• Ruy Fabiano
  • 07 Favereiro 2016

 

O PT acabou, mas não o projeto revolucionário que intentou – e fracassou. Diversas etapas, no entanto, foram cumpridas, entre as quais o aparelhamento das entidades da sociedade civil e da máquina administrativa do Estado, nos níveis regional e federal.

Não será fácil desmontá-lo. É um patrimônio, cuja construção precede a chegada do partido ao poder. O que se constata, sobretudo após a derrocada de Lula, é a tentativa de mudar a fachada, migrar o projeto para outra sigla.

Há as periféricas – PSTU, PCdoB, PSOL, PSB -, mas nenhuma com o potencial eleitoral da Rede de Sustentabilidade, de Marina Silva, com seus mais de 20 milhões de votos, obtidos nas duas últimas eleições. A Rede já recolhe sobreviventes do Titanic lulista.

Marina é fundadora do PT e só deixou o partido por não encontrar espaço para suas pretensões presidenciais. Não houve – nem há - qualquer divergência ideológica. Ela mesma, reiteradas vezes, já manifestou, além de imensa admiração por Lula, saudades dos tempos em que, ao lado de Chico Mendes, no Acre, deu início ao partido e à CUT. Está, pois, na gênese de tudo isso.

O que dificulta a percepção dessa identidade é que o discurso de Marina é mais difuso: vai do mais abstrato ambientalismo até questões de fundo moral, que explora a descrença popular na política e acena com mudanças que não se explicitam. Contrapõe, por exemplo, a reforma política à reforma “da” política, não esclarecendo exatamente o que a contração da preposição “de” com o artigo “a” distingue uma coisa da outra.

Fala, por exemplo, em “aeróbica da musculatura do acerto”, e em combater a “musculatura do erro”. Coisas do gênero, que, ditas de um palanque, impressionam, mas que, concretamente, não sinalizam nada, nenhum projeto. Ela é contra o mal e se apresenta como a face do bem. E basta.

Quando o discurso evangélico conflita com a agenda comportamental da esquerda – casos da legalização do aborto e do casamento gay -, muda de assunto ou diz que uma coisa é o Estado laico e outra sua religião – embora sua religião não distinga uma coisa da outra e abomine a agenda dos seus (dela, Marina) aliados.

A demonização de uma atividade - no caso, a política – por alguém que a pratica há décadas e dela vem extraindo dividendos é, em si, um paradoxo. Mas o eleitor brasileiro é mais emocional que racional. Não percebe, nem liga para paradoxos.

Marina se vale de simbolismos e metonímias, sem descer a fundo nos conflitos e complexidades que o país vive. Louva tanto o sociólogo Fernando Henrique quanto o “operário” Lula, evitando o divisionismo classista, pobres versus ricos, sulistas versus nordestinos, explorado pelo PT.

Mas o fundamentalismo é o mesmo, expresso na ideia revolucionária de que é preciso inventar outra nação, outro povo e que os cinco séculos anteriores foram uma soma de equívocos, que precisam ser revogados – o “nunca antes neste país”, bordão de Lula. O PT é o socialismo carnívoro; Marina, o vegano.

Não é casual que Marina não tenha manifestado nenhuma opinião a respeito da Lava Jato. Considera o impeachment de Dilma sem fundamento e só recentemente passou a defender a cassação do mandato via TSE, que contempla o seu projeto eleitoral.

Observem o movimento não só de petistas, como o senador Paulo Paim, mas de gente do PSOL, como o senador Randolfe Rodrigues, em direção à Rede. A própria Martha Suplicy, petista histórica, co-fundadora do partido em São Paulo, cogitou de aderir a Marina. Acabou optando pelo PMDB, por lhe oferecer melhor estrutura para sua candidatura à prefeitura de São Paulo.

A esquerda pragmática já desistiu do PT e procura recriar-se com Marina e sua Rede. O próprio Rui Falcão, presidente do PT, ciente do estigma que a legenda hoje carrega, já defende que o partido se dilua numa frente de esquerda nas próximas eleições, que permita que seus candidatos ocultem a estrela outrora tão festejada.

