• Luan Sperandio
  • 03 Março 2024

 

Luan Sperandio

       A liberdade de expressão, um dos pilares mais preciosos das sociedades democráticas, está constantemente ameaçada por diversas formas de censura que corroem a diversidade de pensamento e tolhem o progresso. Em um mundo onde a troca livre de ideias é fundamental para o crescimento e a evolução, é imperativo compreender os dez tipos distintos de censura que minam a “mãe de todas as liberdades”, nas palavras de um dos pais fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin. Abaixo, estão 10 faces diferentes da censura.

1. Censura governamental: Em muitos cantos do globo, governos autoritários manipulam informações para controlar as narrativas e inibir o questionamento. É a forma de censura mais clássica, e geralmente, quando utilizada, contribui para o crescimento de abusos de poder por parte dos governantes.

2. Autocensura: O receio de consequências adversas pode levar indivíduos a silenciar suas próprias opiniões. A partir de 2006 na Venezuela, por exemplo, o regime de Hugo Chávez tornou-se mais repressivo. O governo iniciou os ataques a veículos de comunicação críticos ao governo. Algumas das mídias, acuadas, praticaram a autocensura. A Venevisión, anteriormente considerada como pró-oposição, mal cobriu a oposição durante a eleição de 2006, dando ao presidente Chávez 84% do tempo de cobertura — quase cinco vezes mais do que aos seus rivais —, o que contribuiu para sua vitória. Posteriormente, a emissora decidiu interromper as coberturas políticas e optou por programações de entretenimento. Entender esse fenômeno ajuda a criar ambientes seguros onde todos possam contribuir com suas perspectivas únicas e enriquecer o diálogo público.

3. Censura de mídia: Uma imprensa livre é essencial para manter os governos responsáveis e informar o público e cumpre seu papel de ser “o quarto poder”. Governos autocráticos buscam justamente mitigar a liberdade da imprensa. Também na Venezuela, a Globovisión era um dos veículos mais contrários ao governo de Chávez. O governo acusou Guillermo Zuloaga de irregularidades financeiras e este foi obrigado a fugir do país para não ser preso. Sob intensa pressão, vendeu o veículo a valores descontados para um simpatizante do governo, que alterou o editorial jornalístico que tornou-se favorável ao regime. Compreender como a censura de mídia ocorre é necessário para melhor defender a integridade jornalística e garantir a circulação de informações verdadeiras.

4. Censura religiosa: A maior pauta de quem apreciava liberdade no século XVII, que tem como grande expoente o filósofo inglês John Locke, era a separação entre Estado e igreja para possibilitar liberdade de pensamento e crença, além de tolerância religiosa. Desde então, a liberdade de crença se consolidou gradativamente no Ocidente, mas atualmente ainda há dezenas de países em que preconceitos e discriminações religiosas se transformam em políticas de Estado graças à força e ao aparato estatal. Segundo o relatório anual do World Watch List, cerca de 3 mil praticantes do cristianismo foram mortos e mais de 700 igrejas são depredadas por ano em países cujos governantes buscam censurar a religião de opositores políticos.

5. Censura corporativa: A censura nem sempre parte do Estado. É comum empresas exercerem controle sobre informações, opiniões ou conteúdos de diversas formas, a fim de promover seus próprios interesses, proteger sua imagem ou evitar críticas negativas. Isso pode ocorrer em várias situações, como na mídia, nas redes sociais, em publicações, em filmes ou em outras formas de comunicação. Em geral, são utilizadas técnicas de controle de informações, censura de funcionários, patrocínios e financiamentos condicionais a projetos e filtragem de conteúdos on-line. A censura corporativa levanta preocupações sobre a liberdade de expressão, a transparência e a integridade das informações disponíveis ao público, pois pode impactar a diversidade de vozes e perspectivas no discurso público e influenciar a forma como as pessoas compreendem o mundo ao seu redor.

