse senso moral corrompido e estetista, está tudo bem em autorizar legalmente que se tire a vida de seres humanos em fase embrionária (porque é isso um feto, e não uma coisa, uma parte da mulher, uma unha encravada ou um "amontoados de células"). Feio mesmo é ter a indelicadeza de falar do assunto.
Não eram só os nazistas que usavam esse tipo de truque manjado. Também os comunistas sempre o fizeram.
Raul Jafet
Nunca fui especialista no estudo sobre MÁFIAS, Cartéis e Facções criminosas mundo afora! O que sei vem de algumas leituras,filmes,publicações.
Na Itália são regionais, algumas seculares, comandadas por Famílias; no Japão a temível Yacusa; e há MÁFIAS chinesa, russa, albanesa ( mais conhecida por tráfico humano)... Com certeza,todos os países têm alguma ou sob outras definições, como os denominados Cartéis do Narcotráfico, notadamente na Colômbia e no México, onde se destacaram líderes que ganharam fama, como Pablo Escobar.
No seu "modus operandi", é praticamente comum o SUBORNO de policiais, carcereiros, políticos, juízes e até de militares. Investem na formação universitária de jovens advogados e contadores, e em campanhas políticas, com o objetivo de terem seus corrompidos junto ao poder, com o compromisso de servir a seus interesses.
No Brasil porém, nunca consegui identificar tais MÁFIAS. Temos sim, facções criminosas que se formaram dentro do falido sistema prisional brasileiro, que graças à "complacência" de políticos e de parte do Judiciário, foram crescendo e solidificando, amealhando fortunas, sobretudo com o Narcotráfico e o de armas...cada dia mais organizados, aliciam crianças e jovens carentes, dominam as prisões, terceirizam quadrilhas.
No governo Bolsonaro, se tinha a esperança de que finalmente haveria um combate sem fim a essas facções. Ledo engano! Após algumas ações corretas de transferências prisionais de líderes, foi sucumbindo a esdrúxulas decisões judiciais superiores, que inclusive proibiram policiais de subirem os morros, e soltaram milhares de presos durante a PANDEMIA! Apreensões de toneladas de cocaína chegaram a ser anuladas, e seus "pertences" devolvidos aos criminosos, alegando o Judiciário, falhas na condução do processo! Da mesma forma, um poderoso traficante foi solto e todos os seus processos anulados!!!!! Isso aliás, não foram exceções, tem ocorrido com constância!
Pouco depois das eleições do ano passado, iniciou-se poderosa investigação aos advogados que defenderam o "louco" Adélio - que esfaqueou o ex presidente - associando-os ao PCC. Note-se que durante os 4 anos de governo Bolsonaro, essas investigações ficaram no "limbo" (aliás, em breve escreverei um artigo sobre o ex-Presidente, demonstrando o quanto ele foi fraco e decepcionando aqueles - que como eu - achavam que ele colocaria o Brasil nos trilhos do combate ao crime organizado e desorganizado do país!).
Outro fato policial relevante ocorrido, e que pode VITIMAR QUALQUER UM DE NÓS, CIDADÃOS DE BEM E INOCENTES, usuários de vôos internacionais, foi a prisão de uma mulher - supostamente ligada à facção criminosa - que subornou funcionários do aeroporto para trocar etiquetas de malas transportando cocaína, com 2 turistas brasileiras, totalmente inocentes, que acabaram presas na Alemanha, levadas ao cárcere, humilhadas, vilipendiadas e em precárias condições de higiene, por mais de mês....a Justiça já soltou a criminosa alegando que ela não irá prejudicar as investigações. Realmente, a inJustiça brasileira, cada dia mais caolha, parece não se importar com as vítimas e sim com os criminosos, seguindo ao pé da letra a medíocre legislação, conforme o interesse. Legislação, aliás, aprovada em Congresso ao longo dos anos - diga-se de passagem - pela força de alguns membros provavelmente pertencentes à "MÁFIA INVISÍVEL ".
No Brasil, percebo sutil diferença entre os outros países citados no começo. Nossas MÁFIAS são INVISÍVEIS, e ao contrário das outras, vêm de CIMA para BAIXO. As facções criminosas brasileiras é que estão a serviço delas, bem como policiais, políticos, militares e muitas ONGs também!
