• João Cesar de Melo - Instituto Liberal
  • 24 Novembro 2015


O rompimento das barragens em Minas Gerais provocou uma avalanche de publicações no sentido de tentar fazer a sociedade ver a tragédia como resultado do capitalismo, já que a Vale, controladora da Samarco, é apresentada como uma empresa privada - privatizada por FHC!

Se considerarmos que um partido político é uma instituição privada, sim, a Vale foi privatizada. A Vale é do PT. A Samarco também.

O processo de tomada do controle da Vale pelo PT é muito bem descrito num dos capítulos do livro Reinventando o Capitalismo de Estado, de Aldo Musacchio e Sergio Lazzarini.
Um resumo:

A privatização da Vale promovida por Fernando Henrique Cardoso em 1997 foi parcial. O governo vendeu pouco mais de 41% das ações da empresa para a Valepar, holding que na época era liderada pelo empresário Benjamin Steinbruck. Porém, o governo manteve o controle das golden shares, ações que lhe dava poder de decisão em vários assuntos, por exemplo, sobre os objetivos da empresa.

No ano de 2001, o conselho de administração da Vale aprovou a nomeação de Roger Agnelli como CEO da empresa. Um ano depois, a privatização foi concretizada com o BNDES vendendo 31,5% de sua participação. No entanto, no ano seguinte, 2003, início do governo Lula, o mesmo BNDES recomprou 1,5 bilhão em ações da empresa. Nesse mesmo ano, Lula apadrinhou a nomeação do ex-sindicalista e ex-vereador petista Sergio Rosa (hoje investigado pela Operação Lava Jato) como CEO do Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil.

Sob a liderança de Agnelli, a Vale deu um salto de produtividade, de rentabilidade, de admissão de funcionários e de pagamento de impostos e de royalties.

A partir de 2009, o grupo que reúne fundos de pensão de empresas estatais controlados pelo PT (Previ, Petros e Funcef) se utilizou da Litel, holding criada por eles mesmos, para assumir o controle da Valepar e por meio dela obter 49% das ações da Vale, o que somados aos 11,5% que já estavam nas mãos do BNDESPAR, braço de investimentos do BNDES, deu ao PT o controle sobre mais de 60% das ações da empresa.

Começou, então, a pressão de Lula sobre Agnelli para que a Vale fizesse mais investimentos no Brasil, principalmente na aquisição de siderúrgicas e na encomenda de navios, mesmo que os similares estrangeiros custassem a metade do preço.

Lula também tentou fazer um certo Eike Batista chegar à presidência da Vale. Não conseguindo, tentou substituir Agnelli por Sergio Rosa. Também não conseguiu.

A despeito das pressões, Agnelli continuou seus projetos na Vale, incluindo a encomenda de navios na China e na Coreia do Sul, o que enfureceu Lula. Em 2011, logo após a Vale registrar um lucro trimestral quase 300% acima do trimestre anterior, Agnelli foi demitido. Seu sucessor e atual presidente, Murillo Ferreira, foi indicado por Lula – e até dois meses atrás, Ferreira também ocupava uma cadeira no conselho de administração da Petrobrás. Desde então, os rumos da Vale são ditados pelos interesses PT.

Ignorando normas de licitação e do TCU, a mineradora firmou diversos contratos com empresas beneficiadas pelo programa de proteção e de incentivo à indústria nacional iniciado por Lula e que, obviamente, formava o grupo de financiadores (Odebrecht, por exemplo) de seu partido e de todos os movimentos que o apoiavam.

Não por acaso, desde então a Vale vem registrando perdas. Hoje, a Litel tem, sozinha, 52,5% das ações da Vale.

Em tempo: Todos os setores que foram beneficiados pelo protecionismo do PT estão hoje em colapso e todos os fundos de pensão de empresas estatais controlados por petistas estão deficitários.

Três perguntas:
O grupo que detém o controle acionário da Vale não seria o maior responsável pelos projetos de suas empresas?
O governo não foi negligente na concessão de alvarás e na fiscalização?
O PT, que controla a Vale, que governa Minas Gerais e o Brasil não tem nada, absolutamente nada a ver com isso?