6. Censura de livros e literatura: A proibição de livros limita o acesso a ideias desafiadoras e restringe o potencial de aprendizado. Um exemplo clássico se deu pelo “Index Librorum Prohibitorum”, que consistiu em uma relação de publicações consideradas como heresias, anticlericais ou que colidiram com os dogmas da Igreja Católica. Ele surgiu em 1559, pelo Papa Paulo IV, e teve fim somente em 1966, pelo Papa Paulo VI. Conhecer essa forma de censura é essencial para salvaguardar a liberdade intelectual e a busca por conhecimento.

7. Censura na Internet: O bloqueio e a filtragem na internet prejudicam o acesso à informação global. O país com mais censuras à Internet é a Coreia do Norte. No regime, somente uma pequena minoria é autorizada a acessar uma rede de intranet administrada e monitorada pelo governo, e uma parcela ainda menor, composta somente de autoridades e seus familiares, possui acesso à internet, tornando o país com o menor número de usuários do planeta. O controle é tão restrito que a maioria da população norte-coreana sequer sabe da existência da internet.

8. Censura Artística: A supressão da expressão artística limita a liberdade criativa e restringe o diálogo sobre questões sociais e políticas, sendo uma das formas mais clássicas de censura em regimes ditatoriais.

9. Censura política: A repressão à dissidência política silencia a voz dos cidadãos e prejudica a participação ativa na vida política. O AI-5, ao longo da ditadura militar no Brasil, inaugurou a fase mais repressiva dos 21 anos do regime. Somente em seus primeiros dois dias de vigência, presos políticos processados nas auditorias da Justiça Militar denunciaram mais de 2.200 casos de tortura. Foram punidas, com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841 pessoas —513 deputados, senadores e vereadores perderam os mandatos. Entender essa forma de censura é essencial para defender a democracia, Estado de Direito e assegurar que todos tenham a oportunidade de se envolver no processo político.

10. Censura Cultural: A censura de elementos culturais limita a diversidade cultural e impede a compreensão intercultural. Conhecer essa forma de censura permite celebrar e respeitar a riqueza de diferentes tradições e identidades. Um exemplo histórico significativo de censura cultural é a “Queima de Livros” que ocorreu na China durante a dinastia Qin (221-206 a.C.). O primeiro imperador da China unificada, Qin Shi Huang, ordenou a supressão de obras literárias e filosóficas que ele considerava ameaçadoras ao seu regime e à sua visão de governo centralizado. Nessa campanha de censura, muitos textos clássicos foram destruídos e inúmeros estudiosos e intelectuais foram perseguidos. O objetivo era eliminar ideias que pudessem questionar ou desafiar a autoridade do imperador, bem como promover uma forma de pensamento que apoiasse o governo centralizado e a unificação do império. Essa censura cultural teve um impacto profundo no desenvolvimento intelectual da China na época, influenciando a direção da filosofia, da literatura e do pensamento político.

Considerações finais

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, dizia que “A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a história são incensuráveis”. Porém, ainda que temporariamente, a censura não é aceitável em um Estado de Direito. Ao identificar e compreender as diferentes faces da censura, a sociedade se prepara melhor para enfrentar tentativas de censura, ainda que temporariamente, e defender a liberdade de expressã

*Em 29/02/2024

**O autor, Luan Sperandio, é analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

***Texto publicado originalmente na página do Instituto Liberal, em https://www.institutoliberal.org.br/blog/teoria-economica/as-10-faces-da-censura/
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 01 Março 2024


Alex Pipkin, PhD

        O mundo se transformou, inexoravelmente. Como em tudo na vida, creio que é possível classificar “coisas boas” desta mudança, como também, nítidos retrocessos. A moralidade, por exemplo, anda abaixo daquele orifício do cachorro.

As novas tecnologias, em especial, da informação, as inovações úteis em geral, alteraram radicalmente a maneira como indivíduos se relacionam com outros indivíduos, o trabalho no seio empresarial, inclusive o informal, a maneira como as pessoas vivem, até mesmo em aspectos prosaicos, tais quais como essas se alimentam e se locomovem.

