Reinaldo Azevedo

11/05/2009
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, como sabem, foi ?archa da Maconha. O homem ?esmo um revolucion?o. Numa das a?s armadas de que participou quando pertencia a um grupo terrorista, o mesmo de Dilma Rousseff, um inocente foi assassinado. O homem j?reinava os dedos para mudar o mundo. Que coisa! Minc ?inistro de Lula. A menos que seja ainda mais irrespons?l do que d? entender, foi ?al manifesta? com autoriza? de seu chefe. Na pr?ca, ?omo se o governo se mobilizasse contra uma lei que ele tem de fazer cumprir. E a presen?de Minc na tal marcha se torna, ent? um emblema do real comprometimento do governo com o combate ?drogas. Sua fala no evento n?poderia ser mais clara: “A lei atual despenalizou, mas n?descriminalizou. Ainda ?rime [fumar maconha], e eu acho que n?ever?os avan?. Como se v?trata-se da fala de quem tem uma agenda, de quem sabe que ?reciso caminhar aos poucos, mas “avan?” sempre. Hoje a maconha; depois, a coca?; amanh?sabe Deus. Botaremos todos os brasileiros na legalidade extinguindo as ilegalidades, entenderam? Corol?o: se voltarmos ao estado da natureza, os crimes deixam de existir. Como j?screvi aqui, em vez de a sociedade corrigir os Marcolas, os Marcolas ?ue v?reeducar a sociedade. Pouco me importa, j?screvi quinhentas vezes, o que cada um fuma, cheira ou injeta. N?tenho nada com isso. Ocorre que a droga, infelizmente, n???a mera quest?de ades?ou n?a um h?to ou v?o. Pensemos um pouco sobre a fala do “Coroa do Rio”, com aquela sua pinta de Tio Sukita do surf. O efeito da libera? total da maconha — descriminada, na pr?ca, ela j?st? no que respeita ao crime organizado seria ZERO. Para que houvesse alguma mudan?nessa ?a, seria preciso descriminar todas as drogas, especialmente a coca?. E o Brasil adotaria sozinho tal posi?. O resto do mundo continuaria a reprimir as drogas. Passar?os a ser um centro mundial de atra? de c?bros derretidos. Como se n?nos bastassem os nossos pr?os idiotas — alguns deles no topo da Rep?ca. Esse ministro boc?veria estudar um pouquinho, um pouquinho s?e l?a e de economia antes de disparar suas tolices. O que Minc acha que aconteceria com a m?de-obra criminosa que hoje se dedica ao narcotr?co? Todos se converteriam em trabalhadores? At? mais rematado dos imbecis, menos Minc, pode intuir o ?o: ela migraria para outros crimes. “Ah, te peguei, Reinaldo! Ent?voc?st?izendo que o narcotr?co ?t?ma solu??” N? Estou afirmando que o governo n?cumpre a sua parte na repress?ao tr?co de drogas e suas conseq?ias, como o tr?co de armas. Elas chegam de barco em plena Ba?da Guanabara! As fronteiras brasileiras s?terra (e ?as) de ningu? E esse estado continuaria a ser omisso. A legaliza? das drogas, que levaria a uma explos?de consumo — com as suas previs?is e ?as conseq?ias na sa?p?ca —, faria o pa?mergulhar no caos social. Acreditem: o estado necess?o para cuidar dos efeitos da libera? teria de ser muito mais competente do que aquele que se encarrega — e mal — da repress? Ou seja... Alguns dos meus leitores devem fumar maconha. Outros podem se emocionam quando uma linha reta, de repente, d?ma entortadinha. Alguns talvez gostem do Bolero de Ravel. Tenho certeza de que h?uem v?o cinema e