• Jorge Hernández Fonseca
  • 31 Maio 2015


Agora que o fracasso do socialismo em Cuba já é evidente, o país está caminhando para a criação de outra monstruosidade castrista: o capitalismo do Estado na economia -- com militantes sem emprendedores - e socialismo estalinista em toda a sociedade, sem liberdade de nenhum tipo. Neste ambiente, há algumas vozes que proclamam o estabelecimento de um experimento socialista com o argumento de que "Fidel não era socialista, nem sabia o que estava fazendo", enquanto o país navegando sem rumo em meio a um punhado de oportunistas ansiosos por dinheiro fácil.

 O capitalismo é sobre tudo, um sistema econômico de produzir bens e ele . O capitalismo não é um sistema social no sentido estrito e, embora sua implementação envolva conseqüências na sociedade, não é em si mesmo um sistema social. Pode-se dizer que o capitalismo não foi "inventado". Ele é o sistema econômico mais eficiente que a sociedade humana desenvolveu ao longo de um processo lento e contínuo na história da humanidade.

 O socialismo é, de sua parte e sobretudo, uma elocubração teórica sobre “o que deveria ser”. É um sistema econômico-social "inventado" a partir de posições teóricas baseadas em não-produtivos pressupostos filosóficos. Assim, ele não é um sistema "natural", mas é o produto de esquemas mentais que enfatizam a "distribuição" em vez da "geração" de riqueza.

 As diferenças descritas acima nos levam pela mão, para responder por que o socialismo fracassou em quase todas as áreas onde foi aplicado como um sistema sócio-econômico, em função do que não há uma única palabra escrita pelos "clássicos" do socialismo sobre como gerar ou produzir bens ou serviços. Essas sociedades supostamente socialistas falharam em seus sistemas de produção e têm sido forçadas a adotar o esquema setores econômicos capitalistas para gerar bens e serviços.

 Por todas estas razões, no caso de Cuba, as mudanças fundamentais que Raul Castro programa se situam no ámbito econômico, tentando efetivar tímidas mudanças na direção do capitalismo, mas sem o apoio do empreendedorismo de todos os cubanos, limitando, assim, os efeitos na ilha. Ao deixar os negócios nas mãos da "nomenclatura", Raul Castro comete um erro típico de socialismo: imaginar que qualquer um (sem capacidade empresarial) pode ser bem sucedido no papel de produção de bens e serviços.

 No sistema capitalista, os empreendedores, os donos dos negocios, não são eleitos nem designados: eles surgem por seleção natural, dentro de toda a sociedade civil. São pessoas com habilidades especiais no mundo dos negócios que nada têm a ver com o compromisso político e muito menos com que seus pais teham sido guerrilheiros da Sierra Maestra, ou com o fato de serem militantes de um determinado partido político.

 As mudanças de Raúl Castro na direção do capitalismo estão comprometidas por um erro grave: não existem capitalistas cubanos, ou seja, a sociedade cubana não pode contribuir com seu talento e capacidade. A ela é reservado o papel secundário de empregados do Estado. Assim, o que as pretensões socializantes de marxistas opositores e governistas têm por objetivo é organizar outra experiencia socialista, tratando a sociedade cubana como um “conselhinho das Índias”. Liberdade geral, democracia pluralista e economía de mercado são as únicas alternativas de solução.

Artigos deste autor pode ser encontrado em http://www.cubalibredigital.com
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 28 Maio 2015


CONAR?
Às vezes fico me perguntando para que serve o tal de CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Cultivo essa curiosidade porque o CONAR, sociedade civil (não é governamental, portanto), que foi fundado em 1950, tendo como foco principal a ética na publicidade, está falhando muito nesse importante propósito.

VOLUNTÁRIOS
Vale lembrar que o Conar, segundo apurei, é mantido pelas contribuições financeiras das entidades fundadoras e de empresas anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação. Ou seja, não aceita verbas do erário público nem goza de incentivos fiscais. Mais: os membros do Conselho Superior e do Conselho de Ética são voluntários e nenhum deles é servidor público ou exerce cargo eletivo.

