Às vésperas da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara, a JBS solta provas e detalhes que atingem não apenas Temer como praticamente todo o Congresso que irá julgá-lo. É uma bomba de desmoralização na política brasileira e foi acionada porque Joesley e Wesley Batista só têm uma forma de se salvar: destruindo os outros. Depois das delações, é hora das provas.
Elas têm consistência, como mostra a revista Época. São nomes, dados, contas, datas e operadores de uma rede de corrupção que humilha a Odebrecht. Envolvem Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma, ministros como Kassab e Bruno Araújo, ex-ministros como Palocci e Mantega, senadores como José Serra e Eunício Oliveira, e presidentes e deputados da maioria dos partidos.
A revelação das provas da JBS neste momento foi pragmática: a reabertura do Judiciário reabre também a pressão, os debates e as articulações para a revisão do acordo de delação premiada dos irmãos Batista, que corromperam meio mundo e agora explodem o mundo todo, mas saíram ilesos, sem um único dia, ao menos, com uma tornozeleirazinha.
Para manter a mamata, é fundamental robustecer as delações com provas concretas e escapar das brechas. Tanto os advogados da JBS quanto os que querem rever o acordo se debruçam sobre o mesmo material: as gravações dos quatro dias de julgamento em que o Supremo decidiu manter o caso JBS com o relator da Lava Jato, Edson Fachin, e concluiu, sem concluir, quando acordos de delação podem ser anulados e revistos. Acusação e defesa acham a decisão muito confusa.
Joesley e Wesley enfrentam quatro ameaças de perder as benesses da sua delação: 1) se, ao contrário do que concluiu a PGR, ficar provado que eram “líderes de organização criminosa”; 2) se o relatório da Polícia Federal sobre a nulidade da delação de Sérgio Machado produzir efeitos; 3) se comprovado que eles usaram “inside information” para lucrar milhões de dólares com o vazamento da delação; 4) se omitirem informações para proteger Lula e o amigão Palocci.
Os irmãos já preparam a contraofensiva. A primeira foi jogar essa história de quadrilha no colo de Temer, agora veio a apresentação das provas que jorram neste fim de semana, depois é alegar que Sérgio Machado, diferentemente deles, não provou nada. E, enfim, que seria “burrice” manipular dólar e Bolsa no dia da delação. Mera “coincidência”.
Quanto a Lula e Palocci: foi com eles, e à custa do nosso BNDES, que a JBS deixou de ser uma grande empresa nacional para virar uma gigante internacional, mas ele argumenta que “quem tinha Mantega no BNDES não precisava de Palocci”. E o Lula? Se Joesley jogou todo o peso em Temer, mas premeditadamente só passou de raspão por Lula, seu maior benfeitor, isso pode ser caracterizado como “má-fé” e justificar quebra do acordo.
Os irmãos da JBS, portanto, ainda têm muito chão pela frente, mas suas provas na Épocadeixam uma pergunta no ar: como os deputados citados nas suas delações e planilhas podem absolver ou, principalmente, condenar Temer? “Réu” e jurados estão no mesmo balaio. Aliás, até agora, não há um único processo no Congresso contra citados na Odebrecht ou na JBS.
Temer tem votos para salvar o pescoço, mas pode não ter para abrir a votação, que exige 342 deputados. Parte da oposição quer se ausentar, para deixá-lo “sangrando”, ou “com a barriga aberta”, como diz o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E parte da situação até gosta da ideia, para não se expor ao vivo votando a favor de um presidente com míseros 5% de popularidade. Quanto ao País “sangrando” ou “com a barriga aberta”? Bem, essa é uma outra história.
A Catedral de Córdoba tornou-se um campo de batalha na campanha para reduzir a influência da Igreja na Espanha e além.
(Reproduzido de http://www.heitordepaola.com/)
A Catedral de Córdoba, oficialmente intitulada Catedral de Nossa Senhora da Assunção e também conhecida como a Mesquita-Catedral, tem sido o coração eclesiástico da Diocese de Córdoba desde 1236.
Classificada como uma das maravilhas arquitetônicas mais impressionantes do mundo, homenageada desde 1984 como parte de um patrimônio mundial da UNESCO e visitada por mais de 1,5 milhão de turistas a cada ano, a propriedade da catedral é agora alvo de protesto tanto dos esquerdistas espanhóis como de militantes muçulmanos.
