• Arnaldo Jabor - O Globo
  • 16 Junho 2016

 

O Brasil virou uma piada internacional. Outro dia, vi um programa na CNN sobre nós. Tive vontade de chorar. Segundo a imprensa estrangeira, nós somos incompetentes até para sediar a Olimpíada, a economia está quebrada e o impeachment pode impedir os jogos, pois somos desorganizados, caem pontes e pistas, os mosquitos estariam esperando os atletas, a baía de Guanabara é um lixo só, bosta boiando, o crime campeia na cidade, onde conquistamos brilhantemente o recorde de estupros.

Até um programa humorístico famoso, o Saturday Night Live, fez uma sátira – Dilma fumando charuto e tomando caipirinha, numa galhofa insultuosa que sobrou para o país todo.

Mas, Dilma sabe defender o país. Seus discursos revelam isso. Senão, vejamos, suas ideias:

“Antes de Lula, o Brasil estava afunfunhado. Mas, o presidente Lula me deixou um legado, que é cuidar do povo brasileiro. Eu vou ser a mãe do povo brasileiro. O Brasil é um dos países mais sólidos do mundo, que, em meio à crise econômica mundial, das mais graves talvez desde 1929, é o país que tem a menor taxa de desemprego do mundo.

Nós não quebramos, esse é um país que tem… tem aquilo que vocês sabem o que é. Por isso, não vamos colocar uma meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta. Ajuste fiscal? Coisa rudimentar. Gasto público é vida. Eu posso não ter experiência de governar como eles governaram; agora, governar gerando emprego, distribuição de renda, tirando 24 milhões da pobreza elevando a classe média, eu sei muito bem fazer.

Entre nossos projetos, nós vamos dar prioridade a segregar a via de transporte. Segregar via de transportes significa o seguinte: não pode ninguém cruzar rua, ninguém pode cruzar a rua, não pode ter sinal de trânsito, é essa a ideia do metrô. Ele vai por baixo, ou ele vai pela superfície, que é o VLT.

A mesma coisa nós vamos fazer com o Seguro Defeso, por exemplo. Nós somos a favor de ter Seguro Defeso para o pescador, sim. Agora, não é possível o pescador morar no semiárido nordestino e receber Seguro Defeso, por um motivo muito simples: lá não tem água, não tendo água não tem peixe. Também não seremos vencidos pela zika e dengue; quem transmite a doença não é o mosquito, é a mosquita.

Antes, também os índios morriam por falta de assistência técnica. Hoje não, pois temos muitas riquezas.

E aqui nós temos uma, como também os índios daqui e os indígenas americanos têm a dele. Nós temos a mandioca. E aqui nós estamos comungando a mandioca com o milho. E, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu estou saudando a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil.

Vocês, dos jogos indígenas, estão jogando com uma bola feita de folhas e por isso eu acho que a importância da bola é justamente essa, o símbolo da capacidade que nos distingue como… Nós somos do gênero humano, da espécie Sapiens. Então, para mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em Homo sapiens ou ‘mulheres sapiens’.

Eu ouço muito os prefeitos – teve um que me disse assim: ‘Eu sou o prefeito da região produtora da terra do bode’. Então, é para que o bode sobreviva que nós vamos ter de fazer também um Plano Safra que atenda os bodes que são importantíssimos e fazem parte de toda tradição produtiva de muitas das regiões dos pequenos municípios aqui do estado.

Aqui tem 37 municípios. Eu vou ler os nomes dos municípios… Eu ia ler os nomes, não vou mais. Por que não vou mais? Eu não estou achando os nomes. Logo, não posso lê-los.

A única área que eu acho que vai exigir muita atenção nossa, e aí eu já aventei a hipótese de até criar um ministério, é na área de… Na área… Eu diria assim, como uma espécie de analogia com o que acontece na área agrícola.

A Zona Franca de Manaus, ela está numa região. Ela é o centro dela porque ela é a capital da Amazônia. Aliás, a Zona Franca evita o desmatamento, que é altamente lucrativo – derrubar árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo.

Eu quero adentrar agora pela questão da inflação, e dizer a vocês que a inflação foi uma conquista desses 10 últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo. Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder. A autossuficiência do Brasil sempre foi insuficiente.
Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa. Se os homens e as mulheres são falhos, as instituições, nós temos que construí-las da melhor maneira possível, transformando… aliás, isso é de um outro europeu, Montesquieu. É de um outro europeu muito importante, junto com o Monet.

