Percival Puggina

05/01/2009
Cuba proporciona ao estudioso uma das hist?s mais dram?cas na vida do continente. No per?o que vai do s?lo 16 ao 19, somava-se ali, ao cen?o comum das col?s tropicais (extrativismo, monop? da metr?e e uso intensivo de m?de-obra escrava), a grande proximidade com os Estados Unidos. Este ?mo fator fez nascer na elite cubana uma forte corrente desejosa da anexa? (anexionistas). No entanto, o dom?o espanhol se constitu?em obst?lo, tanto para os que buscavam uma verdadeira independ?ia, quanto para os anexionistas. No s? 19, a Ilha foi palco de duas longas guerras contra a Espanha. A primeira durou de 1868 a 1878. A segunda come? em 1895 e se prolongou, sem sucesso, at?ue, no in?o de 1898, a explos?do navio USS Maine, que estava ancorado no porto de Havana, alterou o cen?o do conflito. Identificado o car?r intencional do ato que matou 260 marinheiros em pleno sono, os norte-americanos desembarcaram na Ilha e, em poucos meses, a Espanha entregava os pontos. O subseq?e tratado de paz transferiu Cuba, Porto Rico e Filipinas para os Estados Unidos. Assim, em janeiro de 1899, quando todas as outras col?s espanholas j?stavam libertadas havia d?das, Cuba trocou de bandeira. Arriou a espanhola e desfraldou a norte-americana. E mesmo quando, tr?anos mais tarde, conseguiu estabelecer gest?pr?a, seria extremamente contr?o ?erdade dos fatos afirmar que aquele autogoverno fosse suficiente para caracterizar um estado nacional soberano. O senhorio ianque era evidente e se manteve, com interven?s diretas e indiretas e sempre com forte presen?econ?a e pol?ca, at?essar o apoio a Fulgencio Batista em fins de 1958. Embora a economia prosperasse, num cen?o paradis?o e ornado por bel?imas constru?s coloniais (hoje em ru?s), que justificavam a express?“P?la do Caribe” com que era designada a ilha, o fato ?ue Cuba, at? metade do s?lo passado, n?era, ainda, uma na? independente. Por isso, o mundo saudou a vit? dos guerrilheiros de Sierra Maestra. Raiava, enfim, a liberdade sobre Cuba! No entanto, bastaram dois anos sem suporte americano para que Fidel se declarasse comunista de carteirinha e entregasse o pa? numa bandeja, ?ni?Sovi?ca. Em troca de vultosas vantagens comerciais, Cuba se converteu na principal fornecedora de infantaria combatente para guerrilhas comunistas em locais t?dispersos quanto Panam?Rep?ca Dominicana, Haiti, El Salvador, Nicar?a, Guatemala, Col?a, Peru, Bol?a, Honduras, Som?a, Angola, Congo, Mo?bique e Eti?. Como escrevi em “Cuba, a trag?a da utopia”, o sangue e a vida da juventude cubana foram arrendados a URSS por um ditador que gastava hectolitros de saliva para discorrer sobre autodetermina? dos povos. E l?e foram mais tr?d?das. At?989 a bela ilha caribenha ainda n?conhecera uma autonomia real. E quando essa situa? se imp?pelo desmoronamento da Uni?Sovi?ca, no in?o dos anos 90, a autonomia chegou sob a forma de um amargo abandono ?r?a sorte. A hist?a pobreza da sociedade se converteu em mis?a, tendo in?o o per?o que Fidel, eufemisticamente, denomina “Per?o Especial”. Eu chamo caos econ?o por falta de patrocinador. Resumindo: ainda que nestes ?mos anos, o Estado cubano esteja vivendo, pela primeira vez em sua hist?, como senhor de seu destino, o fato ?ue, para o povo, permanece a servid? que antes foi ?spanha, depois aos Estados Unidos, mais tarde aos interesses econ?os norte-americanos, posteriormente aos sovi?cos, e ao longo das ?mas d?das, tamb?a Fidel e ao Partido Comunista Cubano. No 50º anivers?o da revolu? justifica-se plenamente a d?a que me assiste desde a sucess?de Fidel por Ra?O povo cubano vive sob uma monarquia comunista onde a transmiss?do poder se faz por consanguineidade ou como empregado muito mal pago da firma Castro & Castro Cia. Ltda.?

Nivaldo Cordeiro

04/01/2009
Uma amiga minha, sem forma? econ?a, quedou-se espantada ao eu lhe dizer que a maior pot?ia econ?a do mundo, os EUA, n?tem reserva monet?a nenhuma e que vive de emitir moeda e t?los de cr?to, aceitos pelo resto do mundo. Os leigos em economia tendem a achar que os EUA teriam “dinheiro”, alguma reserva f?ca s?a que justifique a sua for?econ?a. O fato ?ue o d? ? meio de pagamento internacional e a reserva de valor do mundo, assentado que est?m duas funda?s. A primeira ? for?econ?a e militar dos EUA, que deu o elemento fundamental para que sua moeda nacional seja aceita pelo resto do mundo: a confian? Em ?ma an?se, ? confian?que d? base real para que os EUA fa? o que t?feito nas ?mas d?das, que ?mitir dinheiro sem lastro algum praticamente em escala ilimitada, boa parte dessa emiss?tornando-se posteriormente d?da p?ca a financiar os d?cits do Estado. Aquele pa?est?everamente endividado. ?essa coisa imensur?l e fluida chamada confian?que d? supremacia dos EUA no mundo financeiro. E ?recisamente ela que est?endo erodida pela heterodoxia da elite governante daquele pa? formada por gente notavelmente irrespons?l. Vimos recentemente um paradoxo interessante, pois ao estourar a crise, a partir de setembro ?mo, mesmo com a trilion?a emiss?adicional o d? ainda assim registrou-se aprecia? dessa moeda em rela? ?demais moedas. Considerando que os juros da d?da p?ca est?pr?os de zero, vimos que as pessoas preferem ter rendimento nenhum a correr riscos desnecess?os, em meio ?incertezas da crise. Esta, todavia, ?ma situa? transit? que pode n?se manter, se a irresponsabilidade dos governantes for mantida. No momento em que houver uma primeira crise de confian?– um movimento especulativo contra o d? – a lona do circo pode desabar por conta da quebra do mastro principal. Esse ser? momento decisivo da crise econ?a ora em curso. Os investidores do mundo est?desconfort?is com a gest?monet?a dos EUA, mas confiam ainda menos nos demais pa?s, nominalmente a Uni?Europ?, a China, a R?a e o Jap? Pa?s como o Brasil n?contam nesse jogo, em face das irresponsabilidades pret?tas (e atuais) na gest?de sua moeda. Nem seus cidad? confiam nos seus governos e nas suas moedas, de modo que sempre preferir?fazer hedge em moedas de outras nacionalidades. ?nisso que tem residido a for?do d?. A quebra da confian?nesta moeda ser? turning point, o momento em que se atravessar? ponte, para em seguida explodi-la. N?haver?ais retorno. O mundo, sem um porto seguro para investimentos financeiros e desprovido de uma moeda confi?l, ter? processo de trocas mundiais amea?o de interrup?, ao ponto de obrigar a um retorno a formas pret?tas de meio de pagamento, como o ouro. Aquilo que ?alvez a maior conquista da economia contempor?a, a mundializa? dos mercados, entrar?m retrocesso. O significado disso ?ram?co: a depress?mundial. Por isso que ?ital observar os passos do Secret?o do Tesouro dos EUA e do presidente do Federal Reserve (FED). Essa gente tem abusado da confian?que o resto do mundo (e os cidad? americanos) depositam em suas a?s. Para manter essa confian?teriam apenas que praticar a ortodoxia, respeitando as leis monet?as que foram descobertas h??los. O papel do presidente eleito Barack Obama ser?ecisivo para esse mister, mas temo que ele ser? maior dos heterodoxos, fazendo de nosso Sarney o mais conservador dos gestores de moeda, em compara? consigo mesmo. Lamentavelmente o que vemos ? heterodoxia prevalecer. Toda semana noticia-se bailouts, emiss? estatiza? de bancos, compra de t?los “venenosos”, subs?os a ind?ias falidas. Nessa marcha a confian?vai desaparecer e, com ela, a chance dessa crise mundial ser minorada e superada rapidamente. Confian??lgo que, uma vez perdida, n?se restabelecer?acilmente. Temo que estejamos pr?os desse verdadeiro dia “D”, o Dia da Desconfian?mundial no d?.

