• George Mazza
  • 31 Março 2016

 

(Publicado originalmente em http://www.criticapoliticabrasil.com.br)

Enquanto se observam fatos mais recentes sobre o impeachment de Dilma Rousseff e os imbróglios administrativos e judiciais que envolvem o nome do Sr. Lula, esquecem-se os mais notáveis e negativos fatos que o levaram às páginas policiais. Os fatos, notórios, concretos e indiscutíveis, apresentam à sociedade um brasileiro, ex-Presidente da República, bastante diferente do autointitulado socialista. Para Lula, o socialismo assistencialista e igualitário só se aplica ao povo brasileiro. Aos seus próximos, o que se aplica é o profundo capitalismo de estado do qual aqueles se beneficiam sem limites, enriquecendo-se paradoxalmente em face de intenso padecimento social.

Analisando-se os fatos da implantação e continuidade do Capitalismo de Estado da República Petista, percebe-se a umbilical interação entre a republiqueta petista/esquerdista e os mega-empreiteiros e políticos nacionais e internacionais. A Operação Lava Jato descortinou várias destas parcerias, mostrando ao país de qual socialismo tratava Lula em suas ações políticas. Este compartilhamento dúbio do público (Estado) com o privado (empreiteiras/industriais) comprova um dos requisitos do quão capitalista deve ser considerado o Sr. Lula da Silva, que de socialista passa ao largo.

Conforme nos ensina Olavo de Carvalho os megacapitalistas "mudam a base mesma do seu poder. Já não se apoiam na riqueza enquanto tal, mas no controle do processo político-social". Ora, vejam se esta característica definidora não se amolda perfeitamente ao pseudo-socialista Lula? Notadamente, o patrimônio dos Lula da Silva não se limitam à tríplex no Guarujá, sítio em Atibaia e automóvel Ômega blindado, conforme auferiram os investigadores policiais. A riqueza deve ir além e naturalmente deverá ser demonstrada em futuras investigações da Polícia Federal. Assim, para além de sua riqueza material, de suas viagens em jatinhos particulares e hospedagens em hotéis de alto padrão, o Sr. Lula sempre controlou o processo político-social, pelo menos até bem pouco tempo atrás.

Assim, não pode ser diferente o que afirmamos se verificarmos os mais de 60 (sessenta) movimentos sociais que atuam sob o comando direto e indireto de Lula; a eleição de uma falsa técnica ao cargo mais alto na hierarquia do Executivo; todo o aparelhamento estatal, em todos os poderes; a tentativa de nomeação do próprio Lula para cargo de Ministro de Estado; as diversas articulações políticas do Sr. Lula durante os anos em que não esteve no poder, após a descida da rampa do Planalto, em 2010; os subornos políticos do Mensalão; as falcatruas institucionalizadas no Petrolão; os imensos desvios de verbas públicas também no Eletrolão; as volumosas verbas públicas destinada a países ditatoriais, como Cuba, Venezuela, Angola.

Lula, domando sua corja petista e através de artimanhas políticas e de um processo de reengenharia social, ao modo nacional aprofundou o Capitalismo de Estado Petista. Embora tentando se livrar do selo de capitalista, o que contraria toda sua base comunista avessa ao capitalismo (como a água do óleo), o que exatamente fez o Sr. Lula foi, através da mentira de um socialismo-assistencialista, enriquecer a si e aos seus, embora sem nada produzir. Não houve geração de lucro direta pelos Lula da Silva. Estes, anos a fio, utilizaram-se do establishment para transformar o esforço de milhares de cidadãos produtivos em beneplácitos para si, familiares e sua própria descendência, praticamente todos brancos, empresários, ricos, integrantes da elite brasileira, conforme fatos já apurados em investigações na Justiça Federal.

A seu modo tupiniquim, Lula e toda uma esquerda perdulária não podem ser definidos senão como capitalistas. Mesmo com seu controle social e político abalado, este cidadão jamais pode se identificar como socialista. Lula e seus asseclas, mascarados em um assistencialismo facínora, aproveitaram-se da riqueza de todo um país para distribuí-la entre os que pouco tinham mas também a um rol de personagens próximos e aparentados. Assim, o Sr. Lula como nosso maior expoente capitalista no hemisfério sul, tenta de todas as formas perpetuar um sufocante Capitalismo de Estado.