mande colocar aquela manteiga nauseabunda na pipoca — pelo amor de Deus, gente! Cinema ?ugar de namorar, n?de entupir as coron?as... O ser humano ?ariado, ?vezes estranho. Digo, com Ter?io, que nada do que ?umano me ?stranho. Mas n?imito Fernando Lugo, o garanh?de batina (levantada) do Paraguai. N?recorro a Ter?io para justificar minha falta de limites. Ao contr?o: ele me serve como convite ?oler?ia com o Outro (o que n?quer dizer, claro, condescend?ia com o vale-tudo). Pois bem: digamos que n?haja nada de intrinsecamente mal na maconha (n?? opini?de um bom n?o de estudiosos) e que consumi-la possa ser igual a ouvir, como faz algu?em algum apartamento aqui das redondezas, o Bolero no ?mo volume (a minha sorte ?ue h?m bando de maritacas que mora entre o meu pr?o e o pr?o vizinho...). Bem, se o mundo decidir proibir o Bolero ou a nauseabunda manteiga derretida na pipoca — sei que n?contarei com essa gra? hehe... —, por mais que eu considere que seja mera quest?de gosto e direito individual consumir ou n?aquelas drogas, ser?reciso que eu reflita sobre as conseq?ias de integrar a cadeia certamente criminosa que se vai formar para comercializar o Bolero e a manteiga. Por alguma raz? o Bolero e a manteira s?liberados mundo afora, mas as drogas n? A quest?n??e moral privada, mas de ?ca coletiva. Essa hist? de que “sou apenas o consumidor e n?tenho culpa se a maconha ?roibida” ??ca do infantilismo ?co do nosso tempo. Tem, sim. Ao fazer certas escolhas, amig? voc?scolhe um mundo. O fato de haver pessoas nefastas que n?consomem drogas e consumidores que podem ser gente boa n?serve como crit?o para orientar pol?cas p?cas. IRRESPONSVEL. ?isso o que Minc ?Ele ?inistro de Estado. Se vai a uma marcha da maconha, leva a voz do governo. A m?a que embalou a passeata, como se noticiou, era a tal “Vou apertar, mas n?vou acender agora”, toda ela feita de refer?ias um tanto desairosas ?ol?a — e, pois, ao estado —, em oposi? ?uposta esperteza da nata da malandragem. Nada mais pat?co do que ver os bacanas do Rio (ou de qualquer lugar) macaqueando a suposta linguagem dos pobres — pobres que, diga-se, n?compareceram ao evento. Pais e m? de fam?a dos morros e das periferias das grandes cidades detestam as drogas. Sabem que seus filhos, se vitimados pelo mal, terminam assassinados antes dos 20. J?s usu?os de Copacabana, Ipanema ou Leblon ter?vida longa. Podem consumir droga ?ontade, que seu futuro est?ais ou menos garantido. Os de mais sorte chegam a ministros de estado. Imaginem se um comportamento como esse de Minc n?viraria um esc?alo pol?co em qualquer democracia do mundo! Imaginem o que a oposi? n?faria... Por aqui, n?vai acontecer nada. Ou melhor, vai: as drogas continuar?proibidas; a pol?a continuar?orrompida; o estado continuar?misso; 50 mil pessoas continuar?a ser assassinadas todo ano; os Mincs da vida continuar?a ir a marchas da maconha, e os marchadores da erva logo organizam uma outra marcha, a?ela paz. No s?do, d?dinheiro para os bandidos comprar rifles; no domingo, protestam contra o uso que eles fazem dos rifles que compraram. Entenderam? Minc precisa trocar os seus coletes transadinhos por uma camisa-de-for? Pronto! Fumei um ministro inteiro. E n?tou sentindo nada...

