Tenho assistido todos os debates que se travam em torno da educa? estadual. A representa? do Cpers, sempre presente, martela ?xaust? quatro pregos: 1º) a necessidade de mais recursos para as escolas e para a categoria; 2º) a posi? ideol?a contr?a a qualquer sistema de promo? que envolva avalia? de resultados; 3º) a hist?a recusa da entidade a mudan?; e 4º) a condena? de todas as propostas do governo. Em v? os jornalistas tentam colher algo fora desse quadril?ro. O m?mo que Marcelo Gonzatto, conseguiu, na ZH da ?ma quarta-feira, por exemplo, foi isto: “S?os conte? formais, mas tamb?formar para a cidadania, desenvolver valores e preparar para a vida. Em tempo de desemprego, mis?a e oferta das drogas, a escola precisa cumprir o papel social que o governo hoje n?considera”.
Foi a?nesse descompasso entre perguntas e respostas, entre o que a sociedade quer saber e o que o Cpers responde, que me caiu a ficha. O Cpers/Sindicato ?sso mesmo, um sindicato. Ponto. Filiado ?UT. Ponto final. Como tal, age no plano das reivindica?s corporativas, que ?de resto, o que qualquer segmento espera de seu sindicato. Em acr?imo, ao longo das ?mas d?das, o Cpers vocifera aos microfones e megafones sua inequ?ca ades?a uma milit?ia pol?co-ideol?a. Tudo bem. “O que ?e gosto regala a vida”, dizia-se antigamente. Deve ser isso que a categoria, majoritariamente, aprecia. Mas Educa? ?utra coisa.
Torna-se in?, ent? qualquer tentativa de trazer as lideran? da entidade para esse debate, naquilo que interessa ?opula?, ou seja, a qualidade da aprendizagem dos alunos. Como tem deixado claro sua presidente, Educa?, para o Cpers, at?em algo a ver com constru? de conhecimentos, mas o que o sindicato sublinha ?ssa “forma? para a cidadania, o desenvolvimento dos valores e a prepara? para a vida”. Folheei os jornais, olhei pela janela, e cheguei ?onclus?de que nesse objetivo os resultados s?ainda piores do que na transmiss?do saber.
Como acentuou Gustavo Ioschpe, em artigo aqui publicado no domingo passado, o salto qualitativo exigido pelo Rio Grande demanda um projeto educacional muito bem concebido. ?um tema sobre o qual o estado ter?ue decidir. Mas envolver o Cpers nessa pauta, esperar que as lideran? do sindicato tenham os olhos postos no futuro educacional, social e econ?o do Estado ?m disparate. O Cpers cuida de outras coisas. Educa?, mesmo, n?est?ntre elas. Ou?-no sobre essas outras coisas, se quiserem.
J??se diga isso do parlamento estadual. Ali est? representa? da sociedade. Ali h?m compromisso constitucional com o bem comum. Ali bate, na sua pluralidade vital, o cora? do Rio Grande. Ali h?e se cuidar do interesse p?co. Ali os desejos corporativos n?podem se sobrepor ao bem de todos. E menos ainda ao bem das futuras gera?s. Ali, por respeito pr?o, em nome da dignidade e da legitimidade dos mandatos, se sabe que o povo n?fala das galerias, mas desde os altares da democracia que s?a tribuna e o voto parlamentar. No debate de uma reforma educacional h?ue ouvir educadores, sim. E muito. Procurem-nos entre os mestres, entre professores em?tos (que existem, conhecidos e reconhecidos), entre pedagogos descomprometidos com milit?ias e entre as muitas organiza?s da sociedade com pertin?ia ao tema. E ou? o Cpers no limite espec?co de suas atribui?s.
Especial para
ZERO HORA
18/01/2009