Em conclusão, o resumo perfaz-se com imprescindível passagem do Prof. Olavo de Carvalho, que nos ensina: "resta saber que tipo de sociedade essa aristocracia auto-inventada poderá criar - e quanto tempo uma estrutura tão obviamente baseada na mentira poderá durar".

A estrutura está cambaleante, chegando ao seu derradeiro fim. Basta atentarmos à outra face da esquerda nacional que restará viva e atuante.

Quanto à mentira, esta não mais perdurará.
 

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  • Diego Pessi
  • 29 Março 2016


Em plena Sexta-feira Santa, deparei-me com uma postagem nas redes sociais que comparava a Paixão de Cristo a um caso de “delação premiada”. Poderia ser apenas mais um entre os incontáveis rompantes juvenis de analfabetismo presunçoso que infestam o ambiente virtual. Mas não havia nada de juvenil nesse caso: o autor da peça era um festejado juiz de direito, desses que a mídia e o “beautiful people” do meio acadêmico adoram incensar. Ou seja: um autêntico representante da “vanguarda”.

De acordo com o mote proposto, nosso Salvador seria uma espécie de chefe de quadrilha, capturado através do maldito expediente da “delação” e imolado sob o clamorexpiatório de uma turba ignara. Pode-se inferir que o teólogo diletante não crê no Messias (muito provavelmente creia no Bessias), pois do contrário teria percebido quão ofensiva aos cristãos soa uma comparação desse gênero (grupos de auto vitimização, militantes profissionais e professores salta-pocinhas não hesitariam em classificar ofensa semelhante como “crime de ódio”).

Não é meu objetivo refutar, nos planos jurídico, filosófico e teológico uma analogia tão simplória e imperfeita (coisa quequalquer criança com um mês de aprendizado de artes liberais poderia fazer). Isso seria conferir à postagem analisada uma dignidade que ela absolutamente não possui. Pretendo apenas utilizar o episódio como matéria-prima para o enfrentamento de questões que já há algum tempo despertam minha atenção. A exemplo dolaboratorista, que vasculha nas fezes a presença de parasitas, chafurdarei no produto final das sinapses neuronais do magistrado em busca de um diagnóstico preciso, vale dizer, de uma resposta àseguinte pergunta: o que leva alguém,encarregado da grave função de julgar, aapresentar tamanha inépcia ao cotejar dados da realidade, ignorando suas nuances e tensões dialéticas?

Dito de outro modo: qual a causa eficiente responsável pela transmutação do senso comum em certos julgadores? Qual a origem da conversão do criminoso em mártir, da vítima em mera estatística e da sociedade em malfeitora, nos cânones de boa parte da jurisprudência brasileira?Em suma: de onde vem tamanha falta de discernimento?

Não tenho dúvida de que amentalidade que trata o Cristo como chefe de quadrilha e eleva um chefe de quadrilha à condição de redentor (alijada, portanto do sensode transcendência e de valores transcendentes) é forjada num bem elaborado processo, que compreende a perda do domínio da linguagem e corrupção ideológica, mediante apropriação do conteúdo de seus símbolos (manipulação semântica).

Em suas monumentais “Reflexões Autobiográficas”, Eric Voegelin observa que não haveria ideias se antes não houvesse símbolos de experiências imediatas. Ou seja, a realidade da experiência é auto-evidente e os homens “valem-se de símbolos para expressar suas experiências”. Logo, os símbolos são a chave para compreender as experiências e, uma vez assimilados, servem de base ao raciocínio e à formulação de ideias (sem necessidade de reviver a experiência imediata), dada a fantástica capacidade de abstração do cérebro humano.

