(Publicado originalmente em https://www.institutoliberal.org.br/blog/)
O leitor lembra da Carta Capital? É aquela revista do Mino Carta, que tinha Lula como uma espécie de editor informal e que agora está quase falindo, sem as verbas estatais, a ponto de a senadora petista Gleisi Hoffmann parar seu importante trabalho de convocar militância para pedir uma vaquinha e salvar a empresa companheira.
Pois bem: a CC, como todo veículo de esquerda, sempre adotou bandeiras “progressistas”, como as cotais raciais e o feminismo. Qual não foi minha surpresa, então, ao ver uma foto da equipe toda da revista reunida, e não ser capaz de encontrar um só negro, nem mesmo um mais escurinho ali? Nenhuma, claro. A hipocrisia é a marca registrada dessa gente, e nunca me surpreendo com ela.
Agora foi a vez da BBC londrina passar pelo mesmo sufoco. É o que dá alimentar monstrinho por tempo demais: ele um dia se volta contra você. O canal britânico é campeão de reportagens sobre as “desigualdades entre os sexos”, uma baboseira que vem seduzindo não só as feministas xiitas como até pessoas normalmente sensatas. O gap de salário é martelado até entrar na cabeça dessas pessoas e não deixar espaço para mais nada, muito menos para lógica ou fatos.
Há um hiato nos ganhos médios entre homens e mulheres? Sim! Há algum tipo de machismo de uma terrível sociedade patriarcal por trás disso? Não! Economistas sérios, como Thomas Sowell e Walter Williams, já mostraram o absurdo dessa acusação. É não entender nada de economia – ou, no caso, de biologia, ignorando que a mulher ainda é quem fica grávida em nossa espécie (por pouco tempo, se depender das feministas).
Se a diferença entre salários fosse mesmo por puro preconceito machista, então faria todo sentido do mundo o ganancioso empresário só contratar mulheres. Ele economizaria uns 30% do custo e arrasaria com a concorrência machista. Será que a esquerda está pronta para afirmar agora que empresários capitalistas não são ambiciosos e nem desejam maximizar seus lucros?
Está claro que o buraco é mais embaixo, que passa por produtividade distinta, por privilégios estatais, pelo tipo de emprego que normalmente homens e mulheres escolhem etc. Uma mulher e um homem, no mesmo trabalho, com a mesma produtividade, ganham o mesmo salário. Mas pedir para feministas ajustarem os dados da análise a esses fatores é pedir demais. A conclusão antecede a “análise”, e a lógica desaparece do cenário.
Voltando à BBC, eis uma das chamadas sensacionalistas que fez: “Você provavelmente não estará viva para ver igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho”. No caso brasileiro, o alarde da manchete foi ainda maior: “Brasil levará 95 anos para alcançar igualdade de gênero, diz Fórum Econômico Mundial”. Que horror!
Mas acontece que uma nova lei obriga empresas a expor diferença entre salários de homens e mulheres no Reino Unido, uma “conquista” que contou, sem dúvida, com a ajuda da BBC em sua campanha “igualitária”. E sabe o que aconteceu, caro leitor? A BBC ficou nua, exposta em praça pública, como aquela que pratica gritantes diferenças salariais entre os sexos!
Foi alvo imediato de ataques, escárnio e reportagens, como essa do The Telegraph, que mostra como dois terços dos que recebem maiores salários na empresa são homens. Dos 96 que ganham 150 mil libras ou mais por ano, 62 são homens, 34 mulheres. Seria a BBC machista? Ou estaria simplesmente adotando a meritocracia e pagando de acordo com a produtividade?
A BBC logo se viu no papel que gosta de colocar os outros: na defensiva. Primeiro, assumiu o hiato, e disse: “não é onde gostaríamos de estar”. Depois, escreveu uma justificativa que nega a coisa de ser exatamente como ela aparenta, e logo no começo elenca o ponto principal: a diferença dos salários não é fruto da discriminação. O segundo ponto é que o trabalho “part-time” explica boa parte do gap. Não diga? Então quer dizer que mulheres escolhem empregos mais flexíveis, talvez para se dedicar mais aos filhos?