FALHA IMPERDOÁVEL
Ora, como se declara totalmente dedicado à autodisciplina, e tem como propósito EVITAR a veiculação de anúncios e campanhas de conteúdo enganoso, ofensivo e abusivo, no meu entender o CONAR não está cumprindo com o seu dever ao não se pronunciar sobre as grossas mentiras propagadas, a todo instante, desde o início do mandato de Lula, persistindo com mais vigor ainda desde a posse deste péssimo governo Dilma-Neocomunista-Petista.

ENTIDADES
Só para esclarecer:
1-as entidades que fundaram o CONAR:
ABAP - Associação Brasileira de Agências de Publicidade,
ABA - Associação Brasileira de Anunciantes,
ANJ - Associação Nacional de Jornais,
ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão,
ANER - Associação Nacional de Editores de Revistas,
CENTRAL DE OUTDOOR; e,
2- as Entidades que aderiram :
ABTA – Associação Brasileira de TV por Assinatura,
FENEEC – Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas e da
IAB BRASIL – Interactive Advertising Bureau (internet)

ISTO É ÉTICO?
A minha indagação, sobre as razões, tanto da existência quanto da real função do CONAR, se tornou ainda mais preocupante depois de ler o livro - O ESTADO NARCISO-, de autoria de Eugênio Bucci, o qual, como bem diz J.R. Guzzo (que faz parte do Conselho Editorial da revista Veja), desmonta o conceito de -COMUNICAÇÃO PÚBLICA e revela que os governos gastam o nosso dinheiro com PROPAGANDA. Pergunto: - Isto é ÉTICO?

OMUNICAÇÃO PÚBLICA
Aliás, quem não quiser ler o livro basta ver a Veja desta semana. Lá está escrito, com toda clareza, que o brasileiro que não for cego ou surdo sabe muito bem que -COMUNICAÇÃO PÚBLICA- são todos esses anúncios que se lê nas páginas de revistas ou jornais, vê em comerciais na tv e ouve no rádio, dizendo que ele vive no país que tem os melhores governantes do mundo.

MÁQUINA DE ELOGIAR GOVERNOS
Como o cidadão não sabe disso, o governo usa a PUBLICIDADE para informá-lo. Só que todas as -mentiras- são pagas pelo próprio cidadão. Essa fantástica MÁQUINA DE ELOGIAR OS GOVERNOS, diz o autor, sustenta não só os 10 mil veículos de comunicação que divulgam a publicidade oficial, mas também as agências de propaganda, empresas de marketing político, produtores de comerciais, consultorias de relações públicas e assessorias de imprensa.
O que mais revolta é que os governos, depois de gastarem fortunas em propaganda, fazem exatamente o contrário de tudo que anunciam na mídia. Não querem informar, mas esconder as informações, conclui Bucci, com total razão. Que tal? Fala aí, CONAR...

Publicado originalmente em www.pontocritico.com
 

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  • Roberto Rachewsky
  • 27 Maio 2015

 

Piketty é um best seller, não porque as pessoas se interessam por economia, mas porque elas acreditam em algo metafisicamente impossível, que deveríamos ser todos iguais.

Ao criticar a desigualdade, o economista francês transformou seu livro em uma Bíblia para os ressentidos, uma espécie de manual para a superação do que seria o mal nesta era da pós modernidade, a de que somos todos absolutamente diferentes, o que para eles é sinônimo de injustiça.

Não é à toa que tiranos genocidas como Pol Pot se inspiraram nos pensadores e filósofos da França, onde o germe do igualitarismo, do coletivismo fraterno, vem sendo cultivado, ali, há séculos e especialmente no séc XX, como nunca antes havia sido.

Pol Pot foi o grande promotor da justiça segundo os ditames da escola de pensamento francesa, que quer que sejamos todos iguais, mesmo que para isso, tenhamos que ser aniquilados para que nossas diferenças sejam eliminadas.