Os recursos e as capacidades das organizações, e as necessidades e os desejos de pessoas distintas são, sem dúvidas, outros. Entretanto, há uma coisa “imexível”, que não se altera nem com um terremoto de escala muito elevada. A mentalidade estatista, do homem do sistema controlador, de raízes progressistas, do Grande Estado, é inabalável.

No Brasil, o atual desgoverno, como de costume, enverga na doença a cura para os problemas das pessoas em suas rotineiras vidas. O ntervencionismo estatal é, indubitavelmente, o grande câncer das republiquetas, andando fantasiado de salvador da pátria e, infelizmente, ansiado por muitos plebeus.

Esse desgoverno que aí está, não se baseia na comprovada lógica de políticas públicas que dão certo, o norte é sempre a desgraçada ideologia coletivista. Eles voltaram, e o pesado fardo do Grande Estado retornou vigorosamente.

Apesar do mundo ser outro, a incompetente turma vermelha, mantinha o firme propósito de “inventar a roda”, enquadrando os motoristas de aplicativos em uma categoria de trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A cabeça dessa gente ainda se encontra no passado, no século XVI. Escárnio.

O mesmo pode ser dito em relação ao pensamento fixo ligado à arrecadação de impostos: tributar, tributar e tributar, tendo como corolário menos empregos, menor atividade econômica, menor geração de renda e de riqueza e, portanto, ao cabo, um menor volume total de arrecadação. A lógica ilógica é sempre a mesma; mais Estado, redistribuidor de migalhas, incentivos a (ir)responsabilidade individual, e menos indivíduo!

Aparenta que o desgoverno poderá desistir desse projeto de lei, seja lá quais forem as razões. A trivial pergunta que deveria ser formulada, é se os motoristas de aplicativos estariam satisfeitos com esta “mãozinha” estatal? Mesmo com eventuais “benefícios” vinculados ao INSS, a resposta é um rotundo não! Mas as “autoridades rubras” não estão nem um pouco preocupadas com os factualmente envolvidos no setor.

Esse setor não funciona como pensa a mente retrograda de marxistas de carteirinha. Supostas garantias da mãe Estado, de fato, operam para desestimular o setor, além de outras possíveis inovações em outros tipos de negócios.

Mais Estado, mais intervencionismo, mais regulamentações, e muito mais garrotes para asfixiar a vida de todos os cidadãos, que desejam trabalhar, produzir e prosperar. A sociedade, nós, os comuns, vamos morrendo lentamente, tal qual “sapos fervidos”.

Fazer o quê? Se sabe, porém, não será feito.

Como disse o grande Roberto Campos, “a burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor”. Bingo! Mas, evidente, é o sectarismo ideológico, estúpido!

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 26 Favereiro 2024

 

Gilberto Simões Pires

PANO DE AMOSTRA

Na real, o que se viu ontem, 25, na Avenida Paulista, foi um pequeno PANO DE AMOSTRA do tamanho da tristeza e da preocupação que tomou conta da SOCIEDADE BRASILEIRA COMO UM TODO ao perceber que a LIBERDADE e a DEMOCRACIA foram brutalmente SEQUESTRADAS. Pior: pela forma como os SEQUESTRADORES se manifestam e atuam, tudo leva a crer que ambas - a LIBERDADE e a DEMOCRACIA- já estejam MORTAS E ENTERRADAS. Com isso fica claro que já não cabe qualquer possibilidade de negociação para o encerramento do SEQUESTRO. 

 SEQUESTRADORES

Com o apoio descarado do CONSÓRCIO DA MÍDIA ABUTRE, os SEQUESTRADORES da LIBERDADE e da DEMOCRACIA ficaram de OLHO VIVO nas pessoas, nas intenções e nos discursos que foram preferidos na lotadíssima AVENIDA PAULISTA.  Mais: assim como eu, o enorme contingente de brasileiros que não viajaram a São Paulo para participar do fantástico encontro destinado aos ÓRFÃOS DA LIBERDADE, trataram de acompanhar e apoiar, pelas REDES SOCIAIS, tudo que por lá aconteceu. 