Eis o ódio verdadeiro das feministas: a maternidade, essa dádiva de Deus ou da natureza. Sua revolta é contra a biologia, a emoção normalmente inata das mulheres no ato de gerar outra vida de seu ventre e seus instintos maternos para cuidar bem da prole depois. Aqui em frente à minha casa tem uma patinha que circula há semanas com seus seis filhotinhos a seguindo. Dou comida a eles, e quando me aproximo mais de um, a patinha vem rapidamente em sua defesa contra o potencial inimigo. A patinha entende o fenômeno, as feministas, não.
Elas gostariam que as mulheres não tivessem esse instinto materno, que de preferência nem engravidassem, deixando o ovo humano em gestação numa capsula como em Admirável Mundo Novo. O conceito “mãe” seria diluído, até se tornar alvo de ojeriza. E os filhos seriam criados pelo estado de bem-estar social, por babás do governo, em creches públicas. Eis a perfeição feminista, e todos teriam salários iguais, porque homens e mulheres não são complementares, e sim inimigos mortais.
Em Esquerda Caviar falei bastante do feminismo, dessa suposta diferença de salários como resultado do machismo, e usei um exemplo gritante de hipocrisia que nunca foi explorado pela mídia, muito menos pelas feministas:
Obama posa, como todo grande esquerdista caviar, como protetor das minorias, incluindo a maioria feminina. Sua retórica é toda voltada para o combate ao machismo, que supostamente reduz o salário das mulheres (falso, como já vimos). Curiosamente, quando Obama era senador, as suas funcionárias recebiam um salário médio de quase US$ 45 mil por ano, contra mais de US$ 57 mil da média masculina.
Para acrescentar insulto à injúria, o concorrente das primeiras eleições presidenciais de Obama, John McCain, pagava não só 24% de salário médio feminino a mais que Obama, como suas funcionárias recebiam mais que os homens da equipe. McCain, o Republicano, fechara o gap e invertera a equação, tudo sem a necessidade de leis estatais como as defendidas por Obama.
Pergunte se a grande imprensa explorou esse abismo entre discurso e prática nas eleições. Claro que não! E Obama colheria os frutos de seu sensacionalismo em prol das “minorias”, recebendo uma quantidade desproporcional de votos dessas categorias de eleitores. O populismo vende bem.
Sabem o motivo de tanta hipocrisia passar despercebida? Eu explico. O feminismo não tem nada a ver com a mulher, com seus direitos, ou com seu “empoderamento”. Tem tudo a ver com o esquerdismo, isso sim. E é por isso que a BBC pode empurrar sua pauta feminista de igualdade numa boa, que será poupada pela turma agora, que veio a público sua hipocrisia. No olho dos outros pimenta é refresco, não é mesmo?
Mas tudo bem. Vou desistir do liberalismo e abraçar o igualitarismo também. Quero salários iguais ao de Oprah Winfrey! Não é justo eu ganhar menos só porque sou homem e branco…
Nada de surpreendente na condenação de Lula.
As primeiras reações indicam que se tratava de um fato esperado.
O juiz Sérgio Moro fez questão de proceder como é habitual em decisões judiciais: tornou público os termos da decisão e desapareceu do cenário. Lula, diz-se, que reagiu com serenidade. A mídia repercutiu sem sensacionalismo. Líderes do PT se pronunciaram reiterando as explicações que vinham oferecendo: que foi uma decisão parcial do juiz Sérgio Moro, que condenou Lula sem provas e, que deverá ser reformada pelo Tribunal da 4ª. Região.
Reações moderadas, repercussão previsível, explicações conhecidas.
Ao que tudo indica, a pauta política deve voltar a se ocupar das dificuldades do governo Temer, das votações sobre admissibilidade para processar o presidente e sobre a Previdência Social.
