• Prof. Márcio Andrade
  • 27 Julho 2017

(Publicado originalmente em www.institutoliberal.org.br)

Quando você quer ajudar as pessoas, você diz a verdade a elas; quando você quer se ajudar, você diz a elas aquilo que querem escutar.” (Thomas Sowell)

O episódio aconteceu ano passado numa das escolas em que trabalho como professor de Português e Literatura. Estava saindo da aula, caminhando pelo corredor, quando passei em frente a uma turma de Ensino Fundamental (8° ano) e ouvi a voz ecoante do professor de história: “Capitalismo é a ferramenta opressora que coloca vocês na miséria, tornando os ricos cada vez mais ricos; ele é um grande mal para a sociedade e o representante disto aqui no Brasil é o PSDB”.

Num primeiro momento surgiu-me a perplexidade, imaginando qual seria o impacto daquelas palavras no livre-pensar de uma criança, outrossim, que razões levariam o docente a albergar este tipo de colocação no íntimo da sala de aula.

Será que exibir sua opinião partidária – como se fosse item de ementa obrigatória -constitui ensino libertador, representando uma educação reflexiva?

Depois, veio aquele desconforto, pois acredito que o professor deveria ensinar seus alunos a pensarem por si mesmos, refletindo na base da argumentação sólida, buscando o crescimento intelectual por intermédio da lógica, da experimentação e, invariavelmente, do bom senso. Aspectos que não percebi naquele desolador palavrório aos jovens.

Se o papel do professor é fornecer subsídios aos alunos para que formem suas próprias convicções, propor indagações críticas sobre os mais variados temas (científicos, econômicos, sociais, políticos, etc.) … qual a razão do ‘achismo partidário’ em sala de aula? Por que esvaziar a ciência para fortalecer o ativismo ideológico?
Quando um professor entra na sala para dizer que ‘determinado partido é bom, enquanto outro é mau’, não temos uma distorção do verdadeiro papel a ser exercido dentro do educandário?

Desta forma o projeto Escola Sem Partido (ESP) pode não ser ideal, mas já é um começo para que possamos debater a respeito dos conteúdos que estão sendo ensinado nas escolas.

Não deveria existir problema em questionar as temáticas trabalhadas na sala de aula, mas temos assistido ao triste espetáculo interpretado pelo professorado que não permite sequer tocar-se no assunto. Será democrático obrigar pais e alunos a não falarem sobre um tema que envolve diretamente o interesse deles?

Comunidades prósperas educam seus filhos para a liberdade intelectual, constroem conhecimento a partir da busca pela verdade, pela edificação lógico-moral do saber, assim, neste sentido, parece-me que estamos muito à margem do caminho.

Obviamente há professores comprometidos com uma proposta pedagógica libertadora e democrática, não obstante, devo reconhecer como bem-vindo todo projeto destinado a refletir o papel da escola na atualidade. E, de alguma forma, o ESP convida-nos ao exercício dialético.

Afinal, o que é Doutrinação ideológica nas escolas? Isso existe de fato? Como tem sido praticada? Quais são seus efeitos?

Deixemos de lado os preconceitos intencionalmente criados pela ideologia oficial, e criemos (o mínimo de) consciência para retirar as mordaças impostas pelo status quo. Hoje, não é possível discutir escola de qualidade sem a coragem para enfrentar este assunto.

* Professor de escola pública estadual e municipal em Pelotas/RS.

 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico.
  • 26 Julho 2017

 

CONSEQUÊNCIA
Recentemente dediquei um editorial para afirmar, explicar e esclarecer que IMPOSTO é pura CONSEQUÊNCIA da criação e/ou aumento das despesas públicas aprovadas pelo Poder Legislativo (leia-se vereadores, deputados e senadores). Ponto.

 

RENÚNCIA DE DESEJOS

No Brasil, levando em conta a baixa qualidade da contrapartida, ou inexistência, o IMPOSTO nada mais é do que um prejuízo direto para o bolso do pagador. Mais: é injusto porque obriga o pagador a renunciar a certos desejos de consumo para contribuir, de forma compulsória e nojenta, para satisfazer aos anseios governamentais absurdos.

 

PAGADOR DE IMPOSTOS
Ah, nunca se esqueçam da seguinte e inquestionável verdade: nenhuma despesa pública sai de outro lugar que não do bolso do pagador de impostos. Mais: quando o governante se vê obrigado a obter empréstimos para poder pagar uma ou mais despesas públicas, quem assume financiamento é o PAGADOR DE IMPOSTOS. Simples assim.

