O ex-presidente Lula, que já elegeu dois postes, agora não conseguiu reeleger vereador seu próprio filho – em São Bernardo do Campo, coração do PT. Onde o partido foi fundado (no neoclássico Colégio Sion de Higienópolis), São Paulo, o prefeito do PT perdeu por 2 milhões de votos de diferença. E nem quis depoimento de Lula no horário eleitoral, para não piorar. No maior estado, São Paulo, o partido afundou em 88% das prefeituras que tinha. O PT encolheu no país inteiro, reduzido a 40% das prefeituras que comandava. Até no Nordeste, onde lula apostava na sobrevivência do PT, o partido encolheu. Ao grito de Fora Temer!, o eco das urnas respondeu com um Fora PT.
As chances de Lula concorrer em 2018 despencaram. De um lado as urnas de domingo e de outro a Lava-Jato e a Justiça. Ele já foi denunciado duas vezes e não foi levado a Curitiba pela Polícia porque algo aconteceu no Aeroporto de Congonhas. Ele e Dilma, em 13 anos de administração petista, provocaram recessão no país que causa 12 milhões de desempregados, a volta da inflação, juros altos, desestruturação da economia e uma corrupção institucionalizada como nunca antes na história deste país. Lula deu de presente as instalações bolivianas da Petrobrás a Evo Morales e Dilma aprovou a compra de uma refinaria enferrujada no Texas. Quando gritam Golpe! O eco nos tanques vazios da Petrobrás responde com a mesma palavra.
Simbolicamente, o PT ficou confinado ao Acre, no extremo oeste do Brasil, mais próximo do Oceano Pacífico que do Atlântico. Rio Branco foi a única capital em que o PT se impôs. Aliás, foi mérito do prefeito que se reelegeu, que fez ótima administração e não usou na campanha os símbolos da cor vermelha e da estrela. Rio Branco é uma cidade exemplar, limpa e com suas ocas – centrais de serviços públicos. É um lugar onde até as UPAs funcionam. E um estado onde o PT ainda é aquele partido da ética, atributo perdido no resto do país para a corrupção institucionalizada, que começou já no primeiro mandato de Lula, com o mensalão. Se o PT ainda tiver esperança de renascer das cinzas, terá que decolar essa Fênix a partir do exemplo do Acre. Será que o resultado do Acre encontrará eco no PT do petrolão?
Vai ser difícil esse partido modificar seu caráter degradado pelo poder. O PT não teve a maior das virtudes, a humildade, e Lula, primeiro e único, se sente majestade. Nem a polícia levando quase todas as figuras importantes do partido, apeou os petistas da arrogância desafiadora de proprietários absolutos da verdade. Impregnados de uma ideologia que não deu certo em lugar nenhum do mundo e embriagados pelo poder, anestesiaram a ética original para realizarem as operações que hoje acabam em prisões, polícia, ministério público e justiça. Teria sido um bom combate se a causa não tivesse se tornado tão viciada. Se alguém gritar Ética! talvez só encontre eco no distante Acre.
(Publicado originalmente no www.institutoliberal.org)
Na esteira do artigo publicado por Rodrigo Constantino na revista Istoé desta semana, no qual ele narra duas histórias fictícias em que Liberais e Conservadores perdem a vergonha de assumirem suas convicções (relatos do gênero, na vida real, estão se tornando bastante comuns), proponho debater o caminho que precisa ser trilhado por um Esquerdista no esforço de clarear sua mente e livrar-se do jugo do politicamente correto, do ideário “progressista” e da cultura de dependência do Estado. Tal atividade consiste em traçar um “caminho da servidão” às avessas, através do qual o outrora inocente útil logrará livrar-se dessa ideologia que está mais para uma patologia – como bem explicado por Tom Martins.
Parcela significativa de minhas sugestões parte da experiência própria (fui “isentão” por bastante tempo), de maneira que posso atestar sua eficácia. E prestar auxílio aos afetados por essa esquizofrenia é tarefa que ganha relevo na medida em que, desde a revolução cultural de maio de 1968, a população inteira do país consome os princípios desta doutrina sem nem mesmo dar-se conta, de forma congênere e na mesma proporção com que ingere Iodo no sal de cozinha – precisamente como almejava Antonio Gramsci.