Se você alguma vez teve os dedos esmagados ao fechar a porta do carro, deve entender que não é necessário repetir fisicamentea experiência para dela deduzir as dolorosas consequências. Ocorre que nem todos os símbolos derivam de experiências tão elementares quanto essa. Muitas vezes é necessário “escavar” ideias e símbolos de modo a reviver a experiência real (compactada) que lhes deu origem, sob pena de reduzir a linguagem a uma troca de impressões subjetivas que jamais remetem a qualquer referente.

Nesse processo, Voegelin percebe que “a transformação das experiências e simbolizações originais em doutrinas podia conduzir a uma deformação da existência, caso o contato com a realidade tal como experienciada fosse perdido e o uso dos símbolos de linguagem engendrados pelas experiências e simbolizações originais degenerasse em um jogo mais ou menos vazio”(grifei).

Terrivelmente familiar, não? Afinal, o universo das ciências jurídicas e sociais é pródigo em signos de difícil diferenciação, cujo significado não é apreensível “primo ictu oculi”, mas, antes, depende de profundo esforço para rememoração (anamnese) e compreensão do contexto da experiência real que lhe deu origem. A perda de contato com a realidade e a atribuição de significados puramente subjetivos a conceitos jurídicos (que outrora tiveram um referente) leva aos absurdos jurisprudenciais testemunhados diariamente por aqueles que militam na área criminal.

Esse verdadeiro estelionato é cometido com a melhor das consciências, sob o manto de discursos pedantes, nos quais afloram aos borbotões conceitos esvaziados do conteúdooriginal e preenchidos com geléia ideológica. Não raro, princípios são empregados para justificar aquelas atrocidades que, na origem, visavam a evitar (em regra, quanto mais empolado o fundamento, maior a teratologia da decisão). É assim que a impunidade se converte num direito fundamental.

Os autointitulados guardiões dasgarantias fundamentais são facilmente identificáveis, pois parecem saídos de uma linha de montagem. Não há espaço para dissensões nesse grupo, que alguém muito espirituosamente batizou como “confraria de aplausos mútuos”. Isso se explica porque “tendo perdido o contato com a realidade, o pensador ideológico passa a construir símbolos não mais para expressá-la, mas para expressar sua alienação em relação a ela” (grifei). Em outras palavras, a perda de contato com a realidade é invariavelmente suprida pela inserção do indivíduo em uma “segunda realidade”, marcada pela “recusa de perceber”(expressões de Doderer, apud, Hitler and the Germans – The Collected Works of Eric Voegelin, volume 31, pp.108/9, University of Missouri Press). A complexidade do mundo é substituída por um sistema ideológico que reduz as possibilidades do real aos seus próprios limites e horizontes.

É justamente aqui que a coisa ganha contornos dramáticos. O sistema ideológicoadotado pela vanguarda tupiniquim é uma caricatura daquele concebido pela Escola de Frankfurt - em suas formulações mais tardias,rastaqueras e de fácil assimilação - combinadocom as lições de Antonio Gramsci (troca da retórica das armas pelas armas da retórica).Consiste, basicamente, na utilização da teoria crítica como espada e do politicamente corretocomo escudo. A aplicação da teoria crítica, em apertada síntese, equivale à tentativa de demolição dos pilares da civilização ocidental (moral judaico-cristã, filosofia grega e direito romano). Remete à ideia gnóstica de que atravésdo caos e da desordem algo de bom deverá surgir (sem definir exatamente o quê). O politicamente correto, por seu turno, cumpre a missão deneutralizar qualquer reação daqueles que possam se opor à teoria crítica (e defender os valores que são caros à civilização). Isso é feito mediante expedientes de difamação preventiva e atribuiçãode rótulos odiosos ( técnicas especialmente eficazes no meio universitário) para intimidaçãodos possíveis dissidentes, que optarão por sufocar suas opiniões numa espiral de silêncio, a fim de evitar a execração por seus pares.