Até agora, a energia hidrelétrica é a mais barata, em termos do que ela dura com a manutenção e também pelo fato da água ser gratuita e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também, mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de na eólica estocar, ter uma forma de você estocar, porque o vento ele é diferente em horas do dia. Então, vamos supor que vente mais à noite, como eu faria para estocar isso? O meio ambiente é sem dúvida nenhuma uma ameaça ao desenvolvimento sustentável.

Alias, hoje é o Dia das Crianças. Ontem, eu disse que criança… o dia da criança é dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante.

Por isso, afirmo que não há a menor hipótese do Brasil, este ano, não crescer. Eu estou otimista quanto ao Brasil. Eu sou algo que a humanidade desenvolveu quando se tornou humana.”
 

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 16 Junho 2016


Na magistral obra de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa, "O Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano", explica Mario Vargas Llosa no prefácio:

"A idiotice que impregna esse "Manual" não é a congênita, mas de outra índole. Postiça, deliberada e eleita, se adota conscientemente por preguiça intelectual, modorra ética e oportunismo civil. Ela é ideológica e política, mas acima de tudo, frívola, pois revela a abdicação da faculdade de pensar por conta própria, de cotejar as palavras com os fatos que elas pretendem descrever, de questionar a retórica que faz às vezes de pensamento. Ela é a beataria da moda reinante, o deixar-se levar sempre pela correnteza, a religião do estereótipo e do lugar comum".

No Brasil temos o PT como grande partido de esquerda e partidos nanicos que gravitam ao seu redor, São dotados da mesma idiotice a que se referiu Mario Vargas Llosa, sendo bom esclarecer que temos três grupos de idiotas neoesquerdistas: o que compõe a massa de manobra, os oportunistas e as espertas lideranças políticas:

Os que se tornam massa de manobra são os que recebem uma lavagem cerebral que geralmente começa na juventude, quando se é doutrinado na escola ou na universidade por professores marxistas pertencentes ao PT. Sem maturidade para cotejar os fatos à luz da realidade os cérebros juvenis absorvem algumas noções marxistas recheadas com palavras de ordem. Aprendem que ser de esquerda é ser bom, defensor dos pobres, um sujeito de caráter. Na direita, ao contrário, está a elite maldosa, seguidora de um tal de neoliberalismo, opressora dos fracos e oprimidos. Idealistas, em busca de bandeiras que justifiquem seu existir às vezes sem graça, os jovens abraçam com ardor ideias que os transformarão em fanáticos. Tudo será justificado em nome da fé.

Nas universidades ou alunos e professores seguem essa trilha ideológica ou simulam que seguem. Isso porque, não ser petista significa não conseguir nada, nem bolsas nem acesso a pós-graduações nem mesmo, no caso dos alunos, notas para passar se a prova não contiver teor marxista.

Os jovens doutrinados quando formados seguirão idiotizados. Serão artistas, profissionais liberais, clérigos, sindicalistas, militantes do PT ou de pequenos partidos de esquerda, ou seja, lá o que for. Nenhum terá noção do que foi o comunismo com seus horrores e opressões.
 Para reforçar essa deformação intelectual recentemente o MEC quis tirar do ensino a História europeia. Apenas se aprenderia sobre América Latina e África, sem dúvida, com base em louvações e inverdades como, por exemplo, crer que democracia perfeita só existe em Cuba e na Venezuela.

Os idiotas neoesquerdistas desconhecem o que foram os totalitarismos comunistas e nazista, irmãos xifópagos que infelicitaram a vida de milhões de pessoas. Ruins, dizem soberbamente, são os Estados Unidos, o grande Satã Branco onde vão frequentemente passear, comprar, estudar, tratar da saúde, sendo que muitos vão para morar.

Se nem todos passaram por universidades, a massa de manobra foi sendo generalizada na sociedade através de uma visão distorcida de mundo na qual se repete que para ser decente a pessoa tem que ser de esquerda. Note-se que nenhum dos nossos partidos políticos, esses trampolins para alcançar o poder, se rotulam de direita. São de esquerda, centro-esquerda, centro e, no máximo de centro direita. Direita virou palavrão. Conservador e neoliberal, que não têm a mesma significação conceitual, são insultos.