 

PARA TODO O SEMPRE
Pois, para deixar até o diabo com os cabelos em pé, as maiores e mais impactantes despesas públicas criadas e/ou aumentadas através de leis aprovadas em plenário pelos nossos legisladores, são PARA TODO O SEMPRE. Ou seja, uma vez aprovadas e sancionadas, o que resta, segundo impõe a Constituição, é HONRAR.


PROTEGIDOS
O que muitos brasileiros ainda não entenderam, por exemplo, é que despesas com servidores estão protegidas por Cláusulas Pétreas. Isto vale tanto para servidores ATIVOS quanto, e principalmente, INATIVOS (aposentados). Para que tenham uma ideia do problema vejam que no Estado do RS os aposentados do setor público já representam 54,5% do total da folha paga pelo Tesouro. Que tal?


SECRETÁRIOS DA DESPESA
Aliás, bem a propósito, lembrei de uma reunião realizada pela Comissão de Reforma Fiscal da Câmara dos Deputados, na década de 1990/2000, após o Plano Real, que teve como convidado o Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. Lá pelas tantas, diante de tantas perguntas idiotas feitas por vários deputados que compunham a Comissão, Everardo fulminou: - Vocês precisam ter em mente que a RECEITA FEDERAL tem um SECRETÁRIO. O Congresso Nacional, por sua vez, abriga 594 SECRETÁRIOS DA DESPESA (513 deputados e 81 senadores).


 

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  • Guilherme Socias Villela
  • 26 Julho 2017



A frase do título em tela é um excerto, quase ipsis litteris, de um manifesto proferido pela cantora e compositora Ana Carolina. No início refere-se ao que se aprendia na infância: não roubarás; meu filho devolve o lápis de cor e a régua do teu coleguinha de aula; não mintas; se afasta das más companhias — e assim por diante. Hoje, aduz, o que se vê na política são cuecas e malas cheias de dólares, fraudes, lavagem de dinheiro, propinas, compra de votos, roubalheiras e o escambau — todos viajando na bagagem nacional da hipocrisia e da impunidade. À colação, revela o que há de mais sórdido. Obsceno. Indecente.

Em outro nível de reflexão, assevera o escritor João Ubaldo Ribeiro: a esperteza é moeda mais valorizada do que o dólar. Não dá para deixar jornais em caixas nas calçadas para que alguém os compre, deixando os demais onde estão! Pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam dos órgãos públicos por não limparem os esgotos. Fazem "gatos" para roubar luz, e água e TV a cabo — elevando a conta dos outros. Passageiros jovens de um ônibus fingem que dormem para não dar lugar para os mais idosos ou para mulheres grávidas. Finaliza com a asserção que pouco adianta apenas mudar os governantes porquanto, na sequência, se repete a desonestidade e a impunidade institucionalizadas.

Assim, o que se observa é que a coleção de escândalos nacionais contemporâneos resulta de um mínimo de disciplina e uma imensa falta de compostura social — questão que vem de longe, diriam, entretanto mais e mais aparecem a ponto de alguns setores acharem que a corrupção passou a ser socialmente aceita. Absurdo!

O protesto da cantora finaliza com algo assim: "Mas minha esperança é a última que morre! Mais honesta ainda vou ficar, só de sacanagem!"

Por fim, o talento do referido escritor lembra que somos nós e os governantes que têm que mudar. "Estou seguro que vou encontrar um dos responsáveis por isso tudo: começo olhando-me no espelho."

É por aí, saudoso João Ubaldo.

*Economista e ex-prefeito de Porto Alegre.
 

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  • Paulo Briguet
  • 26 Julho 2017

 

O Brasil é o país do crime. Aqui há genocídio das pessoas, genocídio da economia e genocídio da inteligência.

(Publicado originalmente na Folha de Londrina)

Reza a lenda que na antiga corte do rei da França o jovem príncipe nunca apanhava se cometia alguma peraltice. Quando o herdeiro era pego em alguma falta, os tutores escolhiam algum dos amiguinhos do príncipe para apanhar no lugar dele. O objetivo desse estranho procedimento era impressionar e corrigir o herdeiro do trono com os gritos de uma criança inocente.

