Roberto Motta
A missão principal no Brasil de hoje é lutar pela liberdade. A segunda é dar esperança.
Essa sensação de "fim de mundo", criada com a ajuda da pandemia, é pura jogada política.
Vejam o que aconteceu nos EUA: quando mudou o governo, a pandemia praticamente saiu da mídia.
No Brasil a mídia repete todos os dias, de todas as formas, que vamos todos morrer; que a vacina não vai dar pra todos; se vai dar, então não protege contra a cepa nova; se protege, então foi superfaturada.
Orçamento, voto auditável, fundo eleitoral, reforma tributária, privatizações, mudanças de ministros, "CPI" (entre aspas mesmo), meio ambiente: tudo é embolado e distorcido pela mídia e pelos "formadores de opinião" até ficar incompreensível.
É de propósito mesmo.
É um esforço gigantesco para manter a população mergulhada no medo, na insegurança e na desinformação até as eleições do ano que vem.
Nada de positivo pode acontecer. Se acontecer, não pode ser divulgado. Se for divulgado, tem que ser distorcido.
E que se dane o Brasil. E que se dane a realidade.
O importante é construir uma narrativa para o impeachment, ou pavimentar o caminho para uma derrota eleitoral A QUALQUER CUSTO.
E isso, meus amigos, é o inacreditável plano dos "democratas" da 3a via.
Não caiam nessa arapuca.
O Brasil está melhorando. Já varremos o lixo do PT do poder, agora temos que completar a limpeza.
Com instituições limpas e firmes, com o agronegócio e nossos empreendedores, com a fé e o trabalho dos cidadãos, seremos uma das nações mais ricas do mundo.
Livres dos pesadelos do esquerdismo, do crime e da corrupção, poderemos enfim usufruir dos frutos do nosso trabalho com segurança e liberdade, e ter a certeza de que nossos filhos terão uma vida melhor que a nossa.
Espalhem a esperança.
Desliguem a TV.
Acreditem.
Lutem.
JOGOS QUE NÃO SÃO DE SOMA ZERO
Alex Pipkin, PhD
O futebol é o ópio do povo; sim, em terras verde-amarelas este tem sido sistematicamente usado por políticos demagogos para manipular, burlar e iludir e, objetivamente, para não fazer aquilo que econômica e socialmente, de forma comprovada, sabe-se que tem que ser realizado para que o país enverede pela rota do crescimento e do progresso.?
Em tempos de Olimpíadas, evidente que se reproduz fenômeno semelhante, quando as grandes potências, com nítidos e maiores recursos e capacidades desejam sinalizar seu grande poderio geopolítico.
Nem é preciso retroceder muito no tempo a fim de realizar como Hitler utilizou os Jogos Olímpicos de 1936 para aprofundar atitudes e comportamentos nazistas, chauvinistas e nacionalistas.
O nacionalismo é perverso, ancora-se num sentimento egoístico, de uma suposta superioridade, burra e fechada, numa espécie eufórica de um jogo de soma zero, em que uns ganham e se beneficiam em detrimento de outros.
Mas as Olimpíadas, similarmente, são oportunidades para a construção da “face elevadora” do patriotismo.
O genuíno patriotismo serve como um alicerce básico para a construção de confiança social e, na sua ausência, como factualmente estamos vendo na República das Bananas, para a estúpida edificação da baderna, da bizarrice, dos desacertos e da desunião, que correm livres, leves e soltos. Ah, como somos escassos dele!
O patriotismo representa, de fato, um sentimento de amor e de orgulho a pátria e aos seus cidadãos e, portanto, significa o interesse pelo melhor para seus compatriotas e para o bem comum.
A Olimpíada em Tóquio, parece-me, tem despertado sentimentos patrióticos pela conquista de medalhas de brasileiros de distintas origens, que com esforço próprio, investimentos e apoio, conseguiram se superar e emocionar seus compatriotas. Quem não se emocionou com a menina Rayssa Leal no skate e/ou com o ouro de Ítalo Ferreira no surf?
Espetacular!
Muito embora as Olimpíadas possam provocar atitudes nacionalistas, em especial, porque numa competição, um vence e o outro perde, essa é a fotografia, distinta do filme que não significa necessariamente um jogo de soma zero.
Assim também é o patriotismo, numa dinâmica de continuidade, que é aberto, espontâneo e inclusivo.
Quantos destes atletas brasileiros, que apesar de não terem ganho medalha, atiçam possibilidades e sentimentos de que com esforço próprio e empenho, é possível realizar sonhos e construir um futuro melhor?