O declínio de Lula já não deixa dúvida. Sem uma liderança – pior: com uma ex-liderança que hoje expressa a farsa de um paraíso perdido -, o partido faz uma defesa quase burocrática de seu chefe, ciente de que sua carreira chegou a um ponto de não-retorno. A defesa do mandato de Dilma é circunstancial, até que outra porta se abra e o projeto revolucionário encontre sua continuidade em outra legenda. A Rede de Marina é a opção.

* Jornalista
 

 

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  • Renato Sant'Ana
  • 07 Favereiro 2016

(Publicado originalmente no Alerta Total)

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou ofício a Dilma Rousseff pedindo a federalização da segurança pública e a criação de um ministério para fazer frente à violência no País.[1] Mais um ministério! Mais CENTRALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAIS CONCENTRAÇÃO DE PODER EM BRASÍLIA, mais gastos com a burocracia, mais "cargos comissionados" para militantes, a ampliação da máquina estatal, quando já temos um Estado mastodôntico.

A OAB tenta enfiar na cabeça dos incautos um raciocínio malicioso: "se é a União que tem dinheiro, é ela que deve resolver o problema." Pior, muitos cairão nessa!

A armadilha da OAB parte de um fato: a arrecadação de impostos no Brasil ultrapassou folgadamente DOIS TRILHÕES de Reais em 2015.[2] Dessa fabulosa montanha de dinheiro, em torno de 70% fica para a União. Apenas cerca de 30% são divididos entre Estados e municípios. Em suma, por uma aberração na distribuição dos tributos (apenas por isso), é a União que acumula dinheiro. E a OAB tentando piorar as coisas...

Brasileiros acuados

O temor é generalizado, eis que generalizada e crescente é a violência no país. Aí, a OAB mira no pavor dos brasileiros e dispara o seu raciocínio: "se é a União que tem dinheiro, é ela que deve resolver o problema." Uma armadilha! Como em histórias de bruxas, a OAB oferece um chá com veneno: o PRETEXTO é solucionar o problema da violência, mas o real PROPÓSITO é centralizar o poder e potencializar o controle estatal, o que significa, entre outros, fracasso econômico e ameaça às liberdades individuais. É o modelito venezuelano, se alguém não percebeu!

Macabra estratégia

Concentrar tudo em Brasília e acabar com a configuração federativa é um projeto de poder conforme as diretrizes do nefasto Foro de S. Paulo. A iniciativa da OAB é apenas parte de uma orquestração. Dou apenas mais três exemplos.

1. O Sen. Cristovam Buarque, que enfeitiça os desavisados com seu blá-blá-blá sobre educação, propõe a federalização do ensino fundamental. Belo projeto de ditadura! "Áh, mas ele é defensor da educação..." Bem se vê! Ele imagina que, de um mundo de fantasia, perdulário e fora da realidade, isto é, de Brasília, sairão ideias iluminadas para conduzir a educação em todo o território nacional, como se acúmulo de dinheiro garantisse lucidez e respeito.

2. Tramita no Congresso o Projeto de Lei 186/14, que legaliza o jogo no Brasil, dando, à União, o monopólio para credenciar, outorgar e, óbvio, arrecadar com os jogos legalizados. Os Estados ficam apenas com o ônus e o custo da fiscalização. Sérgio Ricardo de Almeida, presidente da Loterj (loteria do RJ), recentemente advertiu que aqueles Estados que têm loterias estaduais, se aprovada a lei, deixarão de arrecadar bilhões.[3] Só mais um artifício para Brasília sugar dinheiro!

3. Em janeiro de 2007 Lula sancionou a Lei do Saneamento Básico. Aproveitou para fazer seu discurso populista e chamar de irresponsável a administração de FHC. Passados nove anos, Brasília não fez avançar um milímetro sequer no saneamento básico.[4] O Aedes Aegypti agradece...

