• Renato Sant'Ana
  • 28 Junho 2016

Publicado originalmente em www.alertatotal.net

Na crônica intitulada "Impaciência" (Estadão de 19/06/16) Luis Fernando Veríssimo - não sei se com malícia ou não - traz uma eficaz armadilha para capturar a consciência dos ingênuos. Veja-se o ardil.

Ele começa evocando o cinema americano, lembrando as artificiais cenas de pancadaria que iludem a percepção dos expectadores. A alusão produz imagens mentais, estratagema útil para ativar, no leitor, a "percepção estética", que é uma das formas de enxergar o mundo - ao lado da percepção empírica, filosófica, científica, etc. (A "percepção estética", aliás, é a que prevalece em adolescentes e artistas; embora imprescindível, longe está de ser a mais importante.) Delimitado esse território para os movimentos da reflexão do leitor, ele passa a um paralelo: coloca de um lado, a "justiça" exibida nos filmes americanos (de soluções rápidas, como gostariam todos os indignados, mas tão ilusória quanto as cenas de pancadaria); de outro, a "justiça" brasileira, tida por morosa e desigual. "Mas a expectativa mais irreal que o cinema americano nos legou foi a da justiça rápida", diz ele.

E ainda faz algumas ponderações elegantes, o que enseja ao leitor desavisado tomá-lo por isento: "A impaciência com a morosidade da Justiça é compreensível mas nem sempre é cabível. A demora não é uma peculiaridade brasileira, e é antiga."

Depois, deixa mais claro a que vem: "(...) as idas e vindas de um processo judicial existem para prevenir o erro, proteger do arbítrio e garantir os direitos de todos até o último recurso (...) a Justiça americana, além de também não ser de cinema, peca tanto pela ausência de instâncias e trâmites quanto a nossa pelo excesso. Com o agravante que lá erros judiciais muitas vezes não recorridos podem resultar em sentenças de morte." É verdade. Mas a sua omissão de algumas pertinentes ressalvas deixa o argumento incompleto, impreciso e adaptável a qualquer causa. E aqui vai uma pista: a turma do Veríssimo só resolveu valorizar a complexidade processual (muitos recursos!) depois da recente decisão do STF que autoriza cumprimento de pena já a partir da condenação em segundo grau, levando os "companheiros " condenados na Lava Jato a perder a possibilidade de enrolar indefinidamente o judiciário.

Veríssimo critica o que chama de "sistema judicial esclerosado", mas pondera - quem quiser que o tome por imparcial - que as "delongas", causadoras de impaciência, "são o que nos protege de uma Justiça, digamos, cinematográfica demais [de respostas rápidas]."

E na preparação do seu "gran finale", o veneno vem de carona, à semelhança daqueles alimentos apetitosos sobre os quais, uma vez que decidimos comer, é melhor não pensar - gordura trans, sódio, muito açúcar branco e farinha refinada... Ele oferece uma ilação bem ao gosto do leitor médio, adicionando a gordurinha que vai obstruir as artérias do pensamento: "Talvez a impaciência com a demora do processo judicial no Brasil tenha se agravado com o novo protagonismo do Supremo, instigado a se agilizar para acompanhar o açodamento da Lava Jato e da Polícia Federal, e não perder sua relevância no vertiginoso jogo político brasileiro."

Belo truque. Na literalidade do texto, o "açodamento da Lava Jato e da Polícia Federal" tem status de ideia acessória, enquanto a ideia principal é o "agravamento da impaciência com a demora do processo judicial". Mas é principal só na literalidade, porque o que interessa mesmo ao propósito da crônica é o acessório, isto é, que o leitor fixe , residualmente, a imagem de uma Polícia Federal (e toda a Lava Jato) "açodada" e disposta a atropelar a lei para ficar mais cinematográfica. O cérebro do leitor, concentrado no principal, não critica o acessório, que vai grudando nos vasos da consciência.

