Movimento Viva Brasil

24/12/2010
VIVA RIO INSISTE NO DESARMAMENTO E ATACA O RS (Matéria do Movimento Viva Brasil) Durantes os dois últimos dias houve verdadeira enxurrada de notícias sobre a ?nova? campanha de desarmamento e o ?novo estudo? do Viva Rio, bancado financeiramente com o dinheiro de nossos impostos, através do Ministério da Justiça. Apresentando números verdadeiramente fantasiosos, entre eles o de armas ilegais, duas declarações nos chamaram a atenção. A primeira é que militares, policiais e bombeiros seriam grandes fornecedores de armamento para os criminosos e isso aconteceria por que os mesmos possuem o direito de adquirir armas particulares. Falsamente chegam a afirmar que todo policial pode comprar três armas diretamente das fábricas por ano! Repetimos que isso é mentira! Policiais civis e militares só podem adquirir UMA arma de calibre restrito diretamente da indústria e policiais federais duas. Imediatamente o Ministro da Justiça, Paulo Barreto, que lá pelos idos de 2006, em reunião pública afirmou que haviam perdido o referendo, mas não desistiriam de desarmar a sociedade, já se prontificou a levar para a reunião com os Secretários de Segurança Pública o pedido para que os policiais sejam proibidos de adquirir armas particulares e que só possam utilizar a arma da corporação. Para aqueles policiais que ainda acreditam no desarmamento, achando que estão a salvo, lembrem-se de quem ninguém está a salvo e que hoje você é policial, amanhã pode deixar de ser e então ficará á mercê da própria sorte. Gaúcho é um povo de mentalidade rural atrasada O Rio Grande do Sul sempre foi o estado brasileiro com o maior número de armas de fogo e também o estado com as menores taxas criminais. Também foi o estado brasileiro com a maior votação contra o desarmamento no referendo de 2005. Também são de lá vários deputados federais que defendem ferrenhamente o nosso direito no Congresso nacional. Vimos nestes motivos à razão da agressividade das ?viuvinhas do referendo?, em especial do Rangel Bandeira, coordenador da ONG Viva Rio, que declarou para um jornal de Piracicaba, interior de São Paulo: ?Há uma cultura de glorificação da arma, fruto de uma mentalidade rural atrasada?. Assim, este ongueiro profissional, ataca e ofende todos os gaúchos e todos aqueles que não se deixam levar por sua farsa e estão prontos para defender suas vidas, suas famílias e seu patrimônio. Ofende aqueles que disseram não ao entreguismo perante os criminosos.

Políbio Braga

22/12/2010
SAIBA COMO LULA MALTRATOU O RS NOS OITO ANOS DE SEU GOVERNO Do blog de Políbio Braga Nesta quarta-feira, Lula faz sua última viagem oficial ao RS. O Estado não morre de amores pelo presidente. Nas duas últimas eleições que ele disputou no RS, seu adversário livrou claríssima vantagem. O tucano Geraldo Alckmin, derrotou-o no primeiro e no segundo turno. Nas eleições deste ano, Dilma Roussef sofreu séria derrota no segundo turno. . Os gaúchos conhecem Lula porque conhecem os governos anteriores do PT no Piratini e na prefeitura de Porto Alegre. . O presidente poderá até deixar saudades em função do longo período de estabilidade e crescimento econômico, resultado da sua renúncia aos ideários do PT e adesão aos fundamentos do Plano Real, mas seu legado político aproxima-se da pior herança maldita jamais recebida por qualquer governante antes dele. Sua posição de chefia na condução do Mensalão jamais será esquecida. Estes oito anos foram anos de desagregação moral e ética sem precedentes, já que todos os valores sociais (morais, éticos e religiosos) foram permanentemente questionados e atacados. . Lula inaugurará os 88,7 quilômetros da BR-101 duplicada entre Osório e Torres. É uma obra inconclusa. Faltam trechos de asfalto, sinalização e acostamentos adequados e até uma importante ponte, a do rio Forquilhinha. O editor percorreu a estrada neste sábado e sequer o túnel do Morro Alto estava concluído. . O RS jamais esquecerá que este governo perseguiu os gaúchos de modo diabólico. Ele tratou de modo anti-republicano o governo estadual, negando-se até mesmo a receber a governadora gaúcha e açulando seus cães de guarda para maltratá-la, o que a impediu de continuar comparecendo a atos públicos com a presença do presidente. Foi assim no episódio do empréstimo do Banco Mundial, no caso do projeto Duplica RS e até neste último objeto de desejo de 95% dos gaúchos, o Cais Mauá ? o Puerto Madero de Porto Alegre. Existem outras mesquinharias ainda mais relevantes.