O grande imbróglio

Por comodismo, ignorância ou má-fé, a maioria dos brasileiros ajuda a manter este modelo de Estado paternalista - que arrecada uma fábula em impostos e não dá solução satisfatória a coisa alguma. Tudo está montado para que, aqueles que chegam ao poder, lá se perpetuem. Entende-se, pois, por que são raros os que têm a grandeza de pensar no melhor para o país: é difícil renunciar a privilégios legalmente instituídos.

A OAB, o Sen. Cristóvam Buarque, os 513 deputados federais, os 81 senadores e todos os brasileiros decentes, em vez de suplicar a tutela da União para problemas locais, deveriam empenhar-se em restaurar o pacto federativo, garantindo maior grau de autonomia aos entes federados, reduzindo a concentração de poder e de dinheiro em Brasília, ou seja, deveriam reformar o Estado. Mas quem se dispõe a fazê-lo?

Uma certeza há: se os cidadãos comuns (contribuintes escorchados, mas eleitores de cujo voto políticos dependem) não buscarem um mínimo de esclarecimento e compreensão do quadro atual, nada vai mudar. Contrário senso, se a sociedade tiver esclarecimento e consciência da própria legitimidade para exigir mudanças, então o Brasil começará a aprumar-se. Ainda vivemos num regime em que a opinião pública é levada em consideração.

* Psicólogo e Bacharel em Direito.

 

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  • Bruno Braga.
  • 06 Favereiro 2016

 

Publicado originalmente em [http://b-braga.blogspot.com.br/]

No dia 21 de janeiro, o governador de Brasília criou uma delegacia especial para apurar crimes de "intolerância religiosa". Na cerimônia que a instituiu, Rodrigo Rollemberg, do PSB (Partido Socialista Brasileiro) - partido que pertence ao Foro de São Paulo - acolheu as protagonistas do evento: representantes de "religiões de matriz africana" [1].

Falou-se ali em incêndio contra um "terreiro de candomblé", contudo, sem que fosse apresentado qualquer esclarecimento sobre as motivações do crime - elemento necessário para saber se de fato estaria caracterizada a tal "intolerância religiosa". O promotor que acompanha as investigações não tem ainda uma conclusão definitiva a respeito do caso: “É possível que tenha sido acidental, pois havia uma fiação elétrica no local que podia gerar um curto-circuito. Mas também é possível que seja criminoso. O que a gente tem recomendado é que não se afaste qualquer possibilidade” [2]. De qualquer maneira, na reportagem de referência para este texto - e em outras utilizadas para pesquisar o tema - não havia qualquer menção a crimes cometidos contra cristãos, nem mesmo às frequentes ridicularizações que "colorem" as Paradas Gay na capital do país - crime previsto no Código Penal (Cf. art. 208). Bom, a omissão não é por acaso, pois os cristãos são o alvo.

A delegacia não tem nada a ver com "intolerância religiosa". A propósito, qual será o padrão estabelecido para o "tolerável"? É um despropósito criar toda uma estrutura - sendo que policiais, na própria cerimônia de sua criação, protestavam por condições mínimas de trabalho [3] - para cuidar de crimes e condutas já contemplados de forma eficiente na legislação penal e que não têm número de ocorrências significativo que justifique tratamento "especial".

O teatrinho montado serve a interesses políticos, e é peça de uma disparatada engenharia social. Uma imagem traduz muito bem o que se passa por trás das cortinas. Recentemente, Porto Alegre (RS) sediou o Fórum Social Temático - evento do Fórum Social Mundial, criado pelo Foro de São Paulo. No dia 19 de janeiro, na marcha que deu início ao encontro comunista, macumbeiros levantaram a mesma bandeira dos "povos de matriz africana". Mas, logo atrás deles, um grupo carregava o seguinte estandarte: "Busque à [sic] Jesus, NENHUMA 'IGREJA'" (Cf. Imagem).

