(Diego Casagrande - 04.08.15 - jornal METRO Porto Alegre)
Perdi a conta do quanto alertei que o RS estava indo para o cadafalso. Pois foi. O Estado é agora um corpo que se estrebucha pendurado pelo pescoço. Não que eu seja visionário, oracular ou pitonisa. Eu sou é minimamente lógico, coisa que não é bem vista por aqui. Em nosso estado privilegiamos os emocionalismos pueris, os teatros políticos fraudulentos e os sofismas de oportunistas. Tudo em detrimento da razão, da discussão séria, da seriedade. O resultado está aí.
Quando Tarso Genro, o mais irresponsável gestor que já pisou no Piratini em décadas, usou mais depósitos judiciais que Rigotto e Yeda juntos, criou uma estatal de pedágios – a EGR – e concedeu reajustes impagáveis ao funcionalismo público até 2018, o roteiro da falência estava pronto. O que era um feijão sem tempero virou feijão azedo. Eu há muito entendi, mesmo que tenha sido um mau aluno em matemática, que esta é a ciência imbatível. Quem tenta inventar quebra a cara.
O quase colapso – ainda vai ficar bem pior - das contas públicas se deu na sexta-feira quando o governo anunciou o parcelamento de salários. Acabou o dinheiro. 52% dos ativos do Executivo receberam em dia. Em 13 de agosto serão 71% com os contracheques em dia. O restante, acima de R$ 3.150 mensais, só em 25 de agosto. O déficit chega a R$ 5 bilhões anuais e as fontes extras de rolagem (depósitos judiciais, endividamento, etc) acabaram.
Se fosse na iniciativa privada, parte do quadro seria demitido para manter a saúde da empresa. Uma gestão profunda de reenquadramento de funções seria adotada. Empresas em dificuldade adotam economia de guerra para enfrentar as crises. As que não conseguem ter esta visão e ser ágeis quebram e todos perdem seus empregos. O governo também perde porque deixa de arrecadar impostos. Mas no setor público sempre existiram coelhos na cartola, com a ilusão de que “o estado não quebra”. Quebra sim. As fontes de água límpida e cristalina que volta e meia surgiam no deserto secaram.
A única maneira de o RS dar a volta por cima é cortando radicalmente privilégios de todas as áreas e poderes, além de mudar os planos de carreira mexendo em aposentadorias precoces por tempo de serviço. Vender estatais, fechar fundações, etc, também faz sentido, mas é paliativo. O que arrebenta o Estado chama-se Previdência Pública. Mas como ninguém quer mexer, como ninguém aceita que se mexa, o Estado morreu de câncer.
http://diegoreporter.blogspot.com.br/2015/08/o-estado-que-morreu-de-cancer.html
Zé Dirceu - que já não é mais réu primário, foi preso em Brasília, pela força-tarefa da 17ª fase da Operação Lava Jato. Sua prisão é preventiva, quer dizer por prazo indeterminado. Ele e mais 40 finórios respondem por corrupção passiva e ativa, por falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Então é disso que venho falando há bom tempo e estive falando hoje de manhãzinha, bem cedo: a Justiça está redescobrindo e redemocratizando de verdade o Brasil da Silva.
A Justiça, está governando o Brasil pela Constituição, diante do regime caótico de poder que se instalou nesse país, desde que Tancredo Neves morreu e Sarney assumiu a presidência da República, em 1985 e foi repassando a redemocratização dessa pátria mal-educada para mãos como as de Fernandinho Beira-Collor, do coitado do Itamar, do Príncipe FHC, de Lula o Brahma dos Empreiteiros e de Dilma Sapiens.
O lado correto e sério da Polícia Federal, do Ministério Público e da Magistratura estão acabando com a Grande Desordem.
Delegados, promotores e juízes de caráter firme, justo e decidido transitam pelas sarjetas criminosas do regime brasileiro, mostrando que o que faz as máfias crescerem nesse país é o vazio de poder verdadeiro, a pusilanimidade de um governo, a podridão de um Estado infiltrado pelo crime organizado, a falsidade debochada dos poderes republicanos mal constituídos como o Executivo, o Legislativo e o próprio Judiciário, nas suas cortes mais supremas e poderosas.
Então é disso que a gente esteve falando esse tempo todo: a reorganização da nossa pátria é possível; a verdadeira redemocratização é possível; o sonho é o início da ação, a utopia é possível.
E a mudança já começou. Está vindo pelo caminho da lei, da ordem e, fundamentalmente, pelo caminho da justiça. A justiça é a ligação mais direta entre as sociedades humanas; as leis nascem do espírito da justiça são a alma, o coração e a vida de uma nação.