A disputa faz parte de uma longa campanha para aproveitar a igreja com base em que ela não deveria pertencer aos católicos, mas ao mundo inteiro. Enquanto a reivindicação do governo civil para a igreja é legalmente tênue e os muçulmanos afirmam que ela pertence à idade de ouro lendária da Espanha mourisca, a campanha está testando a liberdade religiosa para os cristãos num país católico e deve ser motivo de preocupação para os católicos em todo o mundo.
Como o ex-embaixador espanhol em Washington, Javier Ruperez, observou ao Register: "Temos um problema em Córdoba. ... O que estamos observando não é apenas uma operação anti-católica. É uma operação anti-ocidental ".
A Reconquista e AlÁndalus
Numa era de história revisionista, a Reconquista é certamente uma causa célebre. Essa campanha de séculos para libertar a Península Ibérica do controle dos mouros após a invasão muçulmana do século VIII terminou oficialmente em 1492, com a queda do Reino mourisco de Granada para as forças de Fernando e Isabella e a unificação política de Espanha.
A cruzada é hoje retratada não como uma guerra para libertar a península da dominação dos estados muçulmanos, onde cristãos e judeus viveram sob a lei da sharia, mas a destruição de uma civilização muçulmana avançada e pacífica por católicos bárbaros e não iluminados.
Esta reescrita do passado é especialmente comum quando se olha a recaptura da cidade de Córdoba pelos exércitos cristãos em 1236 sob o santo rei Ferdinando III de Castela.
A região do sul da Espanha, conhecida como Andaluzia, al-Ándalus em árabe, era o centro político do controle mourisco da península.
A cultura mourisca atingiu seu ponto mais alto sob a dinastia Ummayad de governantes que reivindicaram o título de califa com sua capital em Córdoba. Durante os anos de glória do califado nos séculos IX a XI, Córdoba foi conhecida pela sua arte, arquitetura, aprendizagem - a biblioteca de al-Hakam tinha 400 mil volumes - e engenharia, possuindo incluindo água corrente.
Mas a jóia da coroa de todo al-Ándalus era a Grande Mesquita, o símbolo do poder e da glória de Ummayad.
A mesquita foi encomendada em 784 por Abd ar-Rahman I e foi subsequentemente expandida por seus sucessores até poder acolher 40 mil pessoas e foi considerada uma das maiores realizações arquitetônicas em todo o mundo islâmico, com seus arcos e colunas impressionantes feitas de jaspe, granito, ônix e mármore.
O local da mesquita, no entanto, tinha raízes muito antigas. Segundo os arqueólogos, depois que os visigodos capturaram Córdoba em 572, estabeleceram uma igreja no local que, no momento da invasão muçulmana, tinha o título de Basílica de São Vicente. Inicialmente, foi permitido continuar como a última igreja cristã, de acordo com os novos senhores muçulmanos, mas, em breve, metade foi levada a dar espaço de oração adicional para os novos muçulmanos vindos de Damasco. O resto da basílica foi finalmente "comprado" dos cristãos e destruído para construir a nova Grande Mesquita.
Tal foi a beleza da Grande Mesquita, a Mezquita em espanhol, que quando Córdoba foi capturada pelo rei Ferdinand, uma das primeiras decisões que ele teve que enfrentar era o que fazer com ela.
O novo governante decidiu transformar a mesquita na nova catedral da cidade. Respeitando a arquitetura, ele manteve as colunas e até preservou o ornamentado ferrão em ferradura, o mihrab, ou nicho de oração, e sua cúpula deslumbrante acima.
O minarete, entretanto, foi convertido em um campanário, com sinos trazidos de Santiago de Compostela. Com efeito, Ferdinand preservou a beleza da mesquita para a posteridade.
Com a exceção das capelas laterais encontradas ao longo da nave, a principal mudança estrutural foi feita no século 16, quando o Imperador Carlos V permitiu que o bispo Alonso Manrique construísse uma catedral renascentista no local do prédio.
Sem dúvida, o califado de Córdoba foi marcado por grandes realizações artísticas e intelectuais, e o califado foi anunciado como prova da convivência, da afirmação de que al-Ándalus era um lugar no qual moravam muçulmanos, cristãos e judeus Juntos em paz sob um islamismo tolerante. Esta é uma imagem que persiste teimosamente.