Não é interessante identificar agentes do mesmo tipo e grupos com os mesmos propósitos políticos marchando em fóruns comunistas e celebrando a criação de "delegacias especiais" contra a "intolerância religiosa"? Não é curioso notar que os cristãos têm sido o maior estorvo para as suas ambições? Afinal, não são os cristãos que começam a se dar conta do totalitarismo comuno-petista que tomou de assalto o Brasil e até as suas igrejas e templos? Não são eles que, na tentativa rasteira de amordaçá-los, são acusados de "fundamentalistas", que ouvem gritos histéricos contra uma tal "teocracia" e reivindicações estapafúrdias por um "estado laico"? Não são os cristãos que têm frustrado a sanha assassina dos abortistas, que se opuseram à engenharia social da união entre pessoas do mesmo sexo, lutaram nas câmaras legislativas de todo o país contra a ideologia de gênero gayzista nas escolas?

Para implantar um projeto totalitário de poder - que abarque não só instituições políticas, mas as dimensões sociais e culturais - é necessário "domesticar" os cristãos. Não se trata aqui de formular uma tese conspiratória, basta recorrer à história dos regimes totalitários ou estudar os propósitos e efeitos da Teologia da Libertação dentro da Igreja Católica. Mas, para os cristãos "raivosos" e "indomáveis", que não seguem o "catecismo" do "politicamente correto" - ou que não se adequam ao padrão do "tolerável" - resta a força: eles são transformados em caso de polícia, sob o pretexto de se estar combatendo a "intolerância religiosa".


ADENDO.

O Fórum Social Temático de Porto Alegre contou com uma seita comuno-ecumenista para celebrar a "paz" e a "tolerância religiosa" [4]. No entanto, na marcha de abertura do evento comunista, havia bandeiras pontificando: "Tem que buscar a Jesus, não as igrejas"; "As 'igrejas' são uma fraude, por favor, busque a Jesus apenas por si mesmo" (Cf. imagens). Contradição? Expressão de "pluralismo"? Não. Nada disso tem a ver com "religião". É o vale tudo, tudo que possa beneficiar a revolução comunista.

REFERÊNCIAS.

[1]. Cf. "Brasília cria Delegacia de Repressão aos Crimes de Discriminação", Agência Brasil, EBC, 21 de janeiro de 2016 [http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-01/brasilia-cria-delegacia-de-repressao-aos-crimes-de-discriminacao].

[2]. Cf. "Governo cria delegacia de combate à intolerância religiosa", Jornal de Brasília, 21 de janeiro de 2016 [http://jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/663601/governo-cria-delegacia-de-combate-a-intolerancia-religiosa/].

[3]. Cf. [1].

[4]. Cf. "Fórum Social Comunista 2016", V [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/01/forum-social-comunista-2016.html].

  

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  • Enio Meneghetti
  • 06 Favereiro 2016

O Brasil segue atônito assistindo as evidentes lorotas dos defensores de Lula para tentar aliviá-lo na vexatória situação de delito no caso do apartamento tríplex do Guarujá.

Não adianta negar, porque a cada dia surgem mais evidências e provas do que já se sabia: o apartamento do Edifício Solaris, empreendimento da cooperativa habitacional dos bancários, BANCOOP, investigada e denunciada pelo Ministério Público por desvio de dinheiro em benefício do PT, é mesmo de Lula & família.

Além de tudo o que já foi dito e mostrado, os termos de adesão ao empreendimento comprovam que Marisa Letícia sabia qual era a unidade residencial que estava comprando. Ao contrário do que o advogado de Lula disse, o número de cada apartamento consta dos registros de comercialização. A cada novo detalhe descoberto, seus excelentes defensores “ajeitam” a versão para tentar cobrir os flancos abertos.

Isso sem entrar na história do sítio suspeito, transformado com uma mega reforma feita pela Odebrecht em uma ilha da fantasia para Lula. Durante longo tempo o sítio foi referido na imprensa como de propriedade do ex-presidente. Agora até Nota Fiscal de um barco de pesca, comprado por Marisa Letícia e entregue no sítio, apareceu. Mas o sítio “não é dele”, embora seus seguranças tenham consumido mais de mil diárias pagas pelo Planalto para pernoitar no local.