Novelas, filmes, seriados, livros de ficção, aulas de História, de Geografia (e mais recentemente Filosofia e Sociologia), músicas, tudo sempre esteve carregado pelo marxismo cultural e sua subversão aos valores que constituem a base da sociedade ocidental, como a família, a religião, a prosperidade, e, inclusive, a arte e o bom gosto estético.
Momento mais propício para esta expurgação do que o atual nunca houve, considerando-se que a Internet propiciou a disseminação dos princípios contrários ao propagandeados pelo jornalismo como um todo (categoria profissional das mais contaminadas pelo vírus esquerdista).
Vamos, então, ao roteiro que pode ser denominado de “oito passos do membro do CA (comunas anônimos)”, e o primeiro cobaia será ZÉ COMUNA, o qual é usuário deste entorpecente há 10 anos e ofereceu-se para participar do programa, com especial incentivo de seus pais e demais familiares:
1. Procurar voluntariamente o tratamento: Zé Comuna não pode, simplesmente, ser conduzido pelo colarinho até uma aula sobre a teoria dos ciclos econômicos de Mises, sob o risco de ele levantar-se durante a preleção do instrutor e gritar “Fora, Temer”, com direito à cusparada nos colegas. É necessário, com calma e persistência, mostrar-lhe as contradições da Esquerda, as incongruências do Feminismo, a situação dos pobres nos países com governos socialistas (se possível, leve-o para um passeio em Caracas, mas procure levar marmita de casa), a condição dos “pobres” nas nações com economias liberalizadas, enfim, jogue diante dos seus olhos as evidências, e direcione suas preces para que ele recobre os sentidos. Se tudo der certo, Zé Comuna irá experimentar uma epifania, e partirá para o segundo passo;
2. Admitir o problema: Não há como estabelecer algo mais básico neste processo de depuração: encarar a realidade e reconhecer que enveredou pela direção errada. Enquanto o indivíduo seguir buscando formas de justificar suas atrofiadas crenças em detrimento dos fatos que observa (ou, pior ainda, desprezando os fatos), prosseguirá achando que Hitler era um extrema-direita, que Che Guevara é um herói da humanidade, que Stalin só queria melhorar a vida do proletariado russo. Zé Comuna, então, em sua primeira sessão no grupo de apoio, deve levantar-se em meio a todos, dizer seu nome, e declarar: “eu sou um idiota útil da Esquerda”, ao que todos os presentes devem responder: “bem-vindo, Zé Comuna”;
3. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32)”: Após interromper o deslocamento à Esquerda, nada mais natural que o peregrino passe a rumar em direção ao Conservadorismo e ao Liberalismo Clássico, no intuito de recuperar o tempo perdido no DCE (e demais antros do gênero) e nos protestos com a galera do PSOL. E, nesta empreitada, é fundamental que ele procure preencher todos os vácuos deixados por seus professores e pela mídia durante sua vida inteira.
Zé Comuna deve perguntar-se por que ele nunca havia ouvido falar que o Comunismo deixou um rastro de mais de 100 milhões de mortos por onde passou; por que ele achava que a crise financeira de 2008 foi causada pelo Capitalismo, e não pela intervenção indevida dos bancos centrais na economia; por que lhe disseram que a igualdade total era o objetivo primeiro a ser buscado em um país; por que havia se deixado convencer que o sexo do indivíduo é determinado pela sociedade?
Zé Comuna, neste período, precisa receber ajuda externa, pois não é moleza encontrar fontes de informação esterilizadas e com garantia de procedência conservadora ou liberal – momento em que ganha especial relevância o trabalho de todos aqueles comunicadores da grande rede, protagonistas em websites, canais do Youtube e podcasts, bem como de escritores da nova geração, que difundem o contraponto a tudo aquilo que ele considerava como verdadeiros dogmas até então;
4. A Busca deve ser Racional, e não Emocional: Que tristeza ver tanta injustiça com os pobres trabalhadores retratados no livro “OS Miseráveis”, de Vitor Hugo; que tocante ver Adam Sandler morrer dizendo que se arrepende de ter trabalhado tanto e construído a maior empresa de construção civil do país, no filme “Click”; que empolgante cantar, ao final de “Faroeste Caboclo”, que João de Santo Cristo só queria pedir para o Presidente ajudar os sofredores; e que divertido deixar a vida nos levar, como sugere Zeca Pagodinho.