Não creio,entretanto, que este estado de espírito de moderação e de expectativa para o próximo “round” da batalha judicial no Tribunal, vá se manter. Tudo leva a crer que todas as partes envolvidas: Lula, PT, CUT e a esquerda em geral esperavam e contavam com este desfecho para desencadear a próxima fase: a campanha presidencial de 2018.
Se a decisão judicial de condenação em primeira instância era uma decisão contra um ex-presidente, a decisão judicial de segunda instância (Tribunal) deverá ser tomada em relação a um possível próximo presidente.
A CONDENAÇÃO DE LULA II
Francisco Ferraz
Um dia após a divulgação da sentença que condenou Lula os fatos confirmaram a análise de ontem (A condenação de Lula). A reação do PT e de Lula corresponderam ao que fora previsto naquele texto:
“Lula, PT, CUT e a esquerda em geral esperavam e contavam com este desfecho para desencadear a próxima fase: a campanha presidencial de 2018”.
Também a estratégia de campanha, implícita no seu discurso, ao menos para sua fase inicial foi claramente definida:
O inimigo
(1) A condenação foi política;
(2) O juiz Sérgio Moro condenou para inabilitar legalmente Lula na eleição de 2018;
(3) A Globo é a principal coadjuvante deste ‘golpe’;
(4) ‘República de Curitiba’:Procuradores e Polícia Federal;
(5) Léo Pinheiro;
(6) Os “senhores da Casa Grande”
A estratégia
(1) Anunciar candidatura e desencadear a campanha presidencial;
(2) Foco da candidatura: Perseguição política para anular o poder de quem luta pelos direitos da “Senzala”;
(3) Globo + Sergio Moro + República Curitiba + Leo Pinheiro mataram dona Mariza;
(4) Aproveitar momento em que não há ainda candidato contra ele com prestígio e potencial equivalente para crescer;
(5) Politizar totalmente a próxima fase deste processo e dos demais para buscar deslegitima-lo juridicamente;
(6) Buscar junto ao povo (Senzala) este apoio e respaldo;
(7) Antecipar-se ao julgamento do Tribunal ao ameaça-lo com a denúncia de uma decisão politica, em caso de sua condenação;
(8) Anunciar a condicionante da legitimidade da próxima eleição, a palavra de ordem: “Eleição sem Lula é fraude”
Possíveis efeitos não intencionados dessa estratégia
(1) A precipitação da candidatura Lula vai estimular uma outra que se oponha à dele e que com ela polarize;
(2) Sua defesa da ocupação da mesa do Senado e das ‘heróicas senadoras’(fato mais recente) mostra Lula continuando a falar para dentro do PT, caminho seguro para o fracasso, já testado várias vezes,inclusive com Dilma;
(3) Também a reiteração de sua estratégia “nós x eles” agora “Casa Grande x Senzala” também não corresponde a um Brasil com uma classe média grande e crescente que já mostrou não aceitar este enfoque;
(4) Analogamente, não se constatou que a vitimização da morte de Dona Mariza tivesse produzido o efeito que ele esperava. Seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, ao desviar responsabilidades para ela nas respostas às perguntas que poderiam comprometê-lo, anulava boa parte do que talvez conseguira de simpatia com a vitimização da esposa;
(5) Por fim a estratégia de ameaçar juízes, já tentada de forma infrutífera com Sérgio Moro, reiterada agora com os desembargadores do Tribunal Federal da 4ª. Região, também não deverá surtir os efeitos que ele desejaria. Lula ainda não entendeu o Poder Judiciário.Nem seus órgãos de cúpula nem seus juízes singulares. Salvo casos bem individualizados e desqualificados pela instituição, são pessoas que prezam muitíssimo sua independência e a qualidade do seu trabalho, que é sempre um trabalho intelectual.
Pressionado por ameaças ou as ignoram ou despertam nele o sentimento da preservação da sua independência.