Demetrio Magnoli

04/01/2009
No fim de seu segundo mandato, seremos ‘brancos’ ou ‘negros’ antes de sermos brasileiros. Eis a? verdadeira mudan?promovida pela era Lula: uma bomba social de efeito retardado que sua passagem pela Presid?ia deixa aos filhos e netos da atual gera? Sergio Moraes/Reuters Lula chegou ao Pal?o do Planalto como a personifica? de esperan? exageradas, quase ilimitadas: Foi para isso que o povo brasileiro me elegeu presidente da Rep?ca: para mudar. Na hora em que come?o outono de seu segundo mandato, contudo, ?empo de investigar a sua heran? desses oito anos, o que ficar?ncrustado no edif?o pol?co brasileiro? Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta. Antes de tudo, provou-se que diplomas acad?cos n?s?adere? indispens?is para governar. Os acertos e os erros de Lula decorrem de suas op?s pol?cas, n?das supostas virtudes ou das ?as car?ias associadas a um n?l baixo de instru? formal. O presidente n?precisou de uma universidade para preencher a diretoria do Banco Central com um time de economistas que ostenta medalhas acad?cas incont?is – e concep?s opostas ?doutrinas econ?as petistas. Bastou-lhe o faro pol?co privilegiado do conservador que, no fundo, nunca deixou de ser. Inversamente, o elogio da ignor?ia, um tra?ub?o dos pronunciamentos presidenciais, n?reflete uma suposta convic? de que a escola ?esnecess?a, mas o egocentrismo exacerbado de um l?r salvacionista. Nunca antes neste pa? O salvacionismo abomina a hist?, apresentando-se como o in?o de tudo: a virtude que exclui o v?o e escreve uma nova hist? num m?ore intocado. A democracia enxerga a si mesma como um processo de mudan? incrementais. O l?r salvacionista n?enxerga nada de positivo antes de seu pr?o advento. Lula ?ma vers?pragm?ca, cuidadosa e mesquinha de salvacionismo. De dia, ele denuncia a elite que nos governa h?00 anos. noite, cerca-se de grandes empres?os, a quem atende e de quem espera retribui?. O sucesso do estilo pol?co salvacionista deriva das fraquezas de nossa democracia – e as perpetua. N?se enganem, mesmo sendo presidente de todos, eu continuarei fazendo o que faz uma m? cuidarei primeiro daqueles mais necessitados, daqueles mais fragilizados. Lula n?inventou o paralelo entre a na? e a fam?a, que faz parte da longa linhagem do pensamento conservador de raiz autorit?a. Mas, com a expans?do Bolsa Fam?a, ele encontrou uma f?la de moderniza? do assistencialismo tradicional. A distribui? direta de dinheiro, no lugar das proverbiais dentaduras, n?? fonte do aumento do consumo dos pobres, que reflete o crescimento da economia em geral e do sal?o m?mo em particular. Pouco importa: em virtude de sua efic?a eleitoral, o Bolsa Fam?a ser?dotado pelos pr?os governantes, sejam quem forem. Eis um legado duradouro da m?do povo. N?tem Congresso Nacional, n?tem Poder Judici?o. S?us ser?apaz de impedir que a gente fa?este pa?ocupar o lugar de destaque que ele nunca deveria ter deixado de ocupar. O lulismo aprofundou a subservi?ia do Parlamento ao Executivo, que se manifesta sob a forma de um interc?io: o Congresso se anula politicamente enquanto os congressistas da base do governo chantageiam o presidente para conseguir cargos e favores. A troca descamba sem dificuldades para a corrup? aberta. O mensal?foi isto: um projeto de estabiliza? da base governista pela compra direta dos parlamentares. Ele acabou exposto, mas apenas em virtude de uma fortuita ruptura interna ?rdem da corrup?. Lula n?caiu, apesar de tudo, e a oposi? nem sequer apresentou um processo de impeachment. A elite pol?ca aprendeu do epis? que um presidente popular n?ser?unido nem mesmo se distribuir dinheiro a parlamentares. Se tem uma coisa que est?ando certo no governo ? pol?ca econ?a. O PT n?pode se esconder, procurando motivos para as derrotas, com cr?cas a ela. O PT morreu como partido da mudan?antes da vit? eleitoral de Lula, com a Carta ao Povo Brasileiro, que o converteu em partido da ordem. Nos partidos social-democratas europeus, transi?s similares verificaram-se antes e de modo diferente. Eles renunciaram publicamente a seus velhos programas revolucion?os, adotando programas fundados nos c?nes da democracia e da economia de mercado. O PT, n? embora, na pr?ca, sustente a ortodoxia econ?a do governo Lula, suas resolu?s clamam pela ruptura socialista, denunciam a liberdade de imprensa e fazem o elogio da ditadura de partido ?o cubana. A cis?entre o gesto e a palavra n?apenas corrompe politicamente o partido como tamb?alimenta um tipo mais virulento de corrup?. Se eu falhar, ser? fracasso da classe trabalhadora. Uma m?ina clandestina petista, instalada dentro do Planalto, conduziu as opera?s do mensal? Militantes partid?os em altos cargos p?cos realizaram a quebra de sigilo do caseiro Francenildo, um crime de estado que passar?mpune. Se acreditamos que temos a chave do futuro e uma miss?hist?a redentora, n?hesitamos em usar de qualquer expediente para realizar as finalidades partid?as. O PT n?consegue estabelecer distin?s entre as institui?s p?cas e o partido. No fundo, interpreta a democracia como instrumento transit? para a sua perpetua? no poder. Depois de Lula, o maior partido brasileiro continuar? figurar como elemento de dist?o no sistema pol?co. Quem chega a Windhoek n?parece que est?m um pa?africano. Poucas cidades no mundo s?t?limpas. Os estere?os raciais cl?icos, afundados na lagoa do senso comum, s?um componente ?o da rasa vis?de mundo de Lula. Entretanto, o programa de racializa? da sociedade brasileira conduzido por seu governo decorre de um frio c?ulo pol?co. O presidente quer conservar na sua ampla coaliz?as ONGs racialistas, financiadas pela poderosa Funda? Ford. Em nome dessa meta, patrocina uma enxurrada de leis raciais com repercuss?na educa?, no mercado de trabalho e no funcionalismo p?co. No fim de seu segundo mandato, todos os direitos dos cidad? estar?mediados e condicionados por r?os oficiais de ra? Seremos brancos ou negros antes de sermos brasileiros. Eis a? verdadeira mudan?promovida pela era Lula: uma bomba social de efeito retardado que sua passagem pela Presid?ia deixa aos filhos e netos da atual gera?.

Mario Persona

04/01/2009
Prezado amigo: Circunflexo sobre meu notebook, fui surpreendido por seu e-mail e pelo coment?o agudo com acento carioca que, diga- se de passagem, ?onsoante ?ua crase. Voc?spera que eu trema de sua preposi?? Pareceu-me ser essa a t?a do julgamento vogal que fez de minha decis?de adotar a nova ortografia. Apesar de voc?entar pontuar, com acentuado sarcasmo, minha ades??eforma ortogr?ca, saiba que isso n?me torna um entusiasta da causa. A rea? normal, na minha idade, est?ais para buscar outro tipo de reforma. Mas, como j??tenho reforma e nem estou reformado, adoto a nova ortografia como forma de garantir meu assento no mercado. No fundo, o objetivo do acordo ortogr?co ?cabar com o excesso de letrinhas do portugu?de Portugal. Para que fosse acordo, o Brasil acordou com mudan? m?mas, s?a portugu?ver. O portugu? que trabalhava de facto, agora ir?rabalhar de fato. A gravata permanece a mesma. Qualquer um sabe que antes de reformar ?reciso construir, algo que ainda n?foi feito no Brasil e na maioria dos pa?s que falam Cam? A reforma nem ser?ercebida em muitas escolas onde acento ainda ?in?o de cadeira. Vi uma professora de portugu? que ia se casar, convidar as amigas com um cart?inho grafado Ch?e Conzinha. Pode apostar que professoras assim adotar?a nova ortografia e passar?a ensinar que o coletivo de aranhas ?lcateia. Para quem digita, as vantagens da nova ortografia s? proporcionais aos acentos eliminados. Quantas vezes voc?recisou voltar ao u para colocar o trema? O corretor de meu Word vivia rindo da minha cara com seus l?os ondulados sob a palavra. Agora sou eu quem ri. Deixei o Word de lado e adotei o Writer do BrOffice, pelo menos at? Microsoft, corrigir seu corretor. O Bill Gates deve estar preocupad?imo com minha decis? N?aguento voc?rguir que usamos pouco o antiqu?imo trema. Isso ?onsequ?ia da obliquidade de seu julgamento ex?o de minha lingu?ica. Ainda que eu enx?e meus textos da v?eloqu?ia, at?esmo um delinquente, um alcaguete ou um equino sabe que ?nexequ?l um texto sem trema na velha ortografia. Especialmente por ser este um alcaguete herdado da consanguinidade liter?a de um idioma grandiloquente como o nosso. ?ineg?l que a reforma movimentar? mercado para adaptar tudo e todos aos novos tempos ortogr?cos. A falta de informa? criar?situa?s inusitadas, como a da empresa que h?lguns anos teve sua importa? barrada por um funcion?o da alf?ega. A documenta?, preenchida no exterior com caracteres n?acentuados, indicava a importa? de macas, mas as caixas traziam ma?. Portanto, n? se surpreenda se encontrar algum adevogado por a?uerendo processar, por ass?o sexual, quem entrar na secretaria. E tamb? por agress? se bater antes de entrar. A elimina? dos acentos acentuar? ganho das ag?ias de comunica?, que prestar?servi? de corre? dos textos de seus clientes em sites e material impresso. Publicit?os e gr?cas ganhar?com a reforma geral das embalagens de seus clientes. Ainda vamos ver embalagens de lingui?com Zero Trema. E por que n? se at?mbalagem de ?a j?raz Zero Caloria? Ainda vamos ver na TV entrevistas com especialistas sobre os benef?os de se comer lingui?sem trema: Entrevistadora: Voc?cha que a venda de lingui?sem trema ser?obrigat? em nosso pa? Entrevistado: Bem, caso isso aconte? o Brasil poder?mportar o produto de Portugal at?daptar sua produ?. Os portugueses sempre fabricaram lingui?sem trema. A reforma ortogr?ca trar?roblemas para alguns segmentos na hora de vender seus produtos. ?o caso dos fabricantes de para- raios. Aquilo que antes servia para parar os raios tornou-se um aliado deles. Os familiares de paraquedistas j??poder? processar o fabricante do equipamento que n?abriu. Afinal, apenas a vers?antiga tinha a fun? de parar quedas. A nova ?eita para elas acontecerem. Apesar de n?saltar, me preocupo por viajar muito de avi? mas n?pense que eu trema por isso. A reforma n?ir?fetar o software das aeronaves, que ?scrito em ingl?sem acentua?, evitando assim um Bug do Mil?o s?sso, tipo Bug do Portugu? O problema est?a fila. Em um pa?onde o acesso a uma boa educa? foi atropelado pelo acesso a um maior poder de compra, imagine as filas nos balc?das companhias a?as, com as pessoas querendo saber se precisar?viajar de p?o voo que perdeu o acento. --- Mario Persona www.mariopersona.com.br ?scritor, palestrante e consultor de comunica? e marketing.