Como já não é primário, Zé Dirceu sabe que agora pode mofar na cadeia. Isso ele, o caladão mais retumbante e formidável da República dos Calamares, não vai aguentar. Pode até, quem sabe, estrear como delator premiado.
Há quem não acredite nisso. Mas, quando seus habeas porcus começaram a despencar um por um, ele confidenciou a seus pares e ímpares que não "cairia sozinho". Então, me dou o direito de crer que não demora nada, ele estará trocando a sua notável biografia de guerrilheiro de festim pelos cômodos patamares de uma formidanda delação.
E então, pronto, será chegada a hora que você e todos os 201 milhões de brasileiros, menos os exércitos pelegos "bons de briga de rua", esperam: o cabeção-mor da maléfica "estratégia de coalizão pela governabilidade" vai mudar de domicílio e residência.
Não se sabe ainda se para o Complexo do Tremembé ou para a Papuda. De qualquer maneira, se o silêncio até aqui valeu ouro para Dirceu, sua voz e sua palavra premiada valerão o que não tem preço nessa vida: a liberdade.
Parece mentira, mas o futuro desse país, trágica e dramaticamente, está nas mãos desse cardeal Richelieu frustrado, o impoluto alquebrado e depauperado Zé Dirceu, também da Silva.
Não será por altruísmo, patriotismo, ou simples traição... Se Dirceu desconstruir a história do maior farsante desse país, o fará por que já não tem mais tempo de aguentar calado 30 anos em nome da companheirada fajuta, boa e batuta. Quando se der conta e olhar no calendário das paredes do cárcere, a filhinha do seu último casamento já terá vivido 36 risonhas primaveras.
RODAPÉ - Ah, sim... E o FHC que fique bem quietinho, na dele. Melhor até que vá para a Sorbonne, seu refúgio predileto, já que foi com ele que começou essa gandaia toda. Foi FHC quem liberou as licitações, andou mexendo na Constituição e abriu a porteira por onde passou boi e até hoje passa a boiada.
http://sanatoriodanoticia.blogspot.com.br/2015/08/a-justica-redescobre-o-brasil-e.html
TUDO PREVISTO
A situação calamitosa das finanças públicas do Estado do RS, que por absoluta falta de dinheiro em caixa levou o governador a precisar parcelar o pagamento dos salários dos funcionários públicos -do Poder Executivo-, demonstra, claramente, que nada daquilo que acontece em solo gaúcho é obra do acaso.
AMANTE DO CAOS
Afinal, um povo que, depois de eleger um governante petista, cujo mandato ficou marcado por ter expulsado a fábrica da Ford do RS e por ter destruído com a já frágil economia do Estado, ainda não se deu por satisfeito e resolveu eleger outro governante petista, que promoveu uma destruição ainda maior, só pode ser amante do caos.
PRISÃO DO GOVERNADOR
Pois, ainda que não deva ser visto com surpresa o PEDIDO DE PRISÃO do governador José Ivo Sartóri, feito pelo Sindicato dos Servidores da Procuradoria-Geral do Estado e pelos Oficiais da Brigada Militar na última sexta-feira, o fato é que tal atitude é mais um atestado que prova a quantas anda a enorme estupidez que reina no ambiente gaudério.
DEVERIAM PRENDER
Ainda que o desembargador João Barcelos de Souza Júnior, do Órgão Especial do TJRS, tenha negado o pedido de prisão, no meu entender, melhor seria se a detenção do governador Sartóri tivesse acontecido. Provavelmente, a partir daí o povo gaúcho veria, com maior nitidez, que a prisão não faria com que o caixa do Tesouro do Estado do RS fosse abastecido.
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Infelizmente, como insisto desde sempre, pouquíssimos se referem às CAUSAS e muitos só atacam as CONSEQUÊNCIAS. A prova aí está: o governador anterior, que tomou decisões efetivas, calculadas e bem pensadas, com o propósito de levar o Estado do RS à falência, em nenhum momento foi brindado com um pedido de prisão.
LISTA
Aliás, o economista e pensador (Pensar+), Igor Morais, fez uma pequena lista de decisões que levaram o Estado do RS à falência. Mesmo assim, nenhuma das entidades acima citadas entrou com pedido de prisão do responsável pelo caos. Deveria, portanto, receber ordem de PRISÃO PERPÉTUA, quem:
- Aumentou o salário mínimo estadual em 20% ( quando a inflação era 6% ).
- Aumentou em 70% os gastos com Cargos de Confiança.
- Abriu concurso públicos, contratando mais funcionário, mesmo sabendo que o Estado não tinha condições de pagá-los.
- Rolou para a gestão seguinte o brutal aumento nas taxas de serviços públicos.