Foi através desse processo orientado pelo Foro de São Paulo, entidade que congrega as esquerdas latino-americanas, que o PT triunfou para chegar agora à sua profunda decadência cuja causa reside na ganância, na incompetência e na corrupção institucionalizada de suas lideranças cujo chefão é Lula da Silva.

Na verdade, as lideranças de esquerda em todo mundo nunca fugiram deste padrão. No poder enriqueceram, se tornaram corruptos, se aferram ao poder e produziram ditaduras cruéis.

Escapamos por enquanto disto por conta do retumbante fracasso do governo petista, mesmo assim, em que pese o desastre sob o comando de Dilma Rousseff que levou o País aos abismos da recessão, da inflação, da inadimplência, do desemprego, dos Pibinhos, muitos idiotas neoesquerdistas ou espertos oportunistas bem pagos dos movimentos sociais, sindicais ou estudantis vão às ruas gritar: "volta querida", "fora Temer". Prova que o PT quase acabou, mas o petismo segue firme.

Dia destes em Brasília, uma manifestação cuja maioria devia ser petista tornou-se o símbolo máximo da idiotice neoesquerdista. Perto do Palácio da Alvorada um bando tirou a parte de baixo das roupas e exibiu seus traseiros gordos para depois gritar: "Fora Temer". Mostraram assim que é com essa parte do corpo que raciocinam e não com o cérebro. Isso por si só explica muita coisa sobre o neoesquerdismo. Imagine-se o que acontecerá se Rousseff voltar. Com perdão da expressão, viveremos sob a ditadura de uma bundocracia.

* Socióloga.

 

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  • Guilherme Fiuza
  • 15 Junho 2016

A imprensa internacional precisa tomar um pouco de vergonha na cara, dear fellows

O New York Times disse que o governo Temer soluça de crise em crise. Será que o jornal americano também está na folha dos companheiros? Estaria o NYT precisando também da mesada que nossos bilionários heróis progressistas pagam aos bravos e incorruptíveis jornalistas de aluguel deste país?

A imprensa internacional precisa tomar um pouco de vergonha na cara. Só um pouco. Sabem por que, dear fellows? Porque o Brasil não tem a menor importância para vocês, e tudo certo que assim seja, mas vocês têm de poder voltar para casa e se olhar no espelho do mesmo jeito, entendem?

A mídia tradicional ("tradicional" não é pejorativo, queridos moderninhos, pode ser ótimo) europeia e americana parece ter comprado a versão do golpe de Estado no Brasil. A maior parte dela andou "denunciando" o fato, ou flertando com a tese vagabunda – espalhada pelos parasitas que sugaram o Brasil por 13 anos sem dó nem piedade, e agora são apoiados pela MPB, intelectuais patéticos e artistas lunáticos (ou bem pagos).

Prezados correspondentes internacionais, façam o seu trabalho direito. Isso aqui não é brincadeira, embora pareça. Esses "progressistas" que vocês preguiçosamente adotaram como fonte, reproduzindo o discurso que a inacreditável Dilma Rousseff anda repetindo por aí, como alma penada, são nada menos que delinquentes, caros colegas gringos. Vocês estão dando voz a uma "narrativa" de quem roubou o Brasil – e está desesperada para continuar roubando.

Não é bom generalizar, mas as exceções compreenderão. A palhaçada passou do ponto. Ladies and gentlemen, tomem o caminho da roça. Vão à luta. Se mandem para a Venezuela, que tal? Vocês saberão puxar o saco do sanguinário Nicolás Maduro, que destruiu um país com o mesmo chavismo com que a picaretagem petista – suas adoradas fontes – jogou o Brasil em dois anos seguidos de recessão, que se completam agora.

Publiquem aí, seus irresponsáveis: dois anos de recessão no Brasil são culpa de Michel Temer, que não botou mulher no ministério. Vocês são umas crianças patéticas com seu proselitismo politicamente correto. Essa corrente "progressista" – nacional, internacional ou sideral – que resolveu se pendurar em dogmas vagabundos para sabotar tudo que não seja o PT no poder é criminosa. Não há outra definição. Vamos explicar às crianças trapalhonas: o governo podre que arrebentou com o Brasil se fazendo de coitado (há algo mais humilhante?) foi deposto por um, apenas e tão somente um, dos crimes que cometeu – e foi uma floresta de crimes, queridos siderais.