Percival Puggina

04/01/2009
Preferiria que me tivessem tomado a carteira. No entanto, os perversos fizeram pior: levaram-me um prazer. Desses ?os, que n?s?pecado nem fazem mal ?a? Sequestraram-me (assim, sem trema), o gosto de escrever, como aprendi e me agrada, para impor-me regras que n?aprendi e das quais desgosto. Proclamo-o, portanto, aos meus leitores. Queixo-me ao Papa. Lamento-me diante do altar. Fui roubado, Senhor. O reveillon de 2009 fez sumir pelos ares, como borbulha de champanha, a satisfa? que me causava a tarefa cotidiana de colocar ideias (agora ?ssim mesmo, sem acento) no papel, usando, para isso, voc?los com a grafia convencionada em 1943, um ano antes de ser expedida minha certid?de nascimento. Levaram-me palavras de estima?, minhas h?eis d?das! Poder?os absorver os inc?os da nova ortografia se nos provassem que escrev?os de modo incorreto, mas n?foi isso que aconteceu. Ficou errado o que antes escrevemos certo. E doravante, se quisermos redigir com corre?, teremos que nos familiarizar com outros padr? Precisaremos nos debru? sobre as prefer?ias de uns poucos que, por puro deleite, decidiram que a elas deveriam submeter-nos. Quem os constituiu senhores do idioma? Certa feita, estando na praia de Iracema, em Fortaleza, um rapaz de bicicleta passou por mim e, num safan? arrancou-me o celular. Em rea?, esgotei contra ele, aos berros, os piores adjetivos que me ocorreram. Gritei tanto palavr? t?alto, que o sujeito quase trombou com a bicicleta numa ?ore tentando olhar para tr? Naquele momento eu fiquei indignado. ?o mesm?imo sentimento que me move agora, com outras palavras, mas com igual motiva?. Estou berrando este artigo e compare?aqui como quem vai ?elegacia declarar-se v?ma de uma pilhagem. Retorno ?em?ia das novidades que afetar?os h?tos ortogr?cos de 230 milh?de pessoas. Convenhamos! Seria perfeitamente aceit?l o inc?o se, por exemplo, varia?s fon?cas ocorridas ao longo dos anos tivessem posto a linguagem escrita em desacordo com a falada. Mas isso, onde aconteceu, n?est?ontemplado na reforma. Tamb?seria aceit?l se a grafia em vigor at? dia 31 estivesse eivada de irracionalidade, constituindo-se em embara?para a alfabetiza? e para o ensino do idioma. Mas n? Bem ao contr?o. Imagine, leitor, crian? que estejam cursando as primeiras s?es do fundamental. Ano passado aprenderam de um jeito, agora ter?que desaprender e voltar a aprender. “Mas vem c?‘psora’ – dir?elas – voc?n?se entendem?”. Pois quanto mais me empenho em entender, mais aumenta minha irrita?, compartilhada por in?as pessoas que me informam sua decis?de continuar escrevendo do mesmo jeito. Invejo-as, mas estou profissionalmente impedido de acompanh?as nessa opera?-padr? “Cui prodest?”, perguntariam os criminalistas se estimulados a investigar as motiva?s da “disgramada” (eis a?ma palavra que deveria entrar para o dicion?o) reforma ortogr?ca. “A quem aproveita” o acontecimento? Ontem, enquanto um programa de televis?mostrava editoras de livros did?cos rodando exemplares com a nova ortografia, discerni alguns benefici?os. Pois que se regurgitem nos ganhos. Ali? neste Natal, entre os presentes que recebi, estava um dicion?o com a nova ortografia. Tenho dezoito e preciso de um novo. Eu mere? N? ningu?merece. Especial para ZERO HORA 04/01/2009