Ana Prudente

11/05/2009
Algum de voc?j?eu, j?iu ou ouviu falar que um Ministro de Estado de um pa?qualquer tenha se prestado a puxar uma MARCHA DA MACONHA? Pois ?o Carlos Minc hoje no Rio de Janeiro liderou uma passeata pela libera? da canabis sativa no Brasil. Deu entrevista para a Rede Bandeirantes muito orgulhoso de seu feito, chamando de hip?tas aqueles que n?aceitam a libera? da droga. Maconha pode, cigarro n?pode! Se voc?umar maconha ?erdoado por ser um dependente. Se fumar cigarro, segundo o Serra e tantos outros, ?m criminioso. Eu nunca vi um ministro se prestar a isso,s?ui no Brasil estas coisas acontecem! Ana Prudente

Percival Puggina

11/05/2009
Estou chegando da missa de s?mo dia da m?de uma querida amiga. Na prece dos fi?, fomos convidados a rezar pelos “movimentos sociais”. Aquela ora?, perante cujo enunciado, obviamente, fiquei calado, me fez lembrar foto publicada na edi? de Zero Hora de poucos dias atr? mais precisamente, em 7 deste m? um grupo de estudantes, de p?sobre as mesas de uma sala de reuni? exibia-se em atitude que tanto podia corresponder a um protesto quanto a um concurso de requebros. “Que diabo seria aquilo?” – eu me havia indagado ao observar a imagem. A mat?a esclarecia. Os jovens expressavam sua inconformidade com o esbo?do Plano de Carreira do Magist?o P?co Estadual. Entenda leitor: era mais ou menos como se os auxiliares de enfermagem estivessem descontentes com alguma quest?corporativa do hospital e os pacientes sa?em dos leitos para sapatear na mesa do diretor. Nelson Rodrigues, em O Globo do dia 28 de mar?de 1970, publicou artigo abordando um fen?o j?nt?em curso e que ele denominou “a socializa? do idiota” (anos depois, Olavo de Carvalho esmiu?ia brilhantemente o mesmo tema em “O imbecil coletivo”). L?elas tantas, o maior de todos os Nelson escreve assim: “Voc?se lembram das greves estudantis da Fran? (ele se referia ao que ocorrera a partir de Nanterre, em maio de 1968, o tal ‘ano que n?terminou’). Os jovens idiotas viravam carros, arrancavam paralelep?dos e incendiavam a Bolsa. E, ent? o velho De Gaulle falou aos idiotas. – ‘Eu sou a Revolu?.’ Que ele fosse a Revolu? era o de menos. O que realmente enfureceu o mundo foi o eu. Era algu?que queria ser algu? Um dos maiores jornalistas franceses escreveu furibundo artigo contra aquele espantoso orgulho. Aquele guerreiro de esporas rutilantes e penacho negro foi o ?mo eu franc? Os outros franceses s?massas, assembl?s, com?os, maiorias.” Os tais movimentos sociais, or?entos participativos, audi?ias p?cas e assemelhados s?express?dessa mesma coisa quarenta mais tarde, por obra e gra?dos projetos ideol?os e da ambi? petista pelo poder. O PT, desde cedo, compreendeu as imensas possibilidades abertas pela socializa? dos idiotas. Um idiota sozinho ?m sujeito rid?lo. Um parvo. Um imbecil solit?o. J?m ?us cheio de idiotas, ou uma passeata deles se transforma em express?da sociedade. Eleva-se ?ategoria de povo e – imensa vantagem! – se torna inimput?l. – “Como assim, inimput?l?” perguntar? leitor. Sim, o idiota socializado se ergue ?ondi? de ?io ou de crian? podendo meter-se em qualquer encrenca e cometer a maior tropelia sem que precise responder pelo que fizer. H?empre uma legi?de jornalistas para concordar e raros membros do Minist?o P?co e do Poder Judici?o para discordar. Vivemos o ex?o da individualidade. Os ?os indiv?os existentes no Brasil, hoje, para todos os efeitos, s?Lula, Daniel Dantas, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. A presen?de Lula nessa lista ?lgo que o PT, como partido dos tais coletivos, tira de letra: trata-se de imposi? da realidade socializar a idiotice e promover o culto da individualidade do l?r. Stalin e Mao Zedong j? demonstraram h?uito tempo.