Dona Dilma também tem motivos para preocupar-se. E não é só com a economia. Se Lula for preso, a situação dela ficará muito mais complicada. Em meio a esse desespero, ela pretende atolar ainda mais o país, em sua tentativa de manter-se de pé, mesmo que com isso arrase de vez com nossas finanças.

Dilma reuniu seu Conselhão. Mera jogada de marketing e tentativa de jogar uma cortina de fumaça, enquanto seu ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anuncia um “plano” que vai endividar ainda mais a população. A solução desses gênios para tirar o Brasil da recessão é emprestar mais dinheiro a uma massa de endividados, usando para isso recursos de R$ 83 bilhões como “estímulo ao crédito”. Pior: dinheiro que não pertence ao governo.

O plano mirabolante pretende usar quase R$ 50 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. A poupança do trabalhador para o caso de perda do emprego. Sonham em atingir a meta de 4,5% ao ano com esta solução absurda. Mas isso não é tudo. Dilma Rousseff pediu ajuda do Conselhão para a aprovar a CPMF. Resumindo: ela quer emprestar a juros altíssimos, aumentando o endividamento e de quebra, ainda insiste em criar mais impostos, que já estão em níveis asfixiantes.

Lembram da “marolinha” do Lula? Pois é. O atual estado de coisas é resultado daquela receita econômica do Barão de São Bernardo. E sua criatura pretende afundar-nos ainda mais numa receita similar, mais do que equivocada. Governos desesperados agem assim.

Diariamente ouvimos o noticiário sobre corrupção e ao final aquela notinha do Instituto dele dizendo: “Lula não está sendo investigado por nada”. E de quebra, ele vem ameaçando processar a quem diga o que não lhe agrade.

Processa eu, Lula!
 

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  • Paulo Briguet
  • 05 Favereiro 2016

(Publicado originalmente na Folha de Londrina)

Eu e o Pedro gostamos das histórias do pequeno príncipe. Ontem lemos mais uma vez a passagem em que ele visita o planeta do homem bêbado.
– Por que você bebe? – pergunta o principezinho.
– Para esquecer – responde o homem.
– Para esquecer o quê?
– Para esquecer que tenho vergonha.
– Que tem vergonha de quê?
– Que tenho vergonha de beber.
Aquele triste homem, de quem o principezinho sente muita pena, é a imagem do nosso mundo moderno. Exatamente assim se comportam os defensores do aborto: voltam sempre a fazer a mesma coisa. A cada nova oportunidade, a cada novo pretexto, lá estão deles de novo, defendendo a sua tese absurda. A diferença é que não parecem sentir vergonha do que fazem.
Agora, por causa do zika vírus, os militantes querem liberar o aborto de bebês com microcefalia. Para isso, contam com o apoio de poderosas e milionárias fundações internacionais. Mas com um apoio não podem contar: o da maioria esmagadora do povo brasileiro, contrário à liberação do aborto.

É MELHOR MATAR?
Quando jovem, eu também defendia o aborto – e isso me fez cometer o maior erro da minha vida. Hoje meus pensamentos vão para a multidão de crianças que não nasceram, no mundo inteiro, porque seus pais descobriram que elas tinham algum tipo de má formação ou problema genético. A tese de que essas crianças "defeituosas" não devem nascer tem nome: eugenia. É a tese que deu origem aos campos de concentração e aos genocídios modernos.

O jornalista Edson Ferreira, da FOLHA, publicou ontem nas redes sociais um belo e comovente relato sobre a sua filha Esther, que nasceu com a síndrome de Edwards e tinha microcefalia. Escreve o Edson: "Não podemos medir a liberdade pelo tamanho do crânio. Não posso concordar que alimentemos o desejo de matar: é melhor matar do que cuidar do quintal para evitar os focos do mosquito? É melhor matar do que sentir o bebê se mexendo na barriga? Eu me lembro que Esther se manifestava na barriga de minha esposa quando eu chegava em casa do trabalho. Eu encostava a cabeça e acho que ela me acariciava! Esther deveria ser impedida de nascer?"