(6) Sua provocação ao juiz Sérgio Moro, desafiando-o a vir disputar com ele a eleição, não chega a ser uma pilhéria nem tampouco uma declaração séria. É uma piada que só os militantes do PT acham graça.
Ela revela o quanto a personalidade do juiz o perturba.
Identificados os inimigos que Lula vai usar para iniciar sua campanha de 2018; desvelada a estratégia política que ele deverá adotar; e analisados os possíveis efeitos não intencionados de suas escolhas estratégicas, alguns dos elementos analíticos básicos da situação, envolvendo Lula e o judiciário, talvez possam ajudar para acompanhar o processo político que poderá desencadear a campanha presidencial a partir de agora.
*Professor de Ciência Política, ex-reitor da UFRGS, pós-graduado pela Universidade de Princeton, é criador e diretor do site Política para Políticos
Mais uma evidência da adesão ao totalitarismo comunista que descrevi no artigo “Por que tantos professores de História são comunistas?”
(Publicado originalmente na Folha de Londrina, em 19/07/2017)
"Em meio aos debates acalorados fomentados pela indicação do vereador Filipe Barros para compor o Conselho Universitário da UEL, bem como os desdobramentos de tal indicação junto ao Departamento de História desta mesma universidade, me foi sugerida a leitura de um livro , publicado em 1979, intitulado ‘Liberdade Acadêmica e opção totalitária’. Não posso deixar de agradecer, por tão oportuna indicação, ao amigo Luke De Held. O livro, de imediato, atraiu minha atenção, ainda mais quando fui me informar sobre o caso nele narrado, qual seja:
O chefe do Departamento de Filosofia da PUC-Rio de Janeiro veta a inclusão de um artigo do professor Miguel Reale, numa coletânea de textos que seriam usados pelos alunos da disciplina ‘História do Pensamento’, alegando, para tanto, motivações ideológicas. Em solidariedade a Miguel Reale, a professora Anna Maria Moog Rodrigues pede demissão do quadro docente daquela instituição e envia uma carta à imprensa denunciando o caso. Abre-se, a partir daí, um debate na mídia da época, com participação decisiva do Jornal do Brasil e o Estado de São Paulo.
Quase quarenta anos nos separam daquele momento histórico e do episódio brevemente relatado acima. Em 1979 vivíamos um contexto de abertura política na vida nacional, batizada por Golbery do Couto e Silva de ‘distensão lenta e gradual’. Havia o retorno dos exilados recebidos como heróis nacionais, as rádios e tevês nos faziam ouvir ‘Geni e o Zepelim’ de Chico Buarque e ‘Super-homem’ de Gilberto Gil. Estudantes se uniam aos movimentos populares e saiam às ruas de um modo mais destemido. Mas, o episódio da PUC-RJ já chamava a atenção para dois perigos: o já conhecido perigo autoritário que vinha de fora da universidade e o perigo totalitário que vinha de dentro. Num dos artigos sobre o caso, publicado no Jornal do Brasil à época, o professor Luciano Zajdsznajder escreve:
"A querela que há pouco assistimos sobre os patrulheiros ideológicos e que agora se estende ao comportamento totalitário ou autoritário de marxistas no campo acadêmico é um fruto da abertura. Serve sem dúvida aos autoritários e totalitários do outro lado e este foi sempre o temor daqueles que quiseram denunciar imposturas. O fato de que os marxistas encontravam-se entre os principais atingidos pelas ações mais terríveis do sistema autoritário exigia solidariedade e misericórdia, e impedia a crítica necessária. Não é, porém, porque se foi perseguido e torturado, que se terá sempre razão. Esta é a tragédia da política: os perseguidos não têm na perseguição uma justificativa eterna para as suas decisões e para os seus desacertos."
Tantos anos depois daquele episódio podemos já reconhecer que o perigo externo foi superado, mas o interno se enraizou, prosperou, contaminou e se tornou o agente mais nefasto à democracia social e ao pluralismo acadêmico.