A história do príncipe que não apanhava foi contada pelo Padre José Kentenich aos seus alunos do Seminário Palotino de Vallendar (Alemanha), em 1912. Consta que os alunos ficaram escandalizados com o costume da antiga corte francesa, qualificando-o como ato bárbaro. Neste momento, Kentenich virou-se para os jovens e disse:

— Mas esta cena se repete todos os dias em nossa vida!

Na verdade, a situação na corte da França — explicou o mestre — era menos injusta. O príncipe ao menos ouvia os gritos do bode expiatório; nós somos surdos a eles. A cada vez que cometemos uma falta, uma negligência, uma mentira, uma omissão ou um pecado, alguém sofrerá em algum lugar do mundo. Mas nós muitas vezes ignoramos completamente a situação da vítima. São gritos silenciosos.

Nosso país está vivendo um pesadelo. O professor Olavo de Carvalho tem insistindo sobre isso há muitos anos, e poucos lhe dão ouvidos!

Um brasileiro é assassinado a cada nove minutos (são 70 mil mortes por ano, mais do que países em guerra declarada). Profissionais de categorias ideologicamente "incorretas", como policiais e agentes penitenciários, são mortos como moscas. Em 2017, só na cidade do Rio de Janeiro, foram assassinados 91 policiais, and counting. O número de roubos, assaltos e estupros é igualmente terrificante.

Quatorze milhões de nossos irmãos perambulam à procura de um emprego. Trabalhamos, todos nós, cinco meses do ano para financiar uma enorme máquina ineficiente, voraz e corrupta — e mesmo assim o governo temeroso ainda aumenta os impostos da gasolina.

O QI médio da população brasileira vem caindo progressivamente, em consequência das desastrosas políticas educacionais. Militantes universitários vêm produzindo, através da lavagem cerebral ideológica, uma legião de analfabetos politizados (algo jamais sonhado por Bertolt Brecht).

O nome disso é genocídio. Mas também pode ser chamado de democídio — o assassinato de um povo —, como o fizeram os promotores Diego Pessi e Leonardo Giardin de Souza no excelente livro "Bandidolatria e Democídio". Temos o genocídio propriamente dito, com os assassinatos; o genocídio econômico, com o desemprego e o estrangulamento da atividade empreendedora; e, por fim, o genocídio cultural e intelectual. Este último produz um exército de mortos-vivos prontos a falar, agir e votar conforme as ordens do Grande Companheiro. Mas, como já disse Olavo, o pior é o primeiro: pois, para deixar de ser pobre e burro, você precisa estar vivo.

As vítimas dos três democídios brasileiros estão gritando. Quando as ouviremos?


 

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  • Augusto Nunes
  • 25 Julho 2017

 

Quando não envergonha o Senado com berreiros na tribuna e no plenário ou comendo quentinhas à meia-luz na Mesa Diretora, Gleisi Hoffmann veste a camisa vermelha de presidente do PT para envergonhar o Brasil desfiando cretinices no exterior. Foi o que aconteceu neste domingo, quando baixou na Nicarágua para representar a vanguarda brasileira do atraso no 23° Encontro do Foro de São Paulo.

Já no dia da chegada, jurou que o chefe condenado por corrupção e lavagem de dinheiro é perseguido político, ensinou que a ditadura cubana é oprimida pela democracia americana (ela prefere “estadunidense”) e, enquanto um plebiscito simbólico mostrava a musculatura e o poder de mobilização da oposição democrática venezuelana, promoveu Nicolás Maduro a defensor da liberdade ameaçada pela direita golpista.

Aos olhos da senadora que ganhou da Odebrecht dois codinomes e muito dinheiro, o tiranete bolivariano é vítima da onda de violência que, nos últimos três meses, já matou quase 100 oposicionistas. Maduro e Gleisi hoje lideram ramificações de uma velharia ideológica estacionada no século 19. Logo estarão disputando a liderança de alguma ala das cadeias em que ficarão hospedados.

 Imagem - Renato S. Cerqueira/Folhapress
 

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 24 Julho 2017

 

O ensinamento que dá título a esse artigo pertence ao filósofo Heráclito, considerado o pai da dialética. Para ele tudo está em movimento. Isso significa que nós e nossas circunstâncias estão sempre mudando, portanto, nada se repete.