Ninguém colocou em prática as teses comunistas com maior afinco, do que o líder do Khmer Vermelho, que baniu a propriedade privada, suprimiu a liberdade, expulsou as populações das cidades, matou os mais ricos, depois matou os mais sábios, depois matou os mais inteligentes, depois matou os mais espertos, depois matou os mais saudáveis, até que, finalmente foi tirado do poder.

Tivesse continuado, aniquilaria a população inteira, pois seu objetivo de fazer com que todos fossem iguais, ainda não havia sido alcançado e é certo que jamais seria, porque onde há um ser humano com vida, há um indivíduo, e onde há dois indivíduos, há dois seres humanos com propósitos e habilidades diferentes.
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http://robertorachewsky.blogspot.com.br/ 

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  • Eguinaldo Hélio de Souza
  • 26 Maio 2015

Antes que algum marxista-socialista-comunista reclame que esta exposição está incompleta, gostaria de lembrar que se trata de um artigo, não de um livro ou mesmo um ensaio. Logo, não poderá tratar de todos os pontos minuciosamente e sim da visão geral.

A grande mentira a que me refiro é a mentira histórica que coloca no ringue o capitalismo contra o socialismo, como se estivéssemos falando de coisas com a mesma natureza. Não são. Que você acharia de ver no tatame um lutador de judô sendo desafiado por um cabrito? A disputa entre um rinoceronte e uma abóbora? Seria muito estranho, pois a natureza diferente dos rivais não tornaria a disputa coerente.

Quando falamos de capitalismo, estamos falando de um sistema econômico. Iniciativa privada, acúmulo de capitais, propriedade privada dos meios de produção. O capitalismo tem haver somente em como os homens produzem. Se perguntássemos ao capitalismo algo sobre a natureza do homem, sua origem, seu destino, enfim, sobre as grandes questões filosóficas da humanidade ele diria para procurar uma religião ou sistema filosófico. O capitalismo nada sabe das “leis que regem a história” ou do estado futuro da humanidade. Ele é limitado em suas proposições.

Já as ideias de Marx vão muito além da economia. Claro que essas ideias assumiram diversas correntes e formas, mas desde o seu princípio o marxismo-socialismo-comunismo proclamou seu caráter messiânico. Viera para redimir a humanidade e livrá-la dos inimigos que impediam sua felicidade. Em seu seio se abriga o ateísmo, o evolucionismo, a dialética, o materialismo histórico. Não era uma resposta para a economia, era uma resposta aos enigmas do universo e do homem. Mais do que um sistema econômico, nasceu como uma cosmovisão. Proclamou seu inimigo a burguesia com todos os seus valores e entre eles o cristianismo.

Exagero? Veja o que Marx escreveu com respeito ao comunismo.

O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a reapropriação real da essência humana pelo e para o homem… É a solução genuína do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta entre existência e essência, entre objetivação e auto-afirmação, entre liberdade e necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história e sabe que há de ser esta solução” (Karl Marx, Vida e Pensamento, David MacLellan, Vozes, p. 133).

Seu socialismo “científico” sem dúvida era mais utópico do que os socialismos utópicos que ele combateu.

Foi e é um grande engano histórico e mesmo filosófico contrapor capitalismo e socialismo como se referindo à coisas com natureza semelhante. Capitalismo é economia, socialismo é ideologia, é messianismo, é religião. Como dizia Sun Tzu, não conhecer o inimigo em uma guerra é uma deficiência.

Entretanto a desproporção não termina por aí. Há outra disparidade nesse conflito.

O capitalismo é uma realidade histórica. O socialismo apenas uma realidade teórica. Sei muitos dirão que ele existiu em boa parte do mundo e que ainda subsiste em Cuba e Coréia do Norte. Se você, porém, conversar com seus defensores eles dirão que o que existiu até hoje foi um “capitalismo de Estado”. O socialismo real, puro, como tem que ser e como foi idealizado por Marx ainda não chegou, apenas está a caminho e eles estão lutando por isso.