Bem antes do petrolão – esquema que vicejou graças a esse mesmíssimo discurso de vítima que agora vocês repetem em defesa de Dilma e Lula, vá entender –, aqui neste mesmo espaço, criticávamos (sem efeito nenhum, é bem verdade) a chamada "contabilidade criativa". Era outro nome para as pedaladas, que se mostraram um apelido mais eficiente para ensinar ao jardim de infância que o Tesouro Nacional estava sendo roubado pela malandragem fiscal – o crime que derrubou Rousseff, queridos heróis da resistência democrática.

Ainda não havia Sergio Moro nem Joaquim Barbosa, portanto Lula, Dirceu e sua camarilha ainda eram santos – e não foram poucas as "sugestões" para este colunista mudar de assunto: "Vai perder a coluna", alertavam. Este signatário respondia que preferia perder a coluna a perder o juízo. Continua preferindo. Mas isso não é fácil de entender para os que veem a vida como uma vaga no curralzinho VIP da revolução fisiológica. A coreografia de um esganado para não largar seu osso é um espetáculo ornamental.

Prezado Michel Temer, diante deste show avassalador de desonestidade intelectual, charme parasitário e bravura cafajeste, você só tem uma saída: governar. Essa é a sua missão na Terra. Cumpra-a até o fim, custe o que custar. Você teve a coragem de demitir os suspeitos – o que o PT jamais fez, a não ser quando estavam na porta da cadeia – e mais que isso: a coragem de trocar os simpáticos pilantras no topo do governo pelos melhores – que aqui da planície achávamos até que não topariam a encrenca. Toparam. E os melhores vão melhorar a vida inclusive dos canastrões que os atacam impiedosamente. Não espere por essa piedade. Ela não vale nada.

 

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  • Fernão Lara Mesquita
  • 15 Junho 2016

 

(Publicado originalmente em O Estado de S. Paulo de 14/6/2016)

Como uma trovoada distante o aumento de R$ 59 bi do funcionalismo relampejou no céu do "jornalismo de acesso" e logo se apagou quase sem ruído. Não se sobrepôs sequer à "propina" do dia esse prêmio aos culpados que aumentou em 1/3 a pena de quase 200 milhões de inocentes. Lindbergh Farias, Fernando Collor, Vanessa Graziotin, Eduardo Cunha e sua gangue, Jandira Feghali, Sérgio Machado, todos suspenderam por um minuto as hostilidades para apertar juntos o "sim". E o "dream team" engoliu com casca e tudo essa terça parte do maior déficit de todos os tempos na largada da missão impossível para deter a mais desenfreada corrida de volta à miséria da história deste país. Tudo tão discreto que a manobra mal foi percebida na fila de seis meses de espera pelo exame de câncer do SUS, que é onde se "zera" esse tipo de fatura.

Quantos serão, dentre os 11,1 milhões de funcionários que comem 45% do PIB, aqueles que Ricardo Paes de Barros afirma que pesam o bastante para distorcer a média nacional de desigualdade de renda? Quanto custam os "auxílios" todos que o Imposto de Renda lhes perdoa? E os "comissionados" que mais que dobraram o gasto público sem que mudasse um milímetro a quase miséria dos médicos e professores concursados? Como vivem os aposentados e pensionistas sem cabelos brancos que, 900 mil apenas, pesam mais que os outros 32 milhões que pagaram Previdência a vida inteira somados?

Quanto, afinal de contas, o Brasil com "lobby" suga do Brasil sem "lobby"? A esta altura do desastre todo debate que se desvia dessa pergunta é enganação; toda pauta que não se oriente por essa baliza da desigualdade perante a lei é uma traição aos miseráveis do Brasil.

O mais é circo. Eduardo Cunha e o PT nos provam, acinte por acinte, o quão livre e indefinidamente se pode escarnecer da lei neste país desde que se esteja posicionado na altura certa da hierarquia corporativista. Variam as razões alegadas para se locupletar mas ninguém nega que é disso mesmo que se trata. São meses, são anos – são séculos, considerado o Sistema desde o nascimento – desse joguinho de sinuca silogística invocando pedaços de fatos para negar os fatos, meias verdades para servir à mentira, cacos de leis para legalizar o crime e o país inteiro esperando pra ver o que vai sobrar.

