• Paulo Vasconcelos Jacobina
  • 22 Maio 2015

(Publicado oroginalmente em Zenit.Org

Há um momento oportuno, com a renovação na direção da CNBB, para que finalmente soltemos um grito que está preso há muitos anos nas gargantas dos católicos do Brasil: precisamos da CNBB cada vez mais para os católicos. Precisamos acabar com este vago desconforto que os católicos mais simples, os que acreditam no Credo e tentam viver como manda a Igreja, sentem quando entram em muitas paróquias, sedes diocesanas e outros órgãos eclesiais católicos, de que estão entrando em centros de política partidária de esquerda, altamente laicizados.
Pode parecer pretensioso que um leigo se ponha a externar propostas de caminhos ou reformas na vida religiosa da Igreja; mas uma vez que nossos Bispos estão promovendo movimentos de rompimento constitucional na vida política, coletando assinaturas para reformas políticas visivelmente de esquerda e inclusive propondo a instalação de assembleia constituinte para modificar a Constituição Federal no meio da crise econômica e política mais séria que o Brasil já teve desde a redemocratização, e motivada pelas más opções ideológicas que estão presidindo a vida pública no Brasil - tomadas exatamente pelos grupos que serão beneficiados pela reforma política que a Igreja brasileira agora promove - essa fronteira fica, digamos, borrada: se os clérigos empenham seu precioso tempo em complicar os assuntos políticos, resta a nós, leigos, arcar com a situação um tanto desorganizada que se apresenta na nossa vida religiosa negligenciada. É preciso rezar. Alguém tem que fazê-lo.
Compreendemos que, no período da ditadura militar e da empolgação com uma leitura “descontinualista”, ou "de ruptura", do Vaticano II, e com a empolgação com uma “teologia da libertação” que nasceu na Alemanha e na URSS e foi trazida para a América Latina por alguns teólogos que estudaram ali no final da década de sessenta e na década de setenta, como se fosse uma “teologia latino-americana”, mas que na verdade é uma ideologia estrangeira que apenas tirou Jesus do centro da fé, retirando da Bíblia e da Tradição sua autoridade de Revelação, para substituí-los pelo socialismo, pelo “Pobre” e “Oprimido”, e por Marx e Gramsci, tenhamos perdido uma parte da Igreja brasileira para os esquerdistas, marxistas e socialistas. Isto decorreu, em grande parte, da circunstância política de então e, muitas vezes, da omissão dos bons católicos. Não se pode negar que alguma coisa boa ficou. Mas muita coisa péssima, também. Mas ainda há tempo de mudar.
É necessário iniciar uma grande corrente de oração, em frente às cúrias diocesanas, sedes de institutos religiosos e da CNBB ou mesmo paróquias pelo Brasil inteiro: a Igreja Católica de volta para os católicos! Seria talvez o caso de reunir semanalmente um grupo de leigos para rezar o terço nesta intenção, nas portas desses lugares, ou seja, cumprir o pedido do Papa Francisco de que todos rezemos pela fé dos nossos padres e bispos. É preciso que os bons padres e principalmente os bons bispos vejam que nós, povo católico, queremos que eles se posicionem mais corajosamente frente àqueles que já não têm fé, mas apenas querem usar a Igreja para fazer política ideológica. Eles podem parecer fortes, podem parecer maioria, mas não são. Estamos do lado de vocês: desafiem-nos com a verdade cristã! Deixemos de lado o engajamento político eclesial socialista, proponham-nos a verdadeira fé cristã, e sua verdadeira doutrina social. Quanto mais resgatarmos a verdadeira fé, mais gente haverá com vocês, do lado de Deus e da fé católica. E mais nossos pobres serão amados e nossos ricos, evangelizados. Ousemos retomar nossa identidade!
Pleitear a devolução da Igreja para os católicos não significa, de jeito nenhum, descuidar do grande diálogo com o mundo e com a cultura contemporânea, nem de abandonar o fervor missionário e evangelizador, nem de diminuir eventuais esforços de diálogo ecumênico e inter-religioso. o problema é que, muitas vezes a pretexto de diálogos assim, nós católicos perdemos a noção de quem somos. Vemos alguns de nossos pastores, ou seus delegados, a título de "diálogo com o mundo contemporâneo", tornarem-se algumas vezes tão mundanos quanto o mundo. A título de "diálogo com a cultura atual", renegarem o legado da Tradição católica. Ou a título de diálogo ecumênico, tornarem-se mais protestantes que os protestantes. para que o diálogo entre os católicos e estas realidades aconteça realmente, é preciso que do lado dos católicos haja verdadeiros católicos. Dialogar não significa renunciar nossa identidade, nem encher a Igreja de gente sem fé. Se não, não se trata de diálogo, mas de renúncia e destruição da própria Igreja.