Em outras palavras, o capitalismo deve ser destruído e substituído por e em nome de um sistema idealizado e não por um sistema concreto. O presente real deve morrer pelas armas de um futuro hipotético. Esse futuro, depois de quase dois séculos de mortes, prisões e torturas em seu nome, ainda não chegou. Apesar de dominar o pensamento acadêmico ele ainda não teve uma existência concreta que alguém pudesse dizer: “Olha aqui o socialismo funcionando”. Mesmo assim temos que acabar com qualquer coisa ligada ao capitalismo, temos de sacrificá-lo no altar de uma teoria que nunca conseguiu provar que funciona. Perigoso.

“O socialismo acabou”. É o que muitos vão dizer. Ele teria sido sepultado sob os escombros do Muro de Berlim. Então por que tantos “Partidos Socialistas”? Então porque os estudantes são bombardeados por marxismo e tantos professores interpretam a história e o mundo segundo a cosmovisão marxista? Por que as razões reais do fracasso socialista não são estudas a fundo e apresentadas à nova geração? Por que o Foro da São Paulo, o “socialismo ou morte” de Chaves (nosso vizinho) e o gramscismo nas escolas? Uma ideologia não morre tão fácil assim, muito menos uma ideologia tão destruidora como essa. Ela fica impregnada na humanidade e embora possa metamorfosear-se sempre que necessário, não se torna por isso mais fraca ou menos perigosa.

Para terminar, temos que pensar no que disse o próprio Marx:

Por causa desta divergência devemos levar as obras teóricas o mais possível a sério. Estamos firmemente convencidos de que não é o esforço prático, mas antes a explicação teórica das ideias comunistas que é o perigo real. Tentativas práticas perigosas, mesmo aquelas em larga escala, podem ser respondidas com canhão. Mas as ideias conseguidas por nossa inteligência, incorporadas ao nosso modo de ver, e forjadas em nossa consciência, são correntes que nós mesmos não podemos romper sem partir nossos corações; elas são demônios que não podemos vencer sem nos submetermos a eles. (David MacLellan, op. Cit.) [Negrito e grifo nossos]

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  • Bruno Braga
  • 25 Maio 2015