E assim, mais uma vez nos deparamos com a razão do estado não poder participar do mercado. Quando participa, o próprio estado se torna o mais interessado em abafar as responsabilidades em caso de incompetência e de negligencia, deixando a sociedade completamente desamparada institucionalmente. As pessoas que perderam suas casas, suas fontes de renda e familiares na tragédia com toda certeza ouvirão muitas promessas do governo e talvez recebam algum dinheiro, mas a probabilidade é de que não verão ninguém sendo punido.

A realidade que deveria ser vista pela sociedade é que a maioria das grandes empresas brasileiras estão sob influência direta ou indireta do governo, estão sujeitas aos interesses de militantes do PT e de políticos de sua base aliada que geram lucros para si mesmos e prejuízos para a sociedade. Os bancos, os fundos de pensão e as agências regulatórias do estado não passam de instrumentos políticos. Para saber quais são as empresas que estão sob o controle do PT, basta checar seus quadros acionários, os benefícios fiscais, a quantidade de dinheiro que receberam do BNDES e os valores que doaram aos partidos nos últimos anos.

Se estivéssemos num país regido pelo livre mercado, a Samarco e a Vale seriam empresas realmente privadas e suas responsabilidades nesse acidente seriam realmente levantadas, julgadas e punidas, já que o governo não teria interesse em livrá-las do peso da justiça. Se fossem privadas, o estado iria com toda sua força contra as empresas. Se fossem privadas, alguém iria para a cadeia.

Como se fosse pouco as mortes e os prejuízos ambientais, a tragédia também levará consigo muitos bilhões de reais investidos pelos fundos de pensão que controlam as duas empresas, ou seja: Os prejuízos serão estendidos aos funcionários da Caixa, da Petrobrás e do Banco do Brasil.

Um acidente como o ocorrido em Minas poderia ter acontecido com qualquer empresa e em qualquer lugar do mundo, como já ocorreu tantas vezes, porém, o caso em questão evidencia mais uma vez que a participação do estado na economia potencializa a impunidade. Ninguém será punido pela tragédia em Minas, assim como ninguém foi punido pelos acidentes nas plataformas da Petrobrás nem pelos prejuízos sociais e ambientais provocados pela falência das empresas de Eike Batista, o ilustre filho bastardo das políticas “desenvolvimentistas” do PT.

Para evitar problemas, dias depois da tragédia em Minas, Dilma assinou o decreto 8572 que diz que “…considera-se também como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais”. Com uma simples canetada, Dilma tirou da Samarco e da Vale toda a responsabilidade sobre a tragédia.

 

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  • DefesaNet entrevista Eugênio Moretzsohn
  • 24 Novembro 2015

 

DefesaNet entrevistou o Analista de Inteligência Eugênio Moretzsohn, estudioso de Contrainsurgência, Consultor de Segurança, Contrainteligência e Compliance.

Nesta entrevista tratamos com o estudioso Eugênio Moretzsohn sobre um enfoque bastante mencionado mas não detalhado com o cuidado e linguagem acessível que nos apresenta.

DefesaNet - Em sua opinião, por que o Estado Islâmico (EI) consegue recrutar tantos combatentes estrangeiros para suas fileiras?

Eugênio Moretzsohn: Os integrantes do EI são unidos por forte sentido de pertencimento, que é um sentimento mais complexo e mais profundo que o esprit de corps (espírito de corpo) conhecido por todos aqueles que prestaram o Serviço Militar ou foram escoteiros. O pertencimento pode ser definido, pelo dicionário, como “sentido em pertencer”, mas, no mundo real significa “forte união por estarmos do mesmo lado”, “orgulho visceral dos nossos objetivos e raízes comuns” e, até mesmo, “darei minha vida pela causa e por você”. Para aqueles que estão se sentindo “sem chão”, como muitos dos jovens fracassados no estudo e no trabalho nas periferias das grandes cidades, o chamado do EI é irresistível e, para quem não sabe para onde ir, qualquer direção é um norte.
 

DefesaNet - Para o EI, a vida humana parece não ter valor. O pertencimento pode ser utilizado de forma tão cruel?

Eugênio Moretzsohn: O pertencimento é, de per si, ecumênico e apartidário, podendo se manifestar no bem e no mal, da mesma forma que a motivação e o entusiasmo. O pertencimento está presente na vibração dos torcedores por seu time, na união dos escoteiros por sua agremiação e na crença dos maçons em sua instituição milenar. Tropas de elite militares possuem forte pertencimento, orgulhosamente materializado nas boinas coloridas, nos brevês de cursos de combate apostos nos uniformes, geralmente camuflados ou negros. Equipes vencedoras nos desportos e nos negócios também desenvolvem esse sentimento de forma sadia. Para o mal, ele pode estar presente na nefasta união entre malfeitores, orgulhosos de suas “façanhas”, como foram as antigas famiglias da Máfia e as gangues de Nova York, e como é hoje o PCC do nosso sistema prisional.