Percival Puggina

10/05/2009
“Eu quero escrever um poema sem a palavra saudade, sem recordar bem algum. Quero quebrar o sistema, o h?to t?comum de chorar a mocidade, o tempo que j?assou e a pr?a vida quebrou. (Ah! Se eu cantasse a saudade!)”. Eloah Oliveira Puggina, em ?tima Seara. Como escrevia bem a minha m? n??esmo? Suas trovas, poemas e poesias t?admir?l leveza e originalidade de forma e conte? Era um talento que feneceu e faleceu aos 84 anos sem ter tido tempo de encontrar o reconhecimento e a gl? porque sempre considerou que seu marido e seus sete filhos eram sua miss? Ambicionava apenas o bem de seus filhos e essa foi toda a gl? que almejou para si. Perdoem-me os leitores o tom inusitadamente intimista desta cr?a, mas n?haveria, na coincid?ia deste domingo com o Dia das M?, como romper a estreita liga? nervosa que une a mente ao cora? e este aos dedos que buscam as palavras no teclado do micro. Quando se visitam os grandes museus de artes pl?icas, com interesse nas obras e n?nos autores (o que faz enorme diferen?, salta aos olhos que quando o tema ? amor, os artistas s?compelidos a usar a imagem de Deus ou a imagem da mulher. E n??oincid?ia que ambos sejam meios para esse mesmo fim. N? n??oincid?ia. Deus ?mor e a mulher, ?ua semelhan? tamb? Nada, caro leitor, cara leitora, ??parecido com o amor de Deus quanto o amor da m?pelo filho, seja ele o cada vez mais freq?e filho ?o de nossos tempos, seja ele um dos vinte e tantos de antigamente, ou um dos sete de minha m?inha. Essa semelhan?transparece, inclusive, na infinita capacidade de evidenciar o amor nas circunst?ias em que ele ?ais exigido, ou seja, perante a necessidade do perd? Raramente, dificilmente, um homem perdoa antes de o perd?ser pedido. No entanto, Deus e as m? fazem exatamente isso, sempre. Dona Eloah era assim porque as m? costumam ser assim. Por isso, neste Dia das M?, quando a saudade me constrange o cora?, quero homenage?as com estes versos que minha m? gr?da, escreveu h?1 anos: “Meu corpo ?m ber? ??do ninho... quando caminho, a cada passo embalo e acalento meu bebezinho. E se adorme? Meu cora? arrulha em compasso bem terno e lento uma can?.” ZERO HORA, 10 de maio de 2009

Fernando M. Lopes

09/05/2009
H?nos mantenho contato com oficiais do Ex?ito, tanto por trabalho quanto por amizade, e eles me relatam as aventuras, alegrias e tristezas dos soldados e fuzileiros que comp?a miss?de paz da ONU no Haiti. Bom, at?s mais desavisados h?de lembrar do excelente trabalho das for? armadas brasileiras naquele miser?l pa?caribenho, destro?o pela guerra civil. Quando as Na?s Unidas se cansaram daquela zorra, enviaram as for? de paz em 2003. A popula? comemorou. E continua comemorando. O Haiti ainda n?saiu da mis?a, mas ao menos escapou da guerra, dos assassinatos em massa, das torturas, das gangues armadas. Hoje, gra? ?for? de paz comandadas pelo Brasil desde 2004, aquele ?m lugar melhor de se viver. Nosso Ex?ito pacificou as fac?s e reduziu a criminalidade; de quebra criou hospitais, escolas, fornecimento de ?a, infraestrutura, comunica?s. Deu ?ele povo sofrido um rumo, um norte, uma esperan? Trabalho de primeira; parab? aos militares. Infelizmente, isso ?ouco divulgado. Ou simplesmente n?o ?Coisa de nosso complexo de vira-latas, como diria N?on Rodrigues. Pior: Num Pa?onde faltam her?e sobram cafajestes, teimamos em ignorar os bons exemplos. Como sou mais teimoso ainda, vamos falar um pouco de dois desconhecidos: a capit?m?ca Carla Maria Clausi e o cabo Ricardo. J?uviram falar deles? Certamente n? mas devem ter visto algo sobre o desabamento de uma escola na capital haitiana, Porto Pr?ipe, no dia 7 de novembro, no qual mais de 90 pessoas perderam a vida. Foi um horror; v?os sobreviventes estavam sob toneladas de escombros, sem muita chance de salvamento, num lugar praticamente sem estrutura para atendimento de emerg?ias. Que fazer pelos soterrados? Em desespero, os haitianos se lembraram dos brasileiros; chamados, os militares enviaram imediatamente uma equipe m?ca completa, composta de soldados e fuzileiros navais. Foi a literal salva? de 4 crian?, de 6 a 7 anos de idade. A capit?m?ca Carla e o soldado enfermeiro Ricardo se esgueiraram pelos escombros, ignorando o perigo de morte por esmagamento e, a muito custo, conseguiram salvar as crian?. As fotos, enviadas do Haiti por um amigo militar, s?impressionantes. Mostram o grau de coragem dos dois her? que arriscaram suas vidas pelas das pobres crian?. Desafiaram a morte n?por gl?, dinheiro, fama ou medalhas. O agradecimento das fam?as levou os bravos soldados ?l?imas. Uns dir?que eles apenas cumpriram seu dever. Eu digo que foram al?disso; demonstraram coragem, bondade, desprendimento, hero?o. Mais do que reconhecimento, merecem todas as homenagens poss?is. Merecem ser lembrados. Quando vejo tais exemplos de car?r, logo v??ente todas aquelas medalhas que os pol?cos se auto-concedem (ou trocam) sem o menor motivo. Penso na Medalha Santos-Dumont que Marisa, mulher de Lullla, recebeu em 11 de janeiro deste ano por “relevantes servi?” (gargalhadas) prestados ?or?A?a. Que vergonha. E dizer o qu?e todas aquelas comendas que deputistas e senateiros recebem todos os anos, quando seus atos de “bravura extrema” se resumem a tomar u?ue em seus enormes gabinetes acarpetados e refrigerados, rodeados de servi?s e puxa-sacos? O Brasil n?tem jeito, mas alguns brasileiros t? Principalmente a capit?m?ca Carla e o cabo Ricardo. Acredito que Carla e Ricardo n?v?receber nenhuma medalha, nenhuma homenagem de nosso governo. Ele est?cupado demais, pendurando faixas e adornos brilhantes em pol?cos gordos que se re? em Bras?a para reclamar do calor; ent? fica aqui nossa pequena homenagem a esses dois her?que, se n?forem mesmo reconhecidos como tal, ao menos servem para denunciar essa medonha invers?de valores (mais uma!) num Pa?que trocou os fatos pela vers? a verdade pela fic?, o exemplo real pelo inventado. Enquanto a capit?e o soldado arriscam a vida por quatro crian? pobres sem o menor reconhecimento das autoridades, a excelent?ima primeira-dama d?olimento em sua comenda, refletindo sobre seus relevantes servi? prestados, refestelada nos pufes do Pal?o da Alvorada, aplaudida por um s?ito de empregados. Alberto Santos-Dumont deve estar virando no t?o.

