• Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 02 Julho 2021

 

Gilberto Simões Pires

 

DÚVIDA CRUCIAL

Quem se dispõe a analisar um pouco daquilo que se passa no complicado AMBIENTE POLÍTICO do nosso empobrecido Brasil, por certo não sairá convencido de que a DEMOCRACIA é o regime que realmente interessa e/ou está no horizonte do povo brasileiro em geral. O momento atual, por tudo que se ouve, lê e assiste, serve para aumentar ainda mais esta dúvida, que deverá persistir até o encerramento da contagem dos votos das Eleições do próximo ano de 2022.

 OS LADOS

O fato, que estimula sobremaneira esta imensa dúvida, é a seguinte: de um lado há um número expressivo de brasileiros ocupando ruas e redes sociais com o propósito de manifestar constantemente um total apoio ao presidente -DEMOCRÁTICO-; e, de outro há um poderoso AGRUPAMENTO formado por inúmeras organizações e/ou instituições com PODER INCOMENSURÁVEL, com apoio total e irrestrito de boa parte da mídia, com dois claros PROPÓSITOS: 1- DERRUBAR O PRESIDENTE a qualquer custo; e, 2 - emplacar triunfalmente a volta do SOCIALISMO, que sabidamente jogou o nosso país no mais puro arcaísmo.

 FORÇAS PODEROSAS A FAVOR DO SOCIALISMO

Pois, neste ambiente pra lá de complicado, ainda que ambos os lados se mostrem confiantes na obtenção da pretendida vitória, uma coisa está mais do que evidente: a poderosa FRENTE DE OPOSIÇÃO conta com as mais variadas decisões da maioria dos celestiais ministros do STF, que, sabidamente, estão acima da Constituição. Com esta FORÇA PODEROSA a favor do SOCIALISMO, o POVO ORDEIRO e DEMOCRÁTICO, se não se rebelar exemplarmente, acabará sendo derrotado.

 TABULEIRO MONTADO

Atenção: sem a menor pretensão de aumentar ainda mais a preocupação daqueles que estão confiantes de que o ideário LIBERAL/CONSERVADOR vai lograr êxito nas próximas eleições, uma coisa o AGRUPAMENTO DE OPOSITORES, que não suportam a presença, nem mesmo tímida, do LIBERALISMO, já está com o tabuleiro montado, cujo escancarado propósito se propõe pela volta imediata do SOCIALISMO.  

 VITÓRIA A QUALQUER PREÇO

Vejam que, além da CPI da Covid, que sabidamente foi montada com o exclusivo propósito de enfraquecer e, se possível, derrubar o presidente do país, o TSE, com o apoio do AGRUPAMENTO DE OPOSITORES já deixou bem claro que não admite a mínima possibilidade de haver VOTO AUDITÁVEL. Ou seja, os SOCIALISTAS estão focados: o que interessa é a vitória. VITÓRIA A QUALQUER PREÇO.

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 30 Junho 2021


Alex Pipkin, PhD


Sou cinquentenário, 5.5, portanto, de acordo com o conjunto de valores que fui ensinado e que prezo, eu respeito os mais velhos.

Não, os mais velhos não representam sinais de autoridade, pelo contrário, são símbolos da sabedoria acumulada. É evidente que, de um modo geral, eles têm mais janela do que eu, mas, sobretudo, considero-os porque eles leram muito mais e, claro, no papel, com as letras impressas.

Tenho ficado impressionado negativamente com a escassez de leitura, especialmente dos jovens estudantes. Será que é possível ter uma compreensão adequada e ampliada do mundo - e de suas coisas - sem ler “de tudo e de todos”?

Tenha em mente - se é que já não esqueceu do parágrafo acima - que me refiro a uma leitura atenta, sem distrações e, de fato, comprometida. Uma leitura interessada nos faz viver outras vidas, imaginar, compreender múltiplas perspectivas e, acima de tudo, refletir com os pés no chão e os pensamentos viajando criativamente no tempo e no espaço.

Eu não sei... penso que em alguns aspectos estamos andando para trás, o que não é nada bom.

Primeiro, porque embora não tenha realizado uma pesquisa formal, minha amostra indica cabalmente que a grande maioria das pessoas não lê. Quem não lê fica a mercê da famosa brincadeira do telefone sem fio, na qual uma pessoa fala uma frase ao ouvido de outra ao seu lado e a tal frase vai movendo-se até o último participante. Além da turma acreditar numa pseudo-verdade tribal, esta acaba sendo ainda mais distorcida. Não é preciso aprofundamentos para sacar a alegria de líderes populistas em geral com esta situação, no fácil quesito de manipulação dessa gente desinformada.