Assim também é o tão propalado nacionalismo econômico, improdutivo e nefasto, que beneficia grupos de interesses, amigos do rei e empresários compadres e, literalmente, destrói o povo.
Nesse nosso reino da fechadura, do isolacionismo e do protecionismo, por séculos, governos demagógicos e ineficientes têm privado absurdamente a geração de mais atividade econômica, inovações, produtividade, empregos, renda, riqueza e prosperidade.
Na ilha verde-amarela, não há o influxo de tecnologias que possam tornar nossas indústrias mais competitivas e pujantes, produzindo bens de melhor qualidade, inovadores, mais baratos e, inclusive, que melhorariam as tão faladas questões climáticas via uso de soluções inovadoras.
As alardeadas desigualdades sociais são, similarmente, consequências desta mentalidade de avestruz, conforme a história econômica atesta.
Não, assim como o patriotismo, o comércio internacional não é um jogo de soma zero, ou seja, se alguém se beneficia é porquê outro saiu perdendo.
Chega de capitalismo de compadrio tupiniquim, precisamos executar a principal reforma que é a abertura econômica, em que os consumidores poderão comprar produtos mais baratos e de melhor qualidade, com a competição forçando as empresas nacionais a investirem em qualidade, em inovações e em ganhos de produtividade real.
Basta de chauvinismo econômico; somente com maior produtividade alcança-se maiores salários, empresas mais inovadoras, competitivas e lucrativas, e um Brasil mais moderno, justo e econômica e socialmente viável.
INCENDIAR UMA ESTÁTUA NÃO É UM ATO, É PARTE DE UMA ESTRATÉGIA INTERNACIONAL.
Taiguara Fernandes de Souza
Li várias opiniões nesses dias sobre a destruição da estátua de Borba Gato, um dos bandeirantes paulistas desbravador dos sertões e membro das gerações que fundaram o país.
Praticamente todos esses textos, contudo, falhavam em detectar um aspecto essencial do crime: o fato de que se trata de um movimento coordenado.
Internacionalmente, a destruição de monumentos históricos tem seguido um padrão.
No Brasil, como sempre, os tais "revolucionários" apenas estão imitando as modas estrangeiras, na falta de "criatividade" para seus próprios vandalismos.
Afinal, não foram os anarquistas americanos (sim, os "imperialistas" lá do norte, falantes de inglês) que, em 2020, começaram a derrubar suas estátuas?
O monumento a Cristóvão Colombo, descobridor da América, situado no Minnesota State Capital (sede do governo do estado de Minnesota) foi posto ao chão em junho do ano passado [foto 2].
A mesma coisa aconteceu com a estátua do general confederado Albert Pike, na capital Washington D.C. [foto 3].
Diversas outras estátuas e monumentos históricos foram vandalizados e queimados, entre os muitos eventos que, no ano passado, tentaram conturbar o país para influenciar as eleições americanas.
Momentaneamente esquecida, a moda só chegou aqui depois que gringos mais ao norte ainda começaram a replicá-la novamente (já agora, em 2021), confirmando o vira-latismo da nossa produção revolucionária local.
No início desse mês de julho, vândalos canadenses derrubaram estátuas da Rainha Vitória [foto 4] e da atual Rainha Elizabeth II [foto 5] na cidade de Winnipeg.
Os revoluciona-latas de cá foram tão pouco criativos que utilizaram para Borba Gato, inclusive, a mesma justificativa dos canadenses: o vandalismo seria "contra o escravagismo colonialista".
"Colonialismo" que o anarquista daqui quer apagar... imitando estrangeiros.
Mas, se querem saber, o movimento coordenado já possui seus próximos passos lá fora: queimar igrejas.
No Canadá, já incendiaram e dessacralizaram mais de 50 igrejas católicas (e até uma ortodoxa), muitas delas históricas, só nesse mês [fotos 6 a 10] - sob o olhar permissivo dos políticos (afinal, é "ódio do bem").
Vão deixar o mesmo acontecer aqui?
*Publicado originalmente no Facebook do autor em 27 de julho de 2021
Érika Figueiredo
Tenha valores sólidos, e lute para preservá-los e perpetuá-los. O resto é narrativa.
Assisti ao filme O GUIA DA FAMÍLIA PERFEITA (Le Guide de La Famille Parfaite), na Netflix. Uma família de classe média canadense, que vive refém das redes sociais e dos conselhos de “especialistas”, depara-se com situações que a modernidade não resolve, e com a necessidade de reconhecer a falência da educação atual.