Dentro do sistema de manipulação semântica, ou seja, na “novilíngua” dos doutos, uma criança pode ser esquartejada no ventre materno em nome da “dignidade da pessoa humana” ou dos “direitos da mulher”. Um latrocida sanguinário, com folha de antecedentes semelhante a um guia telefônico, pode ser solto em nome da “presunção de inocência”. Usar e vender drogas passam a ser direitos sacrossantos,e uma vítima pode ser obrigada a encarar seu estuprador durante o depoimento para preservação das “garantias fundamentais” do acusado. Por outro lado, o policial que arrisca a vida, recebendo salário de fome, deve ser considerado a própria encarnação do mal, a exemplo de qualquer agente do estado que ouse defender a punição severa dos delinquentes. Essa inversão de mentalidade foi magistralmente captada pelo filósofo Olavo de Carvalho no (cada vez mais atual) artigo Bandidos & Letrados (Jornal do Brasil,26/12/1994):

“(...) Humanizar a imagem do delinqüente, deformar, caricaturar até os limites do grotesco e da animalidade o cidadão de classe média e alta, ou mesmo o homem pobre quando religioso e cumpridor dos seus deveres — que neste caso aparece como conformista desprezível e virtual traidor da classe —, eis o mandamento que uma parcela significativa dos nossos artistas tem seguido fielmente, e a que um exército de sociólogos, psicólogos e cientistas políticos dá discretamente, na retaguarda, um simulacro de respaldo ‘científico’".

À luz da "ética" daí resultante, não existe mal no mundo senão a "moral conservadora". Que é um assalto, um estupro, um homicídio, perto da maldade satânica que se oculta no coração de um pai de família que, educando seus filhos no respeito à lei e à ordem, ajuda a manter o status quo? O banditismo é em suma, nessa cultura, ou o reflexo passivo e inocente de uma sociedade injusta, ou a expressão ativa de uma revolta popular fundamentalmente justa. Pouco importa que o homicídio e o assalto sejam atos intencionais, que a manutenção da ordem injusta não esteja nem de longe nos cálculos do pai de família e só resulte como somatória indesejada de milhões de ações e omissões automatizadas da massa anônima. A conexão universalmente admitida entre intenção e culpa está revogada entre nós por um atavismo marxista erigido em lei: pelo critério "ético" da nossa intelectualidade, um homem é menos culpado pelos seus atos pessoais que pelos da classe a que pertence (...)”.

O problema é que, como dizia John Adams, “fatos são persistentes”. A primeira realidade (à qual nós mortais estamos sujeitos) acaba sempre se impondo de forma brutal ao “mundo-cor-de-rosa-com-Papai-Noel-chapado-de-prozac-na-Disney”, que só existe na cabeça da vanguarda judicial tupiniquim graças à sua pertinaz “recusa em perceber” os fatos do mundo circundante. Na segunda realidade, onde vivem esses seres iluminados, delinquentes da estirpe doo famoso “Champinha” podem ser consideradosheróis do lumpemproletariado em luta contra o sistema opressor. No mundo real, continuamsendo feras assassinas, que enxergam a sociedade como um grande parque de diversões para vazão de seus instintos animalescos.

Jamais me ocuparia do assunto, caso ele se limitasse ao usual e soporífero onanismo acadêmico. Ocorre que, no presente momento, toda essa brincadeira custa ao país 60 mil homicídios por ano (treze por cento dos assassinatos do planeta, segundo publicação recente). Para que não se diga que fico apenas com a frieza dos números, evoco o testemunho de todos os colegas que atuam ou atuaram em Varas Criminais, e, mais especialmente, perante o Tribunal do Júri: há algo mais desolador do queuma família enlutada, de quem tudo já foi tirado, ser condenada a ver seu clamor por justiça sacrificado no altar da bandidolatria?

Nesse leito de Procusto, em que se converteu boa parte da jurisprudência, quem deita é sempre o cidadão pacato e ordeiro, que teima em viver honestamente (afinal, se a teoria não se conforma à realidade, dane-se a realidade!). O sangue alheio não terá sido derramado em vão enquanto servir para ilustrar uma bela tese, vender livros ou proporcionar palestras para “confraria de aplausos mútuos”. A definição de comunista do saudoso Millôr Fernandes cai como uma luva para essa grei de magistrados: “São como alfaiates, que, vendo que a roupa não serve, fazem ajustes no modelo”. Não merecem qualquer respeito ou deferência. São impostores que deveriam ser vomitados pela toga e escorraçados do debate intelectual sério. Um Pilatos foi o bastante. Não somos obrigados a tolerar seus discípulos.