Segundo, muita gente “se informa” pela grande mídia e/ou pelas redes sociais.

Faz tempo que a grande mídia deixou de informar os fatos como eles são, omitindo e distorcendo-os de acordo com a sua notória agenda ideológica; até cego enxerga.

Por sua vez, as redes sociais transformaram-se em câmaras de eco tribais, que somente dão voz e vez para a ditadura de suas visões de mundo parciais, enviesadas e, muitas vezes, completamente desarrazoadas.

Terceiro, porque se “lê” não se lendo. As telinhas dos laptops e dos telefones são salvadoras, mas quando se trata de leitura, pode-se estar passando os olhos, rapidamente, prejudicando ou matando a capacidade de apreensão daquilo que se lê. Ok, pode-se descartar o que já se sabe, porém, o calamitoso é desprezar o que não se sabe.

Talvez não seja unicamente um hábito que possuo, mas o tocar no papel e o mirar a tinta impressa, creio eu, atiça minha atenção e concentração. Na presença da distração, os pés voam junto com a cabeça... O mais trágico é que quem não lê atentamente, provavelmente só irá querer confirmar aquilo que vai ao encontro de suas crenças apreendidas; o bicho-homem assim funciona.

As consequências problemáticas do acima exposto não cessam com o estreitamento e a deturpação das realidades. Outro problema abissal é a falta de memória daquilo que - quando se lê - se leu.

Ou tudo que se leu e se viu do demiurgo de Garanhuns não são suficientes para comprovar seus atos ilícitos e seu achaque aos cofres públicos?

Ou tudo que se leu sobre a plataforma econômica liberal do ministro Paulo Guedes, reiteradamente afirmando que não haveria aumento de impostos, e agora propondo um inacreditável aumento a pessoa jurídica, não é um fato? Ou é um fato do mundo político?

Quem lê mesmo compreende que estamos no país de Lewis Carroll!
Como li atentamente o saudoso Paulo Francis, fecho com uma de suas frases: “Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo”.

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  • Felipe Fiamenghi
  • 29 Junho 2021

 

Felipe Fiamenghi

 

O que mais ouvi, nos últimos dias, foram bobagens sobre esse vagabundo: “Era satanista”; “Se escondia graças a bruxaria e poderes ocultos”; “Era um mateiro experiente que estava dando ‘baile’ na policia”, etc…

Hoje, a foto do defunto barbeado mostrou que o “capeta” que o escondia era de carne e osso. Esse, afinal, sempre foi o propósito da maioria das “lendas”: atribuir às bestas os atos atrozes da humanidade numa tentativa hipócrita e até inocente de negar a capacidade humana de cometer tais barbáries.

A policia, tão menosprezada e diminuída, é quem lida diariamente com estes indivíduos. Gente tão ruim que faz com que histórias sobrenaturais sejam criadas.

São eles, os homens por baixo da farda, que exorcizam os demônios da sociedade.

Lázaro, por definição, apesar da divulgação errônea e midiática da imprensa, não era um “Serial Killer”. O que não o deixa menos perigoso.

Ao contrário, aliás. O criminoso era um psicopata, sem empatia, remorso ou escrúpulos, que não matava por fantasias, rituais ou alucinações (como um serial Killer), mas por total e completo desprezo à vida alheia.

Quem hoje “chora” a sua morte, que chama de desastrosa a ação da policia, é tão ou mais psicopata do que o mesmo, pois não consegue ter empatia por suas vítimas, nem qualquer senso de preservação de sociedade, já que, vivo, seria um risco constante para qualquer um que cruzasse o seu caminho.

Eu sou um cara cético, que não costuma acreditar no “sobrenatural”. Não importa, porém, a sua crença; se acha que o mesmo era protegido pelo oculto, por forças malignas ou magia negra. Não teve reza forte ou mandinga que parasse o chumbo no seu lombo.

Portanto, ficam as lições:

1 – RESPEITE A POLICIA. É ela a fronteira entre você e um Lázaro.
2 – Não menospreze a maldade humana. O que muitas vezes achamos que, pela crueldade, só poderia ser obra de um demônio, pode ser feito por seu vizinho.
3 – Nunca subestime o limite da militância em defender tudo o que não presta. Não choraram a morte de nenhuma vítima, mas estão se debulhando em lágrimas pelo vagabundo.
4 – ARME-SE! O Estado é incapaz de te proteger, uma viatura não atinge 1045Km/h e, para cada Lázaro, existem muitos cúmplices. VOCÊ É RESPONSÁVEL PELA SEGURANÇA DA SUA FAMÍLIA! Na dúvida, releia o item 2.