Márcio Luís Chila Freyesleben

09/05/2009
Um dos tra? marcantes do pensamento p?odernista ? relativismo. O relativismo nega a exist?ia de qualquer regra ou teoria que sustente verdades absolutas, inequ?cas ou transcendentais. Os relativistas defendem que nada ?bjetivamente certo ou errado, bom ou mau. Para os relativistas, a ?ca e a moral s?determinadas por fatores mut?is, diferentes e contradit?s. O conceito de bem e mal depende do ponto de vista de cada cultura; oscila, pois, no tempo e no espa? n?passa de um ponto de vista hist?o. N?h?rit?o absoluto de moralidade ou de ?ca, logo todos os discursos, as normas ou os padr??cos ou morais s?puramente arbitr?os e, sendo assim, inconsistentes. Malgrado busquem demonstrar, os relativistas, que sua filosofia deitas ra?s nos pr?ocr?cos (em Prot?ras de Abdera, para Edmund Husserl), o relativismo ganhou a conforma? patog?ca na Teoria da Relatividade de Albert Eistein. A nega? do espa?e do tempo como conceitos absolutos ensejou a difuns?da cren?de que tudo seria relativo, de que n?haveria crit?os de verdade universal. Insistem os relativistas em cometer dois erros. O primeiro: desconsiderar a “invari?ia”. A Teoria da Relatividade de Eistein afirma que as leis da natureza s?sempre as mesmas independentemente do ponto de vista do observador. Um passageiro sentado dentro de um trem em velocidade constante n?sente o movimento do ve?lo. Se esse passageiro jogar uma bola de t?s para cima verticalmente, ela subir? descer?escrevendo uma linha reta. Mas para um pedestre que estivesse observando da cal?a, a trajet? da bola de t?s descreveria uma par?la, uma curva. O passageiro e o pedestre est?vendo trajet?s muito diferentes, mas as leis que regem os dois movimentos s?as mesmas. A diferen??ue, para o pedestre, a velocidade da bola est?ombinada com o movimento horizontal do trem. Conclui-se, portanto, que “se houver um observador que seja capaz de reconhecer as leis da natureza formuladas por Galileu e por Newton em seu sistema de refer?ia, ent?qualquer outro observador que esteja em movimento em rela? a ele vai ver os fen?os de uma forma diferente, mas vai encontrar as mesmas leis. Ou seja, as leis da natureza s?invariantes mesmo quando n?ariamos o nosso referencial” (Mauro Almeida, “Pluralismo e relativismo nas sociedades humanas: o impacto das ideias de Einstein”, s?o www.revistapesquisa,fapesp.br). Ocorre, em verdade, o oposto do que os relativistas afirmam: “o princ?o da relatividade, que j?ra conhecido por Galileu, diz que as leis da mec?ca s?igualmente verdadeiras para todos os observadores em movimento n?acelerado” (idem). V?e que, ao contr?o do que pensam os relativistas, a relatividade de Eistein atesta a exist?ia de regras invari?is, constantes, imut?is; absolutas e universais, portanto. Ao transporem o princ?o da relatividade para as ci?ias sociais, os relativistas n?levaram em considera? justamente a “invari?ia”. Assim como para a f?ca, a sociedade tamb??egida por regras universais, invari?is, isto ?por verdades imut?is, absolutas. C?st? segundo erro: pecam os relativistas por rejeitar o que h?e mais sagrado na cultura humana: sua tradi?. Edificamos um valioso cabedal de experi?ias ao longo da hist? de nossa milenar sociedade ocidental. A tradi? ? ess?ia dessa hist?. ?a ess?ia de uma hist? que n?se resume no relato da vida de nossos antepassados; mas antes revela as rela?s de causa e efeito de toda a din?ca de nossos sucessos e de nossos fracassos atrav?dos tempos. A tradi? ? conjunto das cren? e das percep?s da sociedade, repleta de valores e de virtudes consagrados pelo tempo. A tradi? ?ossa “heran?cultural”, e com ela deveremos nortear as decis?da sociedade no presente, porque ela representa para n? eterna medida das escolhas. No entrechoque do relativo com o absoluto, o tema da homossexualidade merece especial relevo. A mudan?de sexo, o casamento e a ado? s?temas debatidos sob acirrada controv?ia. Na defesa de tais quest? os relativistas enveredam-se por uma esp?e de niilismo, de recusa a qualquer valor universal. Defendem a mudan?de sexo crentes de que a abla? da genit?a e a constru? de um simulacro de ?o genital feminino teria o cond? de amainar todos os traumas da sexualidade transviada. Agem como adeptos de uma esp?e de seita andr?a, devotada a um culto f?co ?avessas, em que o n?p?s ?olocado no centro do drama lit?co. A par da cirurgia para mudan?f?ca de sexo, pretendem tamb? a sua mudan? jur?ca, isto ?a altera? da designa? do sexo no registro de nascimento. Com efeito, o fato de uma pessoa n?se conformar com sua natureza mesma n?a transforma em outra coisa. Se o indiv?o n?se considera “homem”, tal sentimento n?o trasmuda em “mulher”. Na lapidar express?do Desembargador Almeida Melo, citando Napole?Bonaparte, “eu tenho um amo implac?l: a natureza das coisas” (TJMG, proc. nº 1.0672.04.150614-4/001(1), sito www.tjmg.gov.br). Leciona o ilustre Desembargador que “n??reciso haver leis escritas para definir o que brota da natureza. A s?ese de Napole?pode ser transferida para este caso assim: a lei n?precisa definir os fen?os da natureza, como o g?ro biol?o dos seres. N??reciso definir em lei o estado f?co dos elementos (s?o, l?ido ou gasoso) nem a maternidade”. N?pode a lei chamar o vento de chuva nem a morte de vida. Logo, lan? no registro indica? de sexo diferente, al?de afrontar a natureza das coisas, ?azer afirma? fraudulenta. No magist?o do Desembargador Almeida Melo, “a identidade sexual deve ser reconhecida pelo homem e pela mulher, por dizer respeito ?fetividade, ?apacidade de amar e de procriar, ?ptid?de criar v?ulos de comunh?com os outros”. As diferen? f?cas, morais e