• Marco Poli
  • 08 Setembro 2019

 

Minha estrada é vasta e venho de longe. No caminho fiz amigos de todas as tribos, culturas e filosofias. Sempre procurando aprender e compreender o que leva o ser humano a ser tão genial e cometer tantas barbaridades. Na maioria das vezes tentando usar os 2 olhos e 2 ouvidos em detrimento da única boca. Aprendi com meu pai, um mestre nessa arte, que só falava oportunamente. Em compensação mamãe descontava, falando pelos cotovelos, mas pra isso estudou a vida inteira, ela que foi diplomata de carreira e sempre insistiu comigo para sempre estudar e me preparar pra não falar besteira.

Desde sempre aprendi então que o português é o cartão de visita de quem vive em Terra Brasilis, que a história é a base cronológica da argumentação e que estudar filosofia ajuda muito o raciocínio lógico e a compreensão de eros. Com certeza uma bela influência que guardamos de nossa mãe. Meu irmão, por exemplo, é pós-graduado em filosofia na Alemanha. Vai debater com ele pra ver se é um passeio no parque?

Ao mesmo tempo por ser criado num lar plural, com pai Trabalhista e mãe Udenista, aprendi desde sempre que a discussão política é basilar no pensamento humano. Somos animais políticos e que esta só -E SOMENTE SÓ- deve ser travada num ambiente de respeito às ideias dos interlocutores. Caso contrário, quebraríamos os pratos em cada refeição lá em casa. Pelo contrário, sempre fomos da sopa à sobremesa e saímos alimentados, com os pratos salvos e com a cabeça sempre um pouco mais aberta a novas propostas.

Casualmente li, esta semana, um texto publicado pela revista americana Foreign Affairs (https://www.foreignaffairs.com/…/201…/your-brain-nationalism) que fala das interpretações feitas pelo córtex cerebral mediante estímulos contraditórios e ações mecânicas não usuais, em pleno escaneamento cerebral. As reações sempre tardam quando o raciocínio entra em ação, deixando claro que o ser humano traz razões culturais. Pelo estudo os próprios fundamentos do afeto e da cooperação também estão na raiz dos impulsos sombrios da humanidade. A culpa não é cultural; é atávica. O hormônio ocitocina, o mesmo que regula seu afeto e docilidade pela mãe desde o tempo do peito, quando vc não compreendia nada, é o mesmo responsável por agregar e dar estrutura fraternal a grupos heterogêneos, como um time de futebol ou uma claque partidária. É ela, a ocitocina, que leva os mamíferos a esse comportamento gregário e de proteção de grupo, mas que os faz feroz contra quem aparentemente está fora, quem não pertence ao mesmo “clã”. E a liberação do hormônio torna o grupo feroz, além de irracional. Sejam estes, chimpanzés de Uganda, torcedores de um clube de futebol, ou uma claque política.

Quem não aprende a controlar seus instintos, usando a razão a seu favor, vai sempre agir como um bando que precisa proteger os seus a todos custo, mesmo que não esteja sendo atacado, enquanto vai tentar destruir aquilo, ou quem, foi detectado como inimigo. É este o motivo científico da radicalização do debate, do “nós contra eles”. E a dissonância cognitiva daqueles não tentam entender o contraditório, preferindo fechar-se no casulo do pensamento único, os levará a quebrar os pratos antes de aproveitar a refeição, inviabilizando duas coisas fundamentais à espécie humana: alimentar-se e desenvolver ideias, mas enfim, quem prefere se comportar como um bando de chimpanzés, não vai ter capacidade para entender o contraditório e fazer evoluir ideias dentro de um cérebro limitado.

Daí pra se apaixonar pelo algós, por quem o colocou no cativeiro e causou sua tragédia, porque o alimenta e o mantém dentro do mesmo grupo é apenas uma demonstração de Síndrome de Estocolmo"

* Marco Poli é jornalista
**Do Facebook do autor.
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 05 Setembro 2019

 

A pós-modernidade brinda a vida com uma série de falácias, mentiras e mitos. Porém, traz algumas verdades: permissividade, deleite no curto prazo e a ditadura de direitos!