DefesaNet - Qual a razão de o jovem procurar tanto pertencer a alguma coisa?

Eugênio Moretzsohn: A psicologia social explica que somos seres gregários, ou seja, a espécie humana só sobreviveu por ter se mantido em grupo (tribos, bandos, clãs) favorecendo a defesa, a procura por alimentos e a reprodução. Isso é bastante claro no clássico “A Guerra do Fogo”, dos anos 80. Os jovens necessitam ser aceitos em seus grupos sociais e todos nós passamos por isso. Sentimentos de rejeição são perigosos e, se indevidamente alimentados, podem levar ao isolamento, ao consumo de álcool, drogas ilícitas e até ao suicídio. Lembra-se como era comum o jovem começar a fumar (cigarro) para ser aceito na turma do colégio? Somos assim, precisamos nos relacionar e nos sentir acolhidos, por esse ou por aquele grupo. Grupos coesos e fortalecidos impõem quase uma iniciação para aceitar novos entrantes, os quais precisam comungar seus valores. Esse desafio de conseguir ser “bom o suficiente para ser aceito” é essencial para desenvolver o pertencimento, pois ninguém valoriza pertencer a algo acessível a qualquer um.Gostamos de fazer parte de uma elite, ainda que à nossa maneira, já que não conseguimos ser aceitos pela elite à qual gostaríamos de fato pertencer.

DefesaNet - Quais estratégias o EI utiliza para motivar os recrutas?

Eugênio Moretzsohn: Muitos dos jovens que nele se alistam foram rejeitados em suas sociedades, nas quais são considerados "perdedores", por serem pobres, iletrados, feios e minoritários; assim, se identificam com os desafios e o acolhimento que os líderes do E.I. lhes acenam por meio de competente marketing institucional, em mídias atuais atrativas e acessíveis a esse público. O feedback positivo é sempre presente em cada etapa da ambientação e do treinamento dos recrutas. Por sua dedicação, esforço pessoal e atributos de liderança, como reconhecimento por seu suor, atingem patamares progressivos na hierarquia do EI, ao longo da qual almejam dinheiro, conforto e alguma privacidade com jovens mulheres (às vezes escravizadas).

DefesaNet - Como pode ser interrompido o fluxo de voluntários estrangeiros para o EI?

Eugênio Moretzsohn: Ele pode ser, digamos, administrado, mas, não interrompido. Inicialmente, deve-se ter a humildade em reconhecer que o sistema de recrutamento deles é muito bom: utilizam as redes sociais com maestria, são agressivos em seu marketing e mergulham com desenvoltura na Deep Web, sabidamente um ambiente só para os iniciados. Falam, assim, a linguagem dos mais jovens e atiçam seu natural desejo por desafios. Portanto, temos de também estar preparados para atuar, com desenvoltura, nesses mesmos ambientes.

DefesaNet - E sendo mais específico?

Eugênio Moretzsohn: É necessário empreender complexa operação de contrapropaganda e desinformação, inicialmente para reduzir os efeitos da eficaz propaganda do EI, mitigando seus efeitos, para, depois, introduzir no imaginário dos jovens passíveis de recrutamento informações novas (daí a desinformação), produzidas deliberadamente com a intenção de causar danos em suas fileiras (deserções e defecções). Como o EI é muito fechado e, claro, de difícil infiltração, será certamente necessário “produzir”, com atores profissionais e diretores competentes, cenas e sequências inteiras de confissões “de cinema”, montadas deliberadamente com a finalidade de denegrir a imagem de seus líderes (retratados nessas cenas criadas como corruptos, elitistas, avarentos), fomentar a discórdia em suas fileiras (mostrando sequências fictícias de abusos contra os recrutas novatos, roubo de dinheiro do pagamento dos subordinados, covardia dos líderes diante do perigo em combate), explorar as conhecidas mazelas dos grupos paramilitares (produzindo vícios, perversões, vaidades exacerbadas), e forjar crueldade com os que fraquejam e pensam em desistir por não se adaptarem ao EI, tudo isso com a finalidade de causar rejeição e repulsa nos que buscarem informar-se a respeito dele nas redes sociais, saturando-as com essa nova “verdade”. A produção precisa ser impecável para ser crédula e desconstruir os mitos da infalibilidade e do puritanismo de intenções do EI E, claro, ataques cibernéticos para pichar o sítio do EI na WEB, demonstrando que ali também são falíveis.