O Presidente Barack Obama saudou a "orgulhosa tradição de tolerância" de Córdoba em seu discurso infame sobre o Islam no Cairo em 2009, e outras afirmações similares foram feitas pelo Imam Feisal Abdul Rau quando ele tentou erigir uma mesquita no Ground Zero, em Nova York, sob o nome de "Casa Córdoba".
Como Dario Fernández-Morera demonstrou de forma convincente em seu importante estudo, The Myth of the Andalusian Paradise: Muslims, Christians and Jews Under Islamic Rule in Medieval Spain (2016), a Andaluzia estava longe de ser um paraíso para cristãos e judeus, que sofriam deficiências políticas e sociais, tinham que pagar a jizya (imposto religioso) e sofreram perseguições e opressões sob a sharia (lei islâmica).
A Igreja homenageia os mártires do século IX de Córdoba que morreram sob perseguição muçulmana.
Uma Nova Cruzada
A propaganda em torno de Córdoba muçulmana também é um elemento-chave na campanha de socialistas na Espanha que encontraram um terreno comum com ativistas muçulmanos na tentativa de aproveitar a catedral.
Em 2004 e 2006, os muçulmanos na Espanha e em outros lugares, na sua maioria conversos recentes para o Islam, pediram à Santa Sé para permitir orações muçulmanas na catedral. Em 2007, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, usou uma cúpula em Córdoba sobre "Islamofobia" pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para exigir publicamente que os muçulmanos tenham direito de orar ali.
Em abril de 2010, durante a Semana Santa, dois muçulmanos violentos pediram para pararem de rezar na catedral e gravemente feriram dois guardas de segurança. E em agosto do mesmo ano, os grupos islâmicos renovaram seus apelos para o direito ao culto.
Em 2013, uma organização chamada "Plataforma para a Mesquita-Catedral de Córdoba" conseguiu mais de 350 mil nomes para uma petição que exigia a apreensão da catedral, um impulso fortemente promovido pelo jornal socialista espanhol El País. A petição coincidiu com a condenação do governo de coalizão liderada pela liderança socialista da Andaluzia sobre os supostos esforços da Igreja para tirar a história muçulmana do local.
O governo regional declarou que a diocese não tem direito legal de propriedade. Fazendo eco da propaganda dos grupos muçulmanos e da Plataforma, os oficiais civis regionais alegaram que os verdadeiros proprietários "são todos e cada um dos cidadãos do mundo, de qualquer época e independentemente de nação, cultura ou raça".
Esses movimentos causaram imensas preocupações aos funcionários da Igreja e aos católicos em todo o mundo. Durante uma reunião sobre a controvérsia organizada em junho pelo Centro de Liberdade Religiosa do Hudson Institute em Washington, D.C., Dom Demetrio Fernández González, de Córdoba, disse: "Por oito séculos, vivemos pacificamente com a catedral em mãos católicas. Mas agora mesmo, o tipo de ideia que os muçulmanos tiveram, esse sonho que eles tiveram para remover de alguma forma a catedral, está sendo ajudado pela esquerda política. Então, é uma espécie de aliança vinda da esquerda. Os políticos sabem que a catedral é propriedade da Igreja, mas o que eles gostariam é que ela se tornasse propriedade pública. Isto seria um tipo de expropriação ".
Felizmente, as leis governamentais vigentes em Espanha impedem essa apreensão definitiva, e o bispo Fernández também foi assegurado que, se isso realmente acontecesse, o Papa Francisco e a Santa Sé entrariam na briga. Isso, claro, não impedirá que os oficiais da oposição tentem.
E enquanto a lei atual bloqueia tal expropriação, outros objetivos podem ser mais alcançáveis. O bispo alertou sobre "os objetivos mais imediatos, como pedir-lhes [os muçulmanos] para poderem compartilhar a catedral ... mas isso não é possível, nem para os católicos nem para os muçulmanos".
Do mesmo modo, não há necessidade desesperada de espaço de oração por parte dos muçulmanos, pois há apenas 1.500 na cidade, que é servida por duas mesquitas. A população islâmica na Espanha, enquanto cresce através da imigração, compõe apenas 4% da população total.
Os muçulmanos locais também não estão por trás da controvérsia. O impulso vem de fora da Espanha, e acredita-se que grande parte do financiamento está sendo prestado pelos países árabes, com alguns funcionários da Igreja e até mesmo com o Embaixador Ruperez, alertando que o financiamento pode mesmo ser proveniente do Catar, que enfrenta muitas acusações de patrocinar o terrorismo internacional.
