• Gilberto Simões Pires
  • 13 Julho 2016


(Publicado originalmente em pontocritico.com)

Enquanto é aguardada a eleição para presidente da Câmara dos Deputados e, principalmente, o definitivo afastamento de Dilma Neocomunista da presidência do País, para que possamos constatar se as promessas do novo governo são realmente para valer, sugiro que os leitores passem a olhar com muita atenção as eleições municipais, cujas campanhas iniciam no próximo mês.


COLABORAÇÃO
A título de colaboração volto a repetir aquilo que escrevi dias atrás, quando informei que na última eleição, aqueles que integram o Pensar+ resolveram apoiar um de seus integrantes, no caso o Marcel Van Hattem, para concorrer ao Legislativo Estadual.



EM DEFESA DO CIDADÃO
Esta providência, volto a insistir, se revelou por demais importante porque conseguimos eleger um representante que usa e abusa apenas do raciocínio lógico nas discussões das propostas e projetos que passam pelo Legislativo do RS. Alguém, enfim, que fala o idioma do Pensar+, ou seja, se conduz por princípios liberais, que defende o cidadão e não o Estado interventor.


VEREADORES E PREFEITO
Pois, para as eleições do município de Porto Alegre, onde reside boa parte dos pensadores que integram o Pensar+, esta mesma providência vencedora será seguida. Com um detalhe muito importante: desta vez, dentre aqueles que integram o Pensar+, três vão concorrer para VEREADOR e dois para PREFEITO.


CANDIDATOS PENSADORES
Por diferentes partidos, por ordem alfabética, os seguintes pensadores vão se apresentar como candidatos a vereador: Felipe Camozzato, pelo Novo; Fernanda Barth, pelo PP; e Ricardo Gomes, também pelo PP. E para prefeito: Fabio Ostermann, pelo PSL; e Nelson Marchezan, pelo PSDB.


PARA CHAMAR DE SEU
Se com a escolha do Marcel Van Hattem inauguramos, efetivamente, um novo modelo de atuação e representação no Legislativo do RS, oportunizando que os eleitores podem CHAMAR DE SEU o deputado, certamente podemos fazer o mesmo no Legislativo e no Executivo de Porto Alegre.


REPETIDA EM TODOS OS MUNICÍPIOS
Esta dica, já consagrada, pode ser repetida em todos os municípios do país. Basta que grupos compostos de pessoas pautadas pelo raciocínio lógico assumam o compromisso. Que tal?
 

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  • Sérgio Besserman Vianna
  • 13 Julho 2016

(Publicado originalmente em O Globo)

Um presidente não é impedido porque cometeu estelionato eleitoral. Isso é das regras do jogo, é legal e legítimo. “Hate the game, not the players”, dizem os americanos.


Um presidente não é impedido porque, em decorrência do item 1 acima, sua popularidade vai para a lona, e o eleitorado se sente traído. É do jogo, basta manter sustentação parlamentar.

Um presidente não é impedido porque, além dos itens 1 e 2 acima, todo o sistema de representação política está em crise, no Brasil e no mundo. Está no jogo, basta ter casca grossa.

Um presidente não é impedido porque, além dos itens 1, 2 e 3 acima, operações do sistema judiciário expõem com toda a clareza a corrupção institucionalizada do Executivo e a podridão generalizada no sistema político-eleitoral. Mas começa a balançar. Se a população for às ruas, o mandato presidencial passa a carecer de legitimidade.

Um presidente não é impedido mesmo que aos itens 1, 2, 3 e 4 acima se acrescente a maior crise econômica do país desde as últimas oito décadas e meia. Mas tem de ser um líder e fazer política com maestria, porque o mandato está como um violinista no telhado em matéria de suporte e legitimidade.

Se, contudo, fica evidenciado e claro para a população que parte relevante dos sofrimentos causados pela crise é decorrente de erros gravíssimos e perfeitamente evitáveis de política econômica e que esses erros se devem a posições ideológicas, manipulação para ganhar eleições e, ainda por cima, estão imbricados com episódios chocantes de corrupção, esse presidente será impedido em qualquer país do mundo com sociedades abertas.