AMOR E ETERNIDADE

O nome Esther significa estrela da manhã. Na Bíblia, a rainha Ester salva o povo judeu do genocídio após fazer a oração que começa com as seguintes palavras: "Meu Senhor, nosso único rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão vós, e o perigo que me ameaça eu o toco já com as mãos". 

Nós vamos permitir que os movimentos abortistas prevaleçam sobre a vida? Vamos aceitar que outras meninas e meninos deixem de nascer? Vamos fechar os olhos para as crianças que tanto nos ensinam sobre o amor e a eternidade? As respostas, deixo aos meus sete leitores. Mas encerro com as palavras do amigo Edson: "Sem fanatismos religiosos ou pensamentos revolucionários, proclamemos a vida!"

* Jornalista

 

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  • Ricardo Garcia de Mello
  • 05 Favereiro 2016

Algumas objeções à entrevista do sociólogo José de Souza Martins às páginas amarelas da Veja de 03/02/2016.

A entrevista do professor José de Souza Martins intitulada O PT do Poder demonstra o posicionamento da esquerda intelectual que pretende descolar o pensamento de esquerda e os movimentos sociais do Partido dos Trabalhadores governista, afirmando que o PT do Poder não é o PT dos movimentos sociais, colocando o Partido dos Trabalhadores do Poder como um partido católico. Esta visão de mundo expressa pelo sociólogo Martins é resultado da necessidade de resgatar a capacidade de direção intelectual e moral da esquerda ilustrada, que conseguiu fazer por um certo tempo com que sua visão de mundo tenha superioridade sobre as demais, conseguindo a supremacia na organização da cultura, sobretudo acadêmica. E é justamente esta primazia esquerdista que os intelectuais não querem perder, por isto que diante dos escandalosos de corrupção, tentam descolar a imagem da esquerda do PT.

O PT se apresenta como uma alternativa socialista ao próprio socialismo e não uma oposição. Ele se diferencia dos demais partidos comunistas do Brasil pelo fato dele apostar numa estratégia de poder diferente da luta armada, a tática-política democrática e legalista. Com isto eu quero dizer que a esquerda e o PT não são democráticos e nem legalistas, somente enveredam pela legalidade e pela democracia como formas mais convenientes de alçar o poder. A democracia e a legalidade são o instrumental ou melhor a arma de conveniência para chegar ao poder, em vez de optar pelas armas de fogo o PT optou pela via eleitoral e crítica moral da corrupção para chegar no poder.
  A democracia e a legalidade são para o PT um meio de se chegar ao poder, assim como metralhadora, não são um fim em si mesmas e ainda menos um princípio, só tem valor tático-político. Portanto o PT das Lutas Sociais é o PT do Poder.

O PT não é um partido antiquado como afirma Martins, mas um partido de esquerda tipicamente moderno aos moldes da New Left e da Socialdemocracia. Aos moldes da New Left por incluir além da luta de classes, a luta racial, étnica e LGBT, e se equivale a socialdemocracia por se utilizar dos meios democráticos e legais para chegar ao poder.

O PT é um partido esquerdista aclimatado aos novos tempos, antes de ser uma organização de classe, é um órgão aglutinador capaz de unir movimentos sociais, grupos e personalidade de diversos segmentos da sociedade, nele está presente os movimentos de moradia rural e urbana, LGBT, movimento negro, indigenistas, feministas, sindicatos, intelectuais, celebridades, evangélicos e católicos de esquerda. Por isto que a dicotomia e a ambivalência fazem parte do jogo de linguagem política do PT para garantir a maior quantidade de eleitores e até mesmo de adeptos, representando assim uma frente política de esquerda, a união dos “progressistas” da sociedade.