Assim, como proposta de intenções a serem incorporadas nessa grande reza do terço em prol da fé católica em nosso país, sugerimos as seguintes:
- Que os sacerdotes estejam disponíveis aos fiéis leigos para as celebrações sacramentais, e que aconselhem o povo de Deus a frequentar a missa e educar seus filhos na fé católica.
- Que os sacerdotes voltem a estar disponíveis para confessar o povo, e ensinem aos leigos que a confissão sacramental, aliás a participação efetiva na vida sacramental como um todo, nunca foi revogada pelo Concílio Vaticano II.
- Os sacerdotes voltem a usar trajes eclesiásticos, conforme o direito canônico.
- Os religiosos voltem a rezar, e a usar os hábitos estabelecidos pelas respectivas regras de vida. Em especial os de vida ativa.
- As escolas e universidades católicas voltem a ser confessionais, e não apenas vagamente “espiritualizadas”.
- Os professores e formadores de seminário ensinem aos seminaristas a reta fé cristã, exposta em documentos como a “Dominus Jesus” e a “Libertatis Nuntius”, e sejam, caridosamente, impedidos de usar autores que solapam e destroem a fé católica, já notificados ou não pela Congregação da Doutrina da Fé. Que todo marxismo, toda teologia liberal protestante e todo enfraquecimento das normas de castidade e de disciplina sacerdotal seja banido dos seminários.
- Que a liturgia da Igreja tenha sua referência no Missal romano atualmente em vigor no mundo inteiro, revisando-se as traduções aberrantes como por exemplo falar “Ele está no meio de nós” quando toda a Igreja do mundo inteiro, durante os últimos dois mil anos, falou “et cum spiritu tuum”.
- Que invencionices locais bizarras, como o uso de música popular, as “respostas às orações eucarísticas” e a substituição de textos canônicos por poemas e outros textos não-bíblicos sejam proibidos. Que se eliminem as “homilias” paralelas feitas por “apresentadores” e “comentaristas” da missa que mais parecem os verdadeiros presidentes das celebrações, e que introduzem ritos descabidos e invencionices que descaracterizam o verdadeiro rito litúrgico, a ponto de o fiel desavisado duvidar se está mesmo na missa.
- Que se esvaziem os presbitérios das multidões de leigos uniformizados, devolvendo o centro da vida litúrgica para os sacerdotes e o centro da vida social e política para os leigos. Pela reversão da tendência de "clericização dos leigos", juntamente com a tendência de "laicização do clero".
- Que os catequistas ensinem aos catequizandos a verdadeira doutrina católica, e não uma “sociologia das religiões” ou uma espiritualidade meio difusa estilo new age. Que os sacerdotes se comprometam com a catequese, e acompanhem efetivamente os catequistas leigos no seu dia-a-dia.
- Não se trata de fazer a missa voltar a ser celebrada em latim. Mas que a língua utilizada nas celebrações litúrgicas seja ao menos uma língua utilizada pelos seres humanos, deixando as línguas angélicas para as celebrações ocorridas nas esferas dos anjos.
- Que as homilias passem a ser de novo para a edificação das almas na fé e na moral, e não para a “luta social” ou para a promoção de um “ecumenismo” vago ou uma “religiosidade” abstrata.
- Que as editoras católicas publiquem a verdadeira doutrina católica, e sejam fortemente recomendadas a retirar de catálogo autores já notificados pela Congregação da Doutrina da Fé da Santa Sé ou das respectivas Conferências Episcopais dos países de origem.
- Que os Bispos voltem a ser nossos guias seguros de fé e moral em todas as dioceses.
- Que os marxistas, os ateus e os não-católicos em geral que atualmente compõem as “comissões de Justiça e Paz” no Brasil inteiro sejam convidados a se converter e sejam efetivamente evangelizados, inclusive encaminhados para viver efetivamente uma vida sacramental.
- Que as campanhas da fraternidade e as “vias-sacras”, bem como os documentos da CNBB, deixem de lado as categorias sociológicas da “opressão” e da “luta de classes”, e a ideia de que os “pobres”, e não Jesus Cristo, são o centro da fé, para refletir a verdadeira Doutrina Social da igreja existente no respectivo Compêndio.
- Que nossos bispos e padres deixem de ser “intelectuais orgânicos”, líderes políticos ou militantes sociais e voltem a ser bispos e padres católicos.
Esta relação é exemplificativa, mas mostra como poderíamos usar, construtivamente, a energia que hoje usamos para combater o projeto de reforma política desastrosa que está sendo gerada no seio da Igreja brasileira para fazer aquilo que, acredito, é o anseio de muitos: ter, no Brasil, uma Igreja Católica cada vez mais santa, para construir um povo brasileiro mais santo, mais feliz, mais livre e mais próspero de verdade. Sem Marx. Sem Gramsci. Com Jesus.