Mas chega de emoções por hoje, né, Zé Comuna? A partir de agora, busque sentido no que lê, assiste e escuta. Empregados da revolução industrial trabalhavam como burros de carga? Sim, mas somente aqueles que escaparam da inanição e da altíssima mortalidade anteriores a esse período; a empresa de Michael Newman empregaria milhares de pessoas, não fosse apenas um filme de comédia; João de Santo Cristo não era vítima do “injusto” sistema capitalista, como Renato Russo (filhinho de papai entediado) te quis fazer crer, mas sim um traficante vagabundo – não tivesse saído da carpintaria, quem sabe ainda estivesse vivo e com netos; e não deixe o acaso determinar seus rumos em hipótese alguma, pois o planejamento vai fazer toda a diferença na sua vida. Enfim, Zé Comuna: fuja da armadilha sentimentalóide, respire fundo e não deixe a mensagem subliminar entrar. E, neste intuito, dois minutos raciocinando de forma honesta são suficientes;
5. Tenha Paciência consigo mesmo: O processo de descompressão pós-esquerdismo é lento e, por vezes, dolorido. Olhar para trás e perceber a quantidade de disparates repetidos à exaustão e a estultícia da maioria dos posicionamentos outrora adotados pode mexer com a autoestima facilmente. Extrair um tumor maligno costuma ser bastante traumático. Por isso, Zé comuna não pode ter pressa. É um dia depois do outro, como bem sabem os dependentes de narcóticos que frequentam clínicas de reabilitação. A cada novo encontro no grupo, ele precisa relatar cada pequena vitória e as dificuldades enfrentadas. Quando ele completar um ano sem dizer “não vai ter golpe”, deve ser agraciado com aquelas medalhinhas comemorativas. E assim ele vai em direção à cura, mas sem perder de vista que jamais estará 100% livre da ameaça: qualquer relaxamento e a tentação de posar de bom moço anticapitalista para compensar problemas emotivos, sentir-se benquisto pelos professores ou pegar aquela colega de faculdade bicho-grilo pode bater forte. Cochilou, o cachimbo cai – e a foice e o martelo sobem;
6. Pratique os novos aprendizados: Nada trará mais ânimo para Zé Comuna em sua saga do que constatar, em sua própria vida, quão benéficas serão as transformações por ele sofridas. A pessoa mais rica da cidade tem 500 vezes mais dinheiro que ele? Certamente este Tio Patinhas não ingere 500 vezes mais calorias, ou atinge uma longevidade 500 vezes maior; sem problema então, desde que sua fortuna tenha sido erigida honestamente – neste caso, ele gerou valor para todos ao seu redor. Seu pai chamou-lhe a atenção porque não está estudando o suficiente? Não se trata de um patriarca opressor que deseja vê-lo inserido em um sistema cruel, mas sim alguém preocupado com seu futuro. Tomou bronca do chefe que lhe pediu mais esforço? Nada de pedir indenização por assédio moral na Justiça; partiu mostrar serviço. A língua inglesa está em todo lugar? Nada de chamar britânicos e americanos de “malditos imperialistas”, e sim agradecê-los por nos terem fornecido uma linguagem universal, coisa que a humanidade tentou implantar por muito tempo sem sucesso (vide o fracassado Esperanto). Que coisa boa ver o ressentimento e a inveja esvaecerem, né, Zé Comuna? Dizem que é bom até para a pele;
7. Substitua sua Fé no Igualitarismo por Outra: Abandonar uma “religião secular” como a Esquerda pode provocar no aluno do programa de desintoxicação ideológica uma perigosa sensação de abstinência. Afinal, era com muita paixão que Zé Comuna devotava seu tempo à missão de “construir um mundo melhor” – antes de arrumar o próprio quarto, claro. É necessário, portanto, que sua energia outrora voltada para eleger Luciana Genro seja canalizada para outras direções, tais como um culto religioso, um esporte, uma nova profissão, uma atividade filantrópica, uma esposa, um filho, um cachorro. Enfim, o importante é ele trocar o anseio por “mudar a humanidade” (para o lamento de Pol Pot e Cia) e passar a buscar, justamente em outros seres humanos, até mesmo em suas imperfeições e falhas, motivações para acordar todo dia e seguir em sua jornada diária;
8. Não abandone os círculos de amizade: Após tanto tempo convivendo com os mais diversos estereótipos da Esquerda, desde os veganos inveterados, passando pelos pichadores do Monumento às Bandeiras, até os ditos socialistas que curtem tomar café na Champs Elysées, Zé Comuna ficará sem nenhum amigo caso simplesmente dê as costas a seus antigos “camaradas”. Ao invés de desdenhar daqueles que não tiveram a mesma sorte, ele deve procurar direcioná-los para o mesmo caminho por ele trilhado – mas sem esquecer-se do 1º passo, ou ele será simplesmente ejetado dessas turmas (tratamento destinado a todo coxinha/fascista/nazista/machista/homofóbico).