* O autor é promotor de Justiça junto ao Ministério Público Estadual do RS

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  • Francisco Ferraz
  • 29 Março 2016


 Vem se tornando um hábito para Lideranças do PT, desde a presidente Dilma, passando por Lula, pelo presidente do partido Rui Falcão e por lideranças sindicais, fazer ameaças aos adversários - cada vez mais vistos como inimigos e a dinâmica politica que os separa cada vez mais vista como “guerra”.

Por inimigos entendam-se então aqueles que defendem o impeachment da presidente, ou que se oponham à corrupção que grassa no governo ou ainda, quem defenda e apoie a operação Lava Jato e apoie o juiz Sérgio Moro que, embora não se saiba ainda se joga futebol (reserva inesgotável de heróis brasileiros), é o único herói que esta histórica crise revelou.

 Lula deu o start desse modismo despropositado, irrealista e irresponsável. Por certo está inconformado com o fato de que pessoas que vestem verde e amarelo nas manifestações das capitais dos estados e das cidades do interior, no “sul maravilha” como no norte e nordeste, ocupam as ruas em números muito acima do que aquelas que o PT convoca para suas manifestações.

 Inconformado também deve estar com seus resultados nas pesquisas de opinião e nas “pesquisas feitas pelo político”: a reação nas ruas à sua presença, e a de seus companheiros.

 Na impossibilidade de reconhecer a realidade e o significado dos números, Lula e seus subordinados atacam, ridicularizam e ameaçam os eleitores (muitos dos quais votaram nele e em Dilma) como ‘coxinhas’, ‘golpistas’, ‘reacionários’, ‘militaristas’, e classe média (que, até vir para a rua protestar, era o objeto de desejo dos programas do governo petista).

A dinâmica entrópica da perda da aceitação do PT e seus líderes pelo povo que estavam acostumados de manipular, imediatamente visível após a eleição de 2014, estimulou um sentimento misto de ressentimento com os “mal agradecidos”; de direito de exigir deles a contrapartida do que veem como “favores” concedidos; e a disposição de recorrer a formas mais arriscadas e radicais de reação.

Passado o momento de negociar cargos com o PMDB, equiparar a imagem negativa de Eduardo Cunha com o impeachment, e com as denúncias de Delcídio, a gravação de Mercadante, tornava-se necessário um lance mais poderoso.

O episódio da condução coercitiva de Lula pela operação Lava Jato, do seu pedido de prisão por parte do Ministério Público de São Paulo e a decisão do Supremo sobre o processo de impeachment impôs a presença de Lula no Palácio e no poder, uma solução que parecia ser mutuamente vantajosa para ele e para o governo.

Na medida em que a grande jogada estratégica (nomeação de Lula para ministro) “engasgou”, provocou reações hostis inesperadas e que o impeachment da presidente começou a andar, o desespero parece ter aconselhado avançar mais um grau no conflito: o recurso ao expediente das ameaças.

Neste momento o que toma vulto não é mais a considerável habilidade política de Lula para negociar. O próprio Lula parece ter reconhecido esta situação quando inaugurou a fase de “ganhar no grito”.

Ao convocar para a guerra suas tropas e ao gritar na Paulista deboches e impropérios ao povo, que enchera aquela mesma avenida menos de uma semana atrás, o próprio Lula dá a entender que desistiu de conquistar o povo para falar para os devotos, os militantes, os que permanecem empregados em meio a um mar de desempregos.

Mas no grito não vai não.

O país está lidando com esta que é a mais grave crise que tivemos com suas instituições (mesmo sabendo de suas falhas, defeitos, vícios e imperfeições); as manifestações são pacíficas e não se transformam em surtos de ação direta; mesmo as que reúnem milhões de pessoas saem das ruas sem quebrar uma lâmpada;as forças armadas, sujeitas à constituição, com a serenidade e legitimidade que o respeito popular lhes confere pelas pesquisas, mantêm-se distantes das divisões políticas do país; o mercado passa sinais claros para a sociedade na medida em que os fatos políticos se sucedem; eas decisões que deverão dar uma resposta à crise provirão das principais instituições políticas do legislativo e do judiciário.