Inquestionavelmente, no mundo real, a criação humana do Estado é capaz de impulsionar - ou pelo menos não atrapalhar - ou barrar o desenvolvimento de organizações e pessoas. Políticas institucionais de estado, econômicas e sociais, moldam as preferências temporais de empresas e indivíduos.

Vejamos. Na vida empresarial, alguns decretaram o fim do compromisso da estratégia com o longo prazo. Outros, até mesmo o perecimento da estratégia, já que o foco tem que estar em sistemáticas inovações de curto prazo. Será mesmo?!

Frequentemente, vejo gente confundindo novas tecnologias e inovações incrementais com verdadeiras mudanças estratégicas! A tecnologia da informação é somente uma parte do negócio. Crítica, contudo, não exatamente altera o que é um determinado negócio, mas fundamentalmente o "como"; a proposta de valor - inovadora - da empresa deve ser entregue para consumidores e clientes (não apenas uma vantagem, mas múltiplas!). A digitalização deveria servir para um repensar sobre a validade e adequação de determinada estratégia e seu respectivo modelo de negócios. O digital não é uma panaceia.

Não, nem a estratégia, tampouco o longo prazo estão mortos. Muito antes pelo contrário.
A estratégia é uma estrutura robusta, com princípios fundamentais e orientadores para uma tomada de decisões eficiente e eficaz. Não é a longo ou a curto prazo, mas é sobre alocação de recursos referentes à fontes de criação de valor; diferenciadoras e de custos. Se não existe uma estratégia consistente, decisões inadequadas serão tomadas! Estratégia de fato, refere-se ao que precisa ser feito hoje para moldar e prosperar no futuro.

Pesquisas recentes têm demonstrado que empresas que gerenciam num horizonte de longo prazo, alcançam crescimento de margem sustentável e lucros maiores do que aquelas que administram no curto prazo. Os grandes movimentos estratégicos - para além de novidades incrementais e cortes de custos - tais como crescimento em novos produtos, serviços e mercados, dependem de foco no longo prazo! Evidente que as políticas governamentais influenciam, positiva e negativamente, a preferência temporal das organizações.

Já a vida em sociedade, num mundo pós-moderno, gestou a cultura (falta!) do tudo é permitido, do imediatismo, da escassez de conteúdo legítimo e dos "especialistas" - e celebridades - das redes sociais. Pessoas são encorajadas para a obtenção de prazer, da gratificação imediata, do curto prazo. Sobretudo, aqueles menos abastados trocam as possibilidades de um futuro melhor pelas benesses no presente.

Todos esperam ter seus "direitos" assegurados pelo estado grande. Desincentivo a capacidade de realização das pessoas, a autodisciplina suficiente para sacrificar satisfação presente por uma futura. Persistente desemprego e baixa renda não são causas, mas os efeitos dessa cultura imediatista em que tudo é permitido!

A cultura da libertinagem afasta indivíduos de valores fundamentais do trabalho árduo, contumaz e da necessidade de estudo e atualização permanente. Retira dos cidadãos o livre arbítrio na definição e perseguição de seus próprios objetivos de vida, principalmente aqueles mais distantes da escala de valores prazerosos de curto prazo.

O estado benfeitor infantiliza as pessoas, à medida em que essas passam a esperar do governo a solução de seus problemas econômicos e sociais e, assim, os induz para a satisfação imediata em detrimento de um planejamento e ação de mais longo prazos.

Parece-me que quanto menos liberdade e livre iniciativa se tem no contexto social, quanto mais o governo intervém e se apropria da renda dos cidadãos, por meio da cobrança de impostos, mais fortemente ele impacta nas preferências temporais de empresas e indivíduos. Infelizmente, prepondera o “curto-prazismo”!

Como resultado dessa cultura libertina e de iniciativas paternalistas e estatizantes, empresas reduzem investimentos, derrubando produtividade, lucratividade e diminuindo respectiva geração de empregos. Por sua vez, indivíduos são impulsionados a viver apenas o presente gratificador, aquele que inibe a busca de desenvolvimento individual, por meio do esforço próprio, da poupança e do mérito.

Enfim, esse estado paternalista, patrimonial, clientelista e intervencionista reduz a oferta de bens, serviços e recursos presentes para empresas e indivíduos, aumentando a preferência temporal e fomentando uma sociedade mais orientada para o presente.

Tristemente, o imediatismo afeta tudo e todos, perenizando uma falsa consciência de direitos ilimitados, de interesses clientelistas que, no longo prazo, entrava o indispensável processo civilizatório.

Pois é: as coisas boas vêm para aqueles que esperam, mas as melhores ainda para aqueles que vão buscá-las! Agora percebe-se que o governo quer ajudar!

Alex Pipkin, PhD

 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 05 Setembro 2019


CAPITALISMO
Aos poucos, graças ao emprego de uma MATRIZ ECONÔMICA LIBERALIZANTE que conta com o avanço de PRIVATIZAÇÕES E CONCESSÕES, o povo brasileiro, depois de conviver com tantos insucessos, produzidos ao longo de 50 anos, por vários governantes SOCIALISTAS, dá sinais de que está, enfim, disposto a experimentar o CAPITALISMO.


CONTROLE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
No Brasil, vale registrar, o CAPITALISMO, mesmo sem ter sido degustado no nosso empobrecido Brasil, sempre foi muito demonizado. Isto, porque ao longo de várias gerações a maioria das escolas, com forte e constante apoio da mídia, fez com que o povo brasileiro acreditasse, piamente, que o controle dos meios de produção não é tarefa para a iniciativa privada, mas apenas e tão somente ao governo.


DESPERTAR DO SONO PROFUNDO
O despertar deste SONO PROFUNDO, provocado pelas constantes ingestões de DROGAS PESADAS ministradas pelos SOCIALISTAS que tomaram conta das CORPORAÇÕES, tanto do setor público quanto privado, se deu graças aos sons das potentes sirenes disparadas pela eficiente Operação Lava Jato.


CORRUPÇÃO E DESTRUIÇÃO DA ECONOMIA
Ao acordar, o povo viu, claramente, as milhares de cenas que escancaravam, além de farta CORRUPÇÃO que corria solta por todos os cantos do nosso país, uma forte DESTRUIÇÃO DA ECONOMIA, cujos efeitos aí estão, como, por exemplo:


EFEITOS INQUESTIONÁVEIS
- DÉFICIT PÚBLICO MONUMENTAL;
- PIB ESTAGNADO;
- DESEMPREGO NAS NUVENS;
- TRANSFERÊNCIA BRUTAL DE DINHEIRO DOS BRASILEIROS PARA PAÍSES COMUNISTAS; etc., etc...


CARTILHA DO FORO DE SÃO PAULO
Como se vê, o que está fazendo com que o povo brasileiro queira, enfim, experimentar o CAPITALISMO não foi o convencimento. Foi o desespero somado ao medo de que o Brasil viesse a entrar no redemoinho que levou a Venezuela e outros países comunistas à DESTRUIÇÃO ECONÔMICA, como manda a Cartilha da Organização Comunista - FORO DE SÃO PAULO-.

 

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  • Jorge Schwerz
  • 04 Setembro 2019

 

“Essa inverdade do Macron ganhou força porque ele é de esquerda e eu sou de centro-direita. Deixo bem claro isso aí para vocês” - disse o Presidente Bolsonaro durante entrevista realizada a jornalistas que acompanhavam a recepção ao Presidente do Chile, Sebastián Piñera, no dia 28 de agosto de 2019.

De imediato, a frase colocada pelo Presidente do Brasil chamou a atenção de vários comentaristas políticos, que correram para afirmar que Macron era considerado, pelos franceses, como de centro-direita. Será mesmo?

O Presidente francês Emmanuel Macron, eleito em 7 de maio de 2017, é economista de formação. Teve o seu início político na Esquerda, unindo-se ao Partido Socialista de François Hollande, o qual o levou ao Palácio Eliseu como Ministro da Economia, em 2012.

Um pouco mais de um ano antes das eleições presidenciais francesas de 2017, Emmanuel Macron abandonou o Governo de Hollande e criou o seu próprio Movimento Político, o “En Marche” (alguns dizem fazer alusão às suas iniciais: EM) apresentando-se como uma alternativa ao que existia à época, dizendo não ser nem de direita e nem de esquerda.

Mas então porque os franceses o veem como de centro-direita?

Esta foi a pergunta feita pela Professora-pesquisadora Speranta Dumitru, da Universidade Paris-Descartes, em artigo ao periódico The Conversation, ao analisar o livro lançado por dois dos ex-conselheiros de Macron - David Amiel e Ismael Emelien. Nessa obra, os ex-conselheiros de Macron defendem a agenda do “Progressismo” do seu governo, em oposição a agendas “Populistas”, cujos líderes mais destacados dizem ser Trump (EUA), Mateo Renzi (Itália)1 e, naturalmente, Bolsonaro.

De acordo com a Professora Dumitru, “Este livro, Le Progrés ne tombe du ciel (O Progresso não cai do Céu), é claramente de esquerda. Como explicar que um pensamento de esquerda é percebido na França como sendo de direita?” 2. “Uma das hipóteses está na oferta do pensamento político existente na França”, explica a Professora Dumitru. “Enquanto a esquerda conhece uma multiplicidade de tendências, a direita enfrenta um empobrecimento ideológico. As doutrinas clássicas da direita - democracia cristã, conservadorismo, liberalismo - não são debatidas pelos intelectuais nem assumidas pelos partidos. Esse desequilíbrio apresenta o risco de distorcer a avaliação de toda a visão política” 2.

[...] “A democracia cristã, cujos representantes contribuíram para a fundação do projeto europeu, desapareceu no início da Quinta República (com o fim do Movimento Popular Republicano). Quanto ao "conservadorismo" e "liberalismo", os políticos adotaram o uso pejorativo dessas palavras, privando seu eleitorado de uma pluralidade de visões de mundo” 2 .

Assim sendo, apesar de Macron adotar programas claramente de esquerda, não levou muito tempo para a Mídia francesa colar nele a pecha de “Pai dos Ricos”, após a implementação de reformas impopulares na área econômica.

Uma das agendas de Macron, vindas da esquerda, foi implementada logo no início do seu governo, por intermédio do igualitarismo entre homens e mulheres, pois metade dos 22 membros do primeiro escalão foram preenchidos por mulheres. Ou, como começa o artigo do jornal La Tribune, de 18 de maio de 2017, “Um feminista no (Palácio) Eliseu” 3 . Macron dizia que a igualdade entre homens e mulheres era uma “causa nacional”.

A verdade é que Macron sempre usou a camisa do “diferente de tudo que está aí”, para poder se utilizar de programas já apresentados por ambos os lados do espectro político, sem ficar rotulado por eles.

A ironia é que, uma das maiores derrotas políticas da era Macron, o Movimento dos Coletes Amarelos, teve como gatilho a continuação de uma política de meio ambiente do Partido Socialista, na qual o Governo Francês aumentou o preço do diesel procurando desestimular os proprietários de veículos automotores a utilizarem este tipo de combustível. (O colete amarelo faz alusão a quem tem posse de automóvel na França, visto que todos os veículos devem ter, no mínimo, dois coletes amarelos).

Da mesma forma, de acordo com o artigo do Editorialista do jornal francês Le Figaro, Ivan Rioufol, em artigo de 28 de agosto de 2019, Emmanuel Macron não deixou de lado a principal ferramenta das esquerdas: a mentira. “Quando Emmanuel Macron acusa o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de ter mentido, não lhe causa estranheza o lugar ocupado pela mentira na política francesa e fora dela. [...] Sua recente escolha de ilustrar incêndios na Amazônia com uma foto espetacular tirada há, pelo menos, quinze anos atrás é uma prática que antes era deixada para pequenos publicitários” 4 .

Macron continuou a oscilar entre a esquerda e a direita, tentando fugir de estereótipos, o que levou ao confronto com Bolsonaro: a agenda ambientalista.

Apesar de toda verve do dignitário francês sobre o meio-ambiente, sabese que é apenas desinformação, pois já ficou claro que o objetivo final de Macron é cancelar o Acordo entre a União Europeia e o Mercosul para defender o mercado francês.

Finalmente, a definição da posição no espectro político depende muito da posição do próprio observador neste espectro. Ou seja, da mesma forma que a mídia e o meio acadêmico brasileiro é, na sua maioria, grandemente influenciada pela esquerda e, a partir daí, define o Governo de Bolsonaro como “extrema direita”. Na França, igualmente, a mídia e o meio acadêmico, fortemente influenciada pela esquerda, não conseguem “ver” as ações esquerdistas de Macron, definindo-o como Centro-direita.

Bolsonaro acabou pegando Macron numa dessas visitas as suas origens esquerdistas: usando a mídia internacional para repercutir uma agenda ambientalista esquerdista e, por tabela, lembrando do seu passado colonialista ao propor a internacionalização da Amazônia.

O Presidente brasileiro não deve esperar as desculpas do Presidente francês, ele está muito ocupado procurando o seu caminho enquanto oscila entre a esquerda e a direita.

* O autor, Jorge Schwerz, é Coronel da Reserva da Aeronáutica, MsC pelo ITA e ex-Adido de Defesa e Aeronáutica na França e Bélgica.

Referências:
1 FRANCE INTER. Ismaël Emelien: C'est plus difficile pour les progressistes d'exercer le pouvoir. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VKbJMpXUb9M&list=WL&index=5&t=958s. Acesso em: 30 ago 2019;
2 DUMITRU, Speranta. Si Macron pense à gauche, pourquoi le voit-on à droite? Disponível em: https://theconversation.com/si-macron-pense-a-gauchepourquoi-le-voit-on-a-droite-116149. Acesso em: 29 ago 2019;
3 GAMBERINI, Giulietta. Les femmes du président Macron. Disponível em: https://www.latribune.fr/economie/france/les-femmes-du-president-macron715760.html. Acesso em: 30 ago 2019; e
4 RIOUFOL, Ivan. Comment le mensonge est devenu anodin. Disponível em: blog.lefigaro.fr/rioufol/2019/08/comment-le-mensonge-est-devenu.html.
 

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  • Samir Keedi
  • 04 Setembro 2019

 

Todos que nos conhecem sabem que sempre fomos avessos ao Mercosul. E continuamos sendo. Mas, perguntaria alguém. Mesmo com o recente acordo com a União Europeia? Nossa resposta é sim. Mas, obviamente, não somos contra esse fantástico acordo, que sempre defendemos.

Finalmente fechado, após 20 anos de esquerda evitando-o, e impedindo o país de se desenvolver, mesmo à custa de sua destruição, o que foi realizado. Sempre achando que quem faz desenvolvimento é país pobre e comunista. Política que norteou nossa atividade externa e comercial por quase duas décadas.

Finalmente temos um governo democrático, capitalista e, especialmente, liberal. Que pensa no país e no seu povo. E em tornar o Brasil um país desenvolvido. Não um grupo que só pensa em seus bolsos e apaniguados, e dane-se o povo como tivemos nos últimos 24 anos.

Temos muitos artigos propondo o fim do Mercosul. E por que isso? Por que esse bloco começou de maneira totalmente errada. Começou como se fôssemos todos países desenvolvidos, sendo, em realidade, pobres e remediados.

Todos sabem, e enfatizamos isso em nossos artigos e livros, que acordos comerciais devem seguir uma determinada lógica. Pode-se até queimar etapas, mas não da maneira como o Mercosul fez na sua criação.

O normal é começar como um Acordo de Preferências Tarifárias. Em que as mercadorias negociadas pelas partes, parcial ou na totalidade, tenham reduções de imposto de importação, que podem ser estanques ou variáveis ao longo do tempo. Nesse caso, com acréscimos nas reduções do imposto de importação, até se transformar em uma área de livre comércio.

A segunda etapa, que até pode ser a primeira, ser criado como uma Área de Livre Comércio. Com liberação total, em todas as mercadorias, de imposto de importação.

Após isso, pode-se ampliar o acordo, transformando-se numa União Aduaneira. Em que todas as importações de terceiros países têm as mesmas tarifas de importação nos países envolvidos, ou seja, uma Tarifa Externa Comum. Assim, se determinada mercadoria tiver imposto de importação de 10%, ele valerá para todos os países do bloco.

Não iremos adiante nas demais etapas, por não ser necessário, pelo Mercosul ser uma União Aduaneira.

O Mercosul, como citado no parágrafo anterior, começou de forma errada, como União Aduaneira. E qual o problema? O problema é que isso amarra todos os países para fechar qualquer acordo. Ou seja, no Mercosul é o famigerado 4 + 1. Para qualquer acordo, há que ter a concordância de todas as partes. Ainda bem que a Venezuela está suspensa, evitando o 5 + 1.

Assim, se um país não concordar com os termos do acordo, ele fica bloqueado. O acordo Mercosul – União Europeia sofreu desse mal, por isso levou 20 anos.

O Mercosul deveria ser extinto, ou se transformar num Área de Livre Comércio. Assim, cada país ficaria livre para fazer seus próprios acordos. E o Brasil faria acordo com quem bem desejasse, sem a interferência de outros países.

Chile e México têm mais de 40 acordos comerciais. República Dominicana tem 49. Brasil praticamente apenas na América Latina.

O tempo dirá se o acordo Mercosul-UE muda essa história e nos faz reentrar nas cadeias globais de valor, ou se precisaremos mudá-lo ou extingui-lo para avançar.

*Por Samir Keedi, de Ske Consultoria Ltda
**Publicado originalmente no DCI

 

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  • Irineu Berestinas
  • 04 Setembro 2019



Segundo Norberto Bobbio (filósofo político, historiador do pensamento político, escritor e senador vitalício italiano), o fascismo se contrapôs à democracia porque realça que a violência era a sua ideologia, e, por isso, a exaltação da guerra foi uma de suas características mais constantes, e assinala que Mussolini via na democracia representativa e no seu antibelicismo a mediocridade de uma vida cotidiana cerceadora de uma ação voltada para a criação de uma “nova ordem".

Dia desses, um amigo me abordou e fez indagações a respeito do significado do termo "fascista", com a pretensão de ter as suas dúvidas esclarecidas sobre a propriedade ou não acerca do seu uso frequente.

Formulei a resposta como alguém que tem devoção às Ciências Sociais, especialmente à Ciência Política, e, desse modo, o dever me impôs a necessidade de buscar a essência dos fatos, sem tirar nem pôr. Excluir, deliberadamente, as artimanhas, afinal de contas, a ciência não pode estar a serviço de ideologias...

Vamos à resposta. O termo "fascista" é desalojado, com frequência, dos seus aposentos naturais para servir a propósitos políticos outros, com o claro objetivo de pôr fecho à discussão, sem nenhum esforço qualitativo.

Antes de tudo é conveniente dizer que a "retórica", assunto dos sofistas, da Grécia Antiga, difundia a arte de preparar o aluno para vencer o debate, nada a ver, entretanto, com a preocupação sistemática de buscar a verdade, tanto quanto engendrado por Sócrates e Platão, que eram pregoeiros da discussão como um meio apropriado de chegar até ela. Assuntos da Grécia Antiga, fonte inesgotável de sabedoria e de aprendizagem, é bom dizer! Aqui, entre nós, as armas não são os argumentos, mas sim os rótulos, símbolos e chavões, num assumido oportunismo, acoplado da pobreza mental que o acompanha, pois normalmente é produto das manadas sem nenhum espírito crítico sobre o que está fazendo (aprendeu na escola, na universidade...) Assim, não existe debate, mas apenas terror e medo a ser esparramado... Despejam símbolos, como se estivessem saindo embriagados da adega: fascista, direitista, reacionários, e por aí afora. Sem contar que nesses senhores a pecha "extremista" é sacada exaustivamente (sobre isso cabem alguns comentários pedagógicos: extremista é aquele que age fora da lei, ou seja, quer fazer triunfar as suas "ideias" à margem das leis e das instituições, normalmente por meio da violência e do terror).

Na verdade, tirante esse casuísmo e despindo-o das suas pragmáticas fantasias, é apropriado dizer que o "fascismo" foi um sistema político dotado de ideias rígidas e pontuais, cuja geometria percorreu o seguinte traçado: monopólio da representação política, com o objetivo de arbitrar os interesses das classes sociais; forte presença estatal na economia; mediação entre os interesses trabalhistas e patronais; apego acentuado à industrialização; desprezo ao liberalismo econômico e à existência de livres mercados; uma ideologia política em expansão que pretendia ser emprestada a outras nações, de modo a exceder as fronteiras nacionais; as suas ações incursionaram pela militarização da política. Em síntese, os seus postulados são uma visível transgressão, tanto ao cenário ideológico revolucionário da luta de classes, da esquerda, quanto aos da direita liberal, a qual abomina a presença estatal na economia, pois prega o laissez-faire, assunto do célebre economista Adam Smith, um clássico das letras econômicas e precursor teórico do capitalismo.

De quebra, podemos incluir o regime nazista, de Adolf Hitler, o nacional socialismo nessa formulação, o qual, conjugou preconceitos raciais (a raça ariana tinha desígnios superiores a todas as outras) e ações de governo que se aproximavam visivelmente das ideias fascistas, considerado o elevado grau de intervenção na economia que Hitler empreendeu no seu famigerado período. Nunca é demais dizer que esse genocida teve uma trajetória de ódio aos judeus (hoje muita repetida, por setores políticos que vivem clamando, pasmem, pelos direitos humanos...), eslavos e ciganos, por razões que não cabem discorrer aqui neste breve relato.

Já Benito Mussolini, primeiro-ministro da Itália Monárquica, nas décadas de 20 a 40 do século passado, simbolizou e sintetizou as ideias fascistas aqui relatadas, com intensidade e pioneirismo, aplicando-as no exercício do seu período ministerial.

Aqui nas plagas latino-americanas, os governos que mais se aproximaram dessas engrenagens foram o de Juan Domingo Perón, na Argentina, e de Getúlio Vargas no Brasil, ambos do século passado, com viés fortemente intervencionista na economia, mediação dos conflitos sociais e trabalhistas e autoritarismo na política. Já na quadra dos nossos dias, os governos de Lula e Dilma foram os que mais se aproximaram das ideias fascistas: forte presença estatal na economia; empresários escolhidos pelo BNDES para ser os campeões nacionais; distribuição de favores fiscais a certos setores; aliciamento sindical e das ONGS, etc. Já, por sua vez, a Líbia de Muammar al-Gaddafi, um estatólatra de carteirinha poderia, perfeitamente, ser enquadrada como apóstolo de Benito Mussolini, tranquilamente, sem incorrer em desarmonia histórica.

Donde podemos dizer: deixemos o "fascismo" descansar em seu jazigo histórico e que, no Juízo Final, possa ser julgado pelos seus "feitos", sem receber a semântica deformante e oportunista dos dias de hoje...

 

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