O PT em sua raiz é tudo menos um partido católico e conservador como quer demonstrar o sociólogo José de Souza Martins. O PT do ponto de vista formal só é um partido católico para um adepto da teologia da libertação, o PT é sobretudo uma Hidra vermelha, não são dois PTs o PT do poder e o PT das lutas sociais, mas são vários os PTs reunidos sobre o PT de Lula. O PT não é um partido duas caras, mas de diversas facetas, para o pobre o PT é assistência social, para o católico ele é caridade do político, para o Negro a luta pela igualdade, para a Mulher a igualdade de gênero, para o trabalhador aquele que melhora sua condição de vida, e assim por diante, o PT tem muitas mascaras.

O PT não é um partido católico porque a doutrina social do PT não é a doutrina social da Igreja que tem por base a Encíclica Rerum Novarum, sobre a condição dos operários de 15 de maio de 1891 do Papa Leão XIII. Que foi resumido por João Paulo II como princípio de Solidariedade que é o princípio elementar da fraternidade humana que possibilita a existencial social; não existe sociedade sem solidariedade. Nós termos de João Paulo II: “A solidariedade é também uma verdadeira e própria virtude moral, não «um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos». A solidariedade eleva-se ao grau de virtude social fundamental, pois se coloca na dimensão da justiça, virtude orientada por excelência para o bem comum...”
É por isto que o PT não realiza uma mediação conservadora das lutas sociais, como afirma Martins, o PT é uma mediação esquerdista e governista das lutas sociais, sua lógica de mediação não se pauta na solidariedade social que é um dos pilares da doutrina social da igreja, mas no antagonismo social; o ato de agudizar as contradições entre brancos, mestiços, índios e negros, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, com a intenção de transformar as contradições em antagonismos através do seu discurso de ódio.

Caro Professor Martins o PT é de esquerda sim, nele se articulam as diversas bandeiras ditas “progressistas”.
O PT demoniza o adversário político, não por estar influenciado pela visão de mundo Deus e Diabo da igreja católica como afirma Martins, mas por possuir um raciocínio político típico do marxismo como expressa Lenin, Gramsci, Trotsky e Lukács, que não basta demonstrar ter supremacia econômica e militar é necessário demonstrar a superioridade intelectual e moral, portanto é necessário falar que o seu adversário é um burro truculento, analfabeto político e além disto que ele é racista, fascista e sexista. Para o PT o adversário político não é um concorrente, mas um inimigo que deve ser vencido, por isto que o PT não concorre com o seu adversário, mas faz guerra contra seu inimigo, ele só não pega em armas, porque a democracia e a legalidade são uma tática mais conveniente para a esquerda vencer, como já provou a história para os guerrilheiros.

A Esquerda só é democrática e legalista por conveniência e limitações. Por limitações porque existe Constituição e forças armadas que freiam as vontades arbitrarias. E por conveniência porque a democracia e a legalidade são instrumentos menos perigosos para alcançar o poder político.

Já a relação entre Lula e PT é de coexistência, apesar de Lula preponderar nesta relação toda a sua biografia é marcada pelo PT, sendo a sua popularidade e mesmo o seu sucesso pessoal condicionado pela presença deste partido, e vice-versa. Ainda que a personalidade de Lula queira ficar por cima de todos os acontecimentos, no final das contas Lula não existe sem PT e PT não existe sem Lula.

Numa definição sintética, capaz de captar as facetas da hidra vermelha, o PT é o partido político que associa o caudilhismo e a filantropia com o aparelhamento ideológico e burocrático da sociedade.

Para o sociólogo Martins o PT deveria ter se mantido na missão de fiscal do poder corrupto, e nunca ter aspirado ao poder político, no fundo Martins acha que o PT das Lutas Sociais foi corrompido pelo sistema, como um ser angelical que foi desviado pelos vícios. Mas caros Ilustrados Uspianos o PT não é um santo decaído num bordel.

 * Sociólogo

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