Tratam-se de inimigos desconhecidos, mas suspeita-se de serem compostos de rostos conhecidos, espalhados nos Poderes da Nação, muitos há décadas, que acreditamos fazerem parte de algo concreto, que podemos quase ver, mas parece ser impossível de tocar!
* O autor é Engenheiro Civil e Jornalista.
Sílvio Munhoz
“Silêncio, abanem os lenços. Chora o vento em despedida”. Os dois versos de uma antiga música gaúcha expressam o que restará ao Brasil caso terça-feira próxima seja aprovado o PL das Fake News, nº 2630/20. Só lamentar a morte da liberdade de expressão!..
Objetivo, controlar as redes sociais. Tentarão criar um Ministério da Verdade à la Orwell com algum apelido bonito, Conselho Autônomo ou outro qualquer, com membros escolhidos pelo Governo e a função de decidir o que é verdade ou Fake News. Claro, vai funcionar... afinal, o Brasil viu nos últimos anos que órgãos autônomos, com membros nomeados pelo Governo continuam isentos, imparciais sem a balança pender para o lado de quem os nomeou. Vai funcionar!..
Como cravou Puggina “você conhece algum país onde [...] Os democratas querem calar o povo e entram em êxtase com a imposição de tiranias”. Sei, o nome do país está na ponta da língua, mas você teve aquela pequena falha de memória e não lembra. Entendo, afinal, pode ficar perigoso pensar ou falar caso a PL vire lei.
Bem capaz... alguém diria, a CF garante que o cidadão só seja punido quando lei anterior defina o crime e impede lei nova de retroagir em prejuízo do acusado (juridiquês: vedada retroatividade in malam partem). Sério! Ou o “tribunal autônomo” dos membros nomeados pelo governo destruiu esse e outros preceitos da Carta Magna.
Aliás, a última moda é denunciar “em lote” dizendo na denúncia “embora não exista até o momento prova da participação” e ser o recebimento das denúncias julgado pelo “tribunal autônomo”, que é incompetente. Verdadeiros processos Kafkianos. Há quem sustente que ainda vivemos em um “estado democrático de direito”... Que direito? Hoje “direito” não é o que está na Constituição ou nas Leis, mas, o que é ditado pelas cabeças pensantes na jurisprudência “eneadimensional do tribunal autônomo”. Estado democrático?
Ah os “democratas”, vejam as listas de quem votou o regime de urgência para o PL 2360/20 (voto direto em plenário, sem passar por Comissões e sem debates dos representantes do povo, os Deputados e sem ter nem mesmo um texto final). Viram? A maioria dos votos é dos partidos que compõem o governo e através da história se autoproclamam “democratas e defensores da liberdade”. Que no exercício cristalino de democracia chamam quem discorda de seu pensamento de antidemocrático, autoritário e fascista!..
Não, não estão preocupados com notícias falsas e com o prejuízo que possa acarretar à democracia, o que lhes assusta, realmente, é a verdade. Estavam acostumados com os tempos anteriores às redes sociais, quando criavam narrativas que, a troco de propagandas pagas com verbas do erário – dinheiro dos pagadores de impostos –, eram difundidas por grande parte dos órgãos de imprensa, hoje apelidada ex-imprensa.
A divulgação maciça sem contrapontos criava o fenômeno chamado “espiral do silêncio”... as pessoas não expressavam suas ideias, por medo de serem isoladas ou ridicularizadas, quando sua opinião era diferente da dominante, que por falta de contestação parecia ser aquela divulgada pelas grandes redes...
As redes sociais quebraram a espiral do silêncio, terminando com a “polarização feliz” – o conspiratório “teatro das tesouras”. Quebrado o silêncio foram difundidas outras ideias e surgiram inúmeros players novos no cenário político e muitos foram ouvidos e eleitos. Não, não pode... Como novas ideias e gente nova se elegendo... Necessário voltar aos tempos da “narrativa” ditada por nós. Esse o objetivo, não há dúvidas.
“O problema não é com os boatos falsos, mas sim com os fatos verdadeiros e com as opiniões que me contrariam: a liberdade de expressão é perigosa”, como escreveu meu irmão Adriano.
Sem liberdade de expressão não há democracia. Como denunciar as arbitrariedades quando não se pode expressar ideia diferente da “narrativa oficial”... estão umbilicalmente ligadas democracia e liberdade de expressão, uma não sobrevive sem a outra.