Transcorridas quase quatro décadas nos deparamos, aqui e acolá, com episódios de clara manifestação de intolerância. Todos devem se lembrar do recente caso em que um docente, do departamento de História da Universidade Estadual de Londrina, solicitou a abertura de sindicância junto à Ouvidoria da Universidade, alegando que um colega de trabalho havia faltado com a urbanidade, com o decoro, além de ter cometido assédio moral. Tudo por quê? Pelo fato do ‘acusado’ ter defendido a legitimidade democrática da indicação do vereador Filipe Barros como representante da Câmara Municipal de Londrina no Conselho Universitário da UEL. O caso se tornou de conhecimento público depois de ser veiculado nas mídias sociais.
Recentemente fui participar de uma reunião do departamento de História, a que pertenço, na qual o caso estava em pauta. Mais da metade dos professores daquele colegiado não compareceu à reunião. Grande parte dos que compareceram manteve-se calada. A agonia durou quase três horas. Durante este tempo ouvi represálias e censuras, que partiam da grande maioria dos professores que se manifestaram na ocasião. Esqueceram, muito providencialmente, os motivos geradores deste imbróglio, o pedido injustificado de abertura de sindicância, passando a me julgar e responsabilizar pelos seus desdobramentos. Condenavam-me por ter levado ao conhecimento público e num momento, segundo eles, inoportuno as feridas abertas do departamento.
Impressionante semelhança, este também era um argumento apresentado pelos professores da PUC-RJ contrários à exposição pública do caso. O que desejavam? Que eu permanecesse calado, mais uma vez, a lamber as próprias feridas? Que a sociedade, que é quem financia a estrutura pública de ensino, pesquisa e extensão, não fosse informada do que está a ocorrer intramuros? A clandestinidade é um terreno muito fértil para o desenvolvimento de doutrinas políticas e sociais perigosas. O que elas querem? O poder do partido único, do pensamento único. O que elas precisam? Tempo, o tempo necessário para conquistar a opinião pública...
"A conquista da sociedade de dentro para fora, proposta por Antonio Gramsci, tem conseguido o que Lênin nunca sonhou e Stálin desejou mas não obteve. A universidade é peça fundamental no processo paciente e diário de captura da opinião pública, a da classe média em particular. Não admira que os professores autores da denúncia na Pontifícia Universidade Católica do Rio tivessem merecido as atenções de professores, alunos, associações, notas e assembleias gerais. Aquelas denúncias atingiram precisamente a máquina de moer pensamentos que dirige a ação totalitária, e que se apresenta como aberta, flexível e democrática precisamente para, em nome da isenção, atuar como deve em termos de conquista ideológica e influência política." — escreveu o tradutor e jornalista Luiz Carlos Lisboa em texto publicado no Jornal O Estado de São Paulo em 24 de março de 1979.
Felizmente, hoje, as redes sociais nos permitem maior autonomia em relação à mídia tradicional. Pois o silêncio da mídia diante do caso é vergonhoso e ele só foi rompido graças à coluna independente ‘Avenida Paraná’, que o jornalista Paulo Briguet mantém junto ao jornal Folha de Londrina e ao pronunciamento do vereador Filipe Barros. A depender da voz corrente, não unânime, de parte dos meus colegas de trabalho e da imprensa tradicional eu deveria sofrer o processo resignando-me ao silêncio, bem ao gosto dos expurgos, perseguições e condenações que marcaram os históricos processos de Moscou. Guardadas as devidas proporções, o modus operandi é bastante comum aos casos.