Louis Morissette vive o pai de meia idade, que está no segundo casamento, e tem dois filhos que residem consigo: uma mocinha de 16 anos (fruto da primeira união) e um menino de 5, nascido na constância do segundo matrimônio, com uma mulher mais jovem.
O protagonista é um tipo conservador, criado nas regras da educação convencional, que se horroriza com as novas formas de lidar com as questões adolescentes e com os jovens de hoje. Para ele, é como se estivesse eternamente em uma “festa estranha com gente esquisita”, definição essa na qual inclui-se sua atual esposa.
Quando sua filha mais velha começa a apresentar problemas na escola, os quais envolvem mau desempenho, venda e consumo de drogas e ausência de amigos, ele se desespera em busca de uma solução, não contando com o apoio da mãe da menina, que é bailarina em Barcelona e considera-o “muito severo e radical”.
Sentindo-se perdido e sem respostas, com vários “especialistas” ditando-lhe regras de ação e de comportamento, as quais não fazem qualquer sentido, ele parte em uma busca solitária por respostas, que inevitavelmente, leva-no à conclusão de que a sociedade está doente, vivendo de imagens e ilusões que não correspondem à realidade.
Quando tenta dialogar com a ex esposa e com a atual, sobre como os filhos reagem à estrutura em que estão inseridos, na qual as crianças têm seu “lugar de fala” (expressão da moda cultuada pelos moderninhos de plantão), é repelido de forma brusca, com frases de efeito do tipo: “se todos fazem, por que eles não podem fazer?”, “o mundo mudou”, “precisamos respeitar os desejos e sentimentos dos nossos filhos”, “a sociedade está obcecada pelo sucesso” e outras pérolas da modernidade.
Sempre fui uma mãe rigorosa, zelosa e ciente do meu papel. Não deleguei as responsabilidades de educar e dar exemplo, tampouco furtei-me a ensinar o que é certo e errado. Cobrei desempenho e corrigi atitudes, deixando claro para meus filhos que todas as nossas escolhas trazem consequências, e que meu objetivo primordial é formar homens preparados para a vida adulta.
Evidentemente, dentro da inversão de valores a que estamos submetidos diariamente, fui muito criticada, apontada como autoritária, insensível e vários outros adjetivos. Mantive-me firme no propósito de conduzi-los à maturidade e à realização de sua vocação, mesmo quando ouvi que o regime da minha casa era ditatorial. Não me arrependo.
Ao ver filhos mandando nos pais, que foram esvaziados de sua autoridade, como os do filme, agradeço a Deus, por ter-me intuído no caminho que escolhi seguir, na educação dos meus filhos.
No filme, o menino de cinco anos bate nas pessoas, joga-se no chão fazendo pirraça, não dorme sozinho no próprio quarto, não come o que lhe é servido, e ainda assim, os pais promovem uma festa por sua formatura na creche, com direito a beca e chapéu (oi?). Qualquer semelhança com as crianças que vemos por aí não é mera coincidência.
O que a estória da tela aponta é a falência do modelo aplaudido pela sociedade, por não dar limites às crianças e jovens, formando adultos confusos, perdidos em suas trajetórias, mimados, exaltados, egoístas e descompromissados com qualquer coisa, que não seja o próprio umbigo.
A esposa do protagonista passa as duas horas de filme filmando e fotografando todos os eventos do cotidiano, para postar no instagram com a hashtag #família perfeita#. Enquanto a vida doméstica desmorona, o que importa, para ela, é a forma pela qual ela é vista nas redes sociais.
Viciada em ginástica e dietas, vê-se comendo sozinha a comida que prepara em casa, pois ninguém suporta comer folhas e pão sem gluten as 24 horas do dia. Envolta em sua própria superficialidade, não enxerga um palmo à frente do nariz, e não percebe o mal que faz a si mesma e aos outros, tornando-se um peso a mais para o marido suportar.
A adolescente da trama, dividida entre uma mãe que se comporta como se tivesse a mesma idade dela, e um pai que tenta, desesperadamente, impor-lhe limites e rotina, oculta suas reprovações nas provas, fechando-se um um mundo particular, no qual oscila entre a aprovação e a reprovação do comportamento da mãe, que não assume qualquer responsabilidade por sua criação, sob o argumento de que “trabalha fora do país”.
Quando essa tese da mãe é confrontada pelo terapeuta da menina, que diz-lhe que ela “fez uma escolha, e que essa escolha não inclui a filha”, esta fica indignada, sentindo-se injustiçada e incompreendida. Leva a filha para passar uns dias consigo, arrasta-a para bares e boates, fica com homens na sua frente, dá-lhe bebidas, dorme fora de casa e acredita firmemente que está “ensinando-lhe a viver”.