"Foro de São Paulo". A expressão, antes pronunciada com heroísmo por alguns poucos, está cada vez mais presente nos debates sobre a situação política do país. Nos últimos protestos contra a Presidente Dilma e contra o PT, que levaram milhares de pessoas às ruas, ela compôs gritos de denúncia, apareceu nas faixas e cartazes empunhados pelos manifestantes. Miopia aguda ou surdez dissimulada, não há outra forma de explicar a omissão da imprensa de não destacá-la.
O Foro de São Paulo foi criado por Lula e por Fidel Castro em 1990. O objetivo era - e é - reunir a esquerda latino-americana, de partidos políticos a quadrilhas de narco-guerrilheiros, para transformar o continente na "Pátria Grande" socialista-comunista. Porém, dúvidas e suspeitas são lançadas contra o audacioso projeto. Uma reação natural de desconfiança por causa do impacto da denúncia ou um artifício para ofuscar a gravidade das acusações. Mas, seja lá o que for, a documentação pode ser examinada por qualquer um que tenha interesse no assunto. E, para dissipar qualquer nuvem de incerteza, basta ler "A estrela na janela: ensaios sobre o PT e a situação internacional" [1]. O livro foi escrito por Valter Pomar, que o apresenta como a "prestação de contas" do seu trabalho de oito anos à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT e da Secretaria Executiva do Foro de São Paulo (2005-2013) (pp. 07-08).
"O Foro de São Paulo já é parte indissolúvel da história da esquerda latino-americana durante a última década do século XX e a primeira do XXI" (p. 256). O mapa do continente não foi pintado de vermelho de forma espontânea: "o Foro participou e contribuiu para esta mudança de correlação de forças na América Latina e Caribe" (p. 244). Pomar observa que, "quando o Foro foi criado, havia apenas um governo encabeçado pela esquerda: Cuba. Hoje governamos parte importante dos países da região. Isto se deve, ao menos em parte, à ação dos partidos que integram o Foro" (p. 267) [2].
As palavras do petista dão uma idéia da importância do Foro de São Paulo para a configuração do atual cenário político e da dimensão monstruosa que adquiriu este projeto de poder que é sim comunista [3]. Valter Pomar escreve como parte do movimento revolucionário. Ele enaltece a herança soviética, elogia o "modelo" cubano, faz da Unidade Popular do Chile uma fonte de inspiração, é um entusiasta das relações entre Brasil e China. O ex-secretário executivo do Foro de São Paulo fala abertamente sobre o horizonte perseguido pela organização:
[...] "o termo 'comunismo' é recusado ou simplesmente deixado de lado por amplos setores da esquerda, inclusive por alguns que se proclamam revolucionários. Mas, desde o ponto de vista teórico, o uso do termo é essencial, uma vez que permite distinguir entre o que é a 'transição' e o que é o 'objetivo final' (ou seja, a forma madura de sociedade que se pretende construir)" (p. 93).
Pomar ressalta que "a luta pelo poder pode se resolver no prazo de anos, mas a construção de outra sociedade é um projeto de décadas e séculos" (p. 117). As conquistas até o momento são inegáveis: "o potencial da esquerda latino-americana é confirmado, ao longo dos anos 1990 e adiante, com o surgimento do Foro de São Paulo; a gestação do Fórum Social Mundial; e a eleição de uma onda de presidentes progressistas" (p. 139). Porém, não basta estar no "governo" para "controlar o poder" (p. 155). O esquema comunista deve ser ampliado em uma "segunda etapa" (p. 206), e por duas vias: "aprofundar as mudanças e acelerar a integração" (p. 247).
"Temos que mudar o Estado, mudar sua natureza, não apenas sua forma" (p. 221). Pomar observa que as mudanças devem ser feitas com rapidez, porque as crises "externas" ou "internas" poderiam colocar "em questão nossa permanência no governo" - [...] "o tempo é curto, a janela é pequena, pode se fechar" (p. 213). Para ele, "reformas estruturais" precisam ser promovidas: a reforma política (p. 211); o controle do judiciário e dos meios de comunicação - o domínio da indústria cultural e do sistema educacional (p. 221).
A reforma política é imprescindível para o Foro de São Paulo:
"Nós precisamos fazer uma REFORMA POLÍTICA, mas não conseguimos, desde 2003 até hoje, fazer que este debate ganhe a sociedade. Não há como fazê-lo desde o governo nem desde o parlamento. Haveria que desencadear um movimento político-social, que tenha o partido [o PT] e os partidos de esquerda aliados como protagonistas" (p. 211).
As principais propostas de reforma política oferecidas para o público são a execução da estratégia descrita por Pomar. Para conquistar a adesão das pessoas, a coleta de assinaturas para a convocação de um Plebiscito Constituinte e para a legitimação do projeto de lei de "iniciativa popular" da "Coalizão pela Reforma Política Democrática" é propagandeada como mobilização da "sociedade civil organizada". Porém, os "movimentos sociais" envolvidos, as ONG's e sindicatos, ou estão a serviço do PT, ou estão de alguma forma alinhados com o partido. Pior. As propostas preveem - entre outros absurdos - a inserção desses mesmos grupos em instâncias decisórias da administração pública, promovendo aquilo que tanto quer o petista Valter Pomar: a ampliação sorrateira do esquema de poder do Foro de São Paulo [4]. Para a vergonha dos católicos - porque contraria escandalosamente os princípios e as orientações da Igreja, a CNBB apoia a convocação do Plebiscito Constituinte e assina o projeto da "Coalizão pela Reforma Política Democrática" [5].
A respeito da instrumentalização da Igreja Católica pelos comuno-petistas - algo que ocorre há décadas com a pregação de um engodo criado pela KGB e batizado por ela de "Teologia da Libertação" [6] - Pomar observa o estusiasmo da esquerda latino-americana com Francisco, o Papa argentino que poderia ser explorado para a promoção dos seus planos (p. 259).
Pomar - que esteve presente na fundação do Foro de São Paulo como representante do Instituto Cajamar, a "escola de quadros" do PT (p. 07) - destaca a importância da educação e da cultura para as pretensões da organização comunista. "A construção deste pensamento de massas, de uma cultura de massas, é, dentre as tarefas de longo prazo, talvez a mais estratégica" (p. 255). Trata-se de um ardil conhecido, sobretudo nos moldes gramscianos. Ocupação das universidades; formação de professores militantes; doutrinação nas escolas; "intelectuais" e artistas engajados - e a colaboração ingenua dos "idiotas úteis". Uma estratégia eficiente, que não só consagrou o comunista e "apóstolo" da Teologia da Libertação, Paulo Freire, como patrono da educação brasileira, mas forjou a falsa reputação que tanto contribuiu para a ascensão do PT ao poder [7].
Dentro do plano de promoção das "reformas estruturais", a reeleição de Dilma Rousseff, alertava Pomar, era imprescindível. "Não se trata da vitória de uma pessoa, mas sim da vitória de um projeto, de uma aliança, de um Partido" - o governo Dilma, no segundo mandato, "com reformas, com mudanças profundas, nos aproxima do socialismo" (p. 88). E a candidata petista foi de fato reeleita. Uma fraude eleitoral escandalosa conservou a marionete do Foro de São Paulo na Presidência da República [8].
Quanto à "integração", ela não é outra coisa que a construção da "Pátria Grande" comunista na América Latina. Trata-se de uma "integração de amplo alcance", que possa consolidar "laços econômicos, sociais, políticos, militares e ideológicos" entre os países governados pela organização (p. 37). "Esta compreensão de uma integração de amplo escopo constitui o pano de fundo da criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (2004), cujo nome foi posteriormente alterado para UNASUL (2007)" (p. 141). O Foro de São Paulo é um dos "laboratórios" encarregados de planejar a institucionalidade da "integração" comunista (p. 268).
No entanto, observa Pomar: "Não haverá integração sem Brasil. Talvez sejamos o país menos latino-americano da região, mas somos também o capitalismo mais potente, que tem melhores condições para ajudar a financiar a integração" (p. 204). Os investimentos em "infraestrutura" são estratégicos, e devem subordinar "a ação das empresas brasileiras aos interesses da política externa e convertendo nossa política externa de política de governo em política de Estado" (p. 245). Porto em Cuba, metrô na Venezuela, estradas na Bolívia, hidrelétrica na Nicarágua. Um mar de dinheiro público, em vez de ser investido em obras que o país tanto precisa, é canalizado para patrocinar - com o disfarce de "integração" - o totalitarismo na América Latina.
Enfim, esta síntese da "prestação de contas" do ex-secretário executivo do Foro de São Paulo deixa à mostra o nefasto projeto de poder comunista. O petista diz que agora, da "planície", continuará contribuindo com a "luta pelo socialismo", com o Partido dos Trabalhadores (p. 08). O PT, contudo, permanece no altos postos de poder. Por isso, uma observação de Valter Pomar - feita quando ainda estava à frente da organização fundada por Lula e por Fidel Castro - é importante para concluir: "o PT valoriza extremamente o Foro de SP" [...] "Devemos, portanto, combinar a necessária luta ideológica em favor do socialismo, com uma estratégia e uma política organizativa mais amplas" [...] "para nós, do PT, o Foro de São Paulo é prioritário" (p. 87).