O embaixador Ruperez salienta que a liberdade religiosa e o legado do Ocidente estão em jogo. "Os valores básicos que foram o fundamento básico do Ocidente", diz ele, "que é a liberdade individual, que é o respeito pela lei, que é a separação da igreja e do estado, está sendo levada a sérias dúvidas".
A ironia disso, é claro, é que os líderes políticos na Espanha estão realmente propondo que as igrejas cristãs sejam apreendidas mais uma vez, assim como eram 1.200 anos atrás, e entregues aos muçulmanos.
Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Instituto Hudson, disse ao Register: "O que é único neste caso é que não é um governo islâmico fazendo isso, mas um esquerdista com funcionários anti-católicos, e talvez anti-muçulmanos também, mas eles vêm isso como uma maneira conveniente de suprimir a religião, suprimir o catolicismo na Espanha
"Se essa aliança fosse bem-sucedida, seria uma vitória imensa - e não apenas simbólica - para a causa islâmica em um momento em que a Europa já está purgando sua própria história cristã”. Como o bispo Fernández observa: "Eles querem reverter a Reconquista".
Publicado originalmente em National Catholic Register
Tradução:Heitor De Paola
(Publicado originalmente em http://bdadolfo.blogspot.com.br/)
Existe uma verdadeira caça a policiais no Brasil. Quem conhece a realidade, sabe que a farda de um policial militar nunca é posta para secar num varal. Motivo: isso denunciaria a presença de um policial naquela residência, colocando sua vida e de sua família em risco. Também é de conhecimento geral que diversos policiais só vestem sua farda longe de suas casas pelo mesmo motivo. São vários os exemplos desse tipo de comportamento que denota o óbvio: o policial no Brasil está sendo caçado pelos bandidos.
Apenas nesse ano, no Rio de Janeiro, já foram 89 policiais militares ASSASSINADOS. Esse número impressiona a população, causa medo nas famílias de policiais, mas por incrível que pareça parece não despertar maiores simpatias nos grupos de direitos humanos e nem na grande imprensa. Por que isso ocorre?
A primeira explicação refere-se a política de segurança pública adotada pela esquerda. Para os esquerdistas, grande parte deles com postos altos na mídia e nas ONG's de direitos humanos, o crime dificilmente é culpa do bandido. Pelo contrário, o bandido seria ele mesmo vítima do sistema. E um dos principais sustentáculos do sistema é a polícia. Logo, numa brutal inversão de valores, a polícia é geralmente vista com viés negativo. Policiais são perseguidos por traficantes, por assassinos, por criminosos em geral, sob o silêncio covarde de vários "especialistas" em direitos humanos.
Outra explicação é que ao reconhecer que a polícia é perseguida por bandidos resta evidente também que parte da violência policial, que as ONG's adoram denunciar, é legítima forma de autodefesa da polícia contra bandidos desumanos.
O Brasil é um país violento. Em nenhum lugar do mundo se matam tantas pessoas quanto aqui. Apenas no ano passado foram mais de 60.000 pessoas assassinadas. Infelizmente, o establishment prefere criar espantalhos em vez de lidar com problemas reais. Nesse caso, adoram culpar a "cultura machista" do brasileiro para expressarem que isso mata muitas mulheres. Sim, sem dúvida isso é um problema. Contudo, num país onde a taxa de homicídios entre homens é 12 vezes superior a taxa de homicídios entre mulheres, essa dificilmente é a explicação correta. O mesmo vale para a homofobia, certamente alguns homossexuais são perseguidos e sofrem por causa da intolerância. Contudo, fingir que a violência no Brasil decorre da discriminação sofrida por homossexuais está longe de ser verdadeiro. O número de assassinatos decorrentes de homofobia no Brasil estão longe de mostrarem algum padrão distinto da violência enfrentada pelo resto da população.
Basta de criar espantalhos! A violência no Brasil se combate com policias nas ruas e bandidos na cadeia. Se puder liberar o porte de armas para a população melhor ainda. Mas é fundamental lembrar de uma lição básica: na hora do perigo é para a polícia que pedimos socorro. Desmerecer o policial, enfraquecer sua legitimidade, atacar a polícia como a culpada por ser a guardiã do "sistema", só fazem colocar a vida do policial em risco e, em última instância, colocar toda a sociedade sob riscos cada vez maiores associados ao crime e a violência.