Um acontecimento dramático chama todos à reflexão. E essa família precisará repensar seus valores e suas atitudes, para que consiga sobreviver à civilização moderna. Que saudades do tempo em que jovens de dezoito anos já eram homens feitos, preparados para a guerra ou para o trabalho, para o casamento e para a criação dos próprios filhos.
Vivemos num mundo de gente feita de geléia, que desmonta com um leve empurrão, busca aprovação e reconhecimento o tempo todo. Conduzem-se como se o mundo devesse-lhes alguma coisa, correndo das responsabilidades e tratando bichos de estimação como se filhos fossem.
É preciso acordar. Não há mais tempo para as esquisitices da atualidade. A vida não espera, e Deus deu a cada um de nós uma missão, que é necessário que identifiquemos, para podermos cumprir. Nenhuma vida pode ser em vão, ou baseada tão somente em prazer e hedonismo.
O homem moderno está cada vez mais perdido, esquizofrênico, egoísta, refém da aprovação pública e carente de limites. O que o filme que ora descrevo nos traz é , tão somente, um fiel e triste retrato do que nos tornamos.
Dá pra mudar isso? É claro que sim! Como sempre disse meu pai, “onde há vontade, há um caminho”. Não tema desagradar a audiência, ser julgado ou mal interpretado. Tenha valores sólidos, e lute para preservá-los e perpetuá-los. O resto é narrativa.
* Publicado originalmente em Tribuna Diária - https://www.tribunadiaria.com.br/ler-coluna/1040/familia-perfeita.html
** Erika Figueiredo é Promotora de Justiça, escritora, mãe, cristã e conservadora. Fala de história, filosofia, política e direito.
Gilberto Simões Pires
RECONCILIAÇÃO
O relacionamento de AMOR e ÓDIO que é destilado a todo momento por brasileiros em geral à boa parte dos meios de comunicação é algo muito surreal. Vejam que ao mesmo tempo em que os brasileiros -sofredores- expõem claros e definitivos sentimentos de ÓDIO eterno com as NARRATIVAS, a maioria, cheia de AMOR, segue lendo, ouvindo e assistindo os mesmos noticiários como se buscassem uma reconciliação.
ÓDIO ESCANCARADO
Aliás, bem antes das eleições de 2018 escrevi um editorial informando, por exemplo, que havia deixado de assistir a Rede Globo face ao escancarado ÓDIO que a organização passou a nutrir, e colocar no ar, através de seu vasto contingente de jornalistas, ao então candidato Jair Bolsonaro. E, conforme está lá escrito e registrado em -ARTIGOS ANTERIORES-, em nenhum momento senti falta dos telejornais da Globo, exibidos tanto pela TV ABERTA quanto pelos canais da TV CABO.
MORDENDO A ISCA
Ora, quem tem ÓDIO, certamente usa este sentimento para tentar destruir o seu AMANTE. Em se tratando de meios de comunicação, mais do que sabido, a arma que tem sido utilizada, infelizmente, é a MÁ INFORMAÇÃO. Com NARRATIVAS FALSAS, carregadas de MANIPULAÇÃO, as NOTÍCIAS (?) são lançadas e, como se vê, muita gente acaba mordendo a isca. A partir daí, ao invés de IGNORAR as informações, muita gente COMPARTILHA , provocando discussões sobre coisas que na maioria das vezes são INVENÇÕES cujo propósito é gerar dúvida e/ou desconfiança.
FALSIDADES
Isto tem sido muito comum nas Redes Sociais e, principalmente, através do WhatsApp, Telegram, etc., onde grupos formados por centenas de participantes acabam recebendo mensagens FALSAS e/ou FABRICADAS cujo propósito é o de colocar os mais desavisados em dúvida sobre a honestidade de pessoas preocupadas com o bom futuro do Brasil. Não raro, além do presidente também seus ministros têm se tornado alvo de mentiras que depois de serem lançadas, por força do ÓDIO nutrido mostram enorme dificuldades para serem desmentidas.
AGENDA MAIS LIBERAL
O que acontece neste momento é que a MINORIA está muito mais organizada do que a MAIORIA. Com união de praticamente todas as instituições querendo impedir o avanço de uma AGENDA MAIS LIBERAL, o prato da discórdia está servido. Para disfarçar e colocar a dúvida na cabeça dos brasileiros em geral, o alvo visível a olho nu é o presidente Jair Bolsonaro, mas na verdade o que realmente incomoda não é o presidente, mas a AGENDA. Afinal, não é à toa que o LIBERALISMO sempre foi demonizado no nosso empobrecido Brasil.