O povo brasileiro está demonstrando possuir um senso de equilíbrio, paciência e tolerância que talvez venha a antecipar um importante traço de maturidade política que não se supunha que possuíssemos.



 

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  • Stephen Kanitz
  • 27 Março 2016

(Publicado originamente em http://blog.kanitz.com.br/)

 A influência de Marx nas universidades brasileiras, nas escolas de jornalismo, nas escolas de economia, de ciências políticas, de sociologia, filosofia continuará muito depois do impeachment.

O governo PT é antidemocrático porque ele não vê outro mundo possível do que aquele preconizado peloeconomista Karl Marx.

Que Dilma seja Marxista posso entender.

Mas que 99% por cento daqueles que se consideram intelectuais, desde Delfim Netto até o atual Nelson Barbosa, ainda acham que Marx analisa o mundo contemporâneo corretamente, é deveras assustador.

Marx foi muito popular entre os trabalhadores ingleses durante a revolução industrial, que aumentara a produtividade de cada tecelão manual em quatro vezes, para o mesmo dia de trabalho.

Insuflava Marx “Se vocês agora produzem quatro vezes mais tecidos por dia, vocês deveriam ganhar quatro vezes mais e não o mesmo salário, que é por hora trabalhada”.

“Em vez de ganhar por hora trabalhada vocês deveriam passar a ganhar por produtividade alcançada.”

Imagine o sucesso de uma narrativa destas entre trabalhadores ingleses semi analfabetos.

Diga-se de passagem que é justamente o inverso em que os professores marxistas brasileiros acreditam, e muitos funcionários estatizados.

Esta narrativa se chamou de Teoria do Valor Trabalho.

Marx insuflou que só o trabalhador, leia-se agora PT, deveria ganhar o ganho de produtividade desenvolvido pelos engenheiros da revolução industrial.

Ao ler Das Capital, troque o termo Capitalista por Engenheiro Têxtil, e toda a teoria marxista cai por terra.
Vocês realmente acham que são os engenheiros têxteis que hoje concentram todo o capital do mundo?

É o que Marx, Piketty e seus seguidores brasileiros pregam.
1. Ao Inventor, Marx propunha zero.
2. Ao Engenheiro que gastou 10 anos aperfeiçoando a máquina, Marx propunha zero.
3. Ao “Capitalista” que custeou a máquina, digamos R$ 50.000,00, Marx propunha zero.
Só o trabalhador deveria ter o acréscimo de produtividade.

Mas os Marxistas foram além.
Quando a produção era manual e reduzida, as vendas eram por encomenda, a produção era pré vendida, quando não paga antecipadamente.

Com a quadruplicação da produção, toda uma nova atividade de vendedores, propaganda, analistas de crédito, estoquistas, administração de perdas, coordenação, advocacia de contratos, contabilidade, logística precisou ser criada e paga.

Sem falar em todas as atividades de administrar, gerenciar, supervisionar.

O capitalista de Marx era engenheiro, inventor, capitalista e administrador ao mesmo tempo.

Marx achava que administradores não eram necessários, ideia que marxistas até continuam a acreditar no Brasil até hoje.
1. Ao Administrador, Supervisor e Gerente, Marx propunha zero.
2. Ao Vendedor, Marx propunha zero.
3. Ao Distribuidor, Marx propunha zero, até hoje são chamados de atravessadores.
4. Ao Estoquista Atacadista Marx propunha zero.
5. Ao Auditor, Contador, Fiscal, Marx propunha zero, a origem de nossa corrupção.

E aí está a origem da nossa incompetência governamental, a lentidão administrativa, os custos acima dos benchmarks, a inoperância e desperdício.