Transpondo o antigo e sempre atual pensamento do filósofo grego para a política do momento, tomemos como exemplo o caso de Lula e de seu partido, o PT. Discute-se se ele ganha ou não a eleição presidencial de 2018. Surgem pesquisas onde ele figura com 30% de votação, porcentagem que o PT manteve por muito tempo sem lograr vencer. Mas na mesma pesquisa ele é rejeitado por 54% dos entrevistados. Para confundir mais a opinião pública Lula é no momento o único candidato em campanha frenética mesmo antes de ser indicado pelo PT, o que é ilegal, mas permitido ao petista. Pesquisas podem ser eficiente marketing de campanha e muita gente pode até crer que o candidato único já ganhou.

Entretanto, é interessante analisar se Lula e suas circunstâncias são as mesmas de antes, quando ele pairava acima da lei e hipnotizava as massas com bravatas, mentiras e palavreado vulgar.

Relembre-se que Lula foi transformado pelo marketing em um mito inatacável, sendo que no Dicionário Aurélio uma das definições de mito é: “ideia falsa, sem correspondente na realidade”. Será que agora o mito está sofrendo uma erosão? Recordemos resumidamente alguns fatos que mostram como mudaram as circunstâncias do poderoso chefão e do seu partido.

1º - O impeachment de Rousseff foi antecedido por impressionantes, inéditos e espontâneos protestos populares em todo o país, quando milhões foram às ruas gritar: “Fora Dilma”. “Fora Lula”. “Fora PT”.

2º - A pressão das ruas desencadeou o impeachment que venceu por larga margem de votos na Câmara e no Senado. Muito pedidos foram protocolados, mas foi aceito aquele em que um dos signatários, significativamente, foi Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, eminente companheiro por muito tempo.

Em vão Lula tentou evitar que deputados e senadores votassem a favor da cassação de sua criatura política. Seu desprestígio ficou evidente e pode ser simbolizado pela “traição” do deputado Tiririca. Nem este obedeceu ao “mestre”.

Mesmo Rousseff tendo conservado seus direitos políticos por uma manobra inconstitucional, seu impeachment foi um tiro de canhão no peito da Jararaca e do PT, algo cuja profundidade ainda não foi devidamente analisada. De todo modo, pode-se dizer que ali começou a erosão do mito.

3º - Uma das consequências do impeachment apareceu nas eleições de 2016, quando o PT perdeu 60% de suas prefeituras. Em termos de poder e cargos isso foi uma enormidade. Se o PT repetir a performance em 2018, o que pode acontecer, se transformará em partido nanico, com pouca representação no Congresso.

4º - A descrença com o partido foi demonstrada não só por Hélio Bicudo. Em 9 de abril deste ano, membros do PT escolheram dirigentes municipais e delegados estaduais. Compareceram cerca de 200 mil militantes, o que representa menos da metade dos votantes de 2013. Além disso, 27% dos municípios não conseguiram sequer formar uma chapa de 20 filiados para compor o diretório municipal.

5º - Diante da crise petista, que sem dúvida enfraquece o “lulismo”, ditos movimentos sociais resolveram arregimentar forças. Duas greves gerais foram tentadas e as duas fracassaram redondamente.

6º – Lula, o inimputável foi condenado pelo Juiz Sergio Moro que também sequestrou seus bens. Houve um ralo movimento de apoio ao líder na Av. paulista, alguns gatos pingados em poucas cidades. Nenhuma multidão foi às ruas para rasgar as vestes e arrancar os cabelos como Lula e o PT esperavam.

7º - Enquanto isso, Temer não cai, está melhorando a economia e conseguindo aprovação dos seus projetos no Congresso. Inclusive, as mudanças na ultrapassada Lei Trabalhista, em que pese o espetáculo pueril e ridículo das senadoras que tentaram em vão barrar a votação se aboletando por sete horas na mesa diretora.

8º - Lula não tem mais a força do PMDB, os magnatas empreiteiros que o elegeram estão presos, sem falar que seu próprio partido está enfraquecido e atônito.

Poderá Lula ser absolvido por outros tribunais? Tudo é possível no país da impunidade. Wesley Batista não recebeu “indulgência plenária” e disse que processa quem o chamar de bandido?

Se lula for absolvido poderá voltar à presidência em 2018? Ninguém dispõe de bola de cristal para prever o futuro e o povo é facilmente enganado, como já demonstrou em eleições passadas.

Um fato, porém, é real: nem Lula nem suas circunstâncias são as mesmas e, assim, está difícil para ele conseguir nadar de novo no rio do poder. Pelo bem do Brasil que isso não aconteça.

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

 

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