Hermes Rodrigues Nery

03/01/2009
Para Lu?Fernando Ferreira e J? Correia, dois grandes benfeitores, que amam o povo sambentista. “O mundo precisa de pessoas que descubram o bem, que se alegrem por causa dele e que, desse modo, encontrem a energia e a coragem para o bem”. Papa Bento XVI. Car?imos amigos, Com muita alegria e profunda emo?, assumo neste momento – Dia Mundial da Paz, a Presid?ia desse Legislativo Municipal. ?significativo receber o mandato nesse dia. A palavra do papa, na sua mensagem de hoje “Combater a Pobreza, Construir a Paz”, destaca que somos “chamados a constituir uma ?a fam?a, na qual todos – indiv?os, povos e na?s – regulem o seu comportamento segundo os princ?os da fraternidade e responsabilidade”.1 Cidade de beleza natural esplendente Ainda durante a campanha eleitoral, algu?me havia dito que S?Bento do Sapuca?mais do que uma cidade, ?m projeto de vida. Durante muitas vezes, aqui mesmo com muitos de voc? debatemos a identidade e a voca? desse Munic?o, de t?exuberantes recursos naturais, que o torna, sem d?a, a “j?da Mantiqueira”, como j? definiram nesta feliz express?po?ca. Mas uma j?que ainda precisa ser lapidada, como um instrumento a ser afinado, para alcan? o seu bem promissor. De fato, h?esta cidade uma leveza especial, que nos eleva a nos d?lento, a almejar ?“amplid?supernas”2 , como um sinal claro e puro do que Deus tem guardado para aqueles que o amam, ambiente apraz?l, onde “se frui o l?mo tesouro”3: a sua topografia, a claridade l?ida do ar, a paisagem doce dessas montanhas, como um b?amo ?vistas; o canto do sabi?o final da tarde, enquanto as gar? brancas sobrevoam a Fazenda do Estado; os vagalumes do vale do Quilombo (mencionados na obra cl?ica de Eug?a Sereno), os carros de bois do sr. Joaquim Costa, em cuja oficina algumas vezes pude recordar a m?ica do trabalho inspirado por S?Jos?que aparece na bela estampa de sua oficina. Ali pr?o, aonde algumas vezes fui com as crian? visitar o admir?l jequitib? ler os salmos4 ?eira do riacho, em meio aos seus bois. H?amb?os ip?magn?cos, especialmente o rar?imo ip?ranco, de flora? sempre inesquec?l. E ainda as belas cachoeiras, a Pedra do Ba?ue escalei uma ?a vez), o momento de confraterniza? na fogueira das temporadas do Acampamento Paiol Grande, as cavalgadas, as conversas t?enriquecidas com o artes?Ditinho Joana, em seu atelier de trabalho. Tocante a devo? desse povo: na via-sacra da Quaresma, quando vi – pela primeira vez – a cidade do alto do Cruzeiro, antes das seis da manh?a reza do ter?em fam?a, como na casa de D. Isolina, as prociss?e festas religiosas, a Paix?de Jesus Cristo encenada nas ruas da cidade pelo grupo de teatro amador, a coroa? de Nossa Senhora pelas crian? no m?mariano, as novenas e celebra?s nas igrejas dos bairros rurais, o almo?comunit?o no bairro do Quilombo na festa do 13 de maio, a Fanfarra Municipal no desfile c?co do 16 de agosto, o Z?ereira no carnaval, os animados catireiros, a congada, a Lira Musical Sambentista entrando triunfal na igreja Matriz, em ocasi?solenes, e tantas outras alegrias e express?desse povo que tem como voca? a vida em comunidade. Quem sabe um dia ainda serei festeiro! Sobre a beleza desse lugar privilegiado, referiu-se o historiador Pedro Paulo Filho; “a vida l?o alto da Serra era outra coisa: o clima ameno, o frio saud?l, a pureza e a luminosidade do ar, a fertilidade do solo, a beleza estonteante da natureza, a tudo davam maior vi? energia e for?”5 Em outra descri?, destaca que “a terra dava cereais em abund?ia, o leite era farto e o queijo, de primeira qualidade”.6 E acrescenta: “a c?bre Pedra do Ba?amb?chamada de Canastra, cuja parte principal, de propor?s monstruosas, s?acess?l ?grandes aves de rapina, como o gavi?pato, que, de asas esplanadas, e ferindo o azul do c? busca em horas do crep?lo para o repouso amigo, o rochedo agreste e escarpado”.7 L?e cima da Pedra do Ba?ude um dia contemplar, ao final do vale do Paiol Grande, a pequena povoa? que encantou a tantos pela sua singular caracter?ica buc?a: “da Pedra do Ba?companhada de duas outras menores, verdadeiro colosso de granito, servindo-lhe as nuvens de eri?a juba, e dominando, com sua gigantesca e majestosa grandeza, em raio de muitas dezenas de l?as e um incompar?l panorama de culturas, fazendas, serras, cordilheiras, rios, regatos, vales e campinas”.8 Regi?de excel?ias, “para a cria? do gado e pela fecundidade do solo (...) ornada de verdes e gordos pastos”9, ??Bento do Sapuca?de riqueza natural esplendente, cuja paisagem de 1895, descrita por Maria Am?a Salgado Loureiro, ainda hoje podemos vislumbrar maravilhados: “as bananeiras, os bambuais, os bosques pareciam mais verdes, as paineiras cintilavam em suas grinaldas lil? as casuarinas e cinamomos ciciavam; os barrancos e as estradas rasgavam fitas escarlates na paisagem; os cerrados de capoeiras im?s, escondiam as saudades e os ber? roxos dos nhambus; e, nos pomares, rescendentes de aromas, calavam-se os bem-te-vis, os can?os da terra e pintassilgos, os sanha? e tico-ticos, inebriados pela frag?ia das laranjeiras e dos pessegueiros em flor”.10 Se “a beleza ? express?vis?l do bem”11, vemos o quanto “a beleza ?ara dar entusiasmo ao trabalho”.12 O que conta ? capital humano N?faltam recursos naturais, nem recursos humanos. Mais do que recursos financeiros, conta mesmo o capital humano. Admiro muito os sambentistas natos que n?se deixaram seduzir pelos apelos dos grandes centros urbanos e decidiram ficar aqui para ajudar essa comunidade a alcan? seu destino. Pois, de algumas d?das para c?por for?da press?do ?do rural, muitas fam?as perderam o que h?e melhor: o capital humano. Isso porqu?com o desprest?o da agricultura, as crescentes dificuldades do setor pecu?o, e o af?e querer ficar rico r?do, fizeram com que os jovens perdessem de vista as ?as perspectivas dessa cidade, projetando o futuro fora daqui, para longe, e desviando-se assim do que poderiam fazer para realmente serem felizes. At?esmo os mais ilustres sambentistas (nascidos aqui) tiveram que sair de S?Bento do Sapuca?m busca de oportunidades e realiza? profissional e pessoal. Assim aconteceu com Pl?o Salgado, Miguel Reale e tantos outros. Lembro-me do dia em que fomos visitar Miguel Reale, poucos meses antes de sua morte, o grande jurista de renome internacional, em cuja resid?ia em que nasceu abriga hoje a Casa da Cultura, nos disse naquela entrevista: “a crise de hoje ?ais do que social, mas profundamente moral!” Crise de atitudes, de tomadas de decis?realmente pelo bem comum. Em meio a uma beleza t?admir?l, e recursos naturais t?pujantes, os que resistiram a tenta? de ir embora, vejo como ato merit?, mas mais her? ainda ?aber agora o que fazer para ajudar esse Munic?o a acolher melhor os seus filhos, a dar a eles mais oportunidades, a integrar melhor a comunidade, para que aqui seja poss?l viabilizar – como bem disse um desses apaixonados por S?Bento do Sapuca? a promiss?dessas alturas azuis da Mantiqueira: para que haja realmente um projeto de vida que justifique os nossos esfor?, que valha a pena os sacrif?os, que torne mais bonita e viva a nossa hist?, e que eleve a nossa auto-estima. A retomada do Plano Diretor, com primazia ?ignidade da pessoa humana Miguel Reale conta em suas mem?s, que S?Bento do Sapuca?ez parte do “plano de imigra? diversificada e ecol?a concebido pelo Imperador Pedro II (...), onde para c?ieram um operoso n?o de imigrantes tentar fortuna nas fraldas da Mantiqueira, como os Chiaradia, os Canineo, os Gargaglioni, os Mittidieri, os Olivetti, os Castagnacci e outros”.13 O Imperador chegou a vislumbrar e a dar o incentivo necess?o para S?Bento do Sapuca?ealizar sua voca? de produtor das “melhores ?ores frut?ras”.14 A Fazenda do Estado ?ma amostra clara, ainda hoje, do quanto essa voca? permanece uma espl?ida perspectiva. “N?h?esenvolvimento, sem envolvimento”, foi esse o meu lema de campanha. Por isso, vamos intensificar o trabalho para que haja um desenvolvimento vital. Para isso, h?uas palavras-chaves nesse processo: RECURSOS e PROJETO. Mais importante que os recursos, s?os projetos, pois os