Mestre Elio Gaspari escreveu um artigo nessas páginas do GLOBO sob o título “Há golpe”. Reconhece, contudo, que não há golpe institucional, não há ruptura na ordem democrática. Mas haveria golpe no sentido do dicionário Houaiss: “Ato pelo qual a pessoa, utilizando-se de práticas ardilosas, obtém proveitos indevidos, estratagema, ardil, trama”.

A tentativa de salvar o título do artigo é só muito parcialmente bem-sucedida. Práticas ardilosas, estratagemas, tramas e até proveitos indevidos são parte da política. Nesse sentido, toda a política contém elementos golpistas.

A perícia feita pelos técnicos do Senado, contudo, é como a estaca de madeira no coração do vampiro. Já era quase consenso que as pedaladas transformaram-se, de equalizações de débitos e créditos racionais entre agentes e praticadas em vários governos, em forma de mascarar e retirar transparência da política fiscal em montantes absurdamente exorbitantes.

A perícia confirmou-as como empréstimos de bancos públicos à União, o que é ilegal. Pouco importa se a presidente Dilma colocou as digitais no processo. Deve ser impedida por crime de responsabilidade porque, se não o comandou, o coonestou conscientemente. Caso alegue que nada sabia, a situação é mais grave, deve ser impedida por crime de profunda irresponsabilidade.

* Economista
 

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  • Valentina de Botas
  • 13 Julho 2016

 

Se Eduardo Cunha prestou valioso serviço ao país – e ele prestou um valioso serviço ao país –, isso não o absolve de nenhum dos crimes que cometeu e ajudou a cometer contra esse mesmo país. Da mesma forma, se Cunha acatou o pedido de impeachment por vingança – e ele acatou o pedido de impeachment por vingança –, isso não absolve Dilma Rousseff de nenhum dos crimes que cometeu e ajudou a cometer sempre contra esse mesmo país. Sim, o ex-presidente da Câmara contribuiu para nos livrarmos da parva gerenta de névoas espertalhona genitora de um regime sórdido em que nem o céu imoral era o limite, mas é exatamente essa sordidez o que forneceu os nutrientes de que o gângster precisava para gozar naquele mesmo céu com família, seguidores, capangas e comparsas.

Quando o lulopetismo desfalcou o Brasil do exercício da política para a tornar um exercício de mera pilhagem do nosso futuro, da nossa grana, nossos valores e instituições; quando a oposição oficial degenerou na omissão, cumplicidade ou covardia (e diferencio as três mais por respeito à precisão linguística e menos pelo efeito prático que teve o comportamento criminoso também de quem deveria se opor e não o fez); quando o debate público trocou os projetos e os interesses do país para se ocupar de questões falsas ou inúteis como a polarização extemporânea entre esquerda e direita ou, pior, entre os extremistas de um lado e outro, unindo-se no mesmo lado da estupidez, eis que Eduardo Cunha, empossado presidente da Câmara, desponta como político no sentido substantivo do termo.

O homem fazia política, esgrima os legítimos e lícitos instrumentos dela com inteligência e firmeza, opunha-se ao PT deixando os governistas zonzos, furiosos e desesperados. A partir daí, os incapazes capazes de tudo – na expressão de Roberto Campos que o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) lembrou para definir os lulopetistas – partiram para as manobras mais irracionais em que, pela primeira vez desde 2003, era a política e não a polícia que os encurralava. Foi música para nossos olhos contemplar o despreparo vil do PT para a política, a democracia e a gestão pública, um partido que se manteve no poder porque arrastando a nação para o nível dele de primitivismo enquanto a transformava num boteco de cafajestes que a parva veio sucatear.