Diferentemente dos chamados ‘anos de chumbo’ da ditadura militar, a crise e o perigo às liberdades acadêmicas vem mais de dentro que de fora da academia. Alguns departamentos universitários estão, há décadas, se transformando em blocos monolíticos de pensamento dogmático. Fechados ao diálogo e impermeável aos posicionamentos contrários ao novo status quo. Não quero aqui negar uma ideia, pela qual tenho imensa simpatia, a de que toda manifestação guarda uma posição ideológica. Em outras palavras não há narrativa isenta ou imparcial. O que nos salva do dogmatismo é o reconhecimento de que concorrendo com a minha narrativa há uma série de outras e nenhuma delas está em condições de garantir veracidade e universalidade:
"A liberdade acadêmica é um dos valores mais fortemente arraigados entre homens e mulheres de ciências, artes e letras. O direito de ter uma opinião, o direito de discordar, o direito de filiar-se a uma posição filosófica, o direito de apoiar-se em uma determinada teoria, o direito e o dever de apresentar aos alunos vários pontos-de-vista, em suma, o direito de pensar e de propiciar a opção livre, sempre foi a característica marcante do discurso acadêmico e motivo de orgulho e satisfação das comunidades universitárias."
Poderíamos tomar de empréstimo estas palavras escritas por Aroldo Rodrigues em 1979 e inscrevê-las no portal de entrada de todas as academias. Estimularíamos, com elas, a criação de um ambiente de tolerância de que se ressente o dogmatismo totalitário de alguns.
A reação visceral, audível e visível, de parte dos meus colegas de trabalho indica que a galinha dos ovos de ouro da propaganda totalitária foi atingida num de seus pontos mais sensíveis. Eles têm horror ao debate, a confrontação de perspectivas. Se encastelam em seus pequenos redutos de sapiência e do alto da sabedoria que professam alegam: ‘Eu? Com toda a minha formação, com os títulos que acumulei vou debater com este ‘zé ninguém’? ‘Não! Não vamos oferecer o palco da universidade para que um desqualificado se apresente nele’. Dos cumes da arrogância e intolerância promovem seu julgamento.
"Afinal de contas, que ciência é esta, na qual só se lê o que se concorda? O resto se vê condenado pela total e, portanto, totalitária ignorância" — escreveu o cientista político Vamireh Chacon, ainda sobre o caso PUC-RJ. Passados quase quarenta anos, o caso tem muito a nos dizer. "Além do mais", prossegue Chacon, "trata-se de um aberrante desconhecimento do próprio historicismo, do qual certos auto-intitulados marxistas se dizem partidários em determinada vertente hegeliana. Seria ótimo que eles se recordassem do próprio Hegel, que dizia inexistir lixo da História, porque mesmo que ele existisse, serviria de adubo."
Alguns colegas de trabalho consideraram a minha atitude cínica, cinismo que se deve ao fato de eu ter manifestado sincero agradecimento à proposta de sindicância encaminhada à Ouvidoria da UEL. Quem sabe, agora, estejam em condições de compreender meu argumento: mesmo o lixo da história pode ser útil e servir de algum modo como adubo do pensamento."
— Gabriel Giannattasio é professor do Departamento de História da UEL.
• Artigo publicado na Folha de Londrina e reproduzido pelo jornalista Paulo Antônio Briguet em sua página no Facebook.
Enquanto Lula faz “doce”, cabe lembrar que Odebrecht confessou na Justiça dos Estados Unidos o pagamento de propina nos valores de US$ 788 milhões pela empreiteira e outros US$ 250 milhões por seu braço petroquímico, a Brasken, entre 2006 e 2014, no Brasil e em outros 11 países. Para o Departamento de Justiça americano, é o maior caso de suborno internacional da história.
Além do Brasil, a Odebrecht pagou propina para garantir contratos em Angola, na Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. todos países agraciados com as suspeitas visitas e/ou palestras de Lula e em seguida com gordas verbas brasileiras via BNDES.
Outra “coincidência” é que todos esses países fazem parte do famigerado “foro de São Paulo”, a união de partidos de esquerda criada em 1990 pelo PT com o objetivo de ações conjuntas visando a tomada do poder na América Latina e no Caribe.