espirituais “est?orientadas para a organiza? do casamento e da fam?a; a diferen?sexual ??ca na cria? e na educa? da prole”. A harmonia social depende da maneira como os sexos convivem e se complementam. “O Direito ? organiza? da fam?a e da sociedade. N?pode faz?o para contrariar a natureza. Ainda que a apar?ia pl?ica ou est?ca seja mudada, pela m?e pela vontade humana, n??oss?l mudar a natureza dos seres”. Para a Ci?ia Jur?ca ?umamente relevante a fun? social do sexo. Nas l?as considera?s do Desembargador D?io Lopardi Mendes: “Malgrado o indiv?o transexual, ap? realiza? da cirurgia de transgenitaliza?, pare?fisicamente com o sexo oposto (sexo anat?o), e sinta-se como tal (sexo psicol?o), tenho que o sexo biol?o permanece inalterado. O transexual masculino, por exemplo, apesar de, ap?irurgia e tratamento hormonal, passar a ostentar mamas salientes e uma esp?e de vagina, n?possui ?o nem ov?os. Seus ?os internos s?de um homem. Situa? inalter?l, perene. N?h?nem jamais haver?possibilidade de transformar um indiv?o nascido homem em uma mulher, ou vice-versa. Por mais que esse indiv?o se pare?com o sexo oposto e sinta-se como tal, sua constitui? f?ca interna permanecer?empre inalterada”. (TJMG, proc. nº 1.0024.07.595060-0/001(1), s?o www.tjmg.gov.br). Ademais, urge n?perder de vista o fato de que a altera? do sexo no registro de nascimento permitir?a ocorr?ia de um outro fato extremamente grave: o casamento guei. Uma vez alterado o assento de nascimento, a afirma? falsa viabilizar? realiza? de ato jur?co il?to. Nisto, a retifica? do registro de nascimento revela uma impostura, um embuste. N?passa, pois, de um estratagema malicioso, que visa a legitimar a inser? no ordenamento jur?co, por vias obl?as, do matrim? guei. N?se trata agora de um problema pessoal e particular do guei. O casamente entre homossexuais ?rav?imo e ruinoso para a sociedade. Nas palavras do C?o Henrique Soares da Costa, em conson?ia com a prega? do Santo Padre, o Papa Bento XVI: “O problema ?ue a quest?em pauta diz respeito a toda a sociedade, pois que envolve o conceito de fam?a; e de modo muito pr?co. Por mais que se queira negar, a fam?a ?ecisiva para a constitui? e para a personalidade de uma sociedade. Destrua-se uma e a outra perecer?Na hist?, em todas as civiliza?s a sociedade como um todo sempre tutelou e normatizou a institui? familiar. Na fam?a, os valores s?transmitidos, a vida ?erada e tutelada, a pr?a identidade de uma comunidade humana ?orjada e passada, gera? ap?era?. Admitir um casamento ‘gay’ legalmente reconhecido, seria esvaziar e diluir totalmente o que seja fam?a; ela seria somente, como defendem alguns desastrados, uma uni?afetiva de pessoas! Aceitar tranquilamente uma uni?civil entre homossexuais e, posteriormente, o direito ?do? de crian?, seria o mesmo que redefinir totalmente o que seja fam?a para n?Nosso conceito tradicional, plasmado pela nossa cultura e que, por sua vez, plasmou tamb?muito da nossa sociedade, desapareceria totalmente. Nossas crian? e as gera?s futuras teriam uma consci?ia totalmente deturpada do que seria uma fam?a! A fam?a n?mais teria nada de sagrado, de perene, de est?l, de espec?co, sendo reduzida a uma associa? qualquer. N?se pode brincar com uma coisa t?s?a! Infelizmente, tudo quanto essa nossa sociedade hedonista toca, transforma em lixo! ??o, portanto, que essa quest?n?diz respeito somente aos pr?os homossexuais, mas a toda a sociedade; n??ma quest?privada, como muitos querem enganosamente fazer pensar... A fam?a j?nda t?desacreditada, t?bombardeada, t?desmoralizada... [....]N?se pode, ent? impor uma inova? t?grave e deturpadora do conceito de fam?a a toda uma sociedade por vontade de uma minoria”. E arremata o preclaro religioso: “Certamente, um casal homossexual que deseje viver maritalmente tem esse direito, desde que n?imponha a toda uma sociedade a sua escolha. [....] O que n?se deve aceitar de modo algum ?ue isso exija que se crie um casamento legal e, ainda mais, com a possibilidade de ado? de crian?! [....] Uma sociedade decente tem o dever de tutelar a fam?a e as crian?. A quest??ue nossa sociedade j??uito deixou de ser decente... Nossa sociedade ?oente; doente do orgulho cego de uma humanidade que pensa que ? norma de si pr?a, o crit?o do bem e do mal!” (“A Uni?Civil dos Homossexuais -2”, s?o www.padrehenrique.com). Nivaldo Cordeiro, com a perspic?a que lhe ?eculiar, fornece-nos o arremate derradeiro do tema: “Tem sido, o cristianismo, o ve?lo pelo qual a atualidade hist?a tem sido transmitida nos dois ?mos mil?os e n?podemos deixar de creditar ?greja Cat?a o m?to de reconhecer na filosofia cl?ica seu outro Testamento, conforme a an?se l?a do ent?jovem te?o Joseph Ratzinger, no seu Introdu? ao Cristianismo, de 1967. Essa consci?ia hist? ? impregnar-se com as virtudes da tradi?, a temperan? o senso de justi? a toler?ia. Virtudes assim podem ser praticadas sem que haja a aquisi? de cultura livresca, bastando que n?seja quebrado o fio da tradi?. Por isso que Ortega insistia que um dos direitos mais importantes da pessoa humana era o da ‘continuidade’, precisamente o de se ter um passado e de se viver o presente, construindo o futuro, sem perder de vista o legado precioso das gera?s anteriores” (“As Massas e o Estado em Ortega y Gasset, s?o eletr?o www.nivaldocordeiro.net). ?inadmiss?l romper com todos os valores e virtudes que a tradi? nos legou. ?inconceb?l, em nome de um equivocado relativismo moral, romper com a heran?cultural que a hist? ocidental nos transmitiu. Temos direito ?ontinuidade, ?radi?; temos direito a valores universais e transcendentais. * Procurador de Justi? Minist?o P?o Minas Gerais

Paulo Moura

09/05/2009
A ?ma vez que a propalada reforma pol?ca entrou em pauta foi em meados de 2007, num momento em que o governo Lula enfrentava esc?alos. Agora ? Congresso que, no foco de esc?alos, tr?a reforma ?manchetes.. Naquela ?ca discutia-se o voto em lista fechada ou flex?l, o fim das coliga?s na elei? proporcional, a fidelidade partid?a e o financiamento p?co eleitoral. Outra vez a reforma empacou ap? rejei? do voto em lista. A maioria dos pol?cos preferiu continuar com liberdade para se corromper na base do contrato individual com os corruptores, j?ue, se as propostas do relator Ronaldo Caiado (DEM-GO) fossem aprovadas essa possibilidade estaria inviabilizada. O sistema de voto em lista fechada fortaleceria as atuais burocracias partid?as na medida em que submeteria a luta pela viabiliza? de candidaturas ao necess?o controle de maiorias internas aos partidos. Isto ?para encabe? a lista da sua legenda o pr?andidato precisaria antes controlar os organismos partid?os de modo a garantir o apoio da maioria dos delegados eleitores nas conven?s que definiriam a ordem dos candidatos nas listas. Nesse contexto, quem j?ontrola m?inas pol?cas e quem j?em mandato teria vantagem, o que levaria ?erpetua? no poder das atuais c?as das legendas e, como conseq?ia, do sistema pol?co como um todo. Ou seja, aprovado o voto em lista, as atuais oligarquias pol?cas se eternizariam no controle dos partidos e dos governos e parlamentos, numa esp?e de congelamento do quadro pol?co atual. Dessa forma, a atual c?a da elite pol?ca nacional, em todos os partidos, passaria a centralizar a distribui? do sobrepre?das licita?s. Isto ?os corruptores, teriam que negociar com as dire?s partid?as e com os detentores do poder de liberar verbas p?cas a compra dos corruptos no atacado, em lotes por bancada. Assim, ao inv?de comerem individualmente na m?dos corruptores, ao seu livre arb?io e no varejo das almas, “nossas excel?ias” teriam que mendigar migalhas e se submeter aos caciques partid?os e governamentais eternizados no poder. Ou teriam que ser caciques partid?os. Diante de tal proje?, em 2007 os integrantes do “baixo clero” das m?as pol?cas em que se transformaram os partidos, fizeram suas contas e votaram contra as c?as, sepultando o voto em lista. Definitivamente , os pol?cos brasileiros s?fendem o livre mercado se for para rejeitar a interven? do “Estado” nas “suas” economias pessoais. Por essa l?a o financiamento p?co eleitoral tem chance de passar se for levado a voto nessa nova tentativa de aprovar mudan? na lei eleitoral. O dinheiro para financiar campanhas anda escasso e os financiadores est?mais seletivos. O financiamento p?co seria uma forma de legalizar mais uma transfer?ia de dinheiro p?co para o bolso dos pol?cos, sem impedir o financiamento ilegal das campanhas eleitorais, j?ue ningu?fala em controlar, de fato, as licita?s. A fidelidade partid?a e o fim das coliga?s proporcionais debatidos em 2007 n?est?em debate agora. As coliga?s proporcionais s?uma excresc?ia que, assim como a figura do suplente aos mandatos legislativos, distorce a legitimidade da representa?. Com a coliga? proporcional o quociente eleitoral que define o c?ulo do tamanho da bancada de um partido no parlamento passa a valer para o conjunto dos partidos coligados. Assim, a coliga? ?onsiderada com se fosse uma s?genda partid?a. Atrav?desse artif?o, partidos irrelevantes, isto ?sem representatividade junto ao eleitorado, elegem, na carona dos grandes partidos, in?os parlamentares que passam a alugar o mandato a governos necessitados de maioria no Legislativo. A maioria das 30 legendas registradas no pa?se comp?e partidos de neg?s, ou seja, s?montados para a rapinagem do dinheiro p?co. Essas legendas al?de alugarem os mandatos de suas bancadas a governos, antes disso alugam seu tempo de TV aos grandes partidos nas campanhas eleitorais. Da mesma forma, seus parlamentares mudam de partido em troca de dinheiro, cargos e vantagens, no interregno entre a elei? e a posse, para viabilizar o incha?de bancadas e o controle dos organismos internos do Congresso. Para que essa bandalheira possa continuar livre e impune as coliga?s proporcionais precisam ser preservadas, assim como a infidelidade partid?a. Caso contr?o, ficar?imitada a latitude de movimentos hoje permitidos aos pol?cos que est?no ramo a neg?. A maioria. Por isso, a reforma pol?ca est?a pauta da agenda pol?ca h??das e n?sai. Mexer nas regras do jogo ?lterar o resultado do jogo. Quem se elegeu com as regras atuais somente as modificar?m benef?o pr?o. O assunto s?ltou ?aila, outra vez, para mudar o foco do notici?o voltado para a corrup? no Congresso, sob a alcunha de “agenda positiva”. Agenda diversionista; diria. Se houvesse s?a vontade de corrigir distor?s do sistema pol?co por tr?das inten?s dos promotores dessa “reforma”, a simples aprova? da cl?ula de desempenho (erradamente chamada cl?ula de barreira) e do fim das coliga?s proporcionais; acompanhada pela defini? de que vale o tamanho da bancada eleita para fins de defini? de tempo no hor?o eleitoral na TV; distribui? do fundo partid?o e da partilha do poder de controle sobre o Legislativo, j?eria uma verdadeira revolu?. Mas, uma aut?ica Reforma Pol?ca somente teria chance de passar se aprovada por um corpo de legisladores sem v?ulo com interesses reeleitorais t?cos dos pol?cos profissionais. Ao inv?de medidas pontuais e casu?icas, as mudan? do sistema partid?o e eleitoral precisam ser abordadas desde um ponto de vista sist?co. Isto ?ao inv?de mudar-se uma ou outra lei, seria preciso debater o perfil do sistema de partidos e de elei?s que se quer para pa? aprovando-se um conjunto integrado de normas novas que atenda as necessidades da na?, e n?ao interesse conjuntural dos pol?cos. O voto distrital puro ou misto, por exemplo, induz ao fortalecimento dos partidos e dispensa lei de fidelidade partid?a. O voto em lista flex?l, com o eleitor destinando um voto ?egenda e outro ao candidato a deputado de sua prefer?ia, tamb?fortalece os partidos sem tirar do eleitor o direito de escolher seu candidato. Votar s?lista fechada sem discutir voto distrital e a cl?ula de desempenho ?ma excresc?ia. Aprovar financiamento p?co eleitoral sem regulamentar ou proibir o financiamento privado, e punir severamente a burla ?ei, ?stelionato. A “reforma pol?ca” que volta ao debate ?ma porcaria; um simulacro; uma farsa. Outra vez deve fracassar a tentativa de aprov?a. Se os reformadores forem os atuais legisladores, ?elhor deixar a lei como est?ara evitar que piore. Postado por Professor

João Mellão Neto

09/05/2009
O populismo e seus seguidores foram a desgra?da Am?ca Latina. Por causa deles as economias nacionais foram implodidas; as institui?s e seus fundamentos, destro?os; o tecido social, esgar?o; e os valores, relativizados. Os regimes populistas foram frequentes durante todo o s?lo 20. Despontaram em quase todas as na?s e lograram cimentar de vez o enorme fosso econ?o existente entre os pa?s de origem latina e os EUA e o Canad? Eis que os populistas voltaram. J?st?no poder em pa?s como Venezuela, Equador, Bol?a, Paraguai e Argentina e amea? galg?o em outras tantas na?s. No Brasil, a tenta? populista se faz presente em setores do governo, da imprensa e at?esmo da Justi? O argumento central dos populistas ? de que tudo o que fazem ?m nome do povo. Julgam-se fi? int?retes das vontades e das opini?do povo e, assim, contam com indulg?ia plen?a e pr?a para toda sorte de injusti? e desatinos que venham a cometer. O importante, mesmo, ? que pensa o povo. Vem da? designativo populismo. ?o caso de perguntar: quem ? povo? O que, afinal, pensa ele? N?d?ara saber. O povo, na pr?ca, ?ma massa multiforme, passional, mut?l, em geral desinformada e que n?tem uma opini?consensual sobre praticamente nada. Alguns anos atr?foi feita uma enquete nos EUA para descobrir o que era unanimidade por l?Conclus? nada. Nem mesmo Deus conseguiu chegar perto, porque mais de 10% dos americanos eram ateus. O ?ice mais alto, ?poca, foi concedido ?batatas fritas, que alcan?am 93%. Hoje em dia - como se descobriu que a gordura da fritura faz mal ?a?- nem mesmo elas chegariam l?Ora, se nada e muito menos ningu?alcan? o consenso geral, existem alguns assuntos que se aproximam disso. E ? eles que os populistas se apegam no seu af?e se identificarem com as vontades populares. Crian?, idosos, deficientes, progresso, povo, pobres, moral: quem pode ser contra tudo isso? Por outro lado, polui?, devasta? da Amaz?, infla?, desemprego, recess? impunidade, corrup?, mis?a: quem, afinal, pode ser a favor? Esses temas - e muitos outros - s?f?is de ser explorados. E, tamb? de ser distorcidos. Segundo a Lei de Murphy, para cada um dos problemas do mundo existe uma solu? simples, clara e inquestion?l. E essa solu? ?ustamente a errada. O povo, na cabe?dos populistas, h?e ter uma opini?apaixonada sobre cada um dos temas expostos acima. E sempre que surge algum assunto relacionado a eles, automaticamente busca se posicionar. Mas o povo quase nunca possui um grau de informa? suficiente para julgar. Assim sendo, antes de tudo o povo n?deveria ser bem informado? Os populistas entendem que n? ?mais f?l perfilar-se ao lado do povo que procurar esclarec?o... At?esmo a Justi? no Brasil, foi maculada pelo vi?populista. Recentemente, no Supremo Tribunal Federal, dois circunspectos ministros bateram boca em torno da quest? Em raz?do linguajar herm?co de que se valeram, poucos foram os leigos que entenderam do que se tratava. Um deles era o presidente da Casa. Defendia a tese de que os magistrados devem ater-se exclusivamente ao que dizem os autos e as leis. O outro tem uma vis?diferente. Em sua opini? os ju?s devem ouvir as ruas. E julgar de acordo com os clamores populares. Ora, c?ntre n?se um ministro de tribunal superior deve reduzir-se a ser um mero auscultador da opini?p?ca, para que, ent? existem tribunais superiores? Por que se exige dos seus ministros que estudem, com afinco, o Direito e os seus princ?os fundamentais? Como bem afirma Reinaldo Azevedo, o papel do juiz ? de ensinar toler?ia aos intolerantes, e n?o de aprender com eles a intoler?ia. Indo al? se cabe ao juiz atender ?anha justiceira do povo, para que precisarmos de ju?s? Bastariam alguns funcion?os burocr?cos para assinar embaixo e, assim, legitimar os linchamentos. Mais ainda que os tribunais, ? imprensa que se tem mostrado bastante contaminada pelo v?s populista. Alguns setores dela, em vez de cumprirem seu papel de informar a opini?p?ca, preferem distorcer as not?as de modo a atender aos baixos instintos do povo. Um exemplo entre in?os outros: publicou-se, em manchetes, que determinado parlamentar havia constru? nada menos que um castelo, aqui, no Brasil. A opini?p?ca, escandalizada com o que entendeu ser um deboche para com as pessoas que pagam impostos, passou a exigir, de imediato, a sua cabe? O sujeito foi expulso de seu partido e teve de renunciar a todos os cargos que tinha na C?ra dos Deputados. S?o perdeu, por enquanto, o mandato. Pois bem, somente agora se esclarece que o tal do castelo foi constru? antes que seu propriet?o ocupasse qualquer cargo p?co. Ou seja, a obra foi custeada com dinheiro particular do cidad? E n?era apenas para seu deleite. Ele pretendia instalar ali um cassino de luxo, porque se acreditava, ?poca, que o jogo estava em via de ser legalizado no Pa? Como isso n?ocorreu, o castelo perdeu a serventia e agora est?as m? de seus filhos. Esse, dentre tantos, ?ais um caso t?co de linchamento moral promovido pela imprensa, recentemente. Lembra os tempos do faroeste: enforca-se antes, julga-se depois. Populismo j?os basta o de nossos governantes. A imprensa e os tribunais devem ficar fora disso. Tudo isso lembra as frases atribu?s a Danton, um dos principais art?ces da Revolu? Francesa. - O povo saiu ?ruas! Vou at?le! - Para ouvi-lo, monsieur? - N? Para lider?o! Jo?Mell?Neto, jornalista, deputado estadual, foi deputado federal, secret?o e ministro de Estado

Reinaldo Azevedo

09/05/2009
O texto que vai abaixo refere-se a uma quest?de extrema gravidade. Considero-o um dos mais importantes escritos em quase tr?anos de blog. Diz respeito ao futuro de cada um de n? ao regime em que queremos viver. Trata-se de escolher entre democracia e ditadura. * O procurador Rodrigo de Grandis, que atuou na Opera? Satiagraha, ?ovem. Tem 32 anos. Dia desses, um ex-jornalista que vende servi? na Internet chegou mesmo a perder o controle e a se comover com a sua “cara de menino”. Em Menino do Rio, Caetano descobriu o “calor que provoca arrepio”. No caso em quest? devia ser uma dessas comich?provocadas pelo particular entendimento que esse mo?tem da Constitui?. Hora de recuar um pouco mais nas refer?ias. S?Paulo, o ap?lo, disse que, quando menino, pensava como menino. Uma vez homem, obrigava-se a pensar como homem — como adulto, bem entendido. De Grandis e sua rima imperfeita