Se tudo tiver dado certo, Zé Comuna precisará de um novo apelido após concluído o programa. Mas acredito que seus pais, irmãos e amigos resolverão este problema facilmente, radiantes de poder contar com uma pessoa totalmente renovada em seu cotidiano. Hélio bicudo (um dos fundadores do PT e subscritor do pedido de Impeachment de Dilma Rousseff) e o cantor Lobão (que chegou a pedir votos para Lula ao vivo no Faustão e hoje apoio o livre mercado e a redução do tamanho do Estado) são casos bem sucedidos desta aconselhável transmutação do caráter do indivíduo.
Não se pode perder de vista que a intenção da maioria dessas pessoas comprometidas pelo esquerdismo é louvável. Certa feita um amigo meu, capturado ainda na década de 1990, perguntou-me: “caso Liberais clássicos e Conservadores passem a ser maioria no país, quem irá cuidar da escumalha(sic)?”. Naquele momento, percebi que sua preocupação era digna de elogio, mas suas ações esbarravam no eternomonopólio da virtude, o qual o leva a crer que, se há desamparados, a culpa é da Direita, e só quem pode resgatá-los é a Esquerda. Não se discute que os fins são nobres, mas o debate sobre os meios para alcançá-los precisa acontecer. Se os farrapos da cracolândia merecem nossa solidariedade, também os esquerdistas fazem jus ao nosso apoio e suporte – até mesmo porque nenhum deles pediu para estar em tal situação degradante. Foram abduzidos desavisadamente, e não sairão dessa sem nosso amparo.
Em uma parábola do livro de Mateus, os fariseus indignam-se porque Jesus Cristo mostra misericórdia aos cobradores de impostos e pecadores. Ele demonstra, em verdade, ser capaz de ajudar todos os que estão doentes em sentido espiritual. Eis aí um ótimo exemplo do pretendido com o programa de oito passos do CA: em vez de cortar relações com “progressistas”, mostre-lhes de onde vem o verdadeiro progresso da humanidade.
Um abraço a todos, independente de suas concepções ideológicas, mesmo para os Leninistas, Frankfurtianos e Fabianos – e, claro, para aqueles que nem sabem do que estou falando, mas sustentam a tese de que “empregado não vota em patrão”. Talvez possamos compartilhar os mesmos pontos de vista em um futuro próximo, e quem sabe hoje não seja um bom dia para aderir ao 1º passo do programa, não é? A não ser, claro, que você seja daqueles que ganham muito dinheiro bancando o defensor dos fracos e oprimidos, ou desempenhando papel de guru da Esquerda. Esses vão é remar contra a recuperação do Zé Comuna.
Opa, Zé Comuna não. Agora ele prefere ser chamado por seu verdadeiro nome. Respeitemos sua vontade, pois atravessar uma selva de volta à civilização foi tarefa árdua. Ademais, ninguém está livre: você pode ainda ver um filho ou outro ente querido passar por este calvário, e precisará saber como guiá-lo até a luz. Desejemos muita força para quem está passando por esta situação neste exato momento…
Sobre o autor: Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR. Também publica artigos em seu site: https://bordinburke.wordpress.com/https://bordinburke.wordpress.com/
(Publicado originalmente em midiasemmascara.org)
Ainda estamos celebrando as pequenas vitórias eleitorais conquistadas no último domingo contra o PT e lamentando a ida do PSOL para o segundo turno do pleito carioca. Mas, longe das prefeituras e das câmaras municipais brasileiras, uma outra disputa eleitoral — infinitamente mais importante — está sendo concluída em Manhattan, onde o Conselho de Segurança das Nações Unidas chegou a um consenso e formalizou a indicação do português Antônio Guterres para o cargo de Secretário Geral da ONU.
