A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; A Política como Vocação; e o Desencanto do Mundo, obras do primeiro autor mencionado na epígrafe, das quais recomendo a leitura, por parte de todos aqueles que se interessam pelas Ciências Sociais. (o autor)
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; A Política como Vocação; e o Desencanto do Mundo, obras do primeiro autor mencionado na epígrafe, das quais recomendo a leitura, por parte de todos aqueles que se interessam pelas Ciências Sociais.
Na verdade, os estudos sociológicos incorporaram interpretações variadas, em que pese o amplo domínio do marxismo cultural em nosso meio (Marcuse, Horkeiheimer, Adorno, Lucáks, Gramsci, etc). Aqui, neste breve espaço, vou ater-me a alguns aspectos do pensamento de dois dos mais importantes clássicos das Ciências Sociais, cuja influência tem-se propagado de forma eloquente e influenciado o rumo das sociedades. Estou referindo-me a Karl Marx e Max Weber, curiosamente ambos de nacionalidade germânica.
Karl Marx fotografa a marcha histórica com uma concepção determinista, associada à sua dialética materialista (inverteu a dialética que em Hegel, era movimentada pelo espírito, e a pôs a serviço do materialismo histórico), ou seja dois polos compunham-se em unidade, movimentando-se por oposição e contradição historicamente. De um lado, proletários, de outro, os detentores do capital, ou seja, de degrau em degrau, chegaríamos à sociedade sem classes sociais inevitavelmente, e o capitalismo, na reta final dessa escalada, prepararia as condições para que o resultado emergisse naturalmente, trazendo contradições de tal ordem (acumulação de capital, redução da taxa de lucros, superprodução e desemprego crescente), que o colapso desse sistema seria iminente, e o Estado, que atuava como comitê da burguesia, segundo a concepção de Marx, na reta final, deixaria de existir, e a classe trabalhadora organizaria, por si mesma, todos os elementos da vida social e a distribuição da produção, segundo as necessidades de cada um, livre da mais valia, preconizada pelo prussiano, e pela qual conceituava todo o seu arcabouço de exploração capitalista (o valor dos bens produzidos é determinado pela incorporação das horas de trabalho neles materializada, e os capitalistas, descontando-se o que era destinado aos trabalhadores, no processo produtivo, apropriavam-se do restante, era a chamada mais valia)... o que para ele constituía-se no roubo dos patrões.
Não se tem, porém, confirmação histórica desses ajeites "científicos", porque, na realidade, nos países em que o regime comunista se implantou (Rússia, seguida pela União Soviética, China, Coreia do Norte, Vietnã, Camboja, Vietnã, Cuba, Laos etc.) o Estado tomou para si todos os bens de produção (as fábricas, as terras, as máquinas), e duas classes se formaram no interior desse regime: os trabalhadores e os integrantes da nomenclatura (a burocracia e a casta dirigente). Imagine o leitor quem foi escalado para usufruir da vida boa...
O desfecho nós conhecemos: derrocada da União Soviética, queda do
Muro de Berlim, abertura da economia chinesa para atividades capitalistas, imensas dificuldades ao regime cubano, tão logo deixou de ser financiado pela União Soviética.
Diante desse relato, é necessário dizer que Marx fez menoscabo do ambiente feudal dos povos eslavos, e o destino dele se vingou e interpôs a Rússia como palco da primeira revolução comunista... E os bolcheviques, liderados por Lênin, Stalin e Trotsky, demonstraram que não estavam dispostos a ser mordomos da sua teoria e novos rumos lhe imprimiram pelo voluntarismo revolucionárIo. Mao repetiu a dose na China agrária e culturalmente influenciada das ideias milenares de Confúcio...
Já, por sua vez, Max Weber, que qualifico como um verdadeiro gigante da Sociologia, não se empenhou em qualquer projeto irmanado ao determinismo histórico ou a filosofias teleológicas (finalísticas), e, em seu lugar, introduziu o saber compreensivo e interpretativo como método dessa ciência. E indicou a sua receita: quem quisesse tomar pé do funcionamento das sociedades deveria entender o sentido das ações humanas, a ser extraído da apreensão da totalidade de significados e valores. Não fez prescrição para as ordenações sociais.
Definiu quatro tipos de ação: tradicional (orientada pelos hábitos vigentes), afetiva (orientada pelas emoções), racional com relação a valor (feita por convicção, fé ou dever) e racional em relação aos fins (na qual são relacionados meios e fins). A par dessa leitura, deduziu que não existe um só fator determinando os rumos históricos, mas sim, vários atores atuando concorrentemente, a saber: a religião, a economia, a política, a cultura, etc. Já para Marx, o motor da História é a luta de classes: proletários versus detentores dos meios de produção. Concepção e método claramente reducionistas.
Por essa narrativa, estão postos alguns lances importantes da concepção sociológica desses autores do mundo ocidental. Conhecê-los é obrigação dos estudantes das Ciências Sociais e de quem pretende exercer a tarefa de representar a sociedade.
Em outra ocasião vou trazer o pensamento de Auguste Comte e Èmile Durkheim. E, desse modo, os leitores poderão ter contato com os fundadores da Sociologia. O trabalho de ambos resultou em efetiva importância nessa área do conhecimento. O primeiro entendia que as sociedades são governadas por leis imutáveis, passando por três estados: teológico ou fictício, metafísico ou abstrato e, por fim, científico ou positivo. O segundo propugnava o método das ciências físicas para as ciências sociais.
Interessante conhecer tudo isso! Até porque, nos últimos tempos, o debate em torno de ideias está deveras empobrecido. E, assim, nos habilitamos a ser apenas coadjuvantes passivos do devenir histórico...