Valterlúcio Bessa Campelo
Em poucos minutos nasci. Me banharam com a água do poço, me deitaram em panos novos e me refrescaram com um abano de palha naquele calor de maio. Era tempo de chão esturricado no sertão nordestino. Não era tempo de nascer, era tempo de morrer, como os bois e os pés de feijão que viraram pó na caatinga. Nasci assim mesmo, de teimoso.
Meu pai tinha 30 anos e era um lavrador em terras áridas, puxava ervas daninhas pros pés com uma enxada que tinha o cabo alisado por suas mãos calejadas. Era também negociante das poucas cabeças de gado que os vizinhos punham à venda uma vez por ano. Dinheiro para comprar tecidos para minha mãe coser roupas novas e, talvez, um par de sapatos para ir à missa.
Minha mãe tinha 34 anos e já criava três dos cinco filhos que havia parido, dois viraram anjinhos, num lugar onde as incelências eram frequentes. “Será que ele se cria?” perguntavam os parentes uns aos outros. Me criei, mesmo lambido pela morte na forma de “doença de menino”. No céu, não me quiseram como anjo.
No domingo eu cresci, brinquei e aprendi. Já não foi na caatinga, foi na cidade, entre outras crianças, amparado por professores pacientes fazendo jogos e longas caminhadas ao meio dia, indo ou vindo do grupo escolar. Cresci bem nutrido, arengueiro e sabido. Força para lutar, arenga só pra arengar e esperteza para me safar.
Na segunda-feira eu cresci, sofri, me apaixonei e aprendi. Pela manhã, as dúvidas, os conflitos, os traumas. Durante a tarde, a paixão, o primeiro tocar, frêmitos no coração e um romantismo acanhado, inspirado nos livros que li. De noite, os prazeres do corpo e do copo, os mal feitos inconfessáveis e o penar pra aprender.
Na terça-feira eu me aventurei, lutei, amei e aprendi. Já não foi onde era, foi fora daquele mundo. Primeiro, sozinho, perdido em mim e na vida. Depois, com ela, que juntou-se ao devir, trazendo esperança, amor e certezas. Mais tarde, mudança, eu queria ser o que era, não bastava aprender.
A quarta-feira é tempo de luta, então lutei, lutei e lutei. Também mais amei, cristalizei o querer. O sentir que entreguei recebi em mais da medida, eu já não era eu, eu éramos nós. Renunciar ao ser para sermos é dobrar a cuia da porção divina. Pra não lutar por lutar, mais aprendi. A luta pode riscar na mente um novo saber.
Na quinta-feira alegrei-me como nunca antes nem depois. Veio do céu, em forma feminina, um presente de Deus. Imerecido, talvez, desejado é certo, necessário também. E mais lutei, amei e aprendi. Uma provação repentina, um recomeço, outro mundo a ver e entender. Saltei no escuro agarrado em seu braço. Éramos três e ela nos sustentava com uma força e um sorriso que nunca tive ou terei.
Na sexta-feira, de novo, a necessidade do recomeço. A vida é assim para quem não se rende, lutar é de lei, amar é só amar e aprender é preciso. Fiz uma volta ao passado, como se ele fosse um barco ancorado a nossa espera. Não era. O passado não estava no lugar onde deixei, não pudemos ficar. Sonhamos o sonho errado, tivemos que acordar.
Agora é sábado, ainda manhã. Voltei pro lugar onde vivi a terça-feira e a quarta-feira. Ainda posso lutar? Amar? Aprender? Lutei tanto e aqui estou, quase sem forças para continuar. Aprendo desde o domingo e nada sei. Coleciono dúvidas como se ainda fosse segunda-feira e as minhas certezas se desmancham no ar, não resistem à luz mais efêmera.
Não, isto não é um olhar para trás, não é um lamento, uma saudade, uma tristeza. É que à minha frente surgiu um enorme espelho e eu só vejo o que foi, o que fui e o que fiz, não consigo enxergar o que virá. Quando o sábado estiver chegando ao fim, o que restará? Um homem quebrantado, uma vida vivida e esquecida num canto da sala? Isso me enche de medo.
Me disseram que a noite do sábado pode ser tranquila, com tempo para observar os domingos dos que nascem e as segundas-feiras dos que aprendem. Mas, também pode ser longa e penosa. Como saber, com esse espelho atrapalhando a visão? É melhor aguardar. Ainda bem que tenho a graça de amar. Ela e ela.
* Publicado originalmente no blog do autor e enviado por ele a este site.