A ação nos Estados Unidos é um dos desdobramentos da Lava Jato. Faz parte de um acordo de leniência que envolve o governo americano, a Suiça e o Brasil. O acordo firmado prevê uma mega multa de 3,5 bilhões de dólares para evitar outros processos. É a maior multa já paga no mundo em acordos do gênero, o que não surpreende, já que trata-se igualmente do maior esquema de corrupção do mundo. Tudo é mega no esquema de corrupção implantado nos governos do PT.
Pois na noite da última quinta feira no Peru, o ex-presidente Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, entregaram-se para cumprir 18 meses de prisão preventiva por lavagem de dinheiro relacionada a doações irregulares de campanha da Odebrecht.
Marcelo Odebrecht confessou ter repassado US$ 3 milhões para a campanha presidencial no Peru a pedido do então ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci, em 2010.
No Tribunal norte americano, os representantes da Odebrecht também revelaram o pagamento de 35 milhões de dólares em propinas na Argentina. Isso lhes teria garantido cerca de 278 milhões de dólares em obras públicas entre 2007 e 2014, durante os anos de kirchnerismo.
Na Colômbia, a Procuradoria Geral local já sabe que a Odebrecht financiou a campanha presidencial de 2014 do atual presidente, Juan Manuel Santos.
Também na República Dominicana havia interesses. Todos lembram do retorno às pressas do mega marqueteiro do PT João Santana de lá direto para a prisão. Deixou para trás a campanha presidencial local dias antes do pleito.
Em cada um dos países citados há uma história similar.
Lembram como Dilma ficou braba ao saber que poderia ter sido grampeada pelos americanos? Eis os motivos dos grampos e da fúria presidencial.
O teor das conversas interceptadas deve ser muito mais interessante do que aquele onde ela fala com Lula sobre a visita do “Bessias”.
O recesso do Congresso Nacional, marcado para iniciar nesta terça-feira, 18, foi antecipado para a última sexta-feira pela quase totalidade dos nossos deputados e senadores, que só devem retornar à Brasília no início de agosto.
BALANÇO
Como as notícias políticas simplesmente minguam durante o período do recesso, nada melhor do que aproveitar este momento para fazer um balanço do governo Temer, iniciado no dia 12 de maio de 2016. Até então, como se sabe, o Brasil estava sendo conduzido, de forma confiante, desabalada e determinada, para o mesmo destino escolhido pela falida Venezuela.
CONSTITUIÇÃO
Antes de tudo, pelo que diz a nossa Constituição, no capítulo 2, artigo 80, quando o presidente desocupa o cargo quem assume imediatamente é o vice-presidente. Mais: a linha sucessória estabelece que em caso de vacância e/ou impedimento deste são chamados a exercer o cargo, pela ordem, os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do STF.
MELHOR DELES
Ora, como a Constituição determina que não podemos escolher qualquer político fora da linha sucessória, só por aí e até as próximas eleições de 2018, não tenho nenhuma dificuldade em afirmar que dentre os candidatos aqueles que estão expressamente definidos pela linha sucessória, o melhor e mais competente de todos é, indiscutivelmente, Michel Temer.
TODOS SUSPEITOS
Não nos cabe, portanto, por força Constitucional, escolher (em curto e médio prazo) alguém que não seja suspeito, não esteja sendo investigado ou mesmo acusado de praticar atos de corrupção. Todos, literalmente, a exceção da presidente do STF, como se sabe, estão listados e/ou passando por investigações.
MUDANÇA DE RUMO
Ora, como devemos respeitar o que manda o regulamento (Constituição), o que mais importa é que tipo de governo está fazendo o atual presidente. Neste particular é preciso salientar que bastou Temer empunhar a caneta presidencial para que o Brasil mudasse imediatamente de rumo: ao menos a fatídica estrada que nos levava ao destino alcançado pela Venezuela foi abandonada. Isto é fato!