 SILAS MALAFAIA CONTUNDENTE

De todos os importantes pronunciamentos feitos por aqueles que ocuparam o CAMINHÃO DE SOM, chamou enorme atenção o CONTUNDENTE SERMÃO do pastor SILAS MALAFAIA. Pela enésima vez, Malafaia voltou a DESMASCARAR, de forma cirúrgica, O CRIMINOSO SISTEMA que deu início -À OPERAÇÃO DE SEQUESTRO DA LIBERDADE E DA DEMOCRACIA- e, por consequência, das MORTES DE AMBAS.

 ENCONTRO POSITIVO

Em última análise admito que o ENCONTRO FOI POSITIVO, ainda que todos presentes se obrigaram a se comportar de forma muito cuidadosa, para que não prejudicassem o ESPÍRITO DA CAUSA. Cabe, entretanto, que os deputados e senadores entendam o significado do POVO QUE PASSOU O DOMINGO TODO NA AVENIDA PAULISTA E de todos que acompanharam e apoiaram nas suas cidades. Se nada fizerem, aí tudo não passou de uma chuva no molhado. A propósito: alguém sabe por onde andava, ontem, o senador e general Hamilton Mourão, neste movimento antissequestro???

 

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  • Juliano Roberto de Oliveir
  • 26 Favereiro 2024

 

Juliano Roberto de Oliveira

      Leio hoje pela manhã um artigo do economista Paul Cwik, professor de economia e finanças da universidade de Mount Olive. O economista inicia seu artigo com a descrição de como a cultura woke (a cultura da turma ESG e do Great Reset) se aproveitou de algumas características do ser humano para impor, sutilmente, sua agenda totalitária.

O ser humano, sempre que possível, evitará esforços que considera dispensáveis. Não que seja preguiçoso, diz o professor, mas porque a tomada de decisões baseada na relação “esforços versus benefícios” é algo inerentemente humano. Quando analisam a quantidade de esforços necessários para a obtenção de dado benefício e chegam à conclusão de que o benefício não é capaz de recompensar seus correspondentes esforços, as pessoas simplesmente optam pelo caminho mais cômodo. Parece óbvio, não? Este fenômeno se aplica, por exemplo, ao caso de eleições de conselhos de administração de grandes empresas (hoje tomados por CEO’s cujas ações são guiadas por pautas woke). Aplica-se também ao caso de eleições para cargos políticos. Se meu voto, numa democracia, não conta muito e, se ao fim, prevalecerá a vontade de uma maioria influenciada pela academia e pela grande mídia, haveria razão para algum esforço em torno de pesquisas sobre quais candidatos participam de um pleito e as pautas que defendem? Dir-nos-ia a lógica que não. Não faz nenhum sentido. É neste contexto que os ativistas woke têm reproduzido suas narrativas e, coercitivamente, reestruturado toda uma forma de cultura e comportamento. Tornamos as coisas mais fáceis para a propagação do wokismo e de suas medidas autoritárias quando colocamos nossas decisões em suas mãos (a turma do isencionismo, os famigerados insentões que ganharam notoriedade na arena da política brasileira, deve entender bem disto).

Outro artigo que segue a mesma linha é o do escritor libertário e pesquisador sênior do Austrian Economic Center in Viena, Áustria, Jeffrey Tucker (os artigos de Tucker são sempre uma fonte inesgotável de sabedoria e de uma leitura honesta dos fatos, a propósito). Ao analisar a proibição das sacolas plásticas pelo estado, Tucker nos adverte de como fomos tomados de assalto pela cultura woke que deseja, sem nenhuma discrição, destruir a felicidade alheia. Para dar destaque à sua mensagem, em dado momento, o autor nos leva a refletir sobre como éramos felizes quando saíamos dos supermercados carregando as sacolas plásticas que suportavam, facilmente, 100 quilos de mantimentos. A nossa felicidade e a nossa liberdade de escolha, porém, sempre serão o alvo de gente amarga, sinalizadora de virtudes, que apregoa boa vontade e bom mocismo enquanto coloca em torno de nossos braços um par de algemas que limite a nossa felicidade e condicione nosso comportamento à sua incontrolável vontade de “salvar o planeta”.