Ex-blog do Cesar Maia

21/12/2010
70% DO CRESCIMENTO DA AMÉRICA LATINA EM 2010 SE DEVEU À ÁSIA! Trechos do artigo de Jorge Castro, analista e ex-ministro argentino no Clarín (19). 1. A América Latina cresceu 6% este ano, com um aumento da renda per capita de 4,8%, depois de cair -1,9% em 2009. A expansão da região ultrapassou todas as previsões, segundo a Cepal, e as únicas exceções a este crescimento generalizado são a Venezuela e o Haiti, que caíram -1,6% e -7%, respectivamente. É um crescimento heterogêneo. A América do Sul vai crescer 6,6%, enquanto o México e a América Central, 4,9%. 2. A diferença entre as duas dinâmicas é que na América do Sul estão os países exportadores de commodities (agrícolas, minerais e energia), que tiveram uma extraordinária melhora em termos de intercâmbio e um valor recorde em suas exportações. Mais de 70% do crescimento sul-americano este ano é devido à demanda de países emergentes (China / Índia). 3. Isso significa que o PIB mundial cresceu em 2010 em U$S 69.947 bilhões (poder de compra doméstico -PPP), dos quais os países avançados têm 49,3%, e os demais, 50,7%. Neste quadro, a China tem, medida em PPP, uma porcentagem maior do que a dos EUA da produção mundial (U$S 15.203 bilhões/21,7% versus U$S14.369 bilhões/20,5%). Devido a isso, o crescimento da China este ano representa 59% do total mundial, enquanto que o crescimento dos EUA equivale a 15%. Ex-blog do Cesar Maia

Percival Puggina

18/12/2010
De todas as guerras, essa é a mais perdida, claro. Oops! Falha minha. Talvez o leitor nem saiba do que estou tratando. Então, comecemos pelo princípio. Em alguns países, Brasil entre eles, grupos ateus se organizaram para promover campanhas com o intuito explicitado de combater o que denominam discriminação contra os que descreem da existência de Deus. Utilizam para esse fim peças publicitárias exibidas em veículos de transporte coletivo (busdoors). Já chegaram aqui na província e pressionam para admiti-las nos ônibus da Capital. Ao que se tem notícia, a legislação municipal veda campanhas de caráter ofensivo a qualquer tipo de credo. Nada contra quem pretenda defender o ateísmo dos ateus, caso se sintam ameaçados ou discriminados. Mas tudo contra os busdoors que tive oportunidade de ver. Um deles mostra as Torres Gêmeas sendo destruídas e a frase: Se Deus existe, tudo é permitido. Outro exibe fotos de Charles Chaplin e Hitler informando que o ator não cria em Deus e o nazista sim. No terceiro, um preso lê a Bíblia e, sob a imagem, esta frase: A fé não dá respostas, só impede perguntas. Fico imaginando a cena. Um grupo de senhores circunspectos examinando as propostas da agência de publicidade e selecionando essas três. Geniais!, proclama um. Brilhantes!, exalta-se outro, ofuscado pelos lampejos iluministas que se derramam das mensagens. Depois dessas, Deus, se existir, morre de constrangimento!, sentencia um terceiro, soprando a fumaça do cano de revólver. E lá está a campanha, pronta para cativar multidões com a inegável suficiência da razão humana para demonstrar que tudo, tudinho mesmo, proveio do nada absoluto. Ainda se a tese se limitasse aos seus autores, vá lá. Se isso é o que de melhor o ateísmo militante consegue produzir, estão mal arrumados seus adeptos. Vamos peça por peça. Até a vaquinha do presépio percebe que a sentença Se Deus existe, tudo é permitido não guarda mínima coerência (nexo etiológico) entre seus termos. Ademais, a mensagem desconhece que os perpetradores de 11 de setembro praticaram atos terroristas de motivação política. É tão absurdo afirmar o contrário quanto seria atribuir-se ao ateísmo os genocídios praticados pelos regimes comunistas da URSS e da China cuja óbvia motivação foi étnica e política. Dizer que a fé não dá respostas, só impede perguntas revela profundo desconhecimento sobre séculos de investigação filosófica e teológica envolvendo exatamente a busca de respostas sobre esse tema, tão rico quanto infinito. Ademais, evidencia a imensa soberba intelectual e o escasso saber dos signatários. Por muito QI que tenham - bem que vá, ele baterá num teto estatístico de 160 - permanecerão, como tantos sábios, com mais perguntas do que respostas. Sustentar que a crença em Deus foi o fato gerador das patologias de Hitler é mais do que um disparate. É puro sofisma. A tese levaria a crer que pessoas como São Francisco de Assis, Sto. Tomás de Aquino, Madre Tereza de Calcutá (e como eles milhões de outros) seriam pessoas muito melhores, mais sábias e mais caridosas se não cressem em coisa alguma. Volte a ler a descrição que fiz do conteúdo dos cartazes. Você perceberá que, embora a proclamada intenção de evitar a discriminação, eles são, objetivamente, agressivos à fé religiosa da imensa maioria da sociedade. E nisso ferem a legislação nacional. Para dizer o mínimo. Mas logo, logo, será Natal. Aleluia, então! ZERO HORA, 19/12/2010