recursos s?apenas meios, existem para a realiza? do projeto, da?caros colegas Vereadores] o nosso desafio de encontrar um melhor equacionamento entre projeto e recursos, para esta e as pr?as gera?s, para que haja uma “rede de rela?s verdadeiras e sinceras com os nossos semelhantes”.15 O car?r projetivo da vida resulta de op?s, da?ue o destino ?ruto da liberdade. “A hist? reduz-se n?simplesmente aos fatos, mas tamb?aos projetos, isto ?ao que n?azemos com os fatos”.16 Por isso, a primeira iniciativa que buscaremos viabilizar ? retomada do PLANO DIRETOR, pois essa ? oportunidade que temos para somarmos esfor? nessa converg?ia e trabalharmos pelo bem do Munic?o, “para fazer algo juntos”,17 “um quefazer do qual todos participam ativamente”.18 Como destacou o documento produzido pela Oficina Municipal, ?reciso buscar integrar a qualidade t?ica com os princ?os do humanismo crist? tendo como primazia a dignidade da pessoa humana. Esse ? foco principal. “O princ?o da dignidade do ser humano tem raiz na sua voca? ?ranscend?ia e dela decorrem os direitos inalien?is da pessoa: o direito ?ida e a tudo aquilo que ?ecess?o para promov?a e preserv?a; o direito ?iberdade exercida com responsabilidade; o direito ?onstitui? e ?ida em fam?a, com garantias ?eg?ma privacidade; o direito ?duca? e ?ultura; o direito ?articipa? na vida social, que inclui o exerc?o pleno da cidadania e o conjunto dos direitos civis; o direito ?iv?ia da sua f?eligiosa. Sendo assim, o Plano Diretor h?e ter em vista, em primeiro lugar, promover a dignidade da pessoa humana (cada pessoa) na perspectiva do Bem Comum.”19 Esta ?ao nosso ver, a ferramenta que temos para come? a gestar e a consolidar o “projeto de vida” que queremos, para otimizar as melhores possibilidades de S?Bento do Sapuca?tendo em vista “a centralidade da pessoa humana em todo ?ito e manifesta? da sociabilidade”,20 pois “toda vida social ?xpress?do seu inconfund?l protagonista: a pessoa humana”.21 Quando carecemos de um “projeto hist?o comum”, ficamos deficientes daquela “raz?de viver”, que nos motiva ao entusiasmo, pois “uma realidade qualquer est?m crise quando apresenta desempenho inferior ?suas possibilidades”,22 da?ue o verdadeiro enriquecimento “?ntendido n?s?mo progresso econ?o, mas, essencialmente, como alargamento do horizonte das possibilidades vitais”.23 Tamb?a reforma da Lei Org?ca do Munic?o se faz necess?a, e outras a?s nesse sentido, para que possamos conjugar “legisla? e vida”. As bases norteadoras da Doutrina Social da Igreja Ao ter a Doutrina Social da Igreja como base norteadora das a?s pol?cas que desejamos viabilizar (base esta tamb?indicada pelo Partido Humanista da Solidariedade – PHS), ressaltamos que a doutrina social a que nos referimos “visa a um humanismo total, vale dizer ?iberta? de tudo aquilo que oprime o homem. A doutrina social indica e tra?caminhos a percorrer por uma sociedade reconciliada e harmonizada na justi?e no amor, antecipada na hist?, de modo incoativo e prefigurativo, daqueles novos c? e... nova terra, nos quais habitar? justi?(2Pd 3, 13).”24 E ainda: “a doutrina social tem uma destina? universal. A luz do Evangelho, que a doutrina social reverbera sobre a sociedade, ilumina todos os homens e cada consci?ia e intelig?ia se torna apta a colher a profundidade humana dos significados e dos valores por ela expressos, bem como a carga de humanidade e de humaniza? das suas normas de a?. De modo que todos, em nome do homem, da sua dignidade uma e ?a, e da sua tutela e promo? na sociedade, todos, em nome do ?o Deus, Criador e fim ?mo do homem, s?destinat?os da doutrina social da Igreja”25 , pois “Deus ?brigo definitivo e plenamente feliz de toda a pessoa”.26 O direito ?ida: primeiro e principal de todos os direitos humanos Para trabalharmos no “projeto de vida” que queremos, com as diretrizes universais da lei natural contida na doutrina social da Igreja, temos muito claro o sentido e o valor dos direitos humanos, sendo que “a fonte ?ma dos direitos humanos n?se situa na mera vontade dos seres humanos, na realidade do Estado, nos poderes p?cos, mas no homem e em Deus seu Criador”27, pois “a legisla? n?pode basear-se somente no consenso pol?co, mas tamb?sobre a moral que se fundamenta em uma ordem natural objetiva”. 28 Da?ue outra iniciativa que procuraremos trabalhar – aqui mesmo neste Legislativo Municipal – ?om a forma?, promovendo cursos, debates, audi?ias p?cas sobre temas relevantes, foruns permanentes, e especialmente, um trabalho de forma? voltado para o jovem e os pais, tamb?aos casais, com o tema “Fam?a, Escola de Vida”, pois seremos incans?is no investimento do capital humano, a come? pela primeira e principal de todas as institui?s, pois “a fam?a ?mportante e central em rela? ?essoa.” 29 Nesse sentido, proporemos pol?cas p?cas permanentes para “defender a vida em todas as suas fases, desde a concep? at? morte natural, reconhecer e promover a estrutura natural da fam?a, como uni?entre um homem e uma mulher, atrav?do matrim?, e tutelar o direito dos pais a educar os pr?os filhos, tudo isto como conseq?ia de princ?os inscritos na natureza humana e comuns a toda a humanidade”. 30 “O ser humano ?eito para amar e sem amor n?pode viver.” Temos ainda o desafio de perseverar na pol?ca como arte do congra?ento, para contrapor-se ?ilo que corr? seu verdadeiro sentido. Para Arist?es, a comunidade pol?ca “? forma mais elevada de comunidade”,31 quando realmente visa o congra?ento em torno do bem comum. Por isso a sabedoria antiga j?onfirmara que “o homem quando perfeito, ? melhor dos animais; por? quando apartado da lei e da justi? ? pior de todos”.32 A pol?ca, portanto, deve nos levar ao que ?xcelente, existe para isso, caso contr?o, ??rgonha e humilha?. E s?amor ao bem e ?erdade ?ue nos far?realmente promotores da excel?ia. “A for?da Hist? se encontra precisamente nas pessoas que amam, de uma for? portanto, que n?se pode medir de acordo com categorias de poder”.33 Dizemos tudo isso porque temos a profunda convic? de que “o ser humano ?eito para amar e sem amor n?pode viver.”34 E para isso, temos consci?ia que, muitas vezes, “amar ?star pronto para sofrer”.35 N?h?l? sem cruz, e todo bom trabalho aqui iniciado, s?r?lenificado na realidade ulterior, pois “a contempla? da verdade come?nesta vida, mas s? futura ser?onsumada”.36 Ao contr?o do que tanto apregoou Rousseau, ao afirmar que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, a experi?ia hist?a nos mostrou justamente outra realidade: a de que a pessoa nasce com promiss? podendo salvar-se ou perder-se, a depender de suas escolhas, para onde direciona seu livre-arb?io, tendo que fazer op?s, sacrif?os e at?en?as para n?se inclinar ?pervers? Pois que o desafio ?co ? de fazer o bem, e para isso as exig?ias s?imperativas. “Trata-se de tornar bom o mundo interior, de fazer com que a alma seja sadia, boa e bela”37, para que n?sejamos ref? das circunst?ias condicionantes, das “estruturas do mal” 38, mas capazes de nos elevarmos e direcionar-nos ao bem. Da?ue temos que dar o bom exemplo, se quisermos realmente promover o desenvolvimento moral que desejamos, pois “para que uma coisa seja causa de outra, deve antes ser perfeita em si mesma”. 