(Publicado originalmente em Diário do Poder)
O Brasil copia o que não presta dos países avançados, mas ignora o que é bom. A visita íntima a presos é uma regalia de estados atrasados, mantida aqui informalmente, numa interpretação elástica do art. 41 da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/1984), que não menciona encontros para conjunção carnal.
Já os menores infratores ganharam o direito à visita íntima em 2012, com a Lei 12.594, que institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional. Em seu art. 68, caput, estabelece:
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que viva, comprovadamente, em união estável o direito à visita íntima.
A queda de braço entre um juiz federal de primeira instância, o Tribunal Federal da 1ª Região e a Advocacia Geral da União sobre as visitas íntimas a presos de alta periculosidade, líderes de grandes organizações criminosas, reacende o debate.
Os presos estavam usando suas visitantes para distribuir ordens de matanças contra rivais e agentes penitenciários, desmoralizando a Justiça e o Estado de Direito.
Quem comete crime não pode viver como o cidadão comum, que respeita o pacto social e insiste em trabalhar e ganhar a vida honestamente, acordando-se às 5h e pegando conduções superlotadas para cumprir sua obrigação e obter o sustento para sua família.
O Brasil está virando de cabeça para baixo: quem delinque merece toda a atenção do Estado, mantido pela sociedade, custando R$ 4 mil mensalmente ao contribuinte. Se for menor, o custo se eleva para R$ 7 mil. Preso por roubar, estuprar ou matar, não precisa dar um prego para garantir seu sustento.
Para um desempregado que esteja desesperado, sem comida para seus filhos pequenos, é mais vantajoso cometer um crime para ser preso e receber cinco refeições por dia, além de auxílio-reclusão de um salário mínimo e meio, valor acima da aposentadoria de um trabalhador comum.
A pena de prisão é uma punição. A ressocialização funciona em poucos casos, é mais uma dessas ilusões que se criam para enganar os incautos e por em marcha o faz-de-conta da vida pública brasileira.
O Brasil deveria adotar o sistema vigorante nos Estados Unidos, Inglaterra e outros países avançados, que assegura a visita de parentes do preso sem contato físico.
As cadeias brasileiras foram transformadas em motéis. Muitas mulheres confessam, em entrevistas reservadas, que são obrigadas a visitar os companheiros, ex-companheiros e ex-namorados presos, sob pena de receberem a visita do pistoleiro mais terrível da organização criminosa a que eles pertencem.
* Delegado de Polícia Civil do DF e Jornalista.
(Publicado originalmente por mises.org.br)
No Brasil atual, a livre iniciativa e o trabalho não são livres. São totalmente regulamentados. E quem resolve empreender ou tirar um sonho do papel é visto como louco — ou como desempregado e desesperado.
Isso é reflexo das leis e normas existentes no país e não da nossa "cultura da dependência". Muito se fala sobre isso, com muitas pessoas dizendo que o Brasil sempre foi avesso à livre iniciativa. Falso. O brasileiro sempre foi um povo empreendedor e construtor de riquezas. Quem acaba com a liberdade de trabalhar e empreender é o estado.
Nossas leis e constituições simplesmente não reconhecem esse valor inerente ao povo brasileiro. Quer ver uma prova?
O Brasil livre, de jura e de fato, nasceu junto com a independência do país. Nossa primeira constituição foi escrita em 1824, inspirada na Constituição dos Estados Unidos, criada 35 anos antes. Ela impunha limites ao estado, e não ao cidadão empreendedor. Além de segurar o apetite do estado em tornar-se cada vez maior, essa constituição garantia que as pessoas nunca teriam sua livre iniciativa censurada pelo poder público.
Porém, após a constituição de 1824 (clique para ler na integra), nossos políticos conscientemente foram transformando o Brasil em um estado tirânico que age à revelia do indivíduo. Com efeito, houve uma verdadeira involução jurídica desde então nesse aspecto.
Para tornar a demonstração do que eu quero dizer mais clara, e também para que não fique a impressão que estou fazendo uma livre interpretação dos fatos, vou transcrever literalmente, inclusive com o português da época, as cláusulas de liberdade individual que regulamentavam o trabalho com o passar das constituições.
Teço breves comentários abaixo de cada uma das alterações, somente para ilustrar o que foi alterado.
Constituição de 1824
"Nenhum gênero de trabalho, de cultura, indústria ou comércio pode ser proibido, uma vez que não se oponha aos costumes públicos, à segurança, e saúde dos cidadãos".