DefesaNet - A crueldade afasta ou aglutina?

Eugênio Moretzsohn: As imagens das decapitações e dos incêndios em vítimas indefesas são relativizadas diante da argumentação, inverídica, que elas seriam as causadoras de seu desemprego, de seu fracasso escolar, de suas frustações pessoais, familiares e profissionais; portanto, seria legítimo cortar-lhes a cabeça, afogá-las ou queimá-las vivas. Seria uma espécie de “esterilização”, de expurgar o mundo de todo o mal. Não adianta esforçar-se para “acordar” os jovens recrutáveis a partir das imagens atrozes dos atentados, pois, em suas almas perdidas, não associam uma coisa à outra (há sempre os perversos que sim, e que estão lá para isso mesmo). Faço comparação com algo que acontece aqui no Brasil: para certo público, não adianta tentar associar a figura do ex-presidente à atual crise moral e econômica (embora qualquer um que tenha mais cérebro que uma ameba saiba disso); incrivelmente, a verdade não entra na cabeça dos militantes.

DefesaNet - As autoridades devem tentar prender os jovens alistáveis?

Eugênio Moretzsohn: Já ocorreram algumas detenções a partir de investigações. O problema é que essas democracias tradicionais garantem aos cidadãos, inclusive aos maus, mais direitos que eles merecem; por isso esses ataques na França, onde, para se revistar um suspeito é necessário haver quase um julgamento. Veja se o EI pretende atacar alvos na China? Mas, respondendo, sim, os jovens que forem interceptados no caminho da adesão ao EI precisam ser enquadrados no que as leis permitirem ou, no mínimo, mantidos em quarentena. Também é útil desenvolver um programa de acolhimento de defectores (civis que colaboram) e desertores (combatentes), pois, tal iniciativa poderá fomentar o abandono das fileiras pelos não convictos, fontes importantes de informação útil às operações, depois de devidamente analisadas tecnicamente.

DefesaNet - Os bombardeios cirúrgicos devem continuar em sua opinião?

Eugênio Moretzsohn: Sim e não. Sim: sempre destruir alvos compensadores detectados. Pena que a Toyota não “chipou” suas pick-ups, usadas como veículos de ataque e reconhecimento móvel pelo E.I. (como sabem, são chamadas de Technicals). Se os satélites pudessem localizá-las pelos chips, seria uma festa para os drones artilhados. Só que essa não pode ser a única opção de ataque, como está sendo hoje, pois, precisamos urgentemente desembarcar a Infantaria Mecanizada, lançar Paraquedistas, Rangers e Commandos para cercar e matar o inimigo no chão. No início, o E. I. irá se comportar como todo movimento guerrilheiro: fugir do confronto direto contra um inimigo mais forte, esperando por oportunidade melhor para atacá-lo. Por isso é necessário estabelecer diversos cercos menores e ir apertando devagar, revistando vila por vila, casa por casa. E conquistando a adesão da população encorajando-a a denunciá-los, mediante recompensa.

DefesaNet - Será possível vencer o EI?

Eugênio Moretzsohn: Militarmente sim, mas, dependerá da situação política da Síria, antes de tudo. Isto pode ser um fator complicador para a atuação das tropas em terra: será que o ditador sírio autorizará o desembarque de milhares de soldados em seu território? E a Rússia concordará? Mas, isso é assunto para os estrategistas em geopolítica e prefiro não me arriscar. Pelo comportamento covarde dos integrantes do EI, na hora da verdade não irão enfrentar militares profissionais. Puseram para correr frações do exército sírio desmotivadas e sem liderança, mas não são adversários para a Legião Estrangeira francesa ou para o S.A.S. britânico.

DefesaNet - Você falou em “movimento guerrilheiro”. O Estado Islâmico é um grupo terrorista, ou guerrilheiro?