O jogo é esse porque nós o aceitamos. Não faz muito o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação fez a compilação: até 2014, já tinham sido editadas 4.960.610 leis e variações de leis para enquadrar nossa vida do berço ao túmulo desde que a Constituição foi promulgada em 1988. 522 a cada 24 horas destes 27 anos. 320.343 eram normas tributárias, 46 novas a cada dia útil!

É esse o truque: quem pode estar em dia com tudo isso no país onde a única função discernível do aparato legal é tornar impossível cumpri-lo?

Não fazer sentido é o elemento essencial do Sistema. Daí a palavrosidade ôca valer mais que os fatos nos nossos plenários e nos nossos tribunais. Se houvesse um meio racional de escapar, uma forma segura de se prevenir, uma regra que pudesse ser cumprida perdia-se o caráter de onipotência da autoridade constituída. Tem de ser irracional. Tem de ser impossível escapar deste "vale de lágrimas" a não ser pela unção dos "excelentes" com ou sem batina, ou toda essa indústria se esboroa. É ao que sempre estivemos acostumados...

Esboça-se uma resistência mas ela é isolada. Só vai até onde pode ir o pedacinho são da 1º Instância do Judiciário. E quem mais a saúda é quem mais a apunhala. Até agora, nem de leve foi arranhada a isenção a essa condição de permanente exposição à chantagem em que vivemos para os que a desfrutam por pertencer a corporações privilegiadas. A "lista de Teori" continua trancada e secreta. Foram afastados, sujeitos a confirmação, os que destruiram a obra de toda uma geração, mas não por isso; porque ficou claro que sua permanência implicaria a morte da galinha-dos-ovos-de-ouro. Mesmo assim, vultos sinistros nadam por baixo da decisão final do Senado. Só quem desafia a hierarquia do Sistema está sob ameaça real de remoção. Até Teori é objeto de chantagem. Mas o Sistema mesmo nunca esteve em causa.

Os "grandes empresários"? Estes jamais estiveram realmente isentos. "Culpados" por definição como somos todos e eles mais que os que jogaram menos, são os "hereges" da vez. Festeje-se com realismo, portanto. Nesse nosso modelo lusitano o Tesouro Real sempre saiu dos seus apertos com grandes Autos-de-Fé em que re-devora as "nobrezas" que fabrica.

"Eles", os "nós" dos comícios do Lula, estes sim, continuam sem crise como sempre. São regidos por leis e julgados por tribunais que só valem para eles. Têm regimes de trabalho, remuneração e aposentadorias só seus. Entram no seu bolso a qualquer hora e sem pedir licença.

Dessa casta fazem parte réus e juízes da presente refrega. Desde que a corte de d. João VI desembarcou no Rio de Janeiro chutando os brasileiros para fora de suas casas seguem, todos, deitados no berço esplêndido da inadmissibilidade para todo o sempre que se auto-outorgaram, tão "blindados" que já nem uns conseguem expulsar os outros quando a disputa pelos nossos ossos os leva a considerar exceções à sua regra de ouro. Reagem com fúria se alguém tenta devassar-lhes os segredos, vide Gazeta do Povo x Judiciário; Estadão x Sarney.

O "ajuste" começa pelo ajuste do foco. Por mais heróico que seja o esforço não se porá o país na reta correndo atrás de tudo que essa máquina de entortar fabrica em série. Deixada como está, fará do herói de hoje o bandido de amanhã, sejam quantas forem as voltas no mesmo círculo. É preciso rever a conta que está aí pela ótica da igualdade perante a lei e, a partir daí, inverter, de negativo para positivo, o vetor primário das forças que atuam sobre o Sistema. O voto distrital com "recall" acaba com essa inadmissibilidade e, com isso, põe o poder nas mãos do povo. Daí por diante tudo passa a ser feito pelo povo para o povo.

Aí sim, funciona.
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 14 Junho 2016

(Publicado originalmente em pontocritico.com)

FUTEBOL
Como gosto de futebol, assim como a grande maioria dos brasileiros também assisti o jogo Brasil x Peru, no último domingo, pela Copa América, que resultou na desclassificação da nossa Seleção.