Para cobrir sua análise de cientificidade Tucker apresenta dados de um estudo conduzido pelo Freedonia Research Group que comprovam que as sacolas não descartáveis atualmente utilizadas para o transporte dos mantimentos possuem muito mais plástico que as velhas sacolas fornecidas pelos supermercados e que, não raro, são usadas por duas ou três vezes apenas para, logo após, serem trocadas. Seu impacto ambiental? O aumento da emissão de gases de efeito estufa em 500% (o artigo original completo está aqui).

Adicionalmente o autor aponta a hipocrisia desta gente que odiaria morder um único pedaço de carne ou pão que estivesse à venda num mercado a céu aberto (cujo ambiente fosse tomado por moscas), mas não abre mão das embalagens plásticas em que os produtos que consomem são acondicionados, as quais lhes garantem produtos limpos e frescos. A este respeito, diz o autor:

“Afinal, a maior parte do plástico relacionado ao supermercado vem dos próprios produtos. Pense nisso. Cada pedaço de carne, tudo feito de pão, cada caixa tem um plástico dentro para frescor, e até mesmo seus legumes são colocados em sacos para levá-los ao balcão. Todo o lugar é uma meca de plástico. Quanta diferença as sacolas de transporte realmente fariam?”

Não obstante os cenários aqui narrados e apresentados por ambos os autores, Paul Cwik mostra ainda certo otimismo em relação às ideias da liberdade e, portanto, frontalmente opostas às coerções da agenda ambientalista que muito pouco tem, de fato, de ambiental. Para o autor, grupos de estudos, associações voluntárias, a postura corajosa e, acima de tudo, a leitura e a dedicação ao conhecimento dos fundamentos da liberdade (notadamente a dedicação à busca pelo conhecimento das mensagens e teorias difundidas pela Escola Austríaca de Economia) serão capazes de preparar um verdadeiro exército de intelectuais aptos a travar uma “guerra” no campo da cultura contra a servidão a que somos submetidos diariamente. “Planejo iluminar minha luz e as Luzes da Liberdade dentro de meus alunos e daqueles ao meu redor. Você vai se juntar a nós”? Eis a pergunta com a qual o economista conclui sua defesa otimista de um movimento liberal.

Como o autor, também penso que a defesa da liberdade, diferentemente da imposição da servidão, não pode ser centralizada. É um movimento que depende de esforços e talentos individuais. Como professor de economia já tive várias e variadas oportunidades de discutir com meus alunos os benefícios do livre mercado, da propriedade privada e a importância do indivíduo para o florescimento de uma nação e uma sociedade ricas e prósperas. É um esforço hercúleo, porém. Ocupar os espaços tomados pela cultura woke exige muita resiliência. A respeito disto, lembro-me de quando fui convidado a palestrar a uma turma de jovens alunos a respeito de macroeconomia e políticas internacionais. Foi um momento vibrante. Vi nos olhos de muitos dos presentes um brilho característico de quem é exposto a verdades que não são facilmente encontradas nos livros fabricados pela educação estatal. Não obstante, foi uma experiência pontual da qual consegui extrair três importantes lições: 1) parte de nossos jovens já foram convencidos de que a política assistencialista é necessária e que, sem o estado, o mundo estaria mergulhado em completo caos; 2) outra parte, numericamente superior, deseja ouvir sobre as ideias da liberdade e anseia por um mundo em que prevaleçam a meritocracia e a liberdade capazes de catapultar indivíduos para perto de seus objetivos individuais e 3) nossas entidades, como dito por Cwik, estão sob a direção de pessoas cuja gestão está alinha à cultura woke (embora, em grande parte, não seja possível saber se este é um fenômeno que define a crença de nossos gestores corporativos ou se eles estão, simplesmente, rendendo-se à cultura para evitar dores de cabeça e um possível estado de ostracismo profissional).