* Procurador Regional da República e Mestre em Direito Econômico
 

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  • Paulo Briguet
  • 21 Maio 2015

 

A editora Boitempo escolheu Frei Betto para escrever a orelha e um professor marxista para escrever o prefácio da edição brasileira de O homem que amava os cachorros, romance do escritor cubano Leonardo Padura. É mais ou menos como se Richard Dawkins prefaciasseConfissões de Santo Agostinho. Pois o prefácio e a orelha são os únicos trechos dispensáveis nas quase 600 páginas deste livro magistral. Padura concebeu uma obra-prima literária sobre o medo e o desamor.

O livro conta a história de três homens: Liev Trotski, líder comunista soviético, expulso da Rússia por seu arquirrival Stalin; Ramón Mercader, militante stalinista e assassino de Trotski; e Iván Cárdenas Maturell, obscuro escritor cubano mergulhado na miséria e na desolação da ilha socialista.

Ancorado na pesquisa histórica, Leonardo Padura narra a história de Trotski a sofrer no exílio (Turquia, Noruega, França e México), enquanto seus antigos companheiros de revolução eram perseguidos e assassinados a mando de Stalin. Com notável poder descritivo, o autor reconstitui as faces de Mercader, agente comunista espanhol escalado e treinado para se infiltrar nos círculos trotskistas e matar o exilado a qualquer custo. Um de seus codinomes era Soldado 13. Entrementes, sem utilizar qualquer clichê sobre o tema, Padura conta os tormentos de Iván, que luta para sobreviver em um país mais parecido com um cárcere a céu aberto.

Tão diferentes, os três personagens possuem em comum o amor pelos cachorros. Mas há outra característica: são indivíduos esmagados pela força da ideologia e do coletivismo. A revolução só causa desgraças na vida de Trotski, Mercader e Iván. Para alguém que, como eu, já levou a sério o trotskismo e teve simpatias pelo regime cubano, a leitura de O homem que amava os cachorros é ainda mais impactante, por fazer a descrição do inferno de dentro para fora.
Poucos sabem, mas Ramón Mercader terminou seus dias como hóspede do regime cubano, em outubro de 1978. Após sair da prisão no México, migrou para a União Soviética (onde foi condecorado) e depois acabou preferindo mudar-se para a ilha tropical. Virou amigo e conselheiro de Fidel Castro.

“De que outra coisa podem falar os náufragos, a não ser do mar?”, diz, numa passagem do livro, o homem que treinou o Soldado 13. Espero sinceramente que os amigos esquerdistas leiam O homem que amava os cachorros. Para o ideal socialista, é um livro tão devastador quantoArquipélago Gulag, O Zero e o Infinito ou A Revolução dos Bichos. Náufragos, falem do mar.

http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra

* Jornalista
 

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  • Guilherme Moretzsohn
  • 21 Maio 2015

 

Certamente uma das mais pesadas e polêmicas frases dita aos 4 ventos pelos libertários mundo afora é “IMPOSTO É ROUBO.” Se considerarmos a forma como ele nos é retirado forçadamente e sem chance de defesa, e se atentarmos às consequências de não acatar a “ordem” dada, o imposto é sim um roubo. O monopólio da violência dá ao estado essa possibilidade, para não dizer premissa, para retirar do cidadão parte de algo que não lhe pertence. Mude o sujeito da frase é terá caracterizado um ladrão.