A votação está programada para terça-feira, lute, converse ou mande e-mail para seu deputado. O Brasil não pode voltar aos tempos de censura.
Aprovada só restará dar adeus à liberdade de expressão e à democracia.
“Silêncio abanem os lenços
Chora o vento em despedida.” Luiz Coronel.
Que Deus tenha piedade de nós!..
Alex Pipkin, PhD
Sempre acreditei que entre as funções precípuas do Estado justo, estavam a garantia da lei e da ordem, a preservação das liberdades individuais, a provisão de bens públicos de qualidade, e o crucial papel do setor público como definidor de incentivos adequados à criação de empresas e de empregos, em especial, àqueles relacionados a geração de inovações.
Desafortunadamente, o que se constata a olhos nus no Brasil, apesar da retórica das desigualdades sociais, é uma profunda desigualdade de condições, em nível salarial e de benefícios, do setor público em relação aos trabalhadores do setor privado.
Evidentemente existem exceções tanto na esfera pública como na privada.
No entanto, a narrativa construída é bem outra: empresários inescrupulosos sugam a renda dos trabalhadores, e a era da sinalização de virtude corrobora para fazer crer que a solução para a vida dos cidadãos vem do grande Estado “salvador”.
É desprezível que hoje, no Brasil, estejamos enclausurados no buraco da tirania de agentes estatais autoritários, ao invés de estarmos gozando dos ares produtivos das efetivas liberdades individual e econômica.
Apesar disso, muitos grandes empresários, inclusive têm fomentado essa ladainha de desigualdades, e externado sob os holofotes nobres sentimentos de culpa e desejos de redução das desigualdades sociais.
Desejo destacar dois aspectos fundamentais.
O primeiro é que todo esse entorno das narrativas vitimistas têm fornecido gás e justificativas para uma atuação cada vez mais intrusiva dos governos, com mais intervencionismo que impõe aos indivíduos e as empresas, criadores de riquezas, mais regulamentos e dificuldades, mais burocracias e exigências laborais. Todo esse conunto impacta em maiores custos e menor propensão ao investimento e a geração de empregos e renda, além da mitigação de uma cultura empreendedora.
O segundo e mais nocivo aspecto se refere a uma espécie de aval popular geral, por parte da população, o que propicia aos governos um cheque em branco para formular e implementar políticas públicas bom-mocistas que, comprovadamente, vão de encontro a uma maior criação de empregos, de aumento da atividade empresarial, de redução da inflação e dos respectivos preços e, fundamentalmente, do fomento ao investimento produtivo no país.
Ainda que bem-intencionadas, políticas públicas populistas quase sempre vão na contramão daquilo que elas se propõem a cumprir.
O saudoso Roberto Campos dizia: “O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes”.
É perigoso e lastimável que a narrativa vitimista das desigualdades esteja ganhando o jogo de goleada, pois ela seduz corações culpados, nobres e carentes.
A fim de atacar e vencer o real problema da pobreza, são necessárias ações duras de redução do tamanho do Estado, tornando-o mais eficiente, da criação de um ambiente de negócios mais favorável ao empresariado, com muito menos regulamentos e normas contraproducentes, desburocratizando e privatizando empresas estatais completamente ineficientes. É mister transformar a educação, orientando-a para preparar os estudantes para os desafios dos novos tempos, contrariamente ao atual teatro de doutrinação marxista.
O problema é que para tanto, é preciso impulsionar um forte debate para se romper com a distorcida agenda coletivista da esquerda do amor.
É desolador que a prioridade de governos esquerdistas esteja em políticas identitárias - que dão voto -, ao invés de estarem prioritariamente em políticas econômicas experimentadas, que melhoram a vida de todas as pessoas, não somente de funcionários públicos.
Não se trata de criticar o setor público, mas sim de torná-lo justo e eficiente para o bem de todos.
O Estado existe para servir, e não para se servir do setor privado. Urge inverter essa agenda coletivista, populista e equivocada. Narrativas são muito distintas dos fatos, da realidade.
É indispensável centrar o foco e os esforços nos incentivos adequados aos indivíduos e as empresas, criadores de emprego, renda e riqueza para todos.
Sem a criação de riqueza, com maior atividade econômica, que produz mais a ser arrecadado, sem os impostos, o Estado não sobrevive. O resto são narrativas.
A crueza e a dureza estão em que essa façanha não é nada singela.