Poderia ser pior. Mas não muito. Guterres tem um longo histórico de serviço à causa revolucionária. Membro do Partido Socialista Português desde sua fundação em 1973, foi secretário-geral deste mesmo partido de 1992 a 2002, período em que também fez parte da cúpula da Internacional Socialista, primeiro como vice-presidente e depois como presidente. Durante sete anos, ele também esteve à frente do governo de Portugal, oportunidade que ele aproveitou para demonstrar toda sua habilidade como interventor obsessivo e péssimo gestor, um sujeito tão ávido em desperdiçar o dinheiro público quanto em promover a agenda dos engenheiros sociais globalistas — o Nimrod ideal para essa torre de babel moderna que é a organização das nações unidas.
Evidentemente, não é isso que você está lendo na grande mídia, onde a escolha de Guterres está sendo celebrada em textos que mais parecem transposições, quase literais, do material de relações públicas da ONU e do Partido Socialista Português.
Além dos aplausos dos jornalistas, o português foi elogiado simultaneamente pelos representantes da Rússia e da China e pela embaixadora americana (e obamista) Samantha Power. Mas o que exatamente fez com que o candidato português encantasse igualmente os representantes do Putin, do Xi Jinping e do Obama? Além do longo rol de serviços prestados à esquerda, Guterres também atuou, durante os últimos dez anos, como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, sendo um dos responsáveis pela desordem causada pela atual crise dos refugiados e um dos principais promotores das políticas de fronteiras abertas, que são apoiadas com igual entusiasmo pelos três esquemas globalistas e que comprometem as soberanias nacionais e colocam em risco a preservação de comunidades locais européias e americanas; e, junto com elas, todo o Ocidente.
Nas próximas semanas, a indicação do Conselho de Segurança será ratificada pela Assembléia Geral da ONU e, em janeiro de 2017, Guterres assumirá a liderança das Nações Unidas. E então teremos um comunista histórico, com ampla experiência em guerra cultural e engenharia social, liderando uma organização multi-bilionária, sem transparência e ávida por promover uma agenda que vai do aborto à eutanásia, passando pela ideologia de gênero e pelo desarmamento civil. O que pode dar errado?
(Foto: Ricardo Stuckert)
Nestes dias de ordenamento político e econômico do Brasil, pós 13 anos de governança petista, o presidente Temer enfrenta desafios parecidíssimos com aqueles antepostos ao primeiro ministro David Cameron assumindo o governo em 2010 no Reino Unido, substituindo treze anos de governo trabalhista.
Aos supersticiosos ou numerólogos este número comum entre países tão distantes na geografia e na cultura, desperta místicas cogitações. Inofensivas e inúteis. Porém palmilhando números definidores da economia inglesa de então – déficit - $ 155 bi de libras - com os alarmantes R$ 170 bi escritos na contabilidade nacional, deixados pela presidenta ao s estertores de sua administração, mais que proximidade numérica, convidam a reflexão comparativa de valores econômicos e governamentais, utilíssimos a nossos governantes neste momento delicado, que exige medidas obrigatórias para estancar o desastre resultante de treze anos de folia argentária.
A senhora Dilma poderia lembrar Margareth Tatcher... ás avessas, e o presidente Temer o ministro Cameron. Ambos se depararam com heranças deficitárias e desemprego incontrolável. Soam proféticas as palavras do ministro inglês à ocasião - corte de gastos e sacrifício indispensável para corrigir a herança perdulária do governo esquerdista: ( 6 / novembro / 2010) “O ponto que quero frisar é este, o estado da nação não é determinado pelo governo e aqueles que o dirigem. É determinado por milhões de esforço individual que cada um de nós faz e pelo que nós escolhemos não fazer”.
Cameron não disfarçou a dor causada pelos cortes de benefícios para reduzir o déficit de 155 bilhões de libras . Nada fácil para a classe média convocada ao sacrifício necessário e inarredável. Mas as semelhanças param aí. As culturas se repelem. Na Inglaterra defrontam-se três partidos rijamente programáticos, contra 33 aglomerados políticos brasileiros, superficiais, trôpegos, indecisos, erráticos, mesclando-se e digladiando-se ao influxo de crises cíclicas na corrida ambiciosa do poder. Realidades parecidas. A nossa exige do presidente o exemplo do ministro inglês: paciência, talento e determinação no escopo de reerguer a nação exaurida.
5 / 10 / 2016
(Publicado originalmente em O Globo)
O PSOL agrada a descolados e culpados da Zona Sul com seu discurso de DCE, mas é a chancela política ao tipo de liberdade que dispara rojão contra as pessoas.