*      Em 25/02/2024

**     O autor, Juliano Roberto de Oliveira, é Bacharel em Administração de Empresas – FAI, Especialista em Qualidade e Produtividade – UNIFEI, Mestre em Eng. da Produção - UNIFEI

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  • Pe. Paulo Ricardo
  • 21 Favereiro 2024

 

Pe. Paulo Ricardo

Na família, nenhum papel é descartável. Não existe ex-marido, não existe ex-esposa, não existe ex-filho. O vínculo é eterno.

A família está no centro das grandes discussões mundiais. Não é por acaso que o Papa Francisco resolveu dedicar as tradicionais audiências de quarta-feira, ao longo de todo este ano, justamente a esse tema. A Igreja, como perita em humanidade, não só pode como deve intervir neste debate tão caro à sociedade. A instituição familiar passa por uma crise sem precedentes na história. Recentemente, assistimos perplexos à aprovação do so called "casamento" gay em duas nações de antiga tradição cristã: Irlanda e Estados Unidos. Que estaria na origem de tudo isso? Como os cristãos podem reagir a essa mudança de valores que, a princípio, parece incontrolável?

A primeira coisa a reconhecer, para nossa tristeza, é o fracasso das famílias no que se refere ao testemunho das virtudes evangélicas e humanas. O "casamento" gay é apenas a ponta do iceberg. O problema vai muito além das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Quando os heterossexuais, desgraçadamente, aceitaram a proposta do divórcio como uma via legítima de solução para os conflitos entre marido e mulher, eles simplesmente abriram caminho para que outros parceiros sexuais reivindicassem seus "direitos" civis. Explicamos: ao tornar-se um contrato, o matrimônio deixou de ser um vínculo indissolúvel para converter-se em uma espécie de prestação de serviços com prazo de validade. Tem mais. Com o advento dos métodos contraceptivos, os relacionamentos ficaram reduzidos ao prazer — não se casa mais para ter filhos e formar família; casa-se por puro desejo sexual. Assim, quando terminam as paixões, terminam também os casamentos. Essa é a grande tragédia familiar da atualidade. A lógica do "casamento" gay foi criada pelos heterossexuais.

Na família, nenhum papel é descartável. Não existe ex-marido, não existe ex-esposa, não existe ex-filho. O vínculo é eterno.

No capítulo 11 do segundo volume de sua famosa obra A sociedade humana, o sociólogo Kingsley Davis faz uma importante distinção entre o que ele chama de grupos primários e grupos secundários. Grupos primários, segundo Davis, seriam aqueles cujas funções são permanentes. Um pai, por exemplo, sempre exercerá sua paternidade, ainda que esteja morto. O filho lembrar-se-á dele e de suas lições por toda a vida. Trata-se de algo insubstituível. O grupo secundário, por outro lado, já não possuiria a mesma dinâmica. Para Davis, nos grupos secundários estariam as relações empresariais, políticas e administrativas — funções evidentemente descartáveis. Um empresário pode ser substituído por outro mais competente e assim por diante. O primeiro grupo estaria marcado por relações virtuosas; o segundo, pelas disputas de poder.

Bingo. O divórcio e a mentalidade contraceptiva transformaram a família em um grupo secundário. Essa mudança, ardilosamente programada por militantes como Kingsley Davis, está na raiz da crise familiar à qual assistimos hoje [1]. Não existem mais ambientes virtuosos. Tudo resume-se ao conflito, às disputas de poder, ao bem-estar pessoal. Notem: as famílias estão resolvendo seus conflitos na delegacia. Esposos brigam por propriedades. Filhos ameaçam os pais com a anuência de estatutos, conselhos e ideólogos. Marido, mulher e filhos tornaram-se descartáveis, graças à obsessão materialista.