Advogados me corrijam se estiver errado, mas temos os tipos de roubo: furtos ou assaltos. Os impostos indiretos, ou seja, aqueles que o consumidor paga sem sabe que esta pagando se assemelham ao furto; enquanto os impostos mais diretos e escandalosos, tal qual era a CPMF é são hoje ainda IPVA, IPTU, ITBI etc, são assalto mesmo, à mão armada e sem chances de defesa!

Sempre se escuta uma tia bem intencionada dizer que “aceitaria pagar impostos se recebêssemos de volta as contrapartidas. É assim na Suécia.” . Também me perdoem os amigos psiquiatras, mas ela certamente sofre da “Síndrome de Estocolmo”, com o perdão do trocadilho. É a paixão doentia por aquilo que pode lhe fazer o mau. Certamente o modelo escandinavo é menos pior do que o nosso “tropicaliente”, mas não torna o ato de tributar menos imoral. Tributados não são os produtos/serviços; quem é tributado é o próprio cidadão! É sobre nós que a carga pesa.
Se o imposto é ou não roubo, não há consenso. Mas claramente há coisas que o imposto não é (ou não deveria ser), e muitas delas o governo insiste em ignorar.

Só para começar:

  • Imposto não é ferramenta de justiça social: não deve ser usado para “distribuir” a riqueza. Tributar a renda de forma predatória inibe a construção de poupança interna.
  • Imposto não é ferramenta sócio-educativa: sobretaxar a bebida, o cigarro, os alimentos chamados “não nutritivos” não faz com que as pessoas bebam, fumem ou comam menos porcaria.
  • Imposto nao é uma proteção para o trabalhador nacional: esse mesmo trabalhador é um consumidor e vai pagar mais caro pelas coisas de que precisa pra viver. Tanto as feitas no país quanto as que vem de fora.
  • Comicamente esses usos são mais comuns do que se pensa. O governo não decide o que quer.
  • Taxa o cigarro, o adesivo de nicotina e o remédio da quimioterapia;
  • O hambúrguer, o moderador de apetite e o tênis de corrida;
  • A bebida alcoólica, a consulta com o endocrinologista e o suco natural.
  • O papel, a tinta, o livro e a renda que ganha o autor.
  • Depois dá bolsa cultura pra poder comprar a obra de Paulo Coelho ou o CD do Chico Buarque.

Existe uma imoralidade indissociável da cobrança de tributos: ao encarecer o preço final das coisas, os impostos dificultam o acesso das pessoas aos avanços civilizatórios, desde os mais simples aos mais complexos. Somos tributados a todo momento: água tratada, luz, remédios, combustível, comida, roupas, educação, tratamentos de saúde, habitação, veículos, passagens aéreas e terrestres, ferramentas, maquinário e uma infinidade de itens que não teria linhas suficientes para citar.

Pragmaticamente falando, impostos deveriam ser a fonte arrecadatória para pagar aquelas atividades definidas pela sociedade como sendofunções do Estado. As sociedades precisam então impor aos seus respectivos estados o limite; além de fiscalizar os gastos e questionar com veemência cada aumento alardeado como sendo para “o bem comum”. O “bem comum” é um álibi historicamente terrível e sob o seu pretexto foram cometidas enormes atrocidades. E nada nos fará melhor que um Brasil com menos impostos.”

* Arquiteto, urbanista e diretor de Comunicação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.

institutoliberal.org.br
 

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  • Roberto Macedo
  • 21 Maio 2015


O chamado resultado primário das contas públicas, nas quais governo federal tem de longe o maior peso, mede a diferença entre receitas e despesas, mas excluídas destas últimas um de seus componentes mais importantes, os juros da dívida pública. Esse resultado primário é usualmente positivo ou superavitário. Caso contrário, toda a conta dos juros se acrescentaria à dívida pública.

Assim, é costumeiramente divulgado como superávit primário, com o que ilude muita gente, a começar da imprensa que o divulga. A razão é que o cidadão comum desconhece o conceito, em particular o que significa nesse caso o adjetivo primário. Com isso, o que fica para muitos é a impressão enganosa de que as contas públicas são superavitárias. Trata-se de uma tremenda enganação, pois o resultado final dessas contas, aquele que leva em conta os juros da dívida pública, é tradicionalmente negativo ou deficitário. É o chamado déficit nominal, fiscal ou final, que também é o critério de avaliação das contas públicas que predomina internacionalmente.