“Antes de tudo, arme-se.”
(MAQUIAVEL, Nicolau)

*    Reproduzido do Diário do Brasil, em 29/06/2021

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 26 Junho 2021

 

Gilberto Simões Pires

 

PREÇO COMBINADO

No MERCADO FINANCEIRO é comum a prática de OPERAÇÕES COMPROMISSADAS, onde o VENDEDOR de um ou mais títulos assume o firme COMPROMISSO de recomprá-lo em um prazo definido. Da mesma forma, o COMPRADOR também assume o COMPROMISSO firme de revender o(s) título(s), na data estabelecida e pelo preço combinado.

SEMELHANÇA

Pois, se for levado em conta as DECISÕES que vem sendo tomadas, sem o menor constrangimento pela maioria dos ministros do STF, a impressão que passa para a sociedade brasileira em geral é que a indicação de vários ministros para integrar a Suprema Corte guarda enorme semelhança com as OPERAÇÕES COMPROMISSADAS praticadas no dia a dia no MERCADO FINANCEIRO. 

RECOMPRA

Neste caso, no entanto, a OPERAÇÃO COMPROMISSADA não têm como OBRIGAÇÃO a RECOMPRA DE TÍTULOS VENDIDOS, mas de FAVORES que devem ser pagos e/ou resgatados em algum momento, quando necessário for. Assim, a partir do momento em que o indicado é aprovado pelo plenário do Senado, o ministro se COMPROMETE a atender os desejos daquele que o indicou.

AGRADECIMENTO

Como o Brasil todo está assistindo, dia sim dia também, decisões que mundo afora são consideradas como inadmissíveis e/ou incompreensíveis por qualquer PODER JUDICIÁRIO, não há como condenar os cidadãos que manifestam uma clara percepção de que os julgamentos do STF são feitos em forma de AGRADECIMENTO pela indicação. 

MORO SUSPEITO

A última, de tantas outras decisões que já foram tomadas, aconteceu nesta semana quando o STF declarou a suspeição do ex-juiz federal Sérgio Moro ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação do tríplex do Guarujá. Por SETE votos a QUATRO, os ministros confirmaram o entendimento de que Moro foi parcial ao condenar o petista. Que tal?

CHEIRO FORTE

O que resulta como um -FATO INDISCUTÍVEL- na cabeça de todos os BRASILEIROS DE BEM, que querem ver os CORRUPTOS NA CADEIA, é muito simples: o STF inverteu as decisões tomadas em todas as instâncias e, de pronto resolveu CONDENAR MORO E LIVRAR LULA. É muito difícil, portanto, não admitir a existência de um cheiro forte de OPERAÇÕES COMPROMISSADAS.

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 24 Junho 2021

Alex Pipin, PhD


S?omos seres sociais; necessitamos e vivemos uns com os outros.
A pandemia - na verdade, as decisões de burocratas que não arcam com as consequências dessas mesmas decisões - trancafiou-nos em casa por um longo período, e em algumas situações, continua nos mantendo isolados uns dos outros.
Embora alardeado aos quatro cantos que o isolamento social refere-se a preocupação com o outro, o resultado pragmático tem sido a devastação da dignidade de todos. Não é preciso ir muito longe para constatar o brutal desemprego, o aumento das doenças psicossomáticas, o crescimento do consumo de álcool, o aumento do número de separações entre casais, enfim, lamentável.
Aparenta-me emblemático, apesar de ser acessório para muitos, a perda e a acomodação das pessoas em relação às liberdades individuais.
Porém, pasmem, sem pandemia e sem isolamento social, o pior parece que ainda está por vir.
Evidentemente, a Covid-19 atiçou mentes, corações, bílis e, sobretudo, gargantas para entoarem o grito contra o “capitalismo selvagem”, suposto gerador das aludidas desigualdades sociais.
Muito raramente surgem momentos tão propícios como o que aí está para a evocação da necessidade do avanço dos tentáculos estatais sobre nossas vidas.
Como todos adoradores da pregação do coletivismo, quer se mostrar agora que só o “Deus Sol” chamado Estado é capaz de dar-nos aquilo de que necessitamos; urge o salvador da pátria a fim de resgatar seus servos.
Entretanto, quem vê e enxerga, sabe que as políticas coletivizantes já vêm sendo gestadas e implementadas faz tempo; essas estão entranhadas em praticamente todas às instituições nacionais e, neste momento, alcançaram seu último degrau no seio empresarial, com o “bondoso” capitalismo das partes interessadas.
Com à verve, a propaganda e as iniciativas coletivizantes, muito mais do que isolar indivíduos e ceifar suas dignidades, cria-se a já conhecida pandemia da inveja, do ódio e da raiva daqueles que, com esforço próprio, mentalidade empreendedora, ambição e ação e assunção de riscos, investem e trabalham para progredir econômica e socialmente.
Vive-se num espaço social que despreza o sucesso do outro, e que trabalha para igualar todos - ou quase todos - numa pior condição.
Esta sociedade que rejeita as virtudes do progresso individual e enaltece os vícios da pobreza e do vitimismo, tem como destino certo o fracasso econômico e social.
O vício da inveja coloca pessoas contra pessoas, e cega para a realidade objetiva de que o sucesso de uns pavimenta o caminho para a conquista de todos, seja em nível de empregos, de renda, de alternativas e de soluções de produtos e de serviços para o consumo e da felicidade.
Coletivistas raivosos não só intencionalmente prejudicam os outros; eles vivem uma vida infeliz na inveja e no ressentimento, e acabam perdendo a responsabilidade, o valor individual, recostando na enganadora e ultrajante dependência social.
Eu me questiono: que vida se leva quando inexistentes desafios e estímulos para se buscar e se lograr algo melhor para si próprio (o que é diferente para cada cidadão)? Vida? Dignidade? Espírito?
A economia não é um jogo de soma zero, em que para que uns ganhem, outros têm que perder.
A progressão e o aumento da riqueza de alguns indivíduos, não diminui a capacidade de outros de aumentarem sua própria riqueza.
Eu desconheço aonde vamos parar, embora minha desconfiança seja certeira.
Somente com mais liberdade individual e econômica, com menos intervenção do “todo poderoso” Estado, com menos coletivização e mais políticas públicas científicas e comprovadas, é que se alcançará elevar o nível de vida e de prosperidade de todos.
O coletivismo empurra todos para baixo, gerando uma guerra de todos contra todos, exacerbando a inveja, o ódio, e o fracasso econômico e social de uma sociedade inteira.

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  • Dra. Débora Balzan
  • 24 Junho 2021

Dra. Débora Balzan

 

“Quando as mentiras ficam grandes o suficiente, o mundo inteiro se deteriora”

Impunidade em massa, mas, “em compensação”, soltura o mais rápido possível!

A punição efetiva,aquela que guarda algum real sofrimento pessoal expiado pelo criminoso,  é a única forma de eventual “ressocialização”. Sofrimento como ser humano, de coração e razão, o que não acontece com os psicopatas. O sofrimento dos psicopatas será, no máximo, por estarem por curto período de tempo presos, e não o sofrimento interno, de culpa, mas tão-somente o egoístico. Das duas, uma: psicopatas não deveriam nunca sair das prisões porque nunca mudam, apenas desenvolvem mais expertise para se sofisticarem e não serem pegos; e os que não são psicopatas, mas que precisariam  expiar de forma real e por um longo tempo (quiçá para sempre), de modo proporcional à gravidade dos seus crimes. De qualquer sorte, não há dúvida de que a pena se fundamenta na necessidade de prevenção geral, que só é possível com a retribuição, pela contenção; a ressocialização, quase uma quimera, é fim mediato e é constitutiva à pessoa do apenado.

 Na prática, observo que a imensa maioria das  pessoas envolvidas na execução penal tem uma necessidade de sempre entender e justificar o criminoso, seja ainda com relação ao crime já condenado, mas também pelas  faltas e inobservância de regras no cumprimento da pena. Há quase um pedido de desculpas pelo Estado em cumprir, ainda que minimamente, a pena ou alguma sanção decorrente de uma falta grave, quando há alguma  consequência. As punições decorrentes das infrações que ocorrem dentro dos estabelecimentos prisionais seguem a regra da apuração e punição dos crimes em geral, ou seja, pouco se apura e muita impunidade. Há alguma dúvida de que quase ninguém (talvez ninguém) seja punido quando se apreendem drones,  armas, celulares,  drogas etc em grandes operações? Prevalece a máxima de socializar tudo, e em não sendo individualizadas as condutas, mas generalizadas entre dois, três ou mais. Aqueles  objetos estão   naquele local por geração espontânea. Quando em apreensões menores e mais corriqueiras, também essa é a regra, para alívio quase geral. A dúvida é tudo o que se quer!   A sociedade, na imensa maioria das vezes,  também é preterida nas execuções penais, só que não sabe. A única informação que recebe é a  de superlotação carcerária (só esses locais são mostrados, como se todos assim o fossem).

 Pode-se perfeitamente trabalhar em execução penal apenas com princípios abertos e que servem ao bem e ao mal: o  da presunção da inocência e o da dignidade da pessoa humana, levados ao infinito, sem em praticamente momento algum lembrar da dignidade de cada pessoa humana  nas ruas e que contra elas parece viger o  princípio da culpabilidade, mas que nunca cometeram nenhum crime.

Aos desavisados, menos de 3% dos crimes existentes em terra brasilis prevêem a pena de prisão no regime fechado desde o início do cumprimento. Nesse universo dos 3% estão todos os crimes de homicídios ( menos de entre 8 a 5% têm autoria apurada, o que não significa condenação, muito menos cumprimento de pena). E os  latrocínios? Estupros? O regime para o assalto não é o fechado!  Não  esqueçamos das vítimas que não reportam mais os crimes sofridos. Em compensação, de forma esquizofrênica, prega-se a maior mentira nacional acerca do superencarceramento, como se a sociedade já sofrida tivesse culpa ou como se os que lá estão são inocentes ou que lá ficassem por muito tempo, como se não fosse necessário redistribuir melhor os presos, bem como construírem-se vagas. Aqui vale destacar também o discurso de que o sistema faliu. Como assim? Nunca foi aplicado. Ele é sabotado e manipulado com dados, linguagem e imagens parciais. Mostra-se apenas um lado, ou alguém sabe quanto de dinheiro é preciso para tornar o Brasil livre desse problema?  Alguém sabe que houve um acordo em Brasília  de não se investir mais no sistema prisional em  meados de 2013? Quantos são presos com relação aos crimes ocorridos? Quanto tempo em média ficam nas condições mostradas, mesmo tendo cometido as maiores barbáries? Alguém tem noção da aberração  que existe nessa proporção crime/castigo? Há uma canibalização da verdade. Como dizer que a prisão não funciona? Ela NÃO é aplicada. Como explicar num país onde na imensa maioria de TODOS os crimes cabe transação penal, suspensão condicional  do processo, pena alternativas, prisões  domiciliares, tornozeleiras e onde não é incomum  assaltante (aquele que ataca principalmente os pobres ..) não expiar um dia sequer de liberdade e cumprir  “pena” com tornozeleira?  Nem vou adentrar nos problemas das tornozeleiras, mas garanto que não são poucos, técnicos e jurídicos (difícil apurar e impor uma sanção a quem descumpre as regras da tornozeleira, quando se descobre).

 Há  um sentimentalismo tóxico, que não ajuda nem o raro criminoso que gostaria de expiar seu erro. Não há expiação, não há crescimento, não há possibilidade de ajudar ninguém tirando-lhe o peso de certo sofrimento. Não estou dizendo que não deva existir dignidade, mas a adequada, e nunca maior do  que a de um cidadão que não atentou contra a sociedade. Não é possível querer outro resultado onde a vitimização é acolhida de forma quase que unânime. Não esqueçamos que mesmo nos piores estabelecimentos, onde há a necessidade de maior dignidade, a imensa maioria fica tempo insuficiente e desproporcional ao crime cometido. Isso a “olho nu”, abrindo processos de execução penal todos os dias. Essa verdade para mim é inafastável. A legislação leniente, a cultura em geral  libertária pelos psicólogos que lá atuam e o  ativismo completam o quadro, sem nunca tirar a responsabilidade de quem deve oferecer vagas. Precisamos superar essa questão das vagas, pois é a justificativa plantada e colhida por anarquistas,  abolicionistas, e caprichosos  onde tudo o que se quer é guerra de classes. Esse é o pano de fundo.