Agora, em que se baseia Luis Fernando Veríssimo para acusar a Polícia Federal e a Força-Tarefa da Lava Jato de açodamento? Ele não explicita os pressupostos. Ah, mas é só uma crônica! Sim, um bom subterfúgio para difundir sem responsabilidade uma ideia. É o colesterol que vai esclerosar o discernimento do leitor ingênuo. Há outros resíduos ideológicos dos quais não me ocuparei.

No fim ele escancara: "Já temos o nosso justiceiro galã, o Moro, falta americanizar o resto." É o clímax. Eis um "argumento de erosão: ele não faz ataque frontal a Sergio Moro, o que poderia suscitar reação de quem tem um conceito bom do juiz. Mas se refere a Moro com expressões que o depreciam e o equiparam a personagem de um filme barato, encobrindo-o numa pátina de vulgaridade, erodindo a imagem que dele projeta na tela mental do leitor. Ora, chamar moro de "justiceiro" é reduzir a sua importância como magistrado. Chamá-lo de "galã" é introduzir, driblando a vigilância crítica do leitor médio, um estigma de vulgaridade na imagem do juiz. O que pretende Luis Fernando Veríssimo, quando insinua que a alta produção da Lava Jato iguala nossa justiça à caricata irresponsabilidade forense dos filmes americanos?

Ele está por completar 80 anos, motivo para ter-lhe respeito. E não quero me sentir minimamente parecido àqueles cretinos de esquerda que atacam com virulência o octogenário Ferreira Gullar, apenas porque o poeta (ex comunista) teve a grandeza, a honestidade intelectual, teve independência de caráter para fazer uma autocrítica e romper com a dogmática do socialismo. Assim, não vou adjetivar o cronista. Limito-me a lamentar que ele sirva a um projeto partidário que ataca a democracia.

E o faz, desta vez, erodindo a imagem de Moro e da Lava Jato.

 

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  • Bruno Braga
  • 28 Junho 2016

 

"O comunismo é intrinsecamente mau" ("Divini Redemptoris").

"[O socialismo] é incompatível com os dogmas da Igreja Católica, pois concebe a própria sociedade como alheia à verdade cristã" [...] "Católico e socialista são termos antitéticos" [...] "Socialismo religioso, socialismo cristão são termos contraditórios. Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista" ("Quadragesimo Anno").

São palavras de Pio XI. Palavras infelizmente desprezadas no Campus da Universidade Salesiana que carrega o nome do Papa. O Campus Pio XI, em São Paulo [1], tornou-se de vez centro de reuniões da Frente Brasil Popular. Trata-se de uma orda de militantes, políticos, "intelectuais", ONG's, entidades sindicais e movimentos ditos "sociais" e "populares" que levanta "bandeiras" escrachadamente contrárias aos princípios e orientações da Igreja Católica e que está a serviço do totalitarismo comuno-petistas. Entre os membros da tal "Frente" estão velhos conhecidos: MST, CUT, Contag, Fora do Eixo, Mídia Ninja, Levante Popular da Juventude, UNE, Via Campesina, ABGLT (Associação de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), etc., etc. [2].

O Campus Pio XI já recebeu o ex-Presidente Luiz Inácio [3]. Neste mês de junho, ele acolheu novamente Valter Pomar. O ex-Secretário Executivo do Foro de São Paulo, da organização fundada por Lula e por Fidel Castro para transformar a América Latina na "Patria Grande" comunista [4]. Na imagem ao lado, ele aparece na companhia da deputada federal Luciana Santos - a primeira à esquerda - que é não só filiada, mas presidente do PCdoB - Partido Comunista do Brasil.

Pomar é figura de destaque no XXII Encontro do Foro de São Paulo, evento que está sendo realizado em El Salvador desde o dia 23 de junho, e que tem como anfitrião a "Frente Farabundo Martí para la Liberácion Nacional" (FMLN) - grupo terrorista guerrilheiro comunista que se transformou em partido político e atualmente dita as ordens no país (Cf. imagem) [5].

Um dos eixos do evento comunista é a proposta intensificar a ação dos tais "movimentos sociais" e "populares" para favorecer os interesses e ambições políticas do esquema comunista - no Brasil, transformá-los estrategicamente em "arma" para defender o mandato do fantoche do Foro de São Paulo, a Presidente Dilma Rousseff [6].
As reuniões "Frente Brasil Popular" no Campus Pio XI são uma amostra - entre tantas outras - da desgraçada invasão comunista dentro da Igreja Católica, sobretudo pelo assalto sorrateiro promovido pelos "apóstolos" da nefasta Teologia da Libertação. Porém, elas são mais que isso. São mais que uma ofensa ao Papa. São um açoite contra Aquele que aparece crucificado nas fotos dos conciliábulos comunistas.


REFERÊNCIAS.

[1]. Cf. Instituto Pio XI [http://unisal.br/unidades/pioxi/].

[2]. Cf. [http://frentebrasilpopular.com.br/conteudo/organizacoes-participantes/].

[3]. Cf. [https://www.facebook.com/FrenteBrasilPopular/posts/1783174441905347].

[4]. Cf. "A 'prestação de contas' do ex-Secretário do Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/05/a-prestacao-de-contas-do-ex-secretario.html].

[5]. Cf. "Foro de São Paulo: comunistas se reúnem em El Salvador" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/foro-de-sao-paulo-comunistas-se-reunem.html]; "Estratégia comuno-petista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/estrategia-comuno-petista.html].

[6]. Idem.

ARTIGOS RECOMENDADOS.

BRAGA, Bruno. "CDHM: 'Padre' do PT comanda 'trincheira' comuno-petista [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/cdhm-padre-do-pt-comanda-trincheira.html].

______. "Mariana: 'movimentos populares' e 'trincheira' comuno-petista [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/mariana-movimentos-populares-e.html].

______. "Genézio 'arrebanha' militância comuno-petista em Minas" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/08/genezio-arrebanha-militancia-comuno.html].

 

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  • Genaro Faria
  • 28 Junho 2016

 

Não sei de algo mais abjeto que a traição. Que não seja o maior pecado ou o crime mais imperdoável. Mas nenhum outro pecado ou crime é tão emblemático como a traição, que eternizou a figura do seu protagonista mais famoso: Judas Iscariotes. Aquele que trai é indigno de si mesmo. Por isso ele é o menor de todos os miseráveis. Pois nos perdoarmos a nós mesmos é o maior de todos que possamos enfrentar. Não foi por outro motivo que o apóstolo traidor suicidou-se.

Neste tempo em que o pecado foi abolido de nossas cogitações - porque o diabo foi reduzido a uma figura folclórica, mitológica ou de ingênua crendice popular, para não dizer primitiva - e o crime tornou-se relativo - por exemplo, furtar para um partido ou uma causa que ele represente é um ato de heroismo - não seria de esperar que a traição ficasse na penumbra das abjeções que nos repelem a figura de um traidor?

Sim, pelo raciocínio lógico. Mas "há mais coisas do que sonha nossa vã filosofia". A traição não se livrou da anistia concedida pelo relativismo moral. Que o traidor não seja condenado pelo pecado ou pelo crime que cometeu, porque não há pecado nem crime onde tudo é relativo. Mas continua sendo abominável.

Então eu digo que não pretendo julgar um traidor. Apenas manifesto uma repulsa universal à traição. Que se tornou, infelizmente, banal em nosso tempo que se pretende adiantado na civilização.

Não sufoco meu repúdio a professores que traem a confiança dos pais e se aproveitam da inocência ou imaturidade de seus alunos; a pastores que tosquiam suas ovelhas para se enriquecerem com promessas milagrosas; a clérigos que se refugiam de suas fraquezas, sua carência de fé, para perverter os fiéis que os procuram ao nível de suas baixezas, ou a serviço de uma ideologia que afronta a teologia; a quem se proclama vocacionado para ser público e só se interessa pelo particular que o poder estatal lhe propicia.

Não, eu não esqueci dos artistas e dos intelectuais. Nem dos Jornalistas. Last but not least. São eles as pessoas mais importantes do mundo desde que René Descartes destronou Deus e colocou o homem como o centro do universo. Cogito ergo sum (Penso, logo, existo). Com essa proclamação revolucionária a humanidade começou a escrever os capítulos de uma novela espetacular que até hoje, passados quase quatrocentos anos de sua epifania, continua em cartaz. Milhares de degolados na guilhotina por ordem de Robespierre, dezenas de milhares que tombaram sob as baionetas e os canhões de Napoleão Bonaparte, milhões de pessoas devoradas pelas guerras que envolveram a Europa inteira e a América do Norte, e dezenas, mais de uma centena de milhões de vítimas das revoluções que eclodiram ao redor do mundo - e ainda matam milhares de seres humanos até hoje - não deveriam nos advertir de que o mundo tornou-se bem mais perigoso desde que cogitamos pensar que somos o seu criador?

Minha modesta condição de simples indivíduo e cidadão comum me diz que sim. E me faz imaginar que a imensa maioria de meus semelhantes pensam tal como eu. Afinal, ser um iluminado, progressista é para poucos. Uma elite que despreza a democracia, que só interessa à maioria dos que não foram ungidos com a genialidade que a distingue do comum dos mortais. Dos deuses que a plebe rude recalcitra em não venerar.

Mas voltemos à temática da traição. E à primazia de seus pérfidos combatentes que faz tempo deixaram as trincheiras da luta armada para se infiltrarem nas escolas, nas universidades, na igreja, nos templos e, principalmente, nos veículos que comunicam a cultura das massas, que os jornalistas se especializaram em desinformar para atingirem um resultado que aqueles que os financiam pretendem.

São estes, muito mais do que empresários corruptos ou corruptores; que executivos de empresas estatais nomeados para atender seus padrinhos políticos; que pastores e padres devassos; que professores militantes que, covardemente, fazem proselitismo ideológico ao invés de ensinar seus alunos; são estes, os falsos jornalistas, que formam a infantaria da revolução cultural preconizada por Antònio Gramsci, ideólogo marxista que converteu a delirante profecia da luta de classes - que nunca vingou - em infiltração nas instituições que sustentam a civilização que eles querem destruir, a começar pela mais fundamental de todas - a família.
É isso mesmo, senhores. Não são os livros, os púlpitos, as cátedras, os palcos e muito menos os atores da política que moldam nossa cultura. É a chamada mídia. Nos jornais e revistas impressos, no rádio e na televisão, profissionais do charlatanismo, ignorantes e venais, são os jornalistas os oráculos acessíveis às massas que os consultam.

* Texto motivado pelo artigo Carta aos covardes, do escritor e jornalista Guilherme Fiúza - um desabafo polido, educado, uma catarse que desmistifica a suposta isenção desses profissionais da desinformação a soldo de interesses escusos; que tira a máscara da sua hipocrisia.

 

 

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  • Pedro Henrique Mancini de Azevedo
  • 26 Junho 2016

 

"No Brasil, criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina." (Nelson Rodrigues)

Nas histórias em quadrinhos do Super-Homem, existe um planeta fictício chamado Mundo Bizarro. Trata-se de um planeta simetricamente oposto a realidade vivida pelo Super-Homem, no planeta Terra. No Mundo Bizarro, existe tudo que existe no planeta Terra, inclusive o Super-Homem, só que totalmente o oposto do real.

As vezes acho que esse é caso do Brasil. Tudo aqui ocorre de maneira oposta e contraditória. Aqui, criminosos são vítimas; traficantes são viciados; música pornográfica é cultura; roubar terra é justiça social, e por aí vai.

Por essas e outras, não deveria me surpreender ao ver notícias como a de que Jandira Feghalli - comunista de carteirinha e deputada federal pelo PC do B -, foi acusada de receber R$100 mil de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato para sua campanha. Ora, onde está toda aquela balela de lutar contra o "grande capital"? Uma comunista que recebe doações de grandes empresas é o equivalente a um membro do Estado Islâmico que aceita um iphone de um americano. Nada a ver. E onde está toda pureza comunista? Sim, porque além de aceitar doações de empresas, há a acusação de que a verba vinha de propina. Parece que os santos comunistas gostam mesmo é de viver como capitalistas, vide Fidel Castro e Nicolas Maduro.

Aliás, essa não é a primeira vez que Jandira Feghalli tenta viver como uma burguesa. Jandira abriu um restaurante de comida árabe no Rio de Janeiro, que vendia, pasmem, Coca-Cola a R$10 e kibes a R$15! E onde Jandira abriu esse restaurante? Na Rocinha ou no Vidigal, onde está o proletariado? Nada disso, foi em Copacabana mesmo. E por incrível que pareça, ainda tem mais. A defensora da classe trabalhadora tem nada mais nada menos do que sete processos trabalhistas contra ela. Não é hilário? Realmente não se fazem mais comunistas como antigamente.

O mais triste disso tudo é saber que existem vários gêmeos siameses de Jandira Feghalli entre os candidatos a prefeitura do Rio de Janeiro. Estão lá figurinhas como Marcelo Freixo, Alessandro Molon, além de, é claro, a própria Jandira. E mais triste ainda é saber que muitos cariocas caem nessa conversinha comunista. Muitos parecem querer viver no fantástico mundo de Chico Buarque, esquecendo-se que o "poeta" vive mais em Paris do que no seu amado Rio.

E a coisa não para por aí. Não é novidade para ninguém que o Rio é uma das cidades mais violentas do Brasil. Qualquer pessoa que acompanha minimamente o cenário político sabe das bandeiras que essa esquerda carioca defende. Eles estão sempre lá achando um absurdo a quantidade de bandidos que estão nos presídios, um absurdo como os menores infratores são tratados, um absurdo toda "faxina social" que a "polícia fascista" faz nas favelas, etc. Sendo assim, votar em candidatos como Freixo, Molon e Feghalli - que defendem abertamente criminosos em detrimento dos cidadãos de bem -, é de uma contradição que não tem tamanho.

Mas o brasileiro parece ter perdido a noção das coisas. Vejo pessoas achando um absurdo, chocadas com um ataque terrorista nos EUA – mesmo tendo acontecido 15 anos após o último atentado – e não se chocam com o nosso terrorismo diário, que não nos permite nem falar no celular na rua por termos medo de sofrermos um latrocínio. Sim, existem os malucos nos EUA que volta e meia invadem escolas e saem matando pessoas. Mas por mais chocante que isso seja, o jornalista canadense Dan Gardner já demonstrou que nos últimos 30 anos morreram, em média, três vezes mais pessoas atingidas por raios do que por atiradores surtados nos EUA. Já aqui no Brasil, o raio cai muitas vezes no mesmo lugar.

Por isso, não dá para entrar na conversinha do esquerdista Obama, que pede controle de armas toda vez que acontece um atentado como este. Talvez Obama devesse fazer um benchmarking no Brasil e ver o quão "bem sucedido" foi o nosso estatuto do desarmamento. Aqui, o sucesso dessa lei foi tão grande, que crianças de 10 anos usam armas para matar policiais. E adivinhem só: tem gente, como os jornalistas petistas Juca Kfouri e José Trajano, que acham que o absurdo maior neste caso foi justamente o policial matar uma criança de 10 anos! Ou seja, esqueçam que essa criança portava uma arma e estava furtando um carro, o importante mesmo é acusar a polícia opressora.

Enfim, esse é o Brasil, o país dos absurdos, das contradições e da falta de noção. Digam a verdade, somos ou não somos um país bizarro?


 

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  • Silas Velozo
  • 25 Junho 2016

Poemas e poesias em louvor do livre mercado e do capitalismo devem ser poucos e raros. Este é um deles. Aqui, um ex-militante do atraso faz um poema em louvor ao livre mercado e ao capitalismo.
 

Na loja de parafusos,
centenas de pequenas caixas,
cada mínima peça com seu preço.
E assim, bens e serviços
por aí, em quase todas ruas do planeta.
Objetivados por seus custos,
nutrem nossas vidas.
Flocos do meu coração magnetizavam
o amor diluído
nessas atividades humanas,
meus olhos provavelmente brilhando.

Nosso ancestral mais remoto
nunca imaginaria essa comunicação
através das coisas do dia a dia.
Atravessando espinhos
na mata densa ou no cerrado
na aurora da humanidade,
fugindo de bichos, à procura de comida,
abrigo, companhia ou cura,
ele não poderia crer
num dia onde tudo também
se falasse pelos preços,
que a grande colmeia humana
levaria a vida adiante
de forma muito mais fácil e prática,
nossas mentes livres a voos maiores.

Bilhões de vidas fizeram-fazem isso,
cada qual em seus passos e ofícios,
tudo tecido sem saber o tamanho,
textura, cor ou a utilidade transcendente dessa teia
que nos une e tantos chamam de mercado, capitalismo,
como poderíamos chamar de encontro,
praçona, interconexão, homos gregarius.

Saí da loja de parafusos
sorrindo do tanto que já fui confuso
quando malhava o capital.
Abracei invisível
tudo e todos a girar na imperfeição harmônica
de negócios esparramados pelo mundo.
Apesar dos inevitáveis problemas,
nossa condição humana se eleva
ao nos agregarmos nessa cosmovia
que tantos nomes é-foi chamada,
mas atende simplesmente como Economia.

Aqui, minha pequena atitude de gratidão.
 

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  • Luís Olímpio Ferraz Melo
  • 22 Junho 2016


(Publicado originalmente em Diário do Poder)


A “delação premiada” do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, parece muito com o acordo feito no governo da Colômbia com o megatraficante colombiano Pablo Escobar (1949-1993) para que ele cumprisse as condenações criminais por tráfico de drogas. Escobar era naquela época um dos homens mais ricos do mundo, tinha grande poder político no seu país e, como imposição para se entregar e cumprir a pena, construiu o seu próprio presídio onde levava uma vida nababesca com todas as regalias possíveis e imaginárias, talvez até melhor do que se estivesse solto, pois lá a segurança era reforçada.

Machado conseguiu com o Ministério Público Federal brasileiro negociar a sua “prisão domiciliar”, pois se estima que a sua condenação será de 20 anos de reclusão, mas com a “delação premiada” tornar-se-á uma pena alternativa em que terá que usar tornozeleira eletrônica e logo estará livre novamente. Machado mora em Fortaleza, no bairro mais nobre da cidade, numa luxuosa mansão com piscina, sauna, quadra poliesportiva, etc. e poderá ainda conviver com 27 pessoas, incluindo um padre para tentar orientá-lo a não mais surripiar o dinheiro público. A mansão de Machado é o sonho de prisão de todo criminoso, pois não deve ser difícil e nem deprimente cumprir essa “prisão domiciliar”, lá podendo, inclusive, tomar bons vinhos da sua sofisticada adega...

O que chamou a atenção na “delação premiada” do nababo Machado foi que ele devolverá espontaneamente R$ 75 milhões referentes à sua parte nas propinas por ele arrecadada enquanto à frente da Transpetro — nem imagino quanto os outros receberam. Se Machado era apenas o “caixa” — alguns o chamam de “laranja” — dos caciques políticos de Brasília e tinha todo esse valor embolsado como sendo “seu”, é tentador imaginar que a corrupção no Brasil é bem maior do que se imagina, seja lá o que se imagina...

* Advogado e psicanalista

 

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