Comentário: Em duas linhas a constituição brasileira de 1824 reduz ao máximo o que o governo pode regular em nossos trabalhos ou empresas. Nada é proibido, exceto aquilo que ofenda o bom senso. Sensatez igual não se viu mais. Vejamos.
Constituição de 1891
"É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intellectual e industrial".
Comentário: a primeira carta magna da república. Atenção para o termo "garantido". Fica claro desde o começo que o estado é quem garante as coisas no Brasil, mesmo aquilo que é um direito natural. Com esta constituição, a liberdade deixa de ser sua e não mais pode ser garantida diretamente por você, mas sim pelo estado. A liberdade é do estado, e ele a concede aos cidadãos, em uma espécie de cessão de direitos. Percebam a inversão de valores.
Constituição de 1934
"É livre o exercício de qualquer profissão, observadas as condições de capacidade technica e outras que a lei estabelecer, ditadas pelo interesse público".
Comentário: A primeira constituição de Getúlio Vargas determinou que só pode ser feito o que for de interesse público, e o responsável por interpretar o que é de interesse público tem, de fato, o poder para interpretar o que o brasileiro pode ou não fazer.
Constituição de 1937
"A liberdade de escolha de profissão ou do gênero de trabalho, indústria ou commercio, observadas as condições de capacidade e as restricções impostas pelo bem publico, nos termos da lei".
Comentário: Getúlio Vargas decretou o chamado Estado Novo no mesmo dia em que promulgou uma nova constituição. A partir de então, até a escolha do tipo de empreendimento deveria ser analisada para ver se estava de acordo com a lei.
Constituição de 1946
"É livre o exercício de qualquer profissão, observadas as condições de capacidade que a lei estabelecer".
Comentário: Se, por um lado, a mudança foi boa, pois aquela "liberdade de escolha" foi removida do artigo, por outro, a liberdade de exercício é que passou a ser regulada, o que torna o efeito ainda mais perverso, já que a partir de então até a forma como um trabalho era exercido passava a ser controlada pelo governo.
Constituição de 1967
"É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, observadas as condições de capacidade que a lei estabelecer".
Comentário: Com a nova mudança, acrescentou-se o "trabalho" e o "ofício" sob o poder regulatório da constituição, já que o trabalho regulado cria o trabalho não-regulado. Foi uma tentativa de extensão de controle malfeita.
Constituição de 1988
"É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer".
Comentário: A partir de 1988, não somente as escolhas das pessoas foram limitadas por sua capacitação, mas o órgão responsável por julgar se você pode ou não realizar tal tarefa não é mais você, nem seu empregador ou cliente, mas um burocrata do estado. A partir de 1988 a liberdade de poder trabalhar deixou de existir por completo.
Liberdade para trabalhar: acabando aos poucos
Quando pensamos em leis e constituições antigas pensamos em retrocesso. Ledo engano. Essa é a versão criada pelas escolas durante o século XX para validar a república presidencialista e a lógica de avanços do poder do estado contra uma sociedade livre.
Fica documentado, portanto, que, desde a primeira constituição da república, a capacidade de escolher e exercer qualquer trabalho foi sendo continuamente limitada ao ponto atual da estagnação.
A idéia de que a liberdade de trabalho é um direito natural e que não deve ser condicionada a qualquer regulamentação deve preceder a elaboração de qualquer constituição. Toda constituição deve, no mínimo, reconhecer isso.
Porém, basta ler as constituições do Brasil do século XX para perceber que esse conceito desapareceu. O Brasil do século XXI terá de resgatar princípios atemporais para não ficar no eterno atraso.
(Publicado por https://bordinburke.wordpress.com/)
As histórias infantis, mais do que entreter crianças (e adultos, também, por que não?), tem o objetivo claro de ensinar lições para a vida cotidiana. Lições como: honestidade, obediência, perseverança… Curiosamente, uma das mais famosas histórias infantis, “João e o pé de feijão”, não tem uma lição de moral direta. Para aqueles que não se lembram deste clássico publicado pela primeira vez, por Benjamin Tarbat, em 1804. De forma extremamente resumida, eis a história:
João era um menino pobre que vivia com a sua mãe. A única fonte de renda da família era uma vaquinha velha e debilitada que a cada dia dava menos leite. Quando finalmente cessou de dar leite, a mãe decidiu vender a vaca no mercado da cidade, mas como não podia ir até a cidade, pediu que João fosse e vendesse a vaca.