39 Larga ?esmo a estrada para o mal, estreit?ima a via para o bem. Isso requer consci?ia de que haver?bst?los, sedu?s e tenta?s que visam o desvio de prop?os. Da? imperativo moral exigir a coer?ia de vida. O valor c?co e p?io ?quele que nos mant?perseverantes no bem, mesmo a custa de dores e dissabores. ?certo o que dissera S?tes: “N?se tenha por dif?l escapar ?orte, porque muito mais dif?l ?scapar ?aldade; ela corre mais ligeira que a morte”.40 Sob esta perspectiva, respondendo ?nterroga? do fil?o grego – de que se a virtude pode ou n?ser ensinada – podemos hoje, ?uz da experi?ia hist?a, afirmar que n?s?de como deve ser ensinada, pois ?ela educa? que as virtudes devem ser alcan?as, para o bem de todos. Mais do que bem-estar social (que ?eg?mo e justo), temos que motivar os nossos jovens ao vigor moral, pois s?sim encontrar?o sentido de vida, capaz de oferecer as condi?s para a verdadeira realiza? pessoal, pois “aquele que ama viver retamente tem certamente prazer nisso, de tal modo que encontra n?apenas o bem verdadeiro, mas ainda real do?a e alegria”.41 Da?ue trabalhar por pol?cas p?cas em defesa e promo? da estrutura natural da fam?a, da vida humana, em todas as suas fases, e da dignidade da pessoa humana, requer, sim, o imperativo moral; pois “quanto mais uma coisa ?erfeita na virtude e mais se manifesta em grau elevado a bondade, tanto mais universal lhe ? apetite do bem e mais procura e produz o bem que est?istante dela”.42 Por isso, procuraremos fazer desse mandato inteiramente pr?da, buscando “promover uma op? decisiva pela vida humana e por sua plena dignidade”.43 Para finalizar, queremos dizer que, a partir desse momento, e no tempo em que nos foi confiada essa miss? tudo faremos para alavancar as boas iniciativas que permitam S?Bento do Sapuca?ncontrar seu destino promissor, a partir das suas excel?ias naturais. Fazemos aqui o grande apelo pela soma de esfor? nesse sentido. Se o papa conclama, em sua Mensagem para a Paz, de que para “guiar a globaliza? ?reciso uma forte solidariedade global”, temos que come? esse trabalho em n?l local, e mais, ainda no n?o familiar.44 Fazemos esse apelo por uma “rede da solidariedade”, a partir do que prop? papa: “n?sente cada um de n?no ?imo da consci?ia, o apelo a dar a pr?a contribui? para o bem comum e a paz social?”45 H?uito o que fazer, os dias correm c?res, a partir de agora se esvai r?do a areia da ampulheta. Cada dia, ser?edicado a esta miss?de congra?ento, no interc?io com as pessoas, lideran?, institui?s, vamos trabalhar todos os dias, para que cada dia seja fecundo e edificante. ?o que sempre afirmo a come? em casa, para meus filhos, e a todos os que trabalham conosco: ?a Deus quem prestaremos contas um dia dos nossos atos. ?Ele quem governa a hist?, e tudo sabe, e conhece por dentro quem realmente somos. Se formos d?s ?? do Esp?to Santo, e colocarmos a m?no arado, coisas boas v?acontecer, pois Deus ? Senhor das maravilhas. Tocou-me ap? campanha eleitoral, ao sair ?ruas, as pessoas vinham me procurar para cumprimentar e eu via no brilho dos olhos uma chama de esperan? algumas dizendo: “precisamos realmente nos sentir representados”. A essas pessoas, especialmente ?mais simples, n?posso decepcionar. Quero que o voto de confian?dado, seja correspondido, com muito trabalho e coer?ia, aten? ?suas necessidades (materiais e imateriais), disponibilidade, afeto, ternura, compaix? enfim, humanidade. Sou muito grato ao povo sambentista por estar aqui, e serei – podem ter certeza – um paladino das causas nobres e justas, um humil?imo servidor desse povo. DEUS SEJA LOUVADO! Bibliografia: 1. Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Celebra? do Dia Mundial da Paz.: “Combater a Pobreza, Construir a Paz”, 1 de janeiro de 2009. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20081208_xlii-world-day-peace_po.html 2. Dante Aleghieri, A Divina Com?a, Para?, Canto XXIII, 28, Villa Rica Editoras Reunidas Ltda., p. 477. 3. Dante Aleghieri, A Divina Com?a, Para?, Canto XXIII, 133, Villa Rica Editoras Reunidas Ltda., p. 482. 4. Sl 142, 10 – “Ensina-me a fazer a tua vontade, porque tu ?o meu Deus; o teu esp?to, que ?om, me conduzir? terra de retid?” 5. Pedro Paulo Filho, Hist? de Campos do Jord? Editora Santu?o, 1986, p. 31. 6. Pedro Paulo Filho, Hist? de Campos do Jord? Editora Santu?o, 1986, p. 31. 7. Pedro Paulo Filho, Hist? de Campos do Jord? Editora Santu?o, 1986, p. 33. 8. Pedro Paulo Filho, Hist? de Campos do Jord? Editora Santu?o, 1986, p. 65. 9. Pedro Paulo Filho, Hist? de Campos do Jord? Editora Santu?o, 1986, p. 52. 10. Maria Am?a Salgado Loureiro, Pl?o Salgado, Meu Pai; Edi?s GRD, 2001, p. 7. 11. Carta do Papa Jo?Paulo II aos Artistas, Ed. Paulinas, 1999, p. 9. 12. Cyprian Norwid, Promethidion, Bogumi, vv. 185-186: Pisma wybrane, II (Vars?, 1968), p. 216; Carta do Papa Jo?Paulo II aos Artistas, Ed. Paulinas, 1999, p. 9. 13. Miguel Reale, Mem?s, Volume 1 – Destinos Cruzados; Editora Saraiva, 1986, p. 2. 14. Miguel Reale, Mem?s, Volume 1 – Destinos Cruzados; Editora Saraiva, 1986, p. 2. 15. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 43; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 16. Gilberto de Mello Kujawski, A P?ia Descoberta, Editora Papirus, 1992, p. 38. 17. Gilberto de Mello Kujawski, A P?ia Descoberta, Editora Papirus, 1992, p. 47. 18. Gilberto de Mello Kujawski, A P?ia Descoberta, Editora Papirus, 1992, p. 47. 19. Plano Diretor do Munic?o de S?Bento do Sapuca? Cen?o Atual e Diagn?co, Cen?o Futuro, Diretrizes estrat?cas; Oficina Municipal, Dezembro de 2004. 20. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 106; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 21. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 106; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 22. Gilberto de Mello Kujawski, A P?ia Descoberta, Editora Papirus, 1992, p. 20. 23. Gilberto de Mello Kujawski, A P?ia Descoberta, Editora Papirus, 1992, p. 23. 24. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 82; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 25. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 84; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 26. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 110; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 27. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 153; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 28. Declara? de Aparecida em Defesa da Vida (http://www.zenit.org/article-17595?l=portuguese). 29. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 212; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 30. Declara? de Aparecida em Defesa da Vida (http://www.zenit.org/article-17595?l=portuguese). 31. Arist?es, Pol?ca, Os Pensadores, Nova Cultural, 1999, p. 143. 32. Arist?es, Pol?ca, Os Pensadores, Nova Cultural, 1999, p. 147. 33. Joseph Ratzinger, O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Cat?a no Limiar do Terceiro Mil?o – Um Di?go com Peter Seewald, Ed. Imago, 1997, p. 34. Comp?io da Doutrina Social da Igreja, 223; Pontif?o Conselho “Justi?e Paz” (http://www.jesus.2000.years.de/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html). 35. 1ª Homilia do Papa Bento XVI – Santa Missa – Imposi? do P?o e entrega do anel do pescador para o in´cio do Minist?o Petrino do Bispo de Roma (http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2005/documents/hf_ben-xvi_hom_20050424_inizio-pontificato_po.html) 36. S?Tom?de Aquino, Suma Contra os Gentios, Volume II, Livros IIIº e IVº, EDIPUCRS em co-edi? com Edi?s EST, Porto Alegre, 1996, p. 487. 37. Jacques Maritain, A Filosofia Moral, Editora Agir, 1973, p. 27. 38. Joseph Ratzinger, O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Cat?a no Limiar do Terceiro Mil?o – Um Di?go com Peter Seewald, Ed. Imago, 1997, p. 176. 39. S?Tom?de Aquino, Suma Contra os Gentios, Volume II, Livros IIIº e IVº, EDIPUCRS em co-edi? com Edi?s EST, Porto Alegre, 1996, p. 410. 40. S?tes, Os Pensadores – Plat? Apologia de S?tes. Nova Cultural, 1999, p. 70. 41. Santo Agostinho. O Livre-Arb?io, Ed. Paulus, 1995, p. 63. 42. S?Tom?de Aquino, Suma Contra os Gentios, Volume II, Livros IIIº e IVº, EDIPUCRS em co-edi? com Edi?s EST, Porto Alegre, 1996, p. 418. 43. Declara? de Aparecida em Defesa da Vida (http://www.zenit.org/article-17595?l=portuguese). 44. Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Celebra? do Dia Mundial da Paz.: “Combater a Pobreza, Construir a Paz”, 1 de janeiro de 2009. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20081208_xlii-world-day-peace_po.html 45. Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Celebra? do Dia Mundial da Paz.: “Combater a Pobreza, Construir a Paz”, 1 de janeiro de 2009. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20081208_xlii-world-day-peace_po.html Ep?afe: Joseph Ratzinger, O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Cat?a no Limiar do Terceiro Mil?o – Um Di?go com Peter Seewald, Ed. Imago, 1997, p. 31