Eugênio Moretzsohn: Para mim, o EI é um grande grupo guerrilheiro que emprega fortemente métodos terroristas. Ele pretende criar um califado nos territórios conquistados, substituindo o poder vigente por outro; pela doutrina, isso se enquadra em guerrilha. Concordo que suas ações terroristas em outros países o afastem dos “guerrilheiros clássicos” que procuram manter seu foco em alvos estatais dos territórios ambicionados. A guerrilha pode valer-se de efetivos maiores que as células terroristas, e atuam à semelhança militar (vejam as FARC), conquistando localidades e mantendo territórios (mesmo que temporariamente), onde exercem algum tipo de soberania ou controle. Sendo considerado um grupo guerrilheiro, pode haver diferença de tratamento nos tribunais, pois são considerados “combatentes irregulares” e, portanto, passíveis de condenação à morte. O terrorista, em tese, pode argumentar “motivação política” para sua ação e escapar do carrasco.

DefesaNet - Para fechar: onde aprendeu sobre técnicas de recrutamento?

Eugênio Moretzsohn: Por razões de estado, passei a vida profissional recrutando “olhos e ouvidos” nos diversos locais por onde passei, especialmente na Amazônia e na Tríplice Fronteira. Você simplesmente não consegue estar em todos os lugares, e precisa “colocar os gansos” para vigiar para você. Sempre utilizei a técnica de recrutar com base no sentimento patriótico, com módicas e ocasionais recompensas materiais. Na Amazônia, meu pedacinho de chão eram 5% do território nacional. Para cumprir a missão, você cria uma família de cooperadores unida pelo desejo de servir, de sentir-se útil, orgulhosos em fazer aquilo. Aliás, é o que nos motiva a viver, não é? 

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  • Eguinaldo Hélio Souza
  • 24 Novembro 2015

 

O marxismo autêntico sempre odiou e sempre odiará o cristianismo autêntico. Se não puder pervertê-lo, então terá que matá-lo. Sempre foi assim e sempre será assim.

E por que essa oposição manifestada ao cristianismo por parte do marxismo? Por que o ódio filosófico, a política anticristã, a ação assassina direcionada aos cristãos? Por que o país número um em perseguição ao cristianismo não é muçulmano e sim a comunista Coréia do Norte?

As pessoas se iludem quando pensam no marxismo como doutrina econômica ou política. Economia e política são meros pontos. Marx não acreditava ter apenas as resposta para os problemas econômicos. Acreditava ter todas as respostas para todos os problemas.

Marxismo na verdade é uma crença, uma visão de mundo, uma fé. O socialismo nada mais é do que a aplicação dessa fé por um governo totalitário. O comunismo, por sua vez, é apenas a escatologia marxista, o suposto mundo paradisíaco que brotaria de suas profecias.

E esta fé não apresenta o caráter relativista de um hinduísmo ou de um budismo. Tendo nascido dos pressupostos cristãos, o marxismo roubou seus absolutos e se apresenta como a verdade absoluta, como o único caminho para redenção da humanidade. E ainda que tenha se apossado dos pressupostos cristãos, inverteu tais pressupostos tornando-se uma heresia anticristã.

No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da Providência Divina o materialismo dialético. Ao invés de um ser criado à imagem e semelhança de Deus, um primata evoluído cuja essência é o trabalho, o homo economicus. O pecado é a propriedade privada, o efeito do pecado, simplesmente a opressão social. O instrumento coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja, mas o proletariado, que através da ditadura de um Estado “redentor” conduziria o mundo a uma sociedade sem classes. E o resultado seria não os novos céus e a nova terra criados por Deus, mas o mundo comunista futuro, onde o Estado desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo conflito se transformará em harmonia. Está é a fé marxista, um evangelho que não admite rival, pois assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, duas crenças igualmente salvadoras não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o marxismo real.

Sim, o comunismo de Marx era um evangelho, a salvação para todos os conflitos da existência, fosse o conflito entre homem e homem, homem e natureza, nações e nações. Assim lemos em seus Manuscritos de Paris:
“O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a reapropriação real da essência humana pelo e para o homem… É a solução genuína do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta entre existência e essência, entre objetivação e auto-afirmação, entre liberdade e necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história e sabe que há de ser esta solução”.