Essa enganação é agravada porque o termo superávit primário nem sempre cabe nas manchetes de jornais. Outras vezes, como no rádio e na televisão, quem o anuncia se esquece de falar o adjetivo primário. E surgem notícias deste tipo: “superávit do governo no mês tal foi de tantos por cento do PIB”. Ou “governo faz novo superávit”. O adjetivo é ignorado e a enganação se torna explícita.

A atenção dos analistas e do cidadão comum deveria ser mais focada no déficit final e no respectivo aumento da dívida pública. Mas, o superávit primário é pregado e adorado pelo mercado financeiro, que com sua profusão de notícias e análises influencia muito o noticiário. Ele sabe que a dívida pública nunca será paga, só rolada e ampliada, e assim o que lhe interessa mesmo é se os juros serão pagos. É a primeira coisa que o governo faz, pois quebraria se não o fizesse. Assim, por conta dos juros sempre sobra um déficit que vira dívida adicional, e assim segue o barco do endividamento público, sempre mais carregado.

O mercado financeiro também quer saber se a dívida não crescerá além do razoável, e o superávit primário lhe serve como parâmetro dessa avaliação. Quanto maior for, maior será a capacidade de o governo pagar parte dos juros em dinheiro e não só com mais papéis de sua dívida.

No Brasil o superávit primário surgiu no primeiro mandato de FHC, quando o Plano Real trouxe o fim da inflação elevada, a qual aliviava o valor real das despesas públicas. O fim desse alívio evidenciou o gravíssimo problema fiscal, sintetizado pelo déficit final e pelo maior endividamento a que leva. E a necessidade de maior superávit primário serviu – nessa e noutras vezes, como também serve no momento –, para “justificar” aumentos da carga tributária para reforçá-lo.
Um superávit primário ampliado por mais impostos leva a outra enganação. Tal superávit costuma ser divulgado pela mídia como a economia, esforço ou poupança que o governo faz para pagar os juros de sua dívida. Ora, é sabido que governos se primam pela gastança e não pela poupança. Quem economiza, poupa e se esforça mesmo é o contribuinte ao “tossir” os impostos ampliados. Aliás, também é um absurdo chamar o cidadão de contribuinte, pois dá uma ideia de voluntariedade do pagamento.

Quanto a isso os anglo-saxônicos são mais explícitos e se consideram “tax payers” ou pagadores de impostos. Mas, como se percebe, economizam no tamanho das palavras, e precisamos de um termo mais conciso e contundente para substituir contribuinte. Que tal “impostado” ou “impostaxado”?

Concluo com os números mais recentes sobre o assunto, olhando apenas o governo federal, exclusive empresas estatais, mas incluindo o Banco Central e o INSS. 2014 terminou com um déficit(!) primário de 0,37% do PIB, ou seja, houve um déficit mesmo sem contar os juros nas despesas. Essa porcentagem pequena foi um dinheirão, R$ 20,5 bilhões, pois o PIB é grande. No primeiro trimestre de 2015, veio um superávit primário de 0,35% do PIB no período, sinalizando o ajuste fiscal em andamento.

Mas, o déficit nominal ou final passou de 4,92% do PIB de 2014 para 8,56%(!) do PIB do primeiro trimestre de 2015. Essa elevação veio principalmente da conta de juros, em face dos sucessivos aumentos da taxa básica, ou Selic, e de prejuízos que o governo teve com operações cambiais, também contados como juros. Como resultado, a dívida mobiliária federal interna, fora do Banco Central, avaliada pela chamada “posição de carteira”, subiu mais R$132,9 bilhões(!) no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a cerca de cinco programas Bolsa Família.

Isto é parte da outra história que precisa ser contada aos “impostados” ou “impostaxados”, também iludidos pelo superávit primário. Vão pagar mais impostos, assumir uma dívida pública maior e talvez nem percebam que há muito mais por ajustar nas contas públicas do país.

* Economista e consultor do Espaço Democrático
 espacodemocratico.org.br
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 20 Maio 2015

(Publicado originalmente em www.pontocritico.com)


LEITORES COMO TESTEMUNHAS
Os leitores/assinantes do Ponto Critico são testemunhas do quanto tenho me esforçado (desde o ano 2002), através dos meus editoriais, para mostrar e explicar que os programas sociais e econômicos, defendidos e adotados pelo PT, partido que insiste com modelos falidos, infalivelmente levariam o nosso país a experimentar uma grave crise.

DEMONSTRAÇÃO CLARA
Mais: em praticamente todas as vezes que teci comentários e/ou observações sobre os programas defendidos e implementados pelos presidentes Lula e Dilma, mostrei, com clareza, o quanto as propostas petistas continham um forte -viés ideológico-. Infelizmente, a sociedade brasileira só veio a entender muito recentemente o quanto percebeu que foi brutalmente enganada.

PRAZER SOCIAL E ECONÔMICO

Passado o efeito das drogas pesadas, que levou muita gente daqui e do exterior a viver uma -falsa- felicidade, um grande número de pessoas, ao acordar do sono profundo, promovido pelas injeções do -prazer social e econômico- se deu conta de que as embalagens das -medidas neocomunistas- tinham como base de sustentação o tripé composto pela MENTIRA, INCOMPETÊNCIA E CORRUPÇÃO (não necessariamente nessa ordem).

INFERNO REAL E VIRTUAL
A partir daí o resultado que o país começou a assistir foi o seguinte:
1- a CORRUPÇÃO falou mais alto, a ponto de deixar grande parte dos já cooptados bastante nervosos e revoltados;
2- a MENTIRA ficou escancarada por resultados altamente manipulados; e,
3- a INCOMPETÊNCIA foi sendo melhor compreendida pelos efeitos nefastos das medidas;

LAVAGEM CEREBRAL
Ainda que muitos brasileiros continuem fortemente apaixonados pelo -neocomunismo-, decorrente da poderosa lavagem cerebral que sofreram ao longo desses últimos doze ou quinze anos de pregação, o fato é que o PT, pelo menos, ficou de tal forma manchado, que já não consegue conquistar muitos corações e mentes.

INFERNO REAL E VIRTUAL
Até o grande e maior líder petista, o ex-presidente Lula-, junto com seu dileto -poste-, denominado Dilma Rousseff, perderam valor de mercado. Vivem, como deixam claro a cada aparição pública, um verdadeiro inferno. Ambos ardem num inferno real, nas ruas, e num virtual, através das potentes Redes Sociais.

EFEITOS EXTRAORDINÁRIOS
Quanto às propostas, que em nenhum momento deixei de expor, continuam exatamente as mesmas, ainda que o governo resista de todas as formas.
Repito: - O sucesso econômico e social do nosso país depende, exclusivamente, da LIBERDADE. Quanto menor for a intervenção do governo, em todas as áreas, e quanto maior trânsito livre for dado ao mercado, o resultado será magnífico. Solução, aliás, já testada em vários lugares do mundo, com efeitos extraordinários.

 

 

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  • Eguinaldo Hélio Souza
  • 19 Maio 2015

Seria bom se isso fosse apenas uma especulação. No entanto, isto é história. Passada e presente.

Como temos dito o Manifesto Comunista é apenas uma síntese do pensamento marxista. Nele é possível conhecer ao menos em resumo o que pensa o socialismo sobre vários assuntos. Por sua síntese o conhecereis. Logo, não podemos esperar daqueles que o consideram uma exposição de verdades qualquer simpatia com o cristianismo. Nele está escrito:

Mas o comunismo quer abolir estas verdades eternas, quer abolir a religião e a, moral, em lugar de lhes dar uma nova forma e isso contradiz todo o desenvolvimento histórico anterior.[1]

Se uma ideologia diz que quer abolir verdades eternas, religião e moral ela está declarando abertamente uma guerra ao cristianismo, porque ele proclama verdades eternas, é uma religião e apresenta um código moral. Nada mais lógico.

E quando essa ideologia se apossa do Estado e de seus recursos bélicos, com certeza levará esse conflito da esfera do pensamento para esfera da realidade física e social. Em outras palavras, se as ideias do Manifesto se concretizam, o ataque aos cristãos é inevitável.

Seria bom se isso fosse apenas uma especulação. No entanto, isto é história. Passada e presente.

A rejeição de qualquer tipo de religião pelo marxismo é uma necessidade de sua própria natureza. Como definiu James W. Sire em O Universo ao lado, o marxismo é o naturalismo na prática, uma visão do mundo sem espaço para Deus ou para qualquer coisa que não seja matéria. Se o cristianismo está certo, então o marxismo está errado e isso, segundo os seguidores de Marx, seria inconcebível.