Uma terça-feira histórica para a educação no Brasil: 27 de setembro de 2016. Nesse dia, o STJ determinou, por unanimidade, que Caio Souza e Fabio Raposo sejam submetidos a júri popular, acusados de homicídio qualificado e com dolo eventual — aquele em que se assume o risco de matar — na morte do cinegrafista Santiago Andrade, em 2014.
Isso — que a dupla enfrente um tribunal composto por cidadãos leigos, com toda a repercussão, inclusive pedagógica, natural a tal tipo de julgamento — só será possível porque, ao contrário do que escreveu Gregório Duvivier, os dois black blocs não “têm 12 anos, espinhas e mochila cheia de roupa preta e remédio para acne”.
Era dia de Cosme e Damião, mas o que o STJ distribuiu não foram doces a marmanjos, mas a compreensão adulta de que atos têm consequências.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E IRRRESPONSABILIDADE OBJETIVA
É subjEtiva a responsabilidade que uma celebridade — ao condescender com a anarquia — pode ter sobre as ações de quem a escuta. A irresponsabilidade, porém, é clara e objetiva.
ASSIM FALOU FREIXO
“Eu acho que é um movimento, assim como são... Vários movimentos têm métodos distintos. Eu não sou juiz para ficar avaliando os métodos em si. Eu tenho uma militância de muitos e muitos anos, muito antes do Parlamento. São mais de 25 anos de militância. Tem uns métodos que eu acho que são mais eficientes, tem outros métodos que eu acho que são menos. Mas eu não sou juiz pra dizer que movimento é um movimento correto ou não é. Eu acho que qualquer movimento que visa à construção de uma sociedade mais justa é válido, e os métodos são... representam outro debate.”
O autor da fala — proferida em 10 de setembro de 2013 e revelada pelo jornalista Felipe Moura Brasil — éMarcelo Freixo, do PSOL. O movimento a que se refere é o Black Bloc.
Naquele dia, pouco antes, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovara o projeto de lei que proibia o uso de máscaras em protestos.
O voto de Freixo? Contrário, claro.
FELIPE MOURA BRASIL PINÇOU MAIS ESTA
"Para quem pretende mudar o mundo de verdade, não deve parecer utópico ou ingênuo demais querer ver os movimentos e partidos da esquerda coerentes, como o PSOL, dialogando com a tática black bloc, respeitando todas as táticas e o máximo possível as sensibilidades mais positivas da opinião pública e da consciência das massas, respeitando-a e sem capitular a ela, como defendia Lênin, ou disputando a hegemonia, como teorizava Gramsci (...).”
O texto, de Edilson Silva, membro da executiva do PSOL, foi publicado — no site do partido — em 15 de outubro de 2013 e também tratava a “tática Black Bloc” como “algo progressivo” e “politicamente moderno”.
Tratava. Porque, em 6 de fevereiro de 2014, Santiago Andrade foi morto — seu mundo e o de sua família, com efeito, mudaram de verdade. E o texto desapareceu.
O escrito e seu sumiço são, para usar a palavra do nada ingênuo Sr. Silva, táticos — e, sim, coerentes a uma esquerda como a do PSOL, que agrada a descolados e culpados da Zona Sul com seu discurso de DCE, mas que, na prática, é a chancela política ao tipo de liberdade segundo o qual grupos de pressão, rostos tapados, podem fazer o que quiserem. Inclusive disparar rojão contra pessoas.
ANTÔNIO GRAMSCI?
Antes de nos dedicarmos à fala de Marcelo Freixo, o fetiche dos artistas cariocas, em cujo palanque recentemente subiram Chico Buarque e Wagner Moura, cabe uma palavrinha sobre a referência a Antonio Gramsci no site do PSOL.
Interessa-nos aqui o uso do termo “hegemonia” — que, em Gramsci, outra coisa não significa que ocupação de espaços de influência, nas universidades, nos jornais, nas editoras, nos palcos e nas telas. Trata-se do mais bem-sucedido movimento internacional da esquerda desde que a União Soviética expôs — com milhões de mortos — a mentira do comunismo.
No Brasil, hoje, ninguém explora isso melhor que o PSOL. Não foi à toa, pois, que Marcelo Freixo chegou ao segundo turno da eleição a prefeito sem que a população carioca conhecesse suas reais ideias.