E como o marxismo nega qualquer transcendência, qualquer realidade além desta realidade, seu “paraíso” deve se realizar neste mundo por meio do controle total. Não apenas o controle político e econômico, mas o controle social, ideológico, religioso. Não pode haver rivais. Não pode haver cristãos dizendo que há um Deus nos céus a quem pertencem todas as coisas e que realizou a salvação através da morte e ressurreição de Cristo. Não pode haver outra visão de mundo que não a marxista, não pode haver outra redenção senão aquela que será trazida pelo comunismo. O choque é inevitável.

Está é a raiz do ódio marxista ao cristianismo. Seu absolutismo não permite concorrência.
David H. Adeney foi alguém que viveu dentro da revolução maoísta (comunista) na China. Ele era um missionário britânico e pode ver bem de perto o choque entre marxismo e cristianismo no meio universitário, onde trabalhou. Chung Chi Pang, que prefaciou sua obra escreveu:
                “(…) a fé cristã e o comunismo são ideologicamente incompatíveis. Assim, quando alguém chega a uma crise vital de decisão entre os dois, é inevitavelmente uma questão de um ou outro (…) [o autor] tem experimentado pessoalmente o que é viver sob um sistema político com uma filosofia básica diametralmente oposta à fé cristã”

Os marxistas convictos sabem da incompatibilidade entre sua crença e a fé cristã. Os cristãos ainda se iludem com uma possível amizade entre ambos. “… para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais que há”. (Mclellan, op. Cit., p.54). E Lenin, que transformou a teoria marxista em política real, apenas seguiu seu guru:
            “A guerra contra quaisquer cristãos é para nós lei inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de desmascarar o embuste. A moral comunista é sinônimo de luta pelo robustecimento da ditadura proletária”

Assim foi na China, na Rússia, na Coreia do Norte e onde quer que a fé marxista tenha chegado. Ela não tolerará o cristianismo, senão o suficiente para conquistar a hegemonia. Depois que a pena marxista apossar-se da espada, então essa espada se voltará contra qualquer pena que não reze conforme sua cartilha.
Os ataques aos valores cristãos em nosso país não são fruto de um acidente de percurso. É apenas o velho ódio marxista ao cristianismo, manifestando-se no terreno das ideias e das discussões, e avançando no terreno da legislação e do discurso. O próximo passo pode ser a violência física simples e pura. Os métodos podem ter mudado, mas sua natureza é a mesma e, portanto, as conseqüências serão as mesmas.
Se nós, cristãos, não fizermos nada, a história se repetirá, pois como alguém já disse, quem não conhece a história tende a repeti-la. E parece que mesmo quem a conhece tende a repeti-la quando foi sendo anestesiado pouco a pouco pelo monóxido de carbono marxista.

Será que confirmaremos a máxima de Hegel, que afirmou que a “história ensina que não se aprende nada com ela”?
 

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  • Paulo Briguet
  • 22 Novembro 2015

 

Hoje quero falar de um herói brasileiro: o professor de história que não é de esquerda. É verdade que todo ofício tem os seus ossos, mas nada se compara às dificuldades deste mártir da educação. Perto dele, nossos problemas são idílicos.

Quando um petista fica sem argumentos, costuma encerrar a discussão bradando: “Vá ler um livro de história!” Pois é. Esse professor leu. Leu tantos livros que acabou por descobrir as grandes farsas criadas pela esquerda para reescrever a história.

O professor de história que não é de esquerda tem uma característica: ele sempre é muito bom e conhece profundamente a matéria que leciona. Só assim, sendo o melhor no que faz e tornando-se indispensável para as escolas sérias, ele consegue sobreviver ao bombardeio maciço dos colegas esquerdistas. Os companheiros admitem: “Ele é direitista, mas…” Ao menor vacilo, no entanto, o tapete lhe será puxado.

E notem bem: o professor de história que não é de esquerda não precisa ser de direita ou conservador. Basta que ele não comungue das teses da esquerda. O simples fato de ter uma religião ou acreditar que Idade Média e trevas não são sinônimos já lhe torna um perigoso inimigo. Se citar os 100 milhões de mortos do comunismo ou lembrar que Marighella era um terrorista, aí já é visto como um delegado Fleury consumado.

O estigma de traidor também costuma pesar sobre o professor de história que não é de esquerda. Isso porque, em geral, um dia ele foi esquerdista, seja na adolescência, na universidade ou no começo da carreira. A leitura de livros e de pessoas lhe levou a descobrir a falsidade básica dos militantes, mas ele ainda conservou laços afetivos e sentimentais com os antigos companheiros. As feridas do passado costumam doer muito, mas ainda assim são preferíveis ao autoengano e à mentira que um dia ele viveu.