“Posso entender”, escreveu um pastor que passou anos sendo torturado por sua fé, “Posso entender que os comunistas prendam padres e pastores como contra-revolucionários. Mas por que os padres foram forçados a dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão romena de Piteshti? Por que cristãos foram torturados para tomarem a comunhão com esses mesmos elementos? Por que a obscena zombaria da religião?” (Era Karl Marx um satanista?, p. 47). Respondo. Porque ele é anticristão em sua essência.

Marx era ateu muito antes de ser comunista.[2] “Numa só palavra: odeio todos os deuses”, escreveu ele em sua tese de doutorado.[3] E fez do ateísmo o fundamento para o seu socialismo. Por isso comunismo tornou-se sinônimo de perseguição religiosa e a morte aos cristãos ainda é uma realidade nos países que conservam a ideologia comunista[4]. Todo esse ódio concreto dos governos ao cristianismo tem como fonte o ódio concreto do próprio Marx. “Para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais que existe”[5]

Lênin, que pôs em prática o pensamento marxista dizia que “toda ideia religiosa é uma abominação”. E acrescentava:

A guerra contra quaisquer cristão é para nós lei inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de desmascarar o embuste. A moral comunista é sinônimo da luta pelo robustecimento da ditadura proletária.[6]

Se a educação foi se tornando cada vez mais antirreligiosa e cada vez mais anticristã, devemos isso, em boa parte, ao marxismo. É quase impossível hoje fazer um curso em uma universidade sem ser inoculado com uma forte dose não de mero ateísmo, mas de um anti teísmo doentio que responsabiliza o cristianismo por todos os males da humanidade.

Os detentores das cátedras de história, geografia, direito, sociologia, psicologia, filosofia, política e mesmo matérias aparentemente inócuas, fazem ataques constantes aos cristãos. Não admira o grande número de ateus na faixa etária pós faculdade.

Quer um exemplo de educação marxista antirreligiosa?

A escola soviética, constituindo instrumento para dar educação comunista às gerações, não pode, por princípio, ter outra atitude em face da religião que a de luta intransigente. A base doutrinal da educação comunista é, com efeito, o marxismo, e ele é inimigo irredutível da religião. O marxismo é materialismo, disse-o Lenin; como tal, impiedoso inimigo da religião, à exemplo dos enciclopedistas do século XVIII ou do materialismo de Feuerbach.[7]

O anticristianismo marxista não é acidental. Ele é essencial. Não é um desenvolvimento pós Marx. É o próprio Marx despejando seu ódio anticristão sobre os que acreditam em Deus. “Desejo vingar-me Daquele que governa lá em cima”, escreveu ele em um de seus poemas da juventude. Como muitos ateus, ele dizia não crer em Deus, mas o odiava por via das dúvidas. E esse ódio foi e continua sendo a causa do sangue cristãos, derramado através do mundo e da história.

Para abolir as verdades eternas, a religião e a moral, conforme diz o Manifesto Comunista, o comunismo persegue, prende, tortura e mata desde o primeiro momento em que chegou ao poder. Assim foi, é e será. Não podemos como cristãos esperar nada melhor da parte dele.

[1] MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 35
[2] ZILLES, Urbano. Filosofia da religião. São Paulo: Paulus, 1991, p. 123.
[3] WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letrs, 2006, p. 147.
[4] MARSHALL, Paul, GILBERT, Lela e SHEA, Nina. Perseguidos – o ataque global aos cristãos. São Paulo: Mundo Cristão, 2013, pp. 35-74
[5] MCLELLAN. David. Karl Marx – Vida e pensamento. Petrópolis: Vozes, 1990, p. 54
[6] V. Souvenirs, de Clara Zetkine sobre Lenine, 1929.
[7] E. I. Petrovsky. L.Éducation athée à l’école – Sovietskaia pedagógica, 1955, nº 5


Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial. Colaborador da Bíblia Apologética de Estudos. Articulista das revistas Povos e Apologética Cristã. Criador do curso de Apologética Aplicada pela FAETESF e locutor da rádio Saber & Fé. Autor dos livros Lições de Amor e Novas Lições de Amor (casais), Israel Povo Escolhido, Visitação de Deus e Quem é o Perdido?
 

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