LAVA-JATO, IMPRENSA E POLÍTICA!
Ex-blog Cesar Maia
1. A operação Lava-Jato, em suas diversas partes, tem uma característica muito importante. As informações colhidas foram diretamente pelo Estado, ou seja, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. O jornalismo investigativo não está na fonte de nenhuma dessas informações.
2. Isso constrói uma relação pacífica e estável entre os meios de comunicação e os jornalistas investigativos. Esses disputam quem chega primeiro às informações colhidas por aqueles três sistemas. Assim, a imprensa suita os três sistemas, muito mais que investiga.
3. A relação entre as empresas de comunicação e seus jornalistas se torna estável e pacífica. Olhando a história do jornalismo, se verifica os constrangimentos que ocorrem quando um jornalista investigativo chega às informações que, divulgadas, contrariam ou criam constrangimentos comerciais ou mesmo políticos a seus empregadores.
4. Sendo assim, o campo de liberdade do noticiário -no Lava-Jato- é muito maior, pois as empresas de comunicação não precisam explicar nada, pois estão cobrindo e não descobrindo. Seus jornalistas atuam -e da mesma forma- com um amplo grau de liberdade, pois as informações secundárias que colherem não criarão constrangimentos às empresas de comunicação empregadoras.
5. Será apenas a lógica da concorrência por “audiência”: chegar na frente de uma notícia que estará disponível em breve e de forma geral. As fontes estão fora das empresas de comunicação e seus jornalistas. E, portanto, outras empresas ou empresários com que tenham relações próximas não têm o que pedir e a quem pedir.
(Publicado na edição impressa da Veja)
De um ponto de vista puramente prático, como mostra a experiência, a maioria das pessoas que participam da vida pública acha preferível ser julgada pela história do que por uma vara da Justiça penal. Todos estão sempre prontos a garantir que sua grande preocupação é deixar uma biografia limpa para quando não estiverem mais em circulação física neste Vale de Lágrimas — algo que exige trabalho duro, sacrifícios e outros aborrecimentos durante o aqui e o agora. Mas em geral, quando têm de tratar com realidades, preferem deixar para depois, no conforto de um futuro em que não há promotores, juízes nem penas de prisão, o acerto de contas com os atos praticados hoje. É chato, claro, legar para o registro histórico uma reputação manchada por suspeitas ou por fatos. Mas muito pior é acabar residindo uma boa temporada no presídio da Papuda, por exemplo, ou em algum outro endereço do nosso “sistema prisional”, como dizem os técnicos em administração carcerária. Tirando isso, o resto se arranja. O futuro fica para o futuro.
Nunca antes, na história deste país, tal filosofia de vida prosperou tanto. O resultado é a criação de um ambiente em que o grau de sucesso dos políticos é medido pela distância que os separa do xadrez. Estar “blindado” — ou seja, não se sentir ameaçado por provas efetivas de má conduta — tornou-se a prioridade das prioridades, e um sinal superior de competência. Vitória, na política brasileira de hoje, é isso. É um problema, pois aí se abre um amplo portal de entrada para o tráfego de posturas que normalmente matariam de vergonha qualquer cidadão interessado em manter o seu bom nome — e que hoje são tratadas como a coisa mais normal do mundo. A pergunta, na vida pública do Brasil de 2015, deixou de ser: “Está certo fazer isso?”. Passou a ser outra: “Fazer isso vai me causar problemas com o Código Penal?”. Se não vai, ou se for difícil a Justiça provar que vai, tudo bem — vamos em frente.
É o caminho mais prático, como dito no início — ao mesmo tempo, é o motivo pelo qual as biografias a ser deixadas pelos que mandam hoje no governo parecem condenadas, cada vez mais, a ficar abaixo da linha da pobreza. Há pouco tempo, numa reportagem publicada na Folha de S.Paulo, a jornalista Estelita Carazzai produziu um desses trabalhos que não costumam ganhar prêmios, nem mexem com o movimento de rotação da Terra, mas que demonstram com impecável precisão a vida como ela realmente é nos lugares onde as coisas realmente se decidem. A reportagem reproduz mensagens trocadas na noite do segundo turno da eleição presidencial de 2014, e que são investigadas pela Operação Lava-Jato.