Por isso, rendo aqui a minha homenagem a este discreto herói brasileiro que todos os dias arrisca sua reputação e seu ganha-pão nas salas de aula – apenas por amor à verdade.

*Jornalista

http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/o-professor-de-historia-que-nao-e-de-esquerda/

 

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  • Guilherme Fiuza
  • 22 Novembro 2015


(Publicado originalmente em O Globo de 21/11/2015)


A presidente, que foi guerrilheira e declarou horror à censura, acaba de aprovar lei apunhalando liberdade de expressão.

O massacre de Paris levou a Europa ao estado de guerra, e o mundo ao estado de alerta. Mas o Brasil só pode se indignar com um dos mais graves atentados terroristas da história da humanidade se lamentar primeiro a ruptura da barragem em Minas Gerais. Esse incrível dilema parece coisa do demônio, porque, como dizia Hélio Pellegrino, o demônio é burro. Só ele poderia, em meio ao sangue e à dor, sacar a calculadora.

O ser humano se choca e se revolta com o que quiser. O ser desumano decide o que deve chocar e revoltar os outros. Ele é imune ao sentimento. Perplexidade, medo e morte não atrapalham seus cálculos politicamente corretos. Sua bondade e seu altruísmo estão à venda na feira por 1,99. E acabam de produzir uma façanha: o país voltou a ter uma Lei de Imprensa igualzinha à da ditadura militar. Sancionada pelo governo da esquerda bondosa (1,99).

A presidente da República, que foi guerrilheira e declarou seu horror à censura, acaba de aprovar uma lei apunhalando a liberdade de expressão. Não deve ter ligado o nome à pessoa. A nova Lei do Direito de Resposta impõe aos veículos de comunicação prazos e ritos sumários para defender-se dos supostos ofendidos — uma mordaça, dado o risco de jornais e TVs terem que passar a veicular editoriais dos picaretas do petrolão, por exemplo. Este é, e sempre foi, o plano dos petistas amigos do povo em defesa da verdade: falar sozinhos.

É uma lei inconstitucional, e o Supremo Tribunal Federal terá que se manifestar sobre isso. Claro que a independência do Supremo vem sendo operada pelo governo popular segundo a mesmíssima tática progressista — onde progresso é você assinar embaixo do que eu disser. A democracia brasileira está, portanto, numa encruzilhada — e só Carolina não viu.

Carolina e os convertidos, que não são necessariamente comprados. Fora as entidades e cabeças de aluguel, existe a catequização sem recibo. Estudantes de escolas públicas e privadas do país inteiro enfrentam provas — vestibular inclusive — onde a resposta certa é aquela em que o governo do PT é virtuoso e os antecessores são perversos. O nome disso é lavagem cerebral, e os resultados estão aí: em qualquer cidade brasileira há estudantes sofrendo bullying ideológico da maioria catequizada. Essa é a verdadeira tropa de choque (ou exército chinês) dos companheiros que afundaram o Brasil sem perder a ternura.

Pense duas vezes, portanto, antes de se horrorizar com a carnificina da sexta-feira 13 em Paris. Sempre haverá alguém ao seu lado, ou na sua tela, para denunciar o seu elitismo. E para te perguntar por que você não se choca com a violência em Beirute. E para te ensinar que os próprios europeus são os culpados de tudo. Não adianta discutir — como já foi dito, o demônio é burro. Mas se você achar que isso é cerceamento da liberdade, não conte para ninguém: é mesmo. Trata-se da censura cultural, uma prima dissimulada da censura estatal (a da Lei de Imprensa).

A censura cultural se alimenta desses dilemas estúpidos — sempre buscando um jeito de colar no inimigo o selo de “conservador”, palavra mágica. No Brasil, quem é contra a indústria de boquinhas estatais do PT é conservador — e os que conservam as boquinhas são progressistas. Quem era contra o monopólio estatal da telefonia era conservador (neoliberal, elitista etc.). O monopólio foi quebrado, gerou um salto histórico de inclusão social, mas o sindicalismo petista que tentou conservar esse monopólio é que é progressista. Conservadores são os que acabaram com a conservação.