COLHER NO ASSUNTO
Mesmo levando em conta que o simples fato de discordar da mídia esportiva já causa grandes dissabores, uma vez que a grande maioria analisa apenas os resultados, resolvi colocar a minha colher no assunto.

FEZ O QUE SABE E PODE
Na minha ótica, a Seleção fez exatamente aquilo que sabe e pode. Nada mais. Em outras palavras: enquanto o nosso futebol evoluiu pouco nos últimos anos, os concorrentes latino-americanos apresentaram melhora significativa, com exceção do Haiti, Panamá e algum outro, por exemplo.

FIASCO
Pois, mesmo diante desta pura realidade, a mídia esportiva, que acompanha o futebol no mundo todo, a todo momento, rotulou a derrota para Seleção do Peru, por 1x0, como um grande FIASCO. Como se sofrer derrotas, independente da forma, é algo indigno.

JUSTO, MORAL E ÉTICO
Em nenhum momento, como se viu, os narradores (que mais parecem torcedores) e comentaristas disseram que os atletas do Peru, mesmo sabendo que o gol foi feito de forma absolutamente irregular (COM O BRAÇO)-, não deram a mínima pelota para o comportamento JUSTO, MORAL e ÉTICO. Ao contrário, festejaram o ato de safadeza.

MAU COMPORTAMENTO
Aliás, na América Latina o que vigora é este tipo de mau comportamento. Quase todos agem de forma sinistra, esperando a oportunidade para tirar vantagem daquilo que não vale e não pode. Vejam que não estou me referindo àquilo que pode ser objeto de alguma dúvida. Trato apenas da safadeza pura.

DESCONHECIMENTO DAS REGRAS
O problema maior, portanto, não está no fato de uma equipe vir a ganhar ou perder, pois isto é do jogo. O que a mídia esportiva mostra, assim como os aficionados em geral, é um enorme desconhecimento das regras do futebol (tanto é verdade que vivem se expressando de forma equivocada quando falam em GOL ANULADO, coisa que simplesmente inexiste) e muito menos das regras do comportamento MORAL E ÉTICO. 

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  • Luiz Carlos Da Cunha
  • 14 Junho 2016


Assistimos nestes tempos tumultuados a irracionalidade avassaladora estrangular o bom senso. Escolas são invadidas por garotos, bloqueando colegas dispostos a freqüentar as salas de aprendizado, desassistidos por seus pais, responsáveis legais por seus filhos, sob a inépcia das autoridades. Tanto as autoridades adstritas à educação e ensino, como as jurídicas focadas na infância. A tibieza das autoridades vem de longe, passo a passo, palmilhando a rota descencional da tolerância ao erro e ao crime.

O secretário da Educação ao invés de chamar os rebelados para debaterem pleitos em seu gabinete – o átrio legal de sua autoridade – vai ao encontro dos invasores, parolar na escola violentada, dilapidada, agredida na postura acovardada de um refém. Consolida assim sua fragilidade perante a lei, ao mesmo tempo que alimenta os jovens na crença do desrespeito à ordem, à disciplina, aos princípios formadores da democracia. Constroem na atmosfera delinqüente a inversão tolerada e estimulada dos valores legais e democráticos no rumo catastrófico da falta de limites.

Cabe aos adultos instruir as crianças, igual a outras espécies, na prática educativa e protetora dos limites necessariamente impostos aos filhotes em defesa da vida e integridade física; o homo sapiens, inclui os limites de ação prejudicial ao semelhante, à coletividade na expressão peculiar e humana da moral. A consciência social. Impõe-se ao poder público e educacional a convocação dos pais e responsáveis pelos menores invasores da propriedade comunitária, esteiada no juizado da infância e da juventude e no dever administrativo imposto pela constituição. Ou incute-se o império da lei, ou destrambelha-se o país pela dissolução social. Não há meios termos a decidir.

Flagramos um paradoxo irreprimível: uma infância precocemente revigorada no desrespeito à convivência social, por aqueles adultos, pais ou eleitos para o exercício da autoridade, anestesiados pelo infantilismo, irmanados na construção do desastre nacional.
 

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