Mas, ao mesmo tempo, foi melancólico assistir à nudez da realidade inexplicável de que foi a bandidos que tremiam diante de um homem só que, por mais de uma década, quase todos os políticos, quase toda a academia, quase toda a sociedade se submeteu. Também eu respeitava Cunha e quase lhe tinha gratidão, como toda a nação farta do império dos pervertidos, até saber que o deputado era um deles. Claro que não é o principal, mas o Brasil tem convivido tempo demais com delinquentes no comando da política, talvez isso o tenha levado a um tipo de apego aos que, mesmo delinquentes, beneficiam-no.

Ressalvo apenas que o benefício é obrigação pela qual foram eleitos, não escolha; a delinquência é escolha, não obrigação. Ah, mas outros nem a obrigação fizeram. E daí? Desapega, Brasil. Dizem que os opostos se atraem, pode ser, mas são as afinidades que mantêm uma união; Cunha e Dilma, unidos pelo ódio, aproximaram-se pelas afinidades delinquentes e as incompatibilidades compartilhadas na disputa pelo poder livraram o país de ambos.

Eu seria grata a Eduardo Cunha se as inegáveis inteligência e têmpera para a política não perdessem para o mau-caratismo. Além disso, ele é que deveria ser grato à nação que propiciou a desejada vingança pessoal que era, sobretudo, direito pleno dele. Se o deputado quer saborear mais do que o delicioso prato frio, que faça uma delação premiada e conceda à nação, às custas da qual ele gozou num céu imoral, algo mais do que ela tem como legítimo direito.

 

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  • Guilherme Fiuza
  • 10 Julho 2016

(Publicado originalmente na revista Época)


O escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais de Dilma, não mereceu o devido inquérito

O ex-ministro Paulo Bernardo foi preso. Ele ocupou as Pastas do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Um ministro importante – ou, mais que isso, um dos líderes da hegemonia petista no Planalto. É acusado de roubar R$ 100 milhões de servidores públicos – destinando a maior parte do roubo para o caixa do Partido dos Trabalhadores, sem esquecer-se de reservar seu pixuleco particular. Mas Paulo Bernardo foi solto pelo STF, em decisão providencial do companheiro Dias Toffoli.

Veio também do Supremo Tribunal Federal outra decisão importantíssima para a preservação da saúde da quadrilha. Em ato do companheiro Teori Zavascki, o processo contra Lula por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró foi parar longe das mãos de Sergio Moro. O argumento do ministro companheiro para mandar a operação cala a boca para a Justiça Federal de Brasília é impagável: o suposto delito de Lula denunciado pelo senador cassado Delcídio do Amaral não está no âmbito das investigações da Lava Jato.

Perfeito: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi condenado no escândalo do petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, mas a tentativa de um ex-presidente da República de impedir que o condenado contasse tudo o que sabia sobre o escândalo investigado pela Operação Lava Jato não tem nada a ver com a investigação conduzida pela Operação Lava Jato. Claro como petróleo roubado.

Surge então o companheiro procurador Rodrigo Janot, autor de vistosas coreografias para bagunçar o processo de impeachment, e recomenda que José Dirceu tenha sua pena pelos crimes do mensalão perdoada. Outra decisão cristalina. Ela ocorre no exato momento em que o juiz Sergio Moro, esse golpista, aceita nova denúncia contra o ex-ministro de Lula e o torna réu pela segunda vez na Lava Jato. Como se vê, a floresta de implicações de Dirceu no assalto ao Estado brasileiro perpetrado pelo PT não enseja outra providência senão o perdão.

E a quem caberá, no STF, a decisão final sobre o perdão ao guerreiro do povo brasileiro? Ao companheiro Luís Roberto Barroso – isso, aquele mesmo. Façam suas apostas.

Outra dobradinha da Procuradoria-Geral com o Supremo que tem feito história no refresco à quadrilha do bem é a Janot-Teori. Funcionou melhor que a zaga do Barcelona rebatendo a saraivada de denúncias contra a companheira afastada Dilma Rousseff. Nem o escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais da companheira, mereceu o devido inquérito – sempre sob as escusas de não haver indícios suficientes contra ela, embrulhadas no sofisma de que presidente no exercício do mandato não pode ser investigado.
 

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  • Pedro Henrique Mancini de Azevedo
  • 10 Julho 2016

 

"A posição liberal é contra aquilo que o Estado concede e garante a alguns e que não é acessível a outros em iguais condições." (Friedrich Hayek)


No dia 05 de Julho de 2016 os brasileiros chegaram a marca de R$ 1 trilhão pagos em impostos. Apesar de muitos dizerem o contrário, o Brasil é sim um dos países com a maior carga tributária do mundo. E é claro que isso é devido a elevados gastos, principalmente com pessoal. Engana-se quem acha que os principais gastos do governo estão relacionados a programas como o Bolsa Família. Este é fichinha perto dos gastos com servidores ativos e inativos que o Estado, sobretudo o governo central, possui.

Sinto informar, porém, que essa situação não parece ter fim em um futuro próximo. Nesta semana, o governo apresentou uma meta fiscal com rombo de R$ 139 bilhões. Infelizmente, em paralelo a isso, vimos movimentos como a aprovação do reajuste de servidores federais, aumento em 12% do Bolsa Família e empréstimo de R$ 3 bilhões para as Olimpíadas do Rio 2016. Não nego que o governo Temer é infinitamente melhor que o da sua antecessora, sobretudo quando falamos da equipe econômica. Mas não há como negar que o toma lá da cá da política ainda norteia muitas decisões que deveriam ser puramente técnicas. Nada de se espantar. A política é o processo social mais corrupto e ineficiente que existe.

Fica claro que Temer aprovou esse "pacote de bondades" por estar cedendo a certos tipos de pressões políticas a fim de obter a aprovação de outras pautas, como por exemplo, a da previdência. Se ele conseguir, significa que os R$ 139 bilhões foi o custo que estamos pagando para conseguir algumas reformas. Mas se não conseguir, é mais uma baita grana que teremos que pagar. Isso nos traz ao ponto central da questão: até quando vamos aceitar esse tipo de servidão para manter os privilégios de uma minoria?

O brasileiro precisa se revoltar mais com a enormidade de impostos que paga. Mais do que isso, precisa saber que essa quantidade absurda de impostos é para bancar um pacto social feito por socialistas utópicos há cerca de 30 anos atrás, que imaginavam uma grande ficção onde todos viveriam às custas de todos. Esse regime distributivo se exauriu, a conta não fecha mais.

Além do caráter econômico dessa equação existe também o caráter cultural, por isso clamo pela revolta do povo. Vejo pessoas que se dizem a favor de menos impostos endossarem coros ridículos como os de que entidades religiosas devem pagar impostos também. Por favor, pagar impostos não é sinônimo de cidadania! Deveríamos estar lutando para sermos iguais as entidades religiosas e não o contrário. Sem contar que eu não vejo nenhuma dessas pessoas reivindicando o fim da isenção tributária para os verdadeiros sanguessugas responsáveis por nossa servidão – os partidos políticos e sindicatos.

Sim, meus caros, a classe política e os sindicatos são aqueles que vivem lutando para que uma pequena parcela da sociedade receba cada vez mais privilégios às custas da grande parcela da sociedade. É para essa elite que "distribuímos" o dinheiro dos nossos impostos.

Sinceramente eu espero que a atual equipe econômica consiga emplacar as ideias que eu sei que eles têm para acabar com essa discrepância de tratamento. Mas pressinto que essa excelente equipe econômica possa ter o mesmo fim que a também excelente equipe de Café Filho teve por pura politicagem. Esse pacote de bondades de Temer para os privilegiados de sempre é o primeiro exemplo disso, e infelizmente (espero estar errado) não me parece ser o último.

A Constituição de 1988 fez com que o Brasil estivesse fadado ao fracasso. Cedo ou tarde nós iríamos quebrar com essa ideia de dar tudo a todos sem saber como pagar a conta. O PT conseguiu acelerar esse processo em uns 20 anos. Mas ao mesmo tempo que podemos amaldiçoar o PT por isso, podemos agradecê-lo. Chegamos ao ponto que precisamos de reformas profundas. Não há como sair desse buraco sem elas, não temos mais esse lastro. Para isso, precisamos de um Estado sem privilégios, doa a quem doer. Estamos dispostos a lutar por isso?

Atenciosamente,


* Pedro Henrique Mancini de Azevedo, MBA, PMP

 

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  • Carlos I. S. Azambuja
  • 10 Julho 2016

(Publicado originalmente em www.alertatotal.net)

Desde os tempos antigos o Kremlin manipula a religião de acordo com os seus próprios interesses. Os czares da Rússia fizeram de si mesmos os líderes da Igreja Ortodoxa, a fim de instilar obediência doméstica. Primeiro czar soviético, Vladimir Lenin, matou milhares de padres e fechou a maioria das igrejas russas para fazer do marxismo-leninismo a única religião do país. Stalin, que deu continuidade a essa violência sangrenta, transformou a nova religião de Lenin em marxismo-leninismo-stalinismo, e a utilizou para retratar a si próprio como um santo soviético, com o intuito de manter quieta a sua população oprimida, esfomeada. Vinte anos após a revolução de novembro de 1917, apenas 500 igrejas permaneciam abertas na União Soviética.

No dia 23 de agosto de 1939, o Kremlin começou uma guerra também contra as religiões não-russas. Naquele dia, o Ministro de Exterior soviético, Vyacheslav Molotov, e o seu equivalente alemão, Joachim Von Ribbentrop, encontraram-se no Kremlin para assinarem o vergonhoso Pacto Hitler-Stalin de Não-Agressão. Documentos dos arquivos alemães afirmam que Stalin estava eufórico naquele dia. Ele disse para Ribbentrop: O governo soviético leva este Pacto muito a sério. Posso garantir, dando a minha palavra de honra, que a União Soviética não trairá o seu companheiro.

Havia muitas razões para a empolgação de Stalin. Tanto ele como Hitler acreditavam na necessidade histórica de expandir os seus territórios nacionais. Stalin chamava essa necessidade de "revolução proletária mundial". Hitler a denominou de Lebens-raum (espaço vital). Ambos baseavam sua tirania em roubo. Hitler roubou a riqueza dos judeus. Stalin roubou a riqueza da Igreja Ortodoxa e da burguesia de seu país. Ambos odiavam a religião e substituíram pessoalmente Deus em seus cultos.

A ata secreta do Pacto Hitler-Stalin dividia a Polônia entre os dois signatários e dava aos soviéticos liberdade para lançar mão da Eslovênia, da Letônia, da Lituânia, da Finlândia, da Bessarábia e da Bucóvina do Norte. A maioria desses países era católica, o que para Stalin significava estarem subordinados a um poder estrangeiro: o Vaticano. Isso era inaceitável para o homem que se tornara o único deus da União Soviética, por ordem do qual 168.300 clérigos ortodoxos russos tinham sido presos somente durante o expurgo de 1936 a 1938, 100.00 dos quais tinham sido mortos. A Igreja Ortodoxa Russa, que tinha mais de 55 mil paróquias em 1914, passou a ter 500.

As muitas centenas de igrejas católicas nesses Estados Bálticos que Hitler tinha acabado de trocar com a União Soviética, representavam uma nova ameaça à imagem de Stalin como o Papai do país- como se chamava o czar -. Essas igrejas estavam submetidas a um outro pai, o Papa Pio XII, e Stalin se recusava a sequer considerar que algum rival interferisse em seu reino absoluto.

Stalin não podia destronar o Papa, que era tido em altíssima conta e estava fora do seu alcance. Mas ele podia varrer as igrejas católicas do mapa dos novos países bálticos, assim como fizera com as Igrejas Ortodoxas russas.

A solução de Stalin foi despachar o seu carrasco favorito, Andrey Vyshinsky, para sovietizar os estados islâmicos e, no processo, destruir as suas igrejas católicas nacionais. Vyshinsky era um velho instrumento da NKVD – polícia política da época – que operava maravilhas, disfarçado no cargo durante a guerra de Stalin contra a Igreja Ortodoxa Russa e durante os grandes expurgos de Stalin nos anos de 1936 a 1938, Vyshisnky sabia o que tinha que fazer. Mais de 7 milhões de pessoas haviam sido condenadas à morte e executadas durante os anos em que ele foi o principal promotor de justiça de Stalin, só para garantir que o chefe fosse a única deidade da Rússia.

A Letônia foi ocupada pelo exército russo em 17 de junho de 1940 e, no dia seguinte, Vyshinsky chegou a Riga na condição de enviado especial de Stalin. Poucos dias depois de chegar a Riga, ele forçou Karlis Ulmanis, presidente da Letônia, a constituir um "governo do povo", formado por membros que já haviam sido aprovados por Moscou. Segundo o plano de Vyshinsky, apenas dois membros do novo governo eram comunistas: o Ministro do Interior e o Chefe da Polícia Nacional.

Após ter instalado o seu governo, Vyshinsky pronunciou um discurso da sacada da embaixada soviética em Riga, garantindo à população que Moscou não tinha a mínima intenção de anexar a Letônia à União Soviética. Poucos dias depois, contudo, Vyshinsky mandou o chefe de polícia da Letônia prender o presidente Ulamanis e os principais líderes do país. Eles foram deportados para a União Soviética com a ajuda da polícia de segurança que Vishinsky trouxera consigo para Riga. Ele forçou o novo "governo do povo" a marcar eleições parlamentares para dali a duas semanas e estabeleceu seu "Bloco do Povo Trabalhador" – controlado por agentes disfarçados da polícia política soviética – para "administrar" as eleições, com uma lista única de candidatos.

As eleições aconteceram nos dias 14 e 15 de julho de 1940. Não havia voto secreto. Apenas a apuração dos votos era secreta, conduzida pelo Ministério do Interior. Os resultados apontavam que 97,8% foram para os – desconhecidos – candidatos do bloco soviético. Pouco depois disso, o recém-criado Partido Comunista da Letônia lançou o slogan "Letônia soviética". Falando novamente da sacada da embaixada soviética, Wyshinsky expressou sua esperança de que o recém-eleito "Parlamento do Povo" realizasse o desejo implícito no slogan. É óbvio que foi isso que aconteceu...

No dia 21 de julho de 1940, o Parlamento de Wyshinsky proclamou a Letônia uma república soviética, e duas semanas depois o Supremo Soviete de Moscou a incorporou à União Soviética. Não demorou muito para que os padres católicos da Letônia fossem mandados para osgulags soviéticos e suas igrejas fossem fechadas.
Pouco tempo depois, Wyshinsky incorporou também a Estônia e a Lituânia à União Soviética, da mesma maneira. Toda a hierarquia católica e quase um terço da população católica daqueles dois pequenos países foram deportados ou mortos.

Simples, assim...

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O texto acima é o resumo de um dos capítulos do livro "Desinformação", escrito pelo Tenente-General Ion Mihai Pacepa – foi chefe do Serviço de Espionagem do regime comunista da Romênia. Desertou para os EUA em julho de 1978, onde passou a escrever seus livros, narrando importantes atividades do órgão por ele chefiado, e que influenciaram diretamente alguns momentos históricos do Século XX -, e pelo professor Ronald J. Rychlak - advogado, jurista, professor de Direito Constitucional na Universidade de Mississipi, consultor permanente da Santa Sé na ONU, e autor de diversos livros -. O livro foi editado no Brasil em novembro de 2015 pela editora CEDET.
 

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