No caminho, João encontra um vendedor que também estava indo ao mercado. Ele estava indo vender alguns feijões mágicos que encontrara. João, querendo evitar a fadiga de ir até o mercado, troca ali mesmo a velha vaquinha por um punhado de feijões. Ao voltar pra casa e contar à mãe a sua troca, ela fica furiosa e joga os feijões pela janela.
No dia seguinte, um pé de feijão gigante nasceu no quintal de João. O pé ia até o céu, por entre algumas nuvens. Curioso, João sobe pelo pé de feijão e lá em cima descobre um castelo. No castelo, mora um gigante. Enquanto explora o castelo, João ouve o gigante se aproximando e se esconde. Após jantar, o gigante cochila e João aproveita para fugir, não sem antes levar algumas moedas de ouro que o gigante deixara sobre a mesa. João volta pra casa e conta para a mãe e sucedido. Ambos se alegram pela boa sorte e vivem bem por um tempo com as moedas roubadas por João.
Tempo depois as moedas acabam e, para evitar nova penúria, João sobre novamente no pé de feijão e novamente vai ao castelo com o fito de roubar algumas moedas. Porém desa vez João descobre uma ganso que colocava ovos de ouro (algumas versões dizem uma harpa de ouro que tocava sozinha). E mais uma vez, enquanto tentar fugir, o gigante chega, janta e acaba cochilando. Desta vez, ao tentar sair do castelo com o ganso, este grasna e acorda o gigante. Vendo que está sendo roubado ele persegue João.
João desce pelo pé de feijão, e enquanto o gigante descia, ele corta o pé de feijão que cai, derrubando o gigante, matando-o. João então vive feliz para sempre com seu ganso que coloca ovos de ouro.
São inúmeras as variações desta história, em algumas João invade o castelo três vezes, em outras há uma galinha ao invés de um ganso; algumas dão conta que João rouba, além do dinheiro e de uma galinha, uma harpa que toca sozinha. Porém, o ponto em comum em todas estas histórias é que, ao contrário das fábulas tradicionais, não há uma lição de moral direta. Porém, podemos traçar inúmeras as analogias aqui, que ilustram a realidade do pensamento de esquerda no Brasil e no mundo: desde a falácia keynesiana de que imprimir dinheiro é a solução para todos os males econômicos, passando pelo conceito de propriedade privada e até mesmo a noção historiográfica de que a história oficial é escrita pelos vencedores.
Antes, contudo, duas importantes observações: 1) Obviamente que o autor da história não a escreveu pensando em tais lições. Mas aqui cabe o conceito de parábola, onde uma história simples tem a capacidade de ilustrar uma realidade mais complexa. 2) “Ah, mas é só uma história, e nas histórias coisas incoerentes acontecem e…” OK, mas repito o que escrevi antes, histórias, ainda que simples, podem nos fazer refletir sobre situações complexas. E este será o exercício aqui.
A história começa com uma perfeita ilustração do conceito de nacionalismo barato uma ideia tola que só atrasa ao invés de desenvolver. João e sua mãe eram pobres e se contentavam em vender o leite de sua única vaca. Não havia um planejamento maior! Não havia uma poupança, um excedente que lhes permitisse adquirir novas vacas. Não havia trocas nem busca por novas alternativas de renda. Eles se contentavam com uma única vaca e eram reféns de uma mentalidade arcaica (e isso ficará ainda mais claro mais adiante na história). Ao ver que a produção de leite diminuía dia após dia não houve nenhum projeto pensado a longo prazo. Por que não agregar valor ao leite, vendendo-o na forma de manteiga, por exemplo?
Mas ignoremos esse pano de fundo e nos concentremos nas atitudes de João e de sua mãe. Quando finalmente decidem mudar – após uma crise, e não por vislumbrar novas oportunidades – João e sua mãe bolam um plano; um bem ruim, é verdade, mas ainda assim, um plano: vender a vaca. E o plano só piora quando a mãe manda que o garoto, uma pessoa inexperiente, venda a vaca. João, além de parvo é preguiçoso e decide tomar o caminho mais fácil: iludido com uma promessa mágica, troca a vaca por um punhado de feijões. A analogia aqui com a questão da indústria nacional fala por si só.