Nahum Sirotsky

03/01/2009
Posso adiantar que esta guerra daqui est?longe do fim e pode terminar antes de ser resolvida a quest? por interven? da comunidade internacional. Israel, pelas evidencias, aprendeu importante li? na guerra com o Hizabala de h?ois anos. Tinha os alvos estudados para a hip?e de ter de agir.Os armaz? de armas e arsenais est? sendo atingidos e os t?s entre Sinai e Gaza utilizados para contrabando de armas foram eficazmente bombardeados. Ainda restam in?os dep?os a serem destru?s que s?protegidos por habitantes acima do solo e s?civis. Sabe-se que tais civis vem sendo prevenidos por telefonemas de Israel pedindo se retirem ..Sei de at?5 minutos de aviso pr?o. N? ?problema falar com Gaza cujo sistema telef?o ? israelense. Basta saber que n?os discar. O maior numero de vitimas tem sido de gente vinculada ao Hamas. H? anos, lembro, falou-se no Brasil de massacre em Nablus. Fui ver e verifiquei ser verdadeira a informa?.Estou aqui como jornalista brasileiro. N? caio em propaganda de lado algum. H?inutos captei em emissora de televis?israelense que a tropa do Hamas, guerreiros motivados, treinados para morrerem sem jamais se entregarem, est?bem protegida e inteira.E na espera de que a tropa invada para lhe impor pesadas perdas. Obst?los a blindados, armadilhas cuidadosamente constru?s, est?prontos.O Hamas aprendeu com o Hizbal?e o Ir? Tem organiza? militar, comandantes preparados e estado-maior em subterr?os. Mao Tze Tung, o comandante da revolu? chinesa, ensinou que a guerrilha deve ser como o peixe na ?a. O problema ?ue ela se mistura ao povo quando luta em terreno urbano. Diferenciar o guerrilheiro do cidad? ou cidad?acifica s?acontece quando ele atira. Israel vem autorizando passagem de centenas de caminh? carregados de g?ros e medicamentos. ?um fato que a m?a n?noticia. Ainda se pratica a antiga defini? de not?a como sendo quando o homem morde o cachorro. s vezes vou saber pela imprensa estrangeira grande feitos do Brasil. Soube de admir?l trabalho de assist?ia t?ica da Embrapa pelo mundo. E n? sou dos que simpatizam com o governo Lula que passar? como todos os outros. Avi?da Embraer, empresa que me envaidece, ter?m de seus maiores avi?empregado por Israel. A tropa da selva brasileira ?studada em todos os cantos. N?s?obras de um s?overno. S? das institui?s nacionais. Esta guerra exige tempo para for? o Hamas a pedir um cessar fogo, o Hamas, cuja lideran? militar est?na clandestinidade e a pol?ca na S?a. A imposi? da comunidade internacional s?r?bem sucedida se significar garantias aceit?is de que o Hamas n?se proclamar?itorioso. A derrota interessa a Israel mas tamb?ao Egito, ?r?a Saudita e outros.