Há poucos dias, a imprensa comemorava uma suposta aprovação do Papa Francisco ao divórcio. Diziam: "Finalmente a Igreja abre os olhos para o mundo moderno". É preciso esclarecer duas coisas. Primeiro, o Santo Padre falava de situações de risco à família, quando, por exemplo, um dos cônjuges age de forma violenta. Ora, em tais situações — explica o Catecismo —, "a Igreja admite a separação física dos esposos e o fim da coabitação" [2]. Como se pode ver, Francisco não disse nada de novo ou revolucionário. Isso já era ensinado pela Igreja há muito tempo. Somente pessoas ignorantes ou de má fé podem interpretar as palavras do Papa de outro modo. Segundo, o fim da coabitação — como evidencia o Santo Padre logo depois da "polêmica" declaração — não significa o término do vínculo matrimonial. Ao contrário, diz Francisco, "graças a Deus não faltam aqueles que, apoiados pela fé e pelo amor aos filhos, testemunham a sua fidelidade em um vínculo no qual acreditaram, embora pareça impossível fazê-lo reviver" [3].

Porém, é claro que a mídia soltaria fogos com uma aprovação da Igreja ao divórcio. Infelizmente, a maior parte dos jornalistas é partidária dessa mentalidade materialista. Vejam o que é exaltado nas capas de revistas e de jornais. Percebam o interesse vil com que se noticiam traições e términos de casamentos. Avaliem a maneira como a rotatividade nos relacionamentos é celebrada por esses meios de comunicação. E é mais do que óbvio que, em uma sociedade baseada apenas nos interesses financeiros e sentimentais, surgiriam outros modelos de vivência sexual. Como lhes negar o reconhecimento civil? Como dizer que não se trata de família?

A salvação da família passa, evidentemente, pela retomada dos valores essenciais do sacramento do matrimônio. Digamos com clareza: a família deve voltar a ser um grupo primário, na qual estejam presentes as virtudes da humildade, da magnanimidade e, sobretudo, da caridade. Uma família necessita do dom do perdão, do saber compreender as fraquezas do outro, no intuito de ajudá-lo a crescer. Isso supõe um comprometimento indissolúvel. "Só a atração recíproca", como explica São João Paulo II, "não pode ter estabilidade e, portanto, está facilmente, se não de maneira fatal, exposta a extinguir-se" [4]. O amor conjugal é, ao contrário, "essencialmente um empenho para com a outra pessoa, empenho que se assume com um preciso ato de vontade" [5]. Resumindo: uma família deve caminhar junta para o céu.

Na família, nenhum papel é descartável. Não existe ex-marido, não existe ex-esposa, não existe ex-filho. O vínculo é eterno. Uma só carne. Compreender isso faz-se essencial para a cura das famílias. Família, torna-te aquilo que tu és!

*       Em 10/07/2015

*       Publicado originalmente em https://padrepauloricardo.org/blog/familia-torna-te-aquilo-que-es

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 19 Favereiro 2024

 

Gilberto Simões Pires

 

O PODER DA NATUREZA

        A NATUREZA, mais do que sabido e comprovado, é dotada de um PODER imenso, do tipo que, simplesmente, ninguém consegue controlar de FORMA ABSOLUTA . Pois, mesmo reconhecida e respeitada pelo forte PODER que exerce, não raro a NATUREZA mais parece uma verdadeira CAIXA DE SURPRESAS, cujo conteúdo é capaz de ASSOMBRAR, criar ALUCINAÇÕES e/ou grande CURIOSIDADE em todos os espaços humanos. 

POLVO DE ANÉIS AZUIS

Esta MAGIA CONSTANTE, cujos estudos científicos se dedicam a explicar os ASSOMBROS, faz com que os povos em geral entendam o quanto a NATUREZA é sempre capaz de SURPREENDER. E em vários casos dão uma clara noção da força e do perigo, que pode ser fatal se não forem devidamente tratados. É o caso, por exemplo, do POLVO DE ANÉIS AZUIS (Hapalochlaena maculosa), que vive na costa da Austrália. Trata-se de uma espécie de polvo conhecida pelos visíveis anéis azuis no seu corpo e pelo VENENO muito poderoso que possui. 