"Democratização das armas": a "desmilitarização" e o poder do Foro de São Paulo
Valter Pomar também apresentou no livro a "prestação de contas" do seu trabalho como secretário executivo do Foro de São Paulo [9]. Nela, o petista enaltece as conquistas da organização fundada por Lula e por Fidel Castro, principalmente a de ter instalado mandatários comprometidos com o seu projeto em diversos países da América Latina. Mas, Pomar observa que estar no "governo" não é suficiente para "controlar o poder" (p. 155). Para isso, é necessário promover uma série de "reformas estruturais" - entre elas: a reforma política, o controle do judiciário e dos meios de comunicação. Reformas que têm uma espécie de coroa:
"A conquista do poder de Estado é um processo complexo, cujo PONTO DE CRISTALIZAÇÃO é o MONOPÓLIO DA VIOLÊNCIA" (p. 95).
https://youtu.be/jlE1YlYEOIk
 

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  • Paulo Vasconcelos Jacobina
  • 25 Maio 2015

A maioria dos católicos e dos bispos do Brasil não apoiaram a proposta de "reforma política" da Coalizão
Qualquer plebiscito que termine com um resultado de 99,6% contra 0,4% encerra qualquer debate. Houve a entrega do projeto de reforma política apoiado por esta Coalizão ao Congresso Nacional, com cerca de 630.000 assinaturas, entre presenciais e eletrônicas.

Brasília, 22 de Maio de 2015 (ZENIT.org)


Este capítulo da coleta de assinaturas para uma proposta de "reforma política" redigida por uma "coalizão" com entidades de esquerda, sindicais, corporativas e eclesiais parece ter sido encerrado no último dia 20 de maio. Houve a entrega do projeto de reforma política apoiado por esta Coalizão ao Congresso Nacional, com cerca de 630.000 assinaturas, entre presenciais e eletrônicas.
Não quero discutir mais os defeitos e a linha ideológica do projeto. Já o fiz diversas vezes em outros artigos publicados aqui mesmo, como este , este ,este e este . Como já foi dito, não se nega nem a necessidade de fazer-se, no Brasil, uma reforma política urgentemente, nem a necessidade de repensar a forma de financiamento de campanha. Mas incomoda aos católicos a adoção, por parte de uma instituição eclesial, de um determinado modelo em preferência a todos os outros, sem claras razões de fé e moral, a apontar pendores estritamente ideológicos em matéria opinável. Mas a meditação agora é outra.
Como foi possível reunir tão poucas assinaturas?
Trata-se de pensar como foi possível que uma coalizão que existe há mais de três anos, e que é composta por entidades como a OAB e a CNBB, não tenha conseguido chegar senão a pouco mais de um terço do número mínimo de assinaturas necessárias para que a proposta se transformasse em projeto de lei de iniciativa popular. É interessante proceder a esta reflexão, até por um imperativo bíblico: sempre foi critério, para reconhecer uma eventual profecia ruim, examinar os respectivos frutos.
Nem falo aqui dos descaminhos da esquerda bolivariana em toda a América Latina. Estes são por demais visíveis: falência dos respectivos países em que se instalou, aumento da violência e da miséria, destruição dos respectivos regimes democráticos e instauração de ditaduras que se proclamam "populares e libertadoras", mas cujos frutos estão bem claros para quem os quiser enxergar. Devemos lutar para que esta situação jamais se instale no Brasil.

Mas falo agora das lições que devemos refletir, nós católicos, sobre a forma com que este episódio foi conduzido, para que possamos amar mais verdadeiramente a Igreja, compreendê-la mais a fundo e colaborar efetivamente para a sua santificação, que é o objetivo de todos, leigos e clérigos igualmente. Não podemos pecar, nem por atos, nem principalmente por omissão.

Avaliando a quantidade de assinaturas, nota-se que não foi, nem de longe, representativa de qualquer popularidade da ideia entre os fiéis católicos. Ponderemos que o último Censo, bem como as últimas pesquisas populacionais do IBGE, apontam que cerca de 64% da nossa população é de católicos. Seriam cerca de 132 milhões de católicos no país, dos quais pelo menos 30% declara ir à missa todos os domingos – cerca de quarenta milhões de pessoas.

Assim, apesar de dispor de um rebanho deste porte, e de contar com várias entidades que se declaram "representativas " e "populares", ao longo de três anos a Coalizão só conseguiu convencer um grupo de "assinantes" que representa menos de 1,5% dos católicos que vão à missa todo domingo, e menos de 0,4% do total de brasileiros que se declaram católicos. Considerando que há diversas assinaturas obtidas por outros membros da Coalizão, como a OAB e diversos órgãos de classe e associações feministas e de "gênero", isto significa que muito mais do que 99,6% dos católicos não assinaram o documento, ou que pelo menos 98,5% dos católicos que costumam ir à missa no domingo não o fizeram.
Ainda que se descontem deste total os católicos que não são eleitores, como os mais idosos e os adolescentes, a proporção ínfima deve ser bem significativa: os católicos, em massa, rejeitam as ideias da Coalizão. Então o assunto acabou.