Jornalistas que criticam as malandragens fisiológicas da esquerda são conservadores — e para realçar o maniqueísmo, claro, vale inventar. O perfil de Carlos Alberto Sardenberg na Wikipédia, por exemplo, foi reescrito com algumas barbaridades por um computador progressista do Palácio do Planalto. O perfil do signatário deste artigo também foi enriquecido com algumas monstruosidades. Depois de retiradas, surgiu ali um editorial sobre “polêmicas” com o PT (que continua lá). Cita um vice-presidente do partido que acusou este signatário de maldizer os pobres e sua presença nos shoppings e aeroportos. Naturalmente, é o partido dele quem ameaça a presença dos pobres nos shoppings e nos aeroportos, com a pior crise econômica das últimas décadas — e com seu tesoureiro preso por desviar dinheiro do povo. Mas esses detalhes conservadores não estão no verbete.

Como se vê, a verdade tem dono. Se você não quer problema com a patrulha, leia a cartilha direito. E, se possível, diga que os 130 mortos pelo Estado Islâmico em Paris não são nada perto da matança nas periferias brasileiras (use à vontade a calculadora do demônio). Pronto, você está dentro. Aí, pode falar de tudo. Lula, por exemplo, disse a Roberto D’Ávila que passou cinco anos sem dar entrevista para não interferir no governo. Procede. Esse que você ouviu falando pelos cotovelos devia ser o palestrante da Odebrecht.

* Jornalista

 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 21 Novembro 2015


RECEITUÁRIO
O receituário que o PMDB apresentou nesta semana, que tem como propósito tirar o país da crise, ainda que não contenha medidas suficientes para resolver os graves problemas –crônicos- que a economia brasileira enfrenta, desde o ano de 1500, deveria ter aprovação imediata, com apoio de todos os brasileiros.

NOVA MATRIZ DE DESENVOLVIMENTO
O que mais chama a atenção é que o (tardio) conjunto de medidas, ou NOVA MATRIZ DE DESENVOLVIMENTO, que resultaram de uma encomenda feita pelo PMDB a economistas, cientistas políticos, e empresários, o PT não só não digere como tem verdadeiro pavor. Principalmente porque fere, em todos os sentidos, o que manda a cartilha do Foro de São Paulo.

APOIAR
Mesmo que muitos leitores já estejam minimamente informados sobre o conteúdo do documento, o que me preocupa é o tempo que o PMDB levou para se dar conta de tantas obviedades. Entretanto, independente deste monumental atraso, é importante apoiar e exigir o que lá está escrito. Eis:

MEDIDAS...
1- o Orçamento Geral da União, depois de aprovado pelo Congresso, deve ser CUMPRIDO pelo Executivo. Ou seja, passa a ser IMPOSITIVO e não AUTORIZATIVO.
2- As DESPESAS constitucionais OBRIGATÓRIAS com saúde e educação ACABARIAM. Todo ano seriam estabelecidos no orçamento os valores para cada área.
3- O FIM DE TODAS AS INDEXAÇÕES, inclusive para salários e previdência. A cada ano, Congresso e executivo definiriam os reajustes que serão concedidos.

MEDIDAS...
4- Que seja criada uma idade mínima de aposentadoria do INSS: não inferior a 65 anos para homens e 60 para as mulheres.
5- O fim da indexação de benefícios ao salário mínimo.
6- Mudar a política externa brasileira negociando acordos comerciais com Estados Unidos, Europa e
Ásia com ou sem a participação do Mercosul.

MEDIDAS...
7- Voltar ao regime de concessões na área de petróleo, em vez do de partilha, dando à Petrobras o direito de preferência.
8- Privatização do que for necessário para reduzir o tamanho do estado.
9- Simplificar e reduzir o número de impostos, unificando a legislação do ICMS.

MEDIDAS
10- Garantir segurança jurídica para investimentos e criação de empresas, aprimorando a concessão de licenciamentos ambientais.

11- Nas negociações entre patrões e empregados, os acordos coletivos prevaleceriam sobre as normas legais, resguardados os direitos básicos.

SUGESTÃO
A título de sugestão, um dos pontos que proponho para ser modificado é o que trata da PREVIDÊNCIA. Partindo apenas da simples constatação ATUARIAL, de que as mulheres vivem, em média, cinco anos mais do que os homens, por questão de justiça e honestidade de princípios a idade mínima, tanto para homens quanto para mulheres, deveria ser a mesma. Esta realidade, incontestável, o PMDB ainda não conseguiu entender.


 

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