 LULA

Pois, um outro molusco, nascido e criado dentro do movimento sindicalista brasileiro e considerado pela ciência como altamente perigoso, é muito conhecido pelo apelido de -LULA-. Como tal tem uma dilatada -VEIA DITATORIAL-, do tipo que destila a todo momento enormes quantidades de venenosas IMBECILIDADES. Neste final de semana, por exemplo, além do fato de -PLANTAR UM PÉ DE OLIVEIRA NA EMBAIXADA DA PALESTINA E PERGUNTAR QUANDO NASCEM AS UVAS-, o molusco, SEM SURPREENDER, achou por bem ASSOMBRAR o mundo quando, pensadamente, resolveu COMPARAR AS AÇÕES DE ISRAEL NA FAIXA DE GAZA AO EXTERMÍNIO DE JUDEUS NA SEGUNDA GUERRA. 

 DÁ AS CARTAS E JOGA DE MÃO

Como se vê, tal qual a NATUREZA é dotada de uma PODER IMENSO, do tipo INCONTROLÁVEL DE FORMA ABSOLUTA, o molusco LULA, -QUE DÁ AS CARTAS E JOGA DE MÃO- no nosso empobrecido Brasil, conseguiu reunir aqueles que SIMPLESMENTE MANDAM NO PAÍS, pouco se importando com o que pensam os brasileiros e todos os povos que admiram e/ou fazem valer a DEMOCRACIA. 

CÂNTICO DOS GENOCIDAS

Por oportuno, eis o que postou o pensador Roberto Rachewsky, sobre a -pensada- declaração de Lula:

Não sintam vergonha de ser brasileiros pelo que Lula diz. Deixe essa vergonha para os brasileiros que votaram nele ou se omitiram de votar. Claramente, Netanyahu não conhece Lula. Para Lula não existe linha vermelha que não possa ser transposta. Lula não sabe o que é linha vermelha, a não ser aquela no Rio de Janeiro, que liga o Rio Comprido à Pavuna, e tem o nome do presidente que jogou o Brasil no colo dos comunistas e dos militares, João Goulart, mais conhecido como cunhado do Brizola. Quando achamos que Lula enxergou a linha vermelha metafórica que delimita até onde vai a moral, ele mostra que estamos errados. Os limites da imoralidade do Lula são como a linha do horizonte: enxergamos com nossos olhos, mas nunca conseguimos alcançá-la e nem sabemos onde acaba. Não acaba. Lula se tornou "persona non grata" em Israel. Ele é "persona non grata" também aqui no Brasil, onde não pode ir a lugar nenhum frequentado por gente que sabe que linha vermelha é aquele marco que separa os homens de bem, dos corruptos, violentos e psicopatas. É claro que há os que colocam as duas mãos nos ombros do Lula, simulando afago, intimidade. Hipocrisia, pragmatismo, aquilo que a maioria dos políticos aprende na primeira aula sobre populismo e demagogia. Nem todo político passou na prova dessa matéria, esses ainda respeitam as linhas vermelhas que demarcam as virtudes da honestidade, integridade e justiça, que se desvanecem quando se dá um passo além dos limites. O Brasil tem todos os recursos que qualquer país precisa para ser desenvolvido, só falta para nossa gente aprender o que significa virtude, quais são os valores morais que diferenciam quem é do bem e quem quer se dar bem, sem merecê-lo. Isso tudo está descrito no meu livro, cujos últimos exemplares você pode comprar na Amazon. Está também no hino dos gaúchos: povo sem virtude, acaba por ser escravo. Política é a ética levada ao contexto social. Quando um amoral é eleito presidente, não podemos reclamar da política, temos que dar um passo atrás para discutir ética. Não se espante se em breve Lula for flagrado recitando o cântico dos genocidas: "From the river to sea. Palestine must be free".

 

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