Não se alegue que a Coalizão, por qualquer motivo, não teve acesso ao grosso dos católicos. Se isto de fato ocorreu, é uma notícia muito animadora para nós, leigos. Isto significa que este setor da Igreja que se quer "popular" ou "social", e que se comprometeu com este setor ideológico da política brasileira, não tem, nem de longe, a relevância numérica que ele próprio acredita ter, entre os bispos. Não podemos duvidar que nossos santos bispos têm o poder de mover milhões de pessoas em direção á verdade de Jesus. Ora, somente a Jornada Mundial da Juventude colocou três milhões de católicos numa praia do Rio de Janeiro, ano passado. Esta coalizão, em três anos, e valendo-se de inúmeras ONGs além da CNBB, não conseguiu ultrapassar os seiscentos mil apoiadores – alguns dos quais, inclusive, pode-se supor, apenas católicos devotos que assinaram por temor reverencial, e não por convicção política.
Restar-nos-ia concluir, caso optemos pela primeira resposta, que este projeto da Coalizão tem uma esmagadora rejeição entre os católicos. Qualquer plebiscito que termine com um resultado de 99,6% contra 0,4% encerra qualquer debate. Perdeu.
Caso a interpretação seja a de que a Coalizão de alguma forma não teve acesso ao grosso da população católica para obter suas assinaturas, deve-se então concluir que a imensa maioria dos bispos agiu com extrema sabedoria e prudência neste assunto, e que simplesmente não apoia a atuação da Coalizão. De fato, pesquisando-se na Internet, descobre-se facilmente que não mais que meia dúzia de bispos estão com seus nomes vinculados a esta proposta, e nem todos dentre estes declararam-se incondicionalmente favoráveis. Quanto aos outras quatrocentos e tantos bispos, se simplesmente não deram prosseguimento prático a este intento nas suas próprias dioceses, estão demonstrando o que sempre se soube: o pastoreio efetivo do rebanho, no final das contas, cabe a cada Bispo em sua Igreja particular, e não às Conferências Episcopais nacionais como instituição colegial. Estas são sempre estruturas de apoio, de diálogo, não de substituição. A verdade na Igreja Católica jamais foi decidida e defendida no voto. Mas é muito bom ver que ela pode prevalecer estrondosamente mesmo quando é submetida ao voto.
Há notícias de que este abaixo-assinado parece ter circulado efetivamente em pouquíssimas dioceses. Não tenho dados concretos. Mas se isto ocorreu, foi um grande alento para nós, católicos: nossos pastores exercem, muitas vezes heroicamente, silenciosamente, seu pastoreio efetivo dentro das respectivas dioceses, onde são assistidos pelo Espírito Santo; e são sábios o suficiente para fazer com que projetos inadequados como este simplesmente não vinguem, por simples falta de apoio prático, poupando o rebanho da exposição pública das eventuais dissidências eclesiais frente a um ou outro mais entusiasmado neste ou naquele caminho político.
É aí que se mostra a força da Igreja: na sua aparente fraqueza.
É hora, pois, de louvar o fim deste procedimento. Acabou. Que bom. Que morra assim, silenciado e superado, para que a Igreja inicie, no Brasil, um novo capítulo de sua história. Embora, é claro, as notícias veiculadas no próprio site da Coalizão nos ameace com a continuação deste abaixo assinado. O que seria, no entanto, um absurdo lógico: ninguém entrega ao legislativo federal um abaixo assinado que ainda não terminou. Isto não seria sério. Ninguém levaria a sério.
Mas não podemos ficar desatentos: a crise política no país é gravíssima, e está longe de terminar. Precisamos deste mesmo trabalho silencioso e santo para manter a Igreja no seu rumo divino. Mas precisamos mais: queremos ser efetivamente Igreja, queremos ser ouvidos e representados, nós, os 99,6% de silenciosos. The end.
 

 

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