TRABALHOSA REFORMA TRABALHISTA
Pois, dentro daquilo que é possível num país que sempre tratou de empurrar as dificuldades com a barriga, uma coisa é fato e positivo: o presidente Temer resolveu enfrentar os problemas enviando uma razoável agenda de reformas ao Congresso Nacional. Na última semana, para alegria, principalmente do enorme contingente de desempregados, vimos a aprovação da primeira delas, qual seja a TRABALHOSA REFORMA TRABALHISTA.
REFORMA PREVIDENCIÁRIA
Mais: ao longo dos últimos 15 meses, além de tirar o Brasil da estúpida Matriz Econômica Bolivariana, o atual governo determinou que grandes estatais, consideradas como FONTES DA ENORME CORRUPÇÃO QUE TOMOU CONTA DO PAÍS, passassem a ser administradas de forma técnica.
Tomara que Temer, até o final de 2018, consiga emplacar outras reformas. Principalmente, a PREVIDENCIÁRIA, que corrói as Contas Públicas de forma agressivamente crescente.
(Publicado originalmente em http://www.sonoticias.com.br/coluna/mamar-no-estado)
Acabamos de assistir a um espetáculo tosco, promovido por meia dúzia de senadoras que se abancaram na mesa diretora do plenário, para impedir a votação das melhorias na CLT e impor justiça no Imposto Sindical. Mostraram que, perdendo no voto, partem para a força - e isso é o oposto de democracia. Quando mentem que a atualização da CLT vai tirar direitos dos trabalhadores, na verdade defendem o imposto sindical, que confisca um dia de trabalho de todos os assalariados, mesmo os não sindicalizados, para sustentar o peleguismo. A atividade dos sindicatos, com dinheiro do trabalhador, nunca foi fiscalizada e a CLT da ditadura Vargas, por sua vez, alimenta uma gigantesca indústria de litígios, que gravita em torno da justiça trabalhista.
O estado não produz riqueza; apenas a distribui. Mas aqui, fica com boa parte dos quase 40% que tira de todos, para se sustentar e manter suas gorduras em músculos flácidos. Com algumas benesses que enganam a população não esclarecida, graças ao ensino deficiente, a maior parte do povo adora o demagogo que vicia quem recebe, como bem lembrou Luiz Gonzaga em Vozes da Seca. Do estado, servem-se os empresários bem relacionados com o poder, como Joesley, com empréstimos subvencionados, incentivos ineficazes para a economia. Outros, têm aposentadorias privilegiadas, férias em dobro convertidas em dinheiro, mordomias, contracheques que ultrapassam o teto constitucional, fora a corrupção sistêmica, das propinas supostamente privadas, que são geradas por contratos superfaturados com o estado.
O estado funciona mal, está inchado, quer se camuflar do prejuízo que dá, tentando mascarar o déficit da Previdência. A Constituição de 1988 também é responsável. Diz, por exemplo, que a saúde é direito de todos e dever do estado. Então, se não há recursos para determinado remédio, o juiz manda comprar e o governo tem que cumprir ou o administrador pode ir preso. Greve no serviço público é outro absurdo. Absurdo porque é greve contra o próprio público, que é o patrão, a quem o servidor deve servir. O governo tem medo das corporações fortíssimas de funcionários públicos e não regulamenta a greve, estabelecendo seus limites. Aí, vira bagunça. Imagine gerações futuras sem aula, pacientes sem atendimento, trabalhadores sem transporte, cidadãos sem segurança.
Outro erro dos constituintes foi dar autonomia orçamentária a quem não arrecada, como o Judiciário e o Legislativo. Aí estão os palácios suntuosos, faraônicos, para demonstrar a afoiteza. Parecem estados soberanos, com folhas de pagamento, férias e aposentadorias privilegiadas. Um dia, esse estado em que tantos mamam, vai estar completamente desidratado e quem trabalha para produz riqueza vai cansar de transferi-la para esse estado gastador, mau administrador e distribuidor de injustiça social.