O que dizer de: alguns apenados que recebem remição, trabalham; apuração de faltas gravíssimas somente com recursos sem efeito suspensivo – e olhe lá; maioria dos PADs imprestáveis - e não se diga por falta da desculpa batida de falta de recursos, mas de um mínimo cuidado e capricho na forma. Qualquer desvio formal, absolutamente contornável e fácil de ser feito (sim, já tentei mais de uma dezena - esse número é real - explicar, só faltou desenhar, e vou desenhar. Será o próximo passo). O que dizer quando uma autoridade flagra um preso com celular e ela mesma julga o PAD? E não reconhece a falta?  O que dizer quando, pelo menos,  na última década, 99  por cento de todas avaliações psicológicas que são feitas pela equipe técnica do estado (em casos de  crimes com violência à pessoa), concluem que a prisão não resolve e  não informam características da personalidade do criminoso, para que se acautele na liberação precoce e temerária de alguém?  Óbvio que essa ausência JAMAIS prejudica o apenado. Inverteu-se a lógica; e quem disse que em  não se conseguindo apurar nada contra o preso ele tem condições? Tudo ocorre de forma genérica. As progressões do regime fechado para o semiaberto são praticamente automáticas, é difícil fugir disso; tenta-se  impedir uma progressão mesmo com várias fugas e delitos no curso da execução. O que dizer de prisões domiciliares por saúde no regime fechado, não demonstradas claramente a necessidade? Muito comum essas prisões domiciliares por saúde serem renovadas de 30 em 30 dias, ou em 60, ou em 90 dias? Tente recorrer e mostrar o equívoco da decisão? Quando chega ao tribunal, já perdeu o objeto, e nova decisão sobrevém por período igual, até chegar-se aos prazos para benefícios. Casos existem de condenados  faceiros passeando pelas ruas como se não tivessem décadas de pena a cumprir. Até por gastrite já vi. Essa é a realidade, não só a que se mostra.  Progressão para crimes hediondos com 2/5 ou 3/5 para reincidentes, conforme determina a lei? Não, apenas em parte, pois para a segunda progressão, utiliza-se 1/6 apenas!  Criminosos habituais? Qual o problema em unificar,  a absoluta imensa maioria. Detrações? Onde está escrito que não pode ocorrer por períodos anteriores ao delito pelo qual se cumpre a pena? Reincidência? Não é circunstância pessoal,  mas processual, seria uma interpretação que muito prejudica o apenado. Conversão de pena restritiva em privativa, mesmo que esteja no fechado, por quê?  Quando são mulheres, o ponto central são os filhos e a gravidez, mesmo que as condenações sejam por delitos na presença dos filhos. Como devolver alguma dignidade que a sociedade merece? São posicionamentos jurídicos? Sério isso? Tudo isso impacta diretamente na violência  nas  ruas  e na impunidade. Quanto mais benevolência,  sentem-se incentivados. Essa benevolência é fator criminógeno. Sempre haverá um abraço amigo . Por qual razão a tendência é sempre não buscar as reais razões do caos e já inventar mil desculpas e ideias mirabolantes?

Absolutamente,  todas essas minhas colocações vêm de minha experiência e não têm outro objetivo senão o de cumprir a obrigação a que me imponho como agente política inserida em assunto tão sujeito a paixões e a manipulações ideológicas a esclarecer com o meu trabalho: a verdade não é exatamente essa que nos é mostrada. Não estou a negar fatos, estou a dizer com o mesmo comprometimento que fiz quando do juramento na minha posse em 1996, o que se mostra é apenas um recorte , que serve a mentiras, manipulações e sequestro da capacidade do indivíduo condenado entender que ele merece e precisa de uma resposta forte do Estado e como se toda a responsabilidade fosse do incompetente Estado ou dos cidadãos. Não, não é: é do criminoso.

“Quando as mentiras ficam grandes o suficiente, o mundo inteiro se deteriora. Mas se você olhar perto o bastante, a maior das mentiras é composta por mentiras menores e essas por outras menores ainda – e a menor das mentiras é onde a grande começa.  Não é apenas uma declaração inexata sobre um fato. Pelo contrário, é um ato que tem a dimensão da mais séria conspiração que já possuiu a raça humana. Sua inocuidade aparente, sua maldade trivial, a tênue arrogância que a faz crescer, a aparente trivial fuga da responsabilidade que ela objetiva – tudo isso trabalha efetivamente para camuflar sua verdadeira natureza, seu verdadeiro perigo e sua semelhança com os grandes atos de maldade que os seres humanos perpetram e frequentemente apreciam: a mentira corrompe o mundo. E o que é pior: essa é a intenção.” (Jordan Peterson). 

Olhos para quem quer ver.

*A autora é Promotora de Justiça da Vara de Execuções de Porto Alegre, colunista do Tribuna Diária e membro do MPPS.

**Artigo publicado originalmente no portal Tribuna Diária de 30/08/2020

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