Youtube

03/01/2009
http://br.youtube.com/watch?v=Sc1OdP7bFEI&feature=channel_page

Luis Milman

02/01/2009
Luis Milman, jornalista e doutor em Filosofia, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, preocupado e abismado com as rea?s de governos e da m?a internacional a partir da a? desenvolvida por Israel na Faixa de Gaza, territ? controlado pela organiza? terrorista Hamas, desde o ano passado, escreve o artigo a seguir para esclarecer aspectos importantes da quest? que n?s?considerados. Leia o artigo de Luis Milmam: “Desde o in?o da ofensiva de Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, no ?mo s?do, dia 27 de dezembro, a m?a ocidental vem relatando as opera?s israelenses com base em pressupostos flagrantemente aparvalhados. Coincidentemente, estes pressupostos s?os mesmos que pautaram as primeiras manifesta?s oficiais de condena? moderada lan?as contra Israel, por governos de na?s importantes, logo no primeiro dia ofensiva, quando pouca ou quase nenhuma informa? sobre a real dimens?das opera?s israelenses eram conhecidas. As manifesta?s da Fran? R?a, Jap?e China, exortavam Israel a interromper suas a?s em Gaza. Ao inv?de condenarem os ataques do Hamas, que iniciaram ainda em novembro e quebraram o cessar-fogo, a ret?a destes pa?s partia de duas premissas equivocadas: Israel estava respondendo aos ataques de forma desproporcional e, por isso, elevando o n?o de v?mas civis. Assim, a linguagem protocolar criava o mantra da desproporcionalidade, adotado tamb?pelo Secret?o Geral da ONU, o senhor Ban Ki-moon, na ?ma segunda-feira, dia 29. Ki-moon convocou a imprensa mundial para expressar seu rep? ao uso da “for?excessiva” por parte de Israel em seus ataques ?aixa de Gaza. O secret?o-geral da ONU foi mais longe: ele apelou “?partes” para que interrompessem as hostilidades e reiniciassem negocia?s para um novo cessar-fogo. O coro foi refor?o pelo primeiro-ministro ingl?Gordon Brown, tamb?no dia 29. “Estou horrorizado (?ase aqui) com a viol?ia dos bombardeios”, disse. “Reiteramos nosso apelo a Israel e ao Hamas (?ase aqui) para que declarem o imediato cessar-fogo e previnam a perda de mais vidas inocentes. N?h?ma solu? militar para esta situa?. ?preciso redobrar os esfor? internacionais para assegurar que tanto Israel quanto a Palestina tenham terra, direitos e seguran?para viverem em paz”, finalizou Brown. Ao mesmo tempo, seguiram-se manifesta?s de rep? previsivelmente mais radicais, vindas de pa?s mu?manos e grupos extremistas, como o Hezbollah, que passaram a percorrer o planeta: massacre, genoc?o, holocausto, crimes de guerra, crimes contra a humanidade. Enfim, surradas acusa?s disputavam espa?na m?a internacional com cenas de passeatas e aglomera?s de rua pipocando na Europa e no mundo isl?co, em protesto contra a nova “barb?e” cometida por Israel. Enquanto isto, a quantidade de v?mas dos bombardeios parecia dar a impress?de amparar a f?la da desproporcionalidade: j?assam de 150 mortos, muitos deles civis, j?ltrapassam os duzentos, entre eles mulheres e crian?; agora s?mais de 300, entre os quais in?os inocentes. Agora, quando escrevo (ter?feira, 30 de dezembro), os mortos chegavam a 360. Horr?l. A m?a apropriou-se do mantra protocolar, tomando-o como axioma para sua cobertura. E, por m?a, n?estou nomeando nenhuma abstra?. Refiro-me ?NN, ?BC, ?ky News, ?rance 24, para n?mencionar a Al-Jazirah em Ingl?e os di?os New York Times, The Guardian e Le Figaro, que podem ser todos acessados on-line. Tamb?n?estou me referindo aos analistas de prontid? sempre r?dos no gatilho quando se trata de comparar o “desproporcional” confronto entre a pot?ia militar israelense e a pobre capacidade de resist?ia dos palestinos. Restrinjo-me ao que se chama de “notici?o”, aquele texto informativo que, recomenda-se, deve ser feito com imparcialidade e um m?mo de cautela e caldo de galinha. Pois ?ele que constato a desproposital incurs? em nome do imediatismo, no dom?o da estupidez e da m??Ora, o que se espera de um notici?o ?ue ele informe e n?desinforme ou deforme os fatos. E quais s?os fatos? Um: no primeiro dia da ofensiva, Israel apenas reiterou publicamente uma decis?que vinha sendo anunciada desde o final do fr?l cessar-fogo de seis meses, mediado pelos eg?ios, que entrara em vigor em junho ?mo e se encerrara em 19 de dezembro. Por que fr?l? Porque o Hamas, h?ito anos, vinha despejando diariamente seus foguetes contra Israel. Os ataques di?os haviam matado nove pessoas, ferido outras tantas, danificado pr?os e vinham configurando uma situa? de permanente inseguran?nas cidades que se encontram num raio de 20 quilometro da fronteira com Gaza. Durante oito anos, Israel tentou tratar do problema de modo restrito: incurs?r?das de comandos no norte de Gaza para destruir bases de lan?entos de foguetes, bloqueio mar?mo para evitar a entrada de armamento enviado pelo Ir? pela S?a ao Hamas e Jihad Isl?ca; bloqueio terrestre, para impedir a infiltra? de terroristas suicidas nas grandes cidades israelenses; cortes espor?cos no suprimento de energia el?ica para a Faixa de Gaza (70% desta energia ?ornecida por Israel at?oje) com a finalidade de retardar a fabrica? dos tais foguetes “caseiros” (na verdade, s?foguetes produzidos em f?icas erguidas em meio a bairros densamente povoados da Cidade de Gaza, Dayir al Balah, Khan Yunis e Rafah). De qualquer modo, findo o cessar-fogo - e diante das saraivadas di?as dos foguetes contra o sul de Israel-, o governo israelense anunciou que terminaria definitivamente com os ataques que amea?am seus cidad?. Esta decis?foi, inclusive, comunicada, no dia 23 de dezembro, pela ministra do exterior israelense, Tzipi Livni, no Cairo, ap?m encontro com o presidente Hosni Mubarak. Livni, ainda no Cairo, n?deixou d?as: Israel desencadearia a opera? militar necess?a para destruir a capacidade do Hamas de atingir Israel. Nos ?mos dez anos, o Hamas construiu, com o apoio log?ico e financeiro do Hesbollah, da Irmandade Mu?mana (baseada no Egito), da S?a e, sobretudo do Ir?uma estrutura policial e militar na Faixa de Gaza, a tal ponto organizada, que lhe permitiu, no primeiro semestre de 2007, dizimar completamente as for? do Fatah (o bra?armado da Autoridade Palestina) que ainda restavam no territ? palestino. Com isso, ele consolidou suas instala?s militares, estocagem de armas e muni?, seus campos de treinamento e suas bases de ataque contra Israel em toda a Faixa de Gaza. Hoje, o Hamas (que ?unita) conta com 15 mil homens no seu “ex?ito regular”, e ainda com cinco mil membros armados da mil?a xiita Jihad Isl?ca. Esse pequeno ex?ito disp?al?de armamento pessoal pesado, de m?eis antia?os, m?eis antitanques, m?eis de m?o alcance do tipo Katiusha e minas espalhadas por toda a fronteira com Israel. Tudo isto ?o conhecimento dos chefes de governo que emitiram o mantra protocolar da desproporcionalidade. Os senhores Gordon Brown e Nicholas Sarkozy sabem disto, certamente. Mas a m?a faz de conta que n?sabe. Ora, o panorama ?em n?do: Israel desencadeou a ofensiva para defender a integridade de seus habitantes, amea?os constantemente pelo movimento fundamentalista militarmente organizado que controla toda a Faixa de Gaza desde junho de 2007. Mais ainda, o Hamas e seus associados menores, como a Jihad Isl?ca e outros grupelhos, n?representam a Autoridade Nacional Palestina (AP). Eles s?terroristas, n?aceitam a exist?ia do Estado de Israel e est?comprometidos explicitamente com a sua extin? total. Como ent?podem os l?res da Inglaterra e da Fran? ou o Secret?o-geral da ONU, apelarem para que “as partes” retornem a um cessar fogo. Que partes? Israel, um estado nacional soberano e membro da ONU, por um lado, e o Hamas, um movimento terrorista que usurpou ?or? da Autoridade Palestina, o controle sobre a Faixa de Gaza, por outro? Se a China n?conversa sequer com o Dalai Lama, l?r pol?co e espiritual do Tibet ocupado (exilado, obviamente), por que Israel deve dialogar com o Hamas? Pelo que se sabe, o Dalai Lama defende apenas uma autonomia para o Tibet e jamais pregou a extin? da China. Por que Israel deveria “dialogar” com um movimento que objetiva abertamente a sua destrui?? Ou por que o senhor Ban Ki-moon n?apela para que a Espanha dialogue com o ETA, a Col?a dialogue com as FARC, a Turquia dialogue com o PKK curdo, que quer criar um estado independente no Curdist? Ou para que os Estados Unidos da Am?ca deixem o Afeganist?e dialoguem com o Talib?Ou para que os senhores mu?manos da guerra que governam o Sud?interrompam imediatamente a carnificina que j?atou 300 mil crist? e animistas e deslocou quase tr?milh?de refugiados para a zona de Darfour? Onde est?as passeatas na Europa contra esse massacre? Ou os protestos contra a tirania assassina de Ruanda? Onde est?os apelos para o di?go entre as trezentas tribos que se entredevoram na mu?mana Som?a? O termo m?o de compara? ?uficiente, para quem possui mais de dois neur?s. Talvez, dois neur?s e meio. Por isso paro por aqui. Dois: Israel n?est?como apregoa aos berros Hassan Nasrallah (em v?o e de seu bunker em Beirute), cometendo um “genoc?o” em Gaza. Ao contr?o, ? l?r do Hesbollah (Partido de Deus, em portugu?, hoje quase um segundo ex?ito dentro do L?no, abastecido e financiado pelo Ir?que repete incansavelmente o objetivo pol?co de seu partido: destruir Israel, sem deixar pedra sobre pedra. A voz de Nasrallah ?mplificada nas ruas de todo mundo ?be e encontra acolhida em alguns analistas ocidentais procurados pela m?a para que “possamos (n?o p?co) entender o tr?co cen?o da Faixa de Gaza”. Pensemos: se desejasse destruir a popula? de Gaza (isto ?m desprop?o descomunal naturalmente, mas s?sim ter?os base para falarmos em genoc?o) - e estou admitindo essa possibilidade apenas (?ase aqui) para argumentar-, Israel o teria feito durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, (lembram, ela ocorreu!), ou durante a Guerra do Yom Kypur, em 1973 (lembram, ela tamb?ocorreu), ou durante a ocupa? israelense de Gaza, que se estendeu de 1967 a 2000, ano em que unilateralmente (ou seja, sem qualquer pr?ondi?) Israel deixou a Faixa de Gaza na sua totalidade. O que ?ato: a ofensiva israelense tem objetivos militares e pol?cos definidos. Os militares est?sendo plenamente atingidos, at?gora. E com um baix?imo custo em termos de vidas humanas. ?isso mesmo. Baix?imo! Afinal, depois de quatro dias de centenas de incurs?a?as e mar?mas, depois de ter despejado sobre Gaza mais de 500 toneladas de explosivos, apenas, repito, apenas, 360 pessoas morreram! E destas, cerca de 60, segundo as informa?s do pr?o Hamas e da ONU, s?civis. Ora, isto quer dizer que o restante fazia parte do ex?ito terrorista, logo um alvo militar. A opera? israelense impressiona, mas n?pelas raz?do senhor Nasrallah ou dos desavisados apedeutas de boa f?admitamos), que usam a palavra “genoc?o” sem saber o que ela significa. O conceito se aplica quando um governo deliberadamente promove o exterm?o de povos ou popula?s inteiras, encontrem-se elas em seu pr?o pa?ou em outros. Os turcos foram genocidas com rela? aos arm?os; os nazistas, com rela? aos judeus; os comunistas stalinistas com rela? aos russos; os mao?as com rela? aos chineses; os japoneses com rela? aos chineses e, hoje, os sudaneses mu?manos com rela? aos sudaneses n?mu?manos. Nem os cubanos castristas, que nos primeiros cinco anos ap? revolu? de 59, exterminaram 95 mil pessoas, praticaram um genoc?o. Eles cometeram assassinatos em massa, uma a? sem d?a abjeta e execr?l, um crime contra a humanidade. Mas, n?cometeram genoc?o. E atentarmos para as diferen? ainda ?undamental. Por que a opera? israelense impressiona? Por duas constata?s que saltam aos olhos. A primeira: a ofensiva est?e processando na ?a mais densamente povoada do planeta (1,5 milh?de habitantes em 360 quil?ros quadrados); a segunda: o Hamas ergueu intencionalmente toda a sua infra-estrutura policial e militar nos centros urbanos, justamente os locais mais densamente povoados deste territ? j?uito densamente povoado (a hip?ole ?roposital). Ora, se ?ara destruir alvos militares, ?reciso atingi-los onde se encontram. E Israel est?azendo isto, de forma quase milim?ica, cir?ca, mesmo correndo o risco, inevit?l nesta situa?, de atingir civis. Repito: e o faz de forma impressionante, pois as baixas civis, nesse contexto, s?aqu?de m?mas. Como a avia? e a marinha israelenses conseguem fazer isto? Empregando alt?ima tecnologia, m?eis inteligentes e alvos previamente selecionados. Caso contr?o, estar?os diante de um massacre. E ?ecess?o que se reafirme: n?estamos sequer a milh?de milhas pr?os disto. O Secret?o-geral da ONU, que jamais reuniu uma confer?ia de imprensa para falar sobre a situa? no Sud? deveria saber disto. Ele, desta forma, ficaria calado. Obviamente, eu n?esperaria que o senhor Ki-moon aplaudisse a opera? de Israel. O Secret?o-geral da ONU deve, por princ?o, lamentar todas as guerras. Mas ele deveria, tamb?por obriga?, calar-se, porque esta ?ma guerra leg?ma, sobretudo defensiva, com objetivos militares e pol?cos claros, de um pa?soberano contra um grupo terrorista que prega o seu aniquilamento e contra os governos que ap? este grupo. Tr? Falei que a guerra possui objetivos pol?cos claros. Ei-los: Israel quer expulsar o Ir?a Faixa de Gaza. O Ir?Isso mesmo, o Ir?O Hamas e a Jihad Isl?ca nada mais s?do que uma extens?do governo de Teer? de seu potencial b?co virtualmente no interior de Israel. E todos sabem o qu?ais almejam os aiatol?iranianos: destruir o que eles chamam de entidade sionista. Assim, ao eliminar a capacidade do Hamas de atacar seu territ?, Israel, al?de retomar o controle sobre sua seguran?imediata, desfere tamb?um golpe mortal nas pretens?iranianas de penetrar em sua fronteira sul. Com isso ainda pretende isolar pol?ca e militarmente o Ir?travestido de Hezbollah, na sua fronteira norte. Ao mesmo tempo, forja uma situa? mais favor?l para negociar com a S?a, tamb?enfraquecida com a derrota do Hamas, um tratado de paz entre os dois paises. Esta ?ma meta de m?o prazo. Por essa raz?o senhor Nasrallah esbraveja contra o Egito de Mubarak e a Autoridade Palestina, de Machmud Abas, chamando-os de traidores do Isl?Nasrallah sabe que, sem o Hamas e a Jihad Isl?ca em Gaza, o Hezbollah, ou seja, o Ir?se enfraquece, enquanto o Egito, a Autoridade Palestina e a Jord?a se fortalecem e, pior (para o Ir? Israel recupera a posi? geopol?ca decisiva para sua exist?ia na regi? A ofensiva ainda torna explicita a disposi? de Israel de n?tolerar que o iranianos consigam obter armamento nuclear. Ou seja, Israel est?reparando o terreno para uma interven? direta no Ir? Como Barak Obama assume a presid?ia dos Estados Unidos em janeiro, Israel envia uma mensagem inequ?ca para Washington: n?h?i?go com o Hamas, nem com Teer?Os Estados Unidos devem se preparar para apoiar irrestritamente a a? militar direta de Israel contra os iranianos. E essa a? n?deve tardar, pelo que se depreende do palco desenhado por Jerusal? Quer dizer: trata-se de uma a? j?lanejada e montada pela intelig?ia militar israelense, que deve ser deflagrada em breve. Pergunta oportuna: o que ?breve”? Resposta: Israel certamente sabe. E, creio agora, Barak Obama tamb? No fim das contas, Israel n?est?azendo mais do que colocar seu destino em suas pr?as m?. E isto ele sempre fez, sob o pre?de simplesmente deixar de existir. D?as? Consultem a Hist?. Finalizando: e a m?a com rela? a esse quadro? Nada informa, nada analisa, nada investiga. Pelo contr?o, submete-se ao superficialismo, mistifica, embrulha-se toda no mantra da desproporcionalidade e mergulha de cabe?no noticiarismo demag?o e pretensamente humanit?o. ?um crime contra a lucidez e a raz? Mas, que diabos, isso l?mporta?” * jornalista e doutor em Filosofia, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul