Dartagnan da Silva Zanela
Lembro-me que, quando era jovenzinho, tinha altas rusgas com Deus. Na verdade, desde minha infância. E não era mero ateísmo com leite e pera não, nada disso. Eu, naqueles idos, nutria homéricas discussões com o Altíssimo; discussões as quais perdi todas, de forma vexaminosa.
Não sabia eu que com aquele bate-boca estava rezando com meu coração na mão e, hoje, de barba branca, vejo que o Sapientíssimo respondeu a todas as minhas dúvidas e questionamentos porque, admitamos ou não, a nossa vida, de fio a pavio, é uma só oração, um grande diálogo com Deus.
Por essa razão, podemos dizer, sem medo de errar que, a prática da oração, sempre ocupa um lugar central em nossa vida, sejamos nós pessoas religiosas ou não.
Há em nosso peito, como nos ensina Santo Agostinho, um vazio imenso, tão grande, tão grande, que apenas Deus pode preenchê-lo sem deixar lacuna alguma; há em nosso coração uma sede imensurável pelo infinito e, por isso, procuramos Deus em todos os lugares, em cada uma das nossas paragens, em todos os cantos e recantos e, essa procura, reconheçamos ou não, é uma oração. A grande oração da nossa vida.
Todo grito aflito por justiça, por amor, todo grito que clama por esperança, é uma oração e, por isso, nesse sentido cristalino e profundo, todo clamor é uma perene oração e é aí, justamente aí, que a porca torce o rabo e não é num ato de contrição.
Muitas e muitas vezes, todos nós nos sentimos pra lá de aturdidos diante da vastidão do mundo, da imensidão de seus mistérios e dos abismos insondáveis que existem na alma humana e, por isso mesmo, sem nos darmos conta, acabamos por confundir nossos desejos conflitantes, que esbravejam por ordem e sossego, com a imagem do trono do todo poderoso.
Teimosos que somos, acabamos por colocar no centro da nossa vida os bens mundanos, materiais e imateriais, que tanto almejamos e, deste modo, terminamos por fazer deles nossos ídolos de barro, dobrando os nossos joelhos para um trem que é a imagem escarrada da nossa vontade desordenada. Da nossa má vontade.
Aí, sem nos darmos conta, fazemos da procura pela satisfação dos nossos anseios mesquinhos a nossa oração, desdenhando a procura humilde e perseverante pela realização da vontade de Deus em nossa vida, que deveria ser a nossa contínua prece de todo santo dia.
Não é à toa, nem por acaso, que o homem moderno procura diminuir a grandeza de Deus para que Ele caiba "direitinho" nas dimensões do nosso coração apequenado. Não queremos que Ele dilate o nosso peito para que possamos receber o seu amor; para que ele, deste modo, possa transbordar abundantemente em nossa vida.
Podemos afirmar, sem medo de errar, que todas as vezes que temos a grata felicidade de encontrar, no interior de uma Igreja, uma senhora de joelhos dobrados a rezar, vestida de simplicidade, com suas mãos calejadas unidas, próxima ao rosto, estamos diante de uma pessoa que está sendo misteriosamente tocada pela graça. Seu coração está voltado para o alto, diferente do nosso, que está, muitas e muitas vezes, voltado para o que há de mais rasteiro em nós.
Quando Nosso Senhor Jesus Cristo diz (Lucas IX,58) que as raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça, podemos compreender, se assim nosso entendimento permitir, que Cristo está nos perguntando se nós iremos ou não deixar que ele recline a sua cabeça em nosso peito para nele repousar e, deste modo, podermos Nele descansar.
Enfim, é aí, justamente aí que reside todo o problema porque, como todos nós sabemos, nosso coração está cheio, até a tampa, com boleiras de traquitanas que nós elevamos a dignidade de "nossas divindades". Por isso, para deixarmos de ser as tranqueiras que somos, deveríamos refletir a respeito das nossas orações, a respeito do que está no centro delas e, principalmente, para que direção elas estão direcionando o nosso coração.
* O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.
Alex Pipkin, PhD
Já afirmei, em várias ocasiões, que desconfio de todos aqueles "profetas", que lucram com suas profecias. Muitas dessas apocalípticas.
Evidente que na esteira do fim do mundo, sempre se incluem aqueles "grandes e nobres ativistas" que, factualmente, desejam e advogam pelo decrescimento. A ordem do dia é limitar o uso de recursos, e decrescer.
Seria providencial que esses indivíduos, e as pessoas em geral, pelo menos, se educassem quanto ao fenômeno ludista na Inglaterra, entre o final do século XVIII e início do século XIX. Invasão de fábricas e quebra de máquinas, buscando barrar o progresso. O medo - potencializado - do progresso é o caminho seguro para a estagnação, retrocesso e pobreza, inclusive moral.
A história está repleta de alarmismos sobre malefícios dos avanços tecnológicos. Dito de outra forma, de profecias que se mostraram completamente bizarras. Interessante notar que esse “fim do mundo”, por sua vez, varia de acordo com a visão ideológica do vivente. Por terras tupiniquins, no governo do Capitão, a Amazônia estava sendo devastada pelo fogo, motivando ativistas, tais como a menina ambientalista Greta Thunberg e o ator Leonardo DiCaprio, a prognosticarem o desastre verde-amarelo. Interessante, de fato. Agora no desgoverno vermelho, em que o fogaréu ainda é maior, onde eles foram parar? Interessante mesmo.
Decrescimento virou mais uma nobre palavra a ser proferida por qualquer "progressista" que se preze. Claro que faz parte da cantilena e cartilha vermelha afirmar que o decrescimento nas economias planificadas, é muito mais auspicioso do que a eficiência econômica capitalista, aquela que, legitimamente, gera o maior bem-estar individual e para todos.
De minha parte, como ratificado pela história e pelo progresso moral e material das sociedades civilizadas, o desenvolvimento tecnológico e científico - às inovações - é, cada vez mais, fundamental para que possamos buscar e encontrar soluções para os problemas e riscos envolvidos na vital questão relacionada ao crescimento econômico.
Aliás, foi sempre desta forma que o progresso aconteceu, gerando empregos, renda e riqueza, capazes de tirar milhões e milhões de pessoas da linha da miséria e da pobreza. Vacinas contra epidemias, fontes de energia mais baratas e equipamentos para o saneamento básico, para mencionar alguns exemplos, são dependentes do crescimento econômico. Milhões de pessoas no mundo passam fome, e é somente pela via do crescimento econômico que essas barrigas serão alimentadas, verdadeiramente.
Preto no branco, sem narrativas, retóricas e falsas verdades "progressistas", grosseiras desinformação, os fatos corroboram que o crescimento econômico é o remédio santo que melhora e amplifica todos os indicadores de florescimento humano.
Aquilo que literalmente mata e aniquila o progresso das pessoas é, indubitavelmente, a fome avassaladora do Estado pelos recursos dos criadores de riqueza, e pelo abusivo e extorsivo intervencionismo estatal. Foi o crescimento econômico que retirou milhões e milhões de pessoas da miséria, não o populismo ideológico que produz programas sociais contraproducentes, que retiram e inibem investimentos e a geração de empregos daqueles que produzem. Esse último, redistribui, de maneira coercitiva, para aqueles que nada produzem. Neste ambiente coletivista, a única coisa que cresce de verdade, é a renda de uma "deselite rubra", em detrimento dos mais pobres que aludem defender.
Para que possamos crescer e mitigar as mazelas sociais, temos que evoluir e impulsionar as inovações tecnológicas, a destruição criativa, gerando menos intervencionismo do Estado ineficiente e mais liberdade nos mercados. Maior concorrência, aportando melhores produtos e serviços, e fazendo com que os preços desses diminuam.
O crescimento econômico, via progresso tecnológico, é a fonte de melhoria, não só da condição econômica do indivíduo, como também para o próprio progresso da condição humana. Minha recomendação; confie nos fatos e dados genuínos quanto ao crescimento econômico e ao respectivo progresso.
Claro que é preciso contornar as objeções e seus efeitos colaterais. As redes sociais descortinaram “verdades verdadeiras”. Contudo, deram voz a uma legião de idiotas e de sectários ideológicos dotados, até o último fio de cabelo, da dissonância cognitiva. Qualquer idiota, consciente ou não, pode hoje digitar uma grande inverdade, rotunda asneira malvada, que é viralizada por outros idiotas, e que tem o poder de se disfarçar sobre o véu da verdade. Atualmente, abundam “informações”. O antídoto contra esse veneno é, primeiro, enxerga-lo. Segundo, e mais importante, exercitar a razão, possuir e/ou buscar efetivo conhecimento, e pensamento crítico para saber peneirar as tais “informações”.
Enfim, exerço meu poder de síntese: intervencionismo estatal demasiado, decrescimento e desinformação, são como a malária do século XIV. Tomam café, almoçam, jantam e dormem conosco em pleno século XXI.
Stephen Kanitz
Gilberto Simões Pires
DESORDEM FISCAL
Por mais que o DESEQUILÍBRIO FISCAL seja um tema bastante árido e como tal de difícil entendimento tanto para a grande maioria da nossa população quanto para praticamente todos os meios de comunicação, esta clara e preocupante situação que o Brasil está vivendo, sob o comando -prazeroso- do governo Lula, volto a insistir no assunto na esperança de que mais brasileiros entendam que as consequências produzidas pela DESORDEM FISCAL são desastrosas.
PÉ NO ACELERADOR DAS DESPESAS
Pois, antes de tudo, para que fique bem claro, RISCO FISCAL se manifesta, matematicamente, através do DESEQUILÍBRIO ENTRE RECEITAS E DESPESAS DO GOVERNO e, por consequência, pela PREOCUPAÇÃO DE QUE O GOVERNO NÃO CONSIGA HONRAR SUAS OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS. Mais: a TAXA DE DESEQUILÍBRIO FISCAL cresce na medida em que o GOVERNO, ao invés de conter a encrenca, resolve colocar o pé no acelerador das DESPESAS PÚBLICAS.
RISCO-PAÍS
Para quem ainda não sabe, a capacidade do governo de pagar suas dívidas é constantemente avaliada e pontuada pelos agentes econômicos. Como tal, o RISCO-PAÍS espelha, numericamente, o grau de possibilidade dos governos poderem honrar com seus compromissos. Ou seja, quando A TAXA DE RISCO-PAÍS aumenta, os investidores (pessoas ou empresas que financiam governos comprando títulos públicos) passam a PERDER A CONFIANÇA na capacidade do governo de honrar suas dívidas e manter a estabilidade econômica. Esse sentimento ruim faz com que aumente as RETIRADAS dos recursos do país, que por sua vez provoca, pelo efeito DEMANDA, o aumento da cotação do DOLAR.
CICLO VICIOSO
O que precisa ser enfatizado é que a DEPRECIAÇÃO DO REAL EM RELAÇÃO AO DÓLAR, tem EFEITO IMEDIATO NA ELEVAÇÃO DE PREÇOS DE INÚMEROS PRODUTOS IMPORTADOS. E, para conter esta situação o BANCO CENTRAL -INDEPENDENTE- é forçado a AUMENTAR AS TAXAS DE JUROS (SELIC). Pois, estas importantes e necessárias decisões tomadas pelo BC, infelizmente, são tratadas sistematicamente pelo presidente Lula através de xingamentos ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, que se esforça diariamente para manter o tal de EQUILÍBRIO FISCAL. Vou mais além: caso o RISCO FISCAL siga em MODO ALTO, nem os aumentos da TAXA SELIC se mostrarão capazes para estabilizar a moeda, resultando, assim, em um CICLO VICIOSO DE DEPRECIAÇÃO CAMBIAL E INFLAÇÃO EM ALTA, como aliás, o país já viveu no passado recente.
Sílvio Lopes
Sejam pré-socráticos ou pós Sócrates, os filósofos tiveram- todos eles, indistintamente- a influência da Bíblia Sagrada como norteadora de sua sabedoria e de seus ensinamentos. É só conferir. Portanto, citar Deus ou seus "escolhidos" para difundir a Palavra, é também- e, principalmente- filosofar ao melhor estilo de gente como Demócrito, Tales de Mileto, Heráclito e Pitágoras, entre outros; ou até mesmo Sócrates, Platão e Aristóteles.
Vejam este versículo de Isaías, 59 (14,15): " Por isso a justiça é posta de lado, o direito é afastado. A verdade anda tropeçando nos tribunais, e a honestidade está longe de lá. A verdade desapareceu e os que procuram ser honestos são perseguidos".
Tudo a ver, pois, com o que hoje vivenciamos no Brasil. Sem tirar nem por. E notem, o profeta Isaías viveu entre 765 e 681, antes de Cristo...Que profecia!
Digo e não canso de repetir, que o mais catastrófico legado dos tempos que vivemos hoje, quem sabe por muitas décadas à frente, repousa na ação pensada da esquerda no desmantalamento ético e moral das nossas instituições democráticas- agora já nem tanto assim.
Restabelecer e limitar tais instituições em suas funções originais e recompor o seu caráter imparcial e de moralidade pública, será, portanto, tarefa hercúlea e que exigirá determinação e um verdadeiro espírito democrático de todo um povo.
Este país, como se vê, de tão extraordinário potencial para ser uma nação das mais poderosas entre as demais, não perde a oportunidade de perder a oportunidade de, finalmente, decolar e se consolidar no concerto mundial das nações.
No dia em que imitarmos os animais, que " não escolhem qualquer estúpido para liderar a manada", como bem lembrou Winston Churchill, aí sim daremos o passo mais importante da nossa história. Claro que, então (e daí em diante), estaremos livres para sonhar o acalentado sonho de um dia transformar um este país numa grande e abençoada nação.
* O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.
Irapuan Costa Junior
É impossível ganhar um Nobel com o saber subordinado à ideologia. Seguiremos passando vergonha frente a nossos vizinhos mais pobres e menos populosos
A láurea mais cobiçada pela intelectualidade do mundo ainda é, sem dúvida, o Prêmio Nobel, da Real Academia de Ciências da Suécia e do Comitê Norueguês do Nobel, nas suas seis modalidades.
O Nobel é atribuído anualmente, desde 1901, para os maiores destaques internacionais em cinco áreas: Física, Química, Literatura, Fisiologia ou Medicina e Paz.
O Banco Central da Suécia atribui, desde 1968, um prêmio para Economia que ficou conhecido como um sexto Prêmio Nobel.
A premiação é um destaque intelectual ao qual só se pode chegar com pendor, inteligência, muito estudo de boa qualidade e muita dedicação. Vale dizer que a educação do candidato a Nobel deve ser excelente nos três níveis normais e sua pós-graduação deve apontar para um extraordinário esforço de aprofundamento em sua especialidade, chegando até a descoberta de algo benéfico à humanidade. A menos que seja um extraordinário autodidata.
As nações mais populosas tendem, teoricamente, a produzir mais prêmios Nobel ao longo de sua história, desde que, evidentemente, proporcionem à sua população qualidade de vida, ensino de excelência, apoio à cultura de maneira geral e à pesquisa científica em particular.
Essa reunião de circunstâncias explica por que os EUA — campeões em número de prêmios Nobel (mais de 400) — os conquistaram muito mais que China e Índia, nações bem mais populosas. E nos leva a constatar que em termos de prêmios Nobel per capita os campeões (logo campeões em ciência e cultura) não são os EUA, Inglaterra e Alemanha, os três que maior número de Nobel conquistaram, mas as nações europeias: Luxemburgo, Suécia, Suíça, Áustria, Noruega e Dinamarca, não por coincidência, todas com Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima de 0,920.
Os Estados Unidos, nesse critério de prêmios por habitante, caem para um bem mais modesto patamar: décimo terceiro lugar.
Há uma surpresa: campeã “hors-concours” em prêmios Nobel per capita é a pequenina república caribenha Santa Lucia (cerca de 200 mil habitantes) — que conquistou dois Nobel: um de Economia, outro de Literatura, mesmo tendo uma população mil vezes menor que o Brasil.
Por falar nisso, é inevitável a indagação: por que o Brasil nunca conquistou um Nobel, mesmo populoso como é?
Por que não, se na América Latina temos a vizinha Argentina com cinco conquistas, mesmo tendo população cinco vezes menor que a nossa, o México com três Nobel para uma população uma vez e meia menor? E Chile e Guatemala, ambos com população próxima a 10% da brasileira, cada um com dois prêmios Nobel na parede, o mesmo acontecendo com a Colômbia, com população quatro vezes menor que a brasileira? Sem falar na pequena Costa Rica, que tem seu Nobel desde 1987 e tem população quarenta vezes menor que a nossa.
Em tempos melhores estivemos perto da premiação: o cientista Carlos Chagas esteve próximo do Nobel de Medicina, Cesar Lattes quase levou o de Física, Jorge Amado (e, segundo Antônio Olinto, o poeta Jorge de Lima chegou a ser cotado) esteve perto do de Literatura e o marechal Cândido Mariano Rondon chegou a ser recomendado por Einstein para o Nobel da Paz.
Mas o fato é que, para vergonha nossa, nunca conquistamos um prêmio desses. Não reunimos aquelas condições citadas lá em cima e, pelo que vemos a cada dia, com os governos “progressistas” que tivemos — e temos — cada vez mais nos afastamos dessa conquista cultural.
Nosso IDH é modesto (0,760), abaixo de Chile e Argentina, para falar de vizinhos premiados com o Nobel. Como o cálculo do IDH se baseia em renda, saúde e educação, e sem educação não existe Nobel, isso já explica muita coisa.
Mas a nossa educação caiu para níveis sofríveis no básico, no médio e no superior, como mostram as avaliações internacionais, estando nos últimos lugares entre as nações do planeta.
Os incentivos à pesquisa e à tecnologia praticamente inexistem no governo federal, que prefere premiar artistas indolentes.
A sociedade brasileira mostra os reflexos desse estado de coisas, que é urgente reverter, mas essa reversão não parece presente nas preocupações dos políticos.
Um desses reflexos brilhou no sucesso que fez a pornô-cantora Madonna dias atrás em Copacabana. A juventude brasileira aprendeu a apreciar esses espetáculos de baixíssimo nível, e não a música educativa e erudita apreciada na Europa, por exemplo.
Um outro índice de atraso intelectual pode ser obtido em uma pesquisa recente — e essa tem relação direta com o ambiente que deveria produzir os nossos prêmios Nobel. A pesquisa, feita pelo jornal “Gazeta do Povo” e pelo Google, examinou 7.000 trabalhos universitários brasileiros tomados aleatoriamente. São dissertações de mestrado e teses de doutorado de 93 faculdades e em mais de 200 áreas do conhecimento humano.
Advinha o leitor quem são os eruditos mais citados nessa miríade de estudos brasileiros sobre o conhecimento ao longo dos séculos? Platão, Aristóteles, Kant? Descartes, Newton, Einstein? Shakespeare, Dostoiévski, Victor Hugo? Machado de Assis, Lima Barreto, Ruy Barbosa? Nada disso.
A preferência do meio universitário brasileiro, mostrada de sobejo nesses trabalhos, recaiu sobre três figuras: Karl Marx, Paulo Freire e Michel Foucault.
Para que o leitor tenha uma ideia da profundidade científica desses trabalhos, Paulo Freire é citado mais de 700 vezes no conjunto examinado, enquanto Albert Einstein aparece em apenas cerca de 300 citações — menos da metade.
Em outras palavras, as fontes preferenciais onde nossos cientistas bebem conhecimento são: um filósofo (Karl Marx) que se provou totalmente equivocado em suas concepções em mais de oitenta experimentos sociais cujos resultados foram desastrosos e diametralmente opostos às suas previsões; um educador (Paulo Freire) cujo método educacional, um plágio desvirtuado, nunca foi adotado em nenhum lugar do mundo fora do Brasil (exceto em alguns bolsões esquerdistas), apesar da pirotecnia “progressista” em torno dele. E que, comprovadamente não educa, mas cria ativismo ideológico; um teórico social (Michel Foucault) para quem escolas, presídios e quartéis são instituições semelhantes, onde o poder estabelecido exerce o controle social sobre o conhecimento.
Em suma, três expoentes da esquerda, o que reflete a deficiência de nosso sistema educacional formal, tantas vezes provada nas avaliações internacionais a que se submeteu. Como conquistar um Prêmio Nobel nessas circunstâncias? Com o saber subordinado à ideologia? Impossível. Seguiremos passando vergonha frente a nossos vizinhos mais pobres e menos populosos. Nossos jovens continuarão a não aprender na escola o básico para o progresso individual e para o convívio social.
Mas nossas elites políticas não se preocupam com essas questões somenos importância.
* Em 23/06/2024
** Reproduzido do jornal Opção: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/entenda-por-que-o-brasil-ainda-nao-ganhou-e-pode-nao-ganhar-nenhum-premio-nobel-613916/