AGORA, SIM, ANALISEMOS A FALA DE FREIXO.
Vou direto à imoralidade. O leitor note que não há, segundo esse senhor, método inaceitável, condenável, reprovável ou, vá lá, inapropriado. A variação é apenas de eficiência — uns mais, outros menos.
De início, sem juízo, o olhar dirigido à ideia de movimento — o leitor repare — é apenas amoral, desprovido de caráter, sem nuances, largo. Cabe tudo ali. Há tolerância, boa vontade, de modo que de repente se igualariam, por exemplo, os movimentos estudantil e Black Bloc.
Mas não se chega ao final da pensata sem que o que poderia ser compreendido como afago complacente de pai num filho malcriado revele sua natureza bárbara.
Santiago Andrade morreu vítima da construção de uma sociedade mais justa.
É válido? Lênin diria que sim.
Os métodos representam outro debate? Não seria, então, a hora de fazê-lo, Freixo?
REPETINDO
É subjetiva a responsabilidade que um homem público — em sua conivência com movimentos e táticas — pode ter sobre os atos de quem o segue. A irresponsabilidade, porém, é clara e objetiva.
*Carlos Andreazza é editor de livros
Desde que estou nas redes sociais, tenho aprendido muito com a crítica. Mas há dias uma certa Associação Nacional de História postou o seguinte: Lembrando Alexandre Garcia foi portavoz do ditador João Figueiredo(1974-1978) e acha que “estão ensinando história errada nas escolas”. Respondi: Obrigado por comprovar minha tese de História errada: o presidente 1974-1978 era Geisel. Não precisaria dizer mais nada. Envergonhados, apagaram o post.
Poderia continuar, perguntando a eles quem era o portavoz de Figueiredo. Se levassem História a sério veriam que se chamava Saïd Farhat, que foi demitido, entrando em seu lugar o embaixador Carlos Átila. Durante 18 meses fui literalmente o sub do sub, porque abaixo de Farhat, Ministro e portavoz, havia um secretário de imprensa e eu era subsecretário para a imprensa nacional. A raiva deles deve vir do seguinte: na edição de domingo, 17 de agosto de 1980, eu dei entrevista ao Correio do Povo, que era o jornal mais importante do Rio Grande do Sul, revelando que a sucessão de Figueiredo seria civil. O título da entrevista, com chamada na primeira página, foi O Sucesssor de Figueiredo será Civil. A revelação repercutiu no dia seguinte em todos os grandes jornais do país.
A raiva deles é que isso derruba no chão a tese de que foram eles que acabaram com o governo militar, por meio do movimento “diretas já”. Ora, esse movimento só apareceu quase três anos depois do meu anúncio de que a sucessão seria civil e dentro dos partidos políticos. Portanto, já estava tudo decidido. Não foi a pressão das ruas, mas a vontade do próprio regime. Depois de Figueiredo, foi eleito Tancredo Neves, aliás da mesma forma com que foram eleitos todos os presidente militares. Geisel ganhou de Ulysses, lembram? Figueiredo ganhou de Euler Bentes, do candidato do MDB.
Disseram que lutaram pela democracia. Com bombas, sequestros, assaltos, execuções. Fui assaltado no Banco do Brasil em Viamão, pela Vanguarda Armada Revolucionária, quando era estudante de jornalismo. Na luta armada, que durou menos de dez anos, morreram 364 ativistas, segundo o livro Dos Filhos Deste Solo, do Ministro de Direitos Humanos de Lula, Nilmário Miranda, ele próprio um dos que lutaram contra o governo. Somando-se aos que foram mortos pela esquerda armada, chega-se a um total inferior a 500 vítimas em 20 anos. Isso equivale a três dias de assassinatos no Brasil de hoje. Pelo que contam alguns professores, a verdade está anos-luz à frente da versão ideológica.
São dados para fazer voltar a realidade da História recente. Que os jovens talvez desconheçam, porque receberam informações mirabolantes de alguns professores. Os tais da postagem me chamaram de lambe-botas dos militares. Isso é impossível, porque eu teria que lamber meus próprios coturnos, pois felizmente cumpri o serviço militar obrigatório e tenho a honra de ser reservista do Exército Brasileiro, onde aprendi a aprofundar minha formação de casa, de amor à Pátria, honradez, disciplina, respeito aos outros, às leis e à ordem.