“Dilminha ganhou!!!!!”, escreve ali para um colega empreiteiro, com todos esses cinco pontos de exclamação, o executivo Léo Pinheiro, então presidente da OAS e no momento em prisão domiciliar. Ele anexa também a imagem de uma represa vazia, com um recado para a oposição: “Favor chorar aqui”. Numa mensagem enviada antes, ele diz: “Aécio despencando! Boa notícia”. As mensagens que recebe são do mesmo tom. “Desemprego em baixa. Muito bom… Vai dar 10% na urna de diferença, no mínimo”, escreve para ele o vice-presidente da OAS, Cesar Mata Pires Filho. Um outro companheiro lhe diz: “Mais que nunca, Super Ministro da Infraestrutura, Leozinho”. Léo responde: “Rsrsrsrs”.
Não há desculpa possível para uma coisa dessas — a fotografia em altíssima definição dos verdadeiros sentimentos que as empreiteiras têm em relação ao atual governo. A reação da máquina oficial é um perfeito sinal dos tempos. “E daí?”, foi sua pergunta básica. “Dilma não tem culpa se as construtoras de obras públicas gostam dela.” Ninguém é responsável, claro, pelo que os outros escrevem. Mas fica a questão que realmente importa: por que essa gente toda que está na cadeia ou usando tornozeleira, por ter participado comprovadamente dos mais agressivos atos de corrupção da história nacional, gosta tanto assim da presidente Dilma?
Gosta e paga: sua campanha de 2014 gastou 320 milhões de reais, na maior parte fornecidos pelos empreiteiros — e o fato de que também doaram para a oposição só torna as coisas piores, ao deixar provado que não pagam por acharem um lado melhor que o outro para os interesses do país, mas apenas porque querem comprar os dois. A reportagem citada acima joga luz sobre o lado mais escuro da política brasileira de hoje. Estará reproduzida, palavra por palavra, em qualquer biografia séria a ser escrita sobre Dilma Rousseff e seu governo.
Segundo informações do IBGE, o Estado brasileiro conta com 39 Ministérios (por que ainda não arredondaram para 40?) que consomem 400 bilhões de reais por ano. Só para comparar: Getúlio tinha 11 Ministros, os governos militares tinham 16 e Luiz Inácio pulou para 35. Comparando com outros países, os Estados Unidos têm 15 e a Alemanha 14... Temos também 900.000 funcionários públicos federais, dos quais 113.000 apadrinhados, a maioria rotulada de assessores (não concursados); eles consomem 214 bilhões de reais por ano em vencimentos. Muitos nem podem ir à repartição em que estão lotados, por falta de espaço; ficam em casa mesmo. Temos ainda carros oficiais de luxo com motorista que gastam 1,5 milhão de reais por ano; apartamentos de luxo, mobiliados, em Brasília; escritórios políticos nos Estados; centenas de funcionários para cortar cabelo, engraxar sapatos, servir água e cafezinho, abrir e fechar portas... etc. etc. etc. Podem estar certos: se esse quadro contém erros é para menos – a realidade é muito pior.
Que faz esse monstruoso Leviatã? Deveria dar-nos: a segurança de que necessitamos e não nos dá; dar-nos as ferrovias, hidrovias, rodovias de que também carecemos e não nos dá; os portos que nos fazem falta; aeroportos eficientes; o tratamento à saúde pública que o povo reclama com razão; a superação da falência de nossas escolas mendicantes. Em compensação, suportamos a falta d’água, de energia elétrica, de medicamentos, de hospitais, de creches e escolas. Enfrentamos a produção industrial em queda, o comércio paralisado... A economia em recessão, o PIB que cai, a dívida pública que aumenta e a balança comercial que despenca... Como consequência, o Brasil entra na faixa dos maus pagadores no mundo financeiro internacional.
Sob esse tétrico pano de fundo, no qual a inflação e o desemprego gracejam sorridentes, fala-se em projetos para superar a mais terrível crise político-econômica que enfrentamos, como nunca antes nesse País. Remédio simples e corretíssimo seria reduzir o tamanho desse Governo monstruoso e ineficiente: menos Ministérios, menos casas legislativas (por que duas?), menos Deputados e Senadores, menos assessores, menos funcionários e mordomia zero: menos apartamentos, carros, viagens, cartões de crédito... menos, muito menos! Mas não. O que fazem é paralisar os investimentos, diminuir os já paupérrimos benefícios dos aposentados, aumentar o número e os vencimentos dos funcionários, a carga tributária, os juros e o preço dos produtos administrados pelo governo. Ou seja, os mesmos políticos, que anunciam dramaticamente estarem dispostos a cortar a própria carne, só cuidam de salvar o deles e sangrar o povo; o resultado é exatamente mais inflação e mais desemprego. Nesse ambiente eles descobrem, em um círculo vicioso, a necessidade de mais crescimento do Governo; e o Leviatã satisfeito aplaude!
Que será que nos falta para a redução desse governo gigantesco? Líderes inteligentes e honestos? Seriedade e racionalidade? Parece que sim.