O que assusta é a idolatria que se faz de um intelectual que é um perfeito canalha e idiota.
Um economista que não tinha a mínima ideia de como uma empresa moderna funciona.
Portanto, não culpem a Dilma e o PT por esta crise e não pensem que com o impeachment a narrativa irá mudar.
Vocês já sabem a minha opinião sobre o que precisa mudar neste país.

Culpem sim a pobreza da análise de Karl Marx, que sobreviverá à Dilma e ao PT por muitos e muitos anos na imprensa, na USP, no PSDB, PSOL, PMDB, PCdoB, PS, PSTU, por muito tempo.
Até cair a ficha que o Brasil ficou para trás.

 

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  • Editorial Estadão
  • 27 Março 2016

 

No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff deflagrava uma patética “campanha da legalidade”, para, alegadamente, defender a prevalência da lei contra o que qualificou como tentativa de “golpe” por parte dos que articulam seu impeachment, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, anunciava, para quem quisesse ouvir, que pretende “incendiar” o País caso se concretize o afastamento da petista.

Não se tem notícia de que Dilma, tão preocupada com a legislação pátria quando se trata de avaliar os atos da oposição, tenha alertado Boulos de que “incendiar” o País é ato criminoso, atentatório à ordem pública e, portanto, passível de pena de reclusão, como está capitulado em lei.

Já faz tempo que Dilma e os petistas, que hoje posam de zeladores da Constituição, tratam Boulos et caterva como interlocutores legítimos, ainda que abundem incontestáveis provas de que atuam fora da lei e tenham como objetivo subverter a ordem e derrubar o regime democrático. Mesmo depois de invadir prédios públicos, bloquear estradas e avenidas, ocupar propriedades privadas e destruir plantações, essa turma teve assento em diversos eventos no Palácio do Planalto com a presença de Dilma, sem nenhum constrangimento aparente. Ao contrário: em agosto de 2015, quando Boulos e seus colegas de baderna estavam entre os convidados de uma cerimônia na sede da Presidência da República, a petista os chamou de “companheiros e companheiras” e os cobriu de afagos.

De onde se conclui que, na peculiar interpretação de Dilma e dos petistas, ilegal é advogar que o Congresso, conforme o que prevê expressamente a Constituição, julgue a presidente sob acusação de crime de responsabilidade, em um processo que, se admitido, dará à petista amplo direito de se defender, tudo conforme o trâmite estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal. Já a truculência dos “companheiros e companheiras” é, por suposto, expressão da mais autêntica democracia e do respeito ao Estado de Direito.
Assim, respaldado pela presidente da República, bem à vontade para aterrorizar a sociedade, Boulos – dizendo defender as “garantias constitucionais” e queixando-se do “clima macarthista de intolerância e ódio” – informou ao distinto público que o Brasil não terá descanso se Dilma for destituída. “Este país vai ser incendiado por greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as últimas consequências nisso, não haverá um dia de paz no Brasil”.

Boulos é líder de uma certa “Frente Povo Sem Medo”, cuja plataforma defende a “radicalização da democracia” – nome fantasia para a destruição da democracia representativa e sua substituição por um Estado totalmente aparelhado pela companheirada. Para chegar lá, o tal “povo sem medo” substitui a política pela violência, na presunção de que, acuada, a sociedade lhe dê o que exige.

É a mesma tática de outra notória pandilha, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), espécie de decano da arruaça nacional. Um de seus principais dirigentes, Gilmar Mauro, também declarou que, “se fizerem o golpe, não terão um dia de sossego”. E acrescentou, belicoso: “Vamos esticar a luta democrática até o limite do limite, mas não fugiremos da guerra”. Para garantir que ninguém de seu bando vá “se esconder debaixo da cama”, Mauro avisou que “o MST não forma covardes”.

Na visão desses liberticidas, Dilma é irrelevante. Não foram poucas as vezes em que MST, MTST e outros grupelhos manifestaram profundo desapreço pela presidente, vista por eles como tímida demais na implementação de sua agenda anticapitalista. Mas eles devem ter concluído que a queda de Dilma representará o fim da prosperidade que o lulopetismo tem lhes proporcionado. Não é à toa, pois, que, ao menos no discurso, essa turma esteja disposta a partir para o confronto em defesa de Dilma, criando um clima de guerra que só é útil para quem quer confusão.