Percival Puggina

18/12/2010
?Não tem nada mais socialista do que uma mãe. Uma mãe pode ter dez filhos. Ela pode ter um mais bonitinho, um mais feinho, mas uma mãe gosta de todos em igualdade de condições (Pres. Lula, falando no dia 14/12, em Salgueiro, PE, sobre os recursos que ele julga presentear a Estados e municípios). O presidente radicalizou o paternalismo e acaba de instituir o maternalismo de Estado. Ele já foi o pai da pátria, já foi (como no filme) o Filho do Brasil, e agora se declara mãezona da nação. E tem sido assim, na base da mamadeira, que, segundo a mais recente pesquisa encomendada pela CNI ao Ibope, 87% dos brasileiros consultados, de fraldas e chupeta, beijam a mão do cara e não se sentem nem um pouquinho desrespeitados pela situação. Gu-gu da-dá. Admito que não se pode esperar da massa um perfeito discernimento sobre a concentração de poderes e de recursos que ao longo das últimas duas décadas fluíram para Brasília. Mas para sua informação, leitor: a capital federal, a capital da esperança já realizou o sonho dos seus. Ali não se produz um prego, não se fabrica meio palmo de estopa, mas ali se tem o PIB per capita mais elevado do país (quase o dobro do paulista!). Ali, na antiga terra dos candangos, se tem - também disparado na frente - o mais alto Índice de Desenvolvimento Humano entre as unidades da Federação. E, certamente, ali se tem o mais deslavado grau de satisfação com o saque dos recursos nacionais pela nossa elite política e administrativa. Ali é a matriz dos inconformados com seus salários de R$ 24,5 mil por mês, que passaram a receber R$ 26,7 mil para não terem que ir bater o pires na porta da igreja. Quando se criticam os 594 congressistas que vão receber isso tudo, durante mandatos de quatro anos, eu fico pensando nas dezenas de milhares de membros dos outros poderes, que recebem o mesmo montante, em valor irredutível, para o resto de suas vidas! O sentido de proporção é dos mais elementares ensinamentos da matemática. O povo dificilmente vai entender o processo de desapropriação a que estão submetidas as riquezas nacionais se ninguém na grande mídia lhe explicar que os recursos distribuídos aos Estados e municípios pelo paternalismo de saias, ou pelo maternalismo presidencial, são extraídos de jamanta dessas mesmas unidades da Federação para onde, mais tarde, retornam em doses homeopáticas. Quando o presidente formula uma declaração como aquela destacada aí em cima, a mídia teria a obrigação de esclarecer que somos triplamente roubados pelo papai (ou pela mamãe) estatal. Somos roubados por uma tributação excessiva. Somos roubados na má qualidade dos serviços públicos e da infraestrutura que utilizamos, infimamente proporcional ao montante dos impostos que pagamos. E somos roubados pela terrível centralização das receitas fiscais na órbita da União. Família é a mais importante instituição de qualquer sociedade que deseje ser livre e bem organizada. Mas as analogias familiares são incompatíveis com uma sociedade política que, por seu turno, deseje ser livre e bem organizada. São incompatíveis, também, com os valores republicanos e com o respeito que os poderes de Estado devem aos cidadãos. Para finalizar, e antes que me esqueça: minha mãe era uma pessoa maravilhosa, dedicou sua vida aos sete filhos e nunca, nem como desvio de inspiração poética, foi socialista. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

13/12/2010
A coerência é uma virtude que exige solidez de princípios. Tá bom, eu sei que isso é mercadoria rara no ambiente da política e que seria uma impiedade cobrá-la do presidente da República. Afinal, ele mesmo se designou metamorfose ambulante, dispensando-se de compromissos consigo mesmo. Não nos surpreendamos, então, quando se encrespa e arrufa além do limite do ridículo com a deposição constitucional do hondurenho Manuel Zelaya, mas se relaciona aos abraços e amassos com os maiores ditadores e patifes do planeta. Pensando melhor, corrijo-me. A incoerência de Lula admite exceções. Seu antiamericanismo, formado na cultura esquerdista do sindicalismo brasileiro, é monolítico. É por causa desse antiamericanismo que demonstra tanta afeição por Fidel Castro e Hugo Chávez. É por causa dele que, de modo intempestivo, saiu em defesa de Julian Assange, criador do site Wikileaks. É por causa dele que o governo brasileiro se omite perante as terríveis violações de direitos humanos no Irã. O governo do Irã tem ódio dos norte-americanos? Estamos com ele. O Wikileaks atingiu a diplomacia ianque? Viva o Wikileaks! Admitido esse ponto, retornamos à velha incoerência. Ao longo dos seus oito anos de mandato Lula sempre deixou claro seu desejo de controlar a imprensa e ensaiou maneiras de o fazer, usando o eufemismo do controle social da mídia. Mas argumenta em favor de Assange com base na liberdade de informação. Imagine a indignação do nosso presidente se o Wikileaks, um dia, se dedicasse à produzir ecografias do ventre de seu governo! E isso nos traz ao tema central deste artigo. Como devemos encarar a atividade do Wikileaks e como ela se relaciona com a liberdade de informação? Parece bastante claro que tal liberdade não se confunde com concessão de direitos à espionagem. Tampouco se afirme, como tenho lido por aí, que o Wikileaks não tem o dever de guardar segredos de estados soberanos, porque isso é claro sofisma. O fato de que corresponde aos governos o dever de proteger seus segredos não concede ao Wikileaks o direito de os devassar por vias diretas ou oblíquas. E mais, se ao jornalismo investigativo se conceder a prerrogativa para penetrar e divulgar segredos de estado, informações sigilosas e conteúdos relativos à segurança das nações, todos os espiões que atuam no setor público requererão credenciais de imprensa e total imunidade para suas ações. É ingênuo supor que qualquer conteúdo de interesse público possa ou deva ser publicizado porque, se assim fosse, o grampo telefônico deveria estar liberado e todos os gabinetes, inclusive o de Lula, deveriam ter transmissão de áudio e vídeo para um telão no meio da praça. Por fim, desnudar o conteúdo das informações reservadas da diplomacia não serve à diplomacia. Serve à guerra. Mas é pedir demais ao presidente que abandone seu antiamericanismo em favor de um raciocínio lógico. ______________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Claudio Humberto

08/12/2010
JOBIM CRITICA MEDICI Nelson Jobim (Defesa) provocou mal-estar sábado, na Academia Militar das Agulhas Negras, durante a formatura da ?Turma General Emílio Garrastazu Médici?, ao criticar indiretamente o patrono ? elogiado antes pelo comandante do Exército pela ?honradez, dignidade e patriotismo?. No discurso, que aliás não estava previsto, Jobim deixou claro que não aprovou a escolha do patrono, dizendo que o Exército ?deve esquecer o passado?. Os generais nem o aplaudiram. E o convidado Roberto Médici, filho do ex-presidente, desceu do palanque e foi embora. (Cláudio Humberto, 07/12/2010).

Percival Puggina

05/12/2010
Os recentes episódios do Rio de Janeiro trouxeram à tona um debate recorrente - a liberação ou não do comércio de drogas ilícitas. Os argumentos pela liberação, ou pela descriminação, obedecem à lógica que descrevo a seguir. Se o consumo e o comércio forem liberados, a maconha, a cocaína, a heroína e os produtos afins serão disponibilizados aos seus infelizes consumidores, inviabilizando a atividade do traficante, cujos lucros fabulosos alimentam o crime organizado e a corrupção. Tal providência, dizem, determinaria um efeito em cascata benéfico para o conjunto da segurança pública. Alegam mais, os defensores dessa tese. Sustentam que a repressão agride o livre arbítrio, que os indivíduos deveriam ter a liberdade de consumir o que bem entendessem, pagando por isso, e que os valores correspondentes a tal consumo, a exemplo de quaisquer outros, deveriam ser tributados para gerar recursos ao setor público e não ao mundo do crime. Há quem se deixe convencer por esses argumentos. No entanto, quando se pensa em levar a teoria à prática, surgem questões que não podem deixar de ser consideradas. Quem vai vender a droga? As farmácias? As mesmas que exigem receita para um antibiótico passarão a vender cocaína sem receita? Haverá receita? Haverá postos de saúde para esse fim? Os usuários terão atendimento médico público e serão cadastrados para recebimento de suas autorizações de compra? O Brasil passará a produzir drogas? Haverá uma cadeia produtiva da cocaína? Uma Câmara Setorial do Pó e da Pedra? Ou haverá importação? De quem? De algum cartel colombiano? O consumidor cadastrado e autorizado será obrigado a buscar atendimento especializado para vencer sua dependência? E os que não o desejarem, ou que ocultam essa dependência, vão buscar suprimento onde? Tais clientes não restabelecerão a demanda que vai gerar o tráfico? A liberação não vai aumentar o consumo? Onde o dependente de poucos recursos vai arrumar dinheiro para sustentar seu vício? No crime organizado ou no desorganizado? A Holanda, a Dinamarca e a cidade de Zurich, na Suíça, adotaram políticas liberais em relação ao consumo e à descriminação do tráfico. Decorridos vários anos dessas experiências, estão regredindo em suas posições porque a experiência mostrou que o consumo aumentou e que regiões inteiras de seus centros urbanos se converteram em áreas de convergência de fornecedores e consumidores, e polos de um indesejável turismo da droga e da prostituição. Por outro lado, o uso da droga, todos sabem, não afeta apenas o usuário. O dependente químico danifica sua família inteira e afeta todo o seu círculo de relações. Ao seu redor muitos adoecem dos mais variados males físicos e psicológicos. A droga é socialmente destrutiva e o Estado não pode assumir atitude passiva em relação a algo com tais características sem grave renúncia a suas responsabilidades morais. Qual a solução, então?, perguntou-me um amigo com quem falava sobre esse tema. E eu: quem pensa, meu caro, que todos os problemas sociais tem solução não conhece a humanidade. O máximo que se pode fazer em relação às drogas é ampliar o que já se faz. Ou seja, mais rigor legal e penal contra o tráfico, mais campanhas de dissuasão ao consumo, menos discurso em favor da maconha, menos propaganda de bebidas alcoólicas, e mais atenção aos dependentes e às suas famílias. ZERO HORA, 05/12/2010