Não se sabe como, mas incrivelmente os feijões eram mágicos e nascem. João acertou – pelo motivo errado, mas acertou. As commodities valorizaram apesar de tudo, abrindo caminho para aquela família a um novo reino, com novas possibilidades. João resolve explorar o reino e qual a primeira coisa que ela faz? ROUBA (voltarei a este verbo mais à frente) algumas moedas e as traz para casa. Como sai incólume desse crime, João pensa que está tudo bem, aplacando a sua consciência, e pensando que, se tudo der errado, ele pode voltar a subir no pé de feijão.
A sorte sorriu para João. João tem uma quantidade incrível de ouro. E o que ele faz? Investe? Compra mais vacas, já que pelo menos entende de leite? Explora o pé de feijão como atração turística? Usa o dinheiro para comprar mais casas e viver de aluguel? Ao menos especula no mercado futuro do leite? Nenhuma dessas alternativas. João e sua mãe simplesmente gastam o dinheiro sem se preocupar com o dia de amanhã. Afinal, basta subir no pé de feijão de novo, não é? Isso mostra que a mentalidade de João e de sua mãe era atrasada. Não buscavam melhorar de vida, senão apenas enriquecer. E esse era o maior pecado de João e sua família e, provavelmente, a verdadeira causa de sua pobreza.
A realidade não é diferente da história. Gastar, consumir, não são sinônimos de riqueza. Nunca foram (antes são sinônimos de mera ostentação). Diversos países, e o exemplo mais latente é a Venezuela, acharam muito ouro (ou petróleo) e ao invés de usar esse dinheiro de forma inteligente, ostentaram medidas populistas. Crédito à rodo, subsídio fácil… Nenhum incremento na poupança, nenhuma fonte de renda. Apena só consumo de crédito.
Quando o dinheiro acaba (e ele SEMPRE acaba), João, tranquilo, sobe de novo no pé. Dessa vez, o inteligentão do João tem uma ideia melhor: E se ao invés de roubar as moedas, eu roubar a impressora de moedas (no caso, o ganso dos ovos de ouro). João adentrará de vez no keynesianismo.
O plano de João funciona, e ele consegue roubar a impressora de dinheiro do gigante. Como a história acaba no “felizes para sempre” tem-se a impressão que o segredo do sucesso é imprimir dinheiro. Ledo engano.
Basta um pouco de imaginação e concluiremos, sem muitas dificuldades, que com o passar dos dias, o ouro se tornaria tão comum na aldeia de João, que logo as pessoas teriam uma percepção errada de valor. Coisas simples, como pães e leite, passariam a ser valorados em gramas de ouro, não mais em moedas de cobre ou prata.
Assim, se no curto prazo, imprimir dinheiro (ou botar ovos de ouro, você escolhe) parece uma boa ideia, no médio e, principalmente no longo prazo, o desastre é inevitável. João logo se tornaria como um Zimbábue com suas notas de 100.000.000.000.000 (cem trilhões, caso você tenha se perdido nos zeros) de dólares Zimbábues – e que não valem nada.
Mas as lições da não acabam aí. João invade o castelo do gigante, rouba e mata o gigante. No final, é pintado como herói da história. Ainda se casa com uma princesa. Recompensa justa para alguém que praticou roubo e homicídio? Até tentaram tornar o gigante em alguém malvado que comia carne humana (embora comesse outras coisas também). Porém, em momento algum o Gigante ameaça João ou sua família, ou sua aldeia, sequer o seu mundo. É João quem sobe no pé de feijão, não o contrário; é ele quem primeiro invade a propriedade do Gigante, que acaba perseguindo João com fito unicamente de recuperar seus bens e repelir uma injusta agressão.
O ponto é, o gigante estava lá “de boas” em seu castelo. João é quem invade o reino e agride o modo de vida do gigante com o intuito de manter intacto o seu modo de vida (que lembremos, era preguiçoso e perdulário). Mais uma vez, a analogia aqui fala por si só. Como será que os outros gigantes do reino contaram para seus filhos e netos o que sucedeu com o dono do castelo? E mais, será que houveram imensas marchas entre os gigantes pedindo a integração entre gigantes e os humanos, dizendo que os humanos são uma raça de paz e que só uma minoria extremista é que faz mal; que não se deve julgar toda uma raça, por causa da atitude de alguns? Jamais saberemos.
Nunca um pé de feijão pode nos ensinar tantas e tão atuais lições de vida. Obrigado, Benjamin Tarbat. Embora, a história original, não traga nenhuma lição de moral, ainda assim ela é capaz de nos ensinar muito.