Tal esforço, contudo, terá como único resultado a desmoralização completa dos baderneiros, porque a maioria absoluta dos brasileiros não quer o que eles pregam. Quer apenas voltar a trabalhar em paz, com um governo que recoloque o País na trilha do desenvolvimento e com a exemplar punição daqueles que abusaram da confiança do povo para enxovalhar a democracia.

 

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  • Fábio Lavinsky
  • 27 Março 2016

Há meses venho dizendo que, em qualquer situação, o PT classificaria a realidade de golpe. Vejam o que escrevi na véspera da eleição, em outubro de 2014: “O PT não aceitará a derrota!… Há tempos disse que o maior perigo não era a vitória do PT, mas sim a derrota do PT. Hoje na propaganda política, Dilma usou a palavra luta pelo menos seis vezes em menos de um minuto. Isso é sintomático. 

O “Day After” da derrota petista será algo muito complicado. As bases mais radicais hoje controladas pelo poder, ao entrarem na oposição mostrarão a sua verdadeira face: cobras criadas no jardim. A derrota será chamada de “golpe da mídia golpista conservadora” e a democracia estará em cheque mais uma vez no nosso país. Espero que a maioria dos petistas que são verdadeiros democratas e provenientes de movimentos de trabalhadores e não da ala dos acadêmicos teóricos raivosos que fazem necrofilia com ideologias mortas, consigam controlar o ímpeto peçonhento das bases sedentas de desordem. Perigo, muito perigo a vista. No mínimo boicotes e sabotagens contra o governo Aécio, no máximo… Nem quero pensar."

Infelizmente, o PT ganhou (de forma bem duvidosa, e segundo o TSE com crimes que constituem em estelionato eleitoral) Sem falar na imoralidade e sandice inconcebível de termos que confiar a lisura da nossa democracia em um sistema de TI inauditável, subordinado ao TSE petista. Mas o discurso de “elite e mídia golpistas”, pronto para ser utilizado em caso de derrota (vide vídeo de Tarso Genro) ficou guardado e a caixa de pandora foi aberta mesmo com a “vitória”. Ele foi muito ensaiado para ser entoado na hipótese mais plausível que era a derrota da pior presidente da história do Brasil. Agora, ele é usado para caracterizar algo perfeitamente legal e institucional: a instauração de processo de impeachment. As mesmas instituições que funcionaram no impeachment do Collor e que foram entoadas a funcionar nos pedidos sem pudor do PT pelo impeachment do FHC, estão funcionando agora. Golpe é uma ruptura institucional. Não há ruptura. Não há uso de força nem solução de continuidade nas instituições democráticas. Pelo contrário, golpe de fato são as atitudes da presidente Dilma que obstrui a justiça, abusa de seu poder nomeando Lula como ministro, fomenta um discurso onde golpe virou eufimismo para aplicação da Constituição, e defesa da democracia virou eufemismo de defesa da manutenção do poder onde os fins justificam os meios. E se não ocorrer impeachment? Não se preocupem, a narrativa será que os fracassos e o resultado pífio de um governo incompetente, perdulário, corrupto, destrutivo e alinhado com o que há de pior no mundo não serão por culpa da presidente “Maria Antonieta” e da sua "corte de politburo" do PT…

Na narrativa "realidade paralela" do PT, o resultado "dilmesco" do governo em todos os indicadores será devido golpismo da mídia e das elites. Em resumo, quando o PT perde é golpe. Quando o PT cai por via institucional e legal é golpe. Quando o PT entrega o governo mais patético da historia do Brasil é… golpe. Não há outra alternativa. Golpe é a palavra que os papagaios hipnotizados repetem a exaustão. Golpe é a palavra chave para tentar de todas as formas abafar um dos maiores fracassos políticos e administrativos da história do Brasil. Golpe é o slogan que tenta esconder o governo que com a sua corrupção sistêmica foi o que mais espoliou o Brasil em 500 anos de história. Basta!
 

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