Percival Puggina

03/12/2010
Poucas palavras definem tão bem a situação do povo perante o regime dos irmãos Castro quanto escravidão. É uma escravidão um pouco diferente da que conhecemos nos livros de história, mas as restrições de liberdades e de direitos fundamentais, as relações de trabalho e as condições de vida não permitem outra descrição para a vida dos cubanos. O cidadão comum, o assim chamado ciudadano de segunda, escravo do patrão estatal, não pode deixar o país, não decide em qual cidade ou região morar, não pode transferir um veículo se tiver sido adquirido depois de 1960, não pode trabalhar onde quiser nem para quem bem entender. E por aí vai. É uma escravidão sem lei do ventre livre. Filho de cubana já nasce escravo. Recebi, esta semana, cópia de um manifesto firmado por economistas e dissidentes daquele país propondo um conjunto de vinte providências que contribuiriam para animar um pouco a atividade econômica e aliviar a letargia socialista em que o país se encontra, segundo diagnóstico do próprio regime. Examinando-se a lista, da qual o parágrafo anterior faz pequeno extrato, se evidencia a escravidão de que aqui trato, seja pela privação de direitos, seja pela obrigação de trabalhar por um salário miserável (algo como 17 dólares mensais). Em troca, os grandes senhores do generoso regime fornecem a seus escravos, para que lhes lambam as botas (e para que os comunistas do exterior os defumem com incenso) serviços públicos de educação e saúde. Ponto. O restante do PIB nacional custeia o formidável e opressor aparelho de segurança interna, a elite política e a inesgotável ciranda de fracassos a que invariavelmente chegam as experiências coletivistas concebidas pelo Comandante e seus asseclas. Quando estive em Havana pela primeira vez, no ano de 2001, fui visitar a embaixada brasileira. Ela ocupa o quarto andar do excelente prédio da Lonja de Comércio (Bolsa de Valores), uma edificação do século XIX, recentemente restaurada. Fui recebido pelo secretário. Enquanto conversávamos, entrou na sala uma moça de cor negra que lhe dirigiu algumas palavras em espanhol e se retirou deixando expedientes sobre a mesa. Quando ficamos novamente a sós, ele explicou que a moça era cubana, excelente funcionária, contratada junto a uma das duas agências oficiais através das quais o governo loca mão-de-obra para organizações estrangeiras. A embaixada fornecera uma descrição do perfil da pessoa que necessitava, a agência estabelecera o valor da remuneração em 200 dólares mensais, enviara algumas moças para serem entrevistadas e aquela havia sido escolhida. Dos 200 dólares com que a embaixada remunerava a agência, a moça recebia, em pesos (!), o equivalente, a 20 dólares. Os restantes 90% ficavam para seu generoso patrão, o Estado cubano, dono e senhor de suas capacidades e de seu destino. Diante dessa dura realidade, a representação brasileira incluíra a funcionária em sua folha de pagamentos. E os cubanos não protestam?, perguntam-me, frequentemente, quando conto estas coisas. Respondo: protestar faz mal para a saúde pessoal e familiar. Tudo em Cuba está aparelhado pela máquina estatal, pelo partido e pela segurança interna (atividade a cargo do poderosíssimo Ministério do Interior, o temido Minint). E um bom exemplo desse aparelhamento está sendo dado agora. No dia 13 de setembro, Raúl Castro anunciou que o governo iria demitir 500 mil trabalhadores nos seis meses seguintes e que esse número correspondia à metade do necessário para cumprir o programa total de demissões, que abrangeria um quinto da força de trabalho do setor público. Note-se que, na forma do programa, cada dez anos trabalhados dão direito a um mês de salário a título de indenização... Por algo infinitamente menor, um acréscimo de dois anos na idade mínima para aposentadoria, os franceses quase incendiaram a França. Em Cuba não acontece coisa alguma. O governo, demite um em cada cinco trabalhadores e a CTC (Confederação de Trabalhadores de Cuba) emite comunicado de apoio dizendo ser sabido que o excesso de vagas é de mais de um milhão nos setores orçamentário e estatal e que o Estado não pode nem deve continuar a manter empresas com quadro de funcionários inflados, que criam empecilhos para a economia e deformam a conduta dos trabalhadores. Nos totalitarismos é assim. Acontecem coisas desse tipo. Não há surpresas aí, portanto. O que não se pode entender é o comportamento de quantos, fora de Cuba, aplaudem os maus tratos impostos àquela pobre gente que trocou os poucos meses que faltavam para terminar a ditadura de Batista pelos 52 anos que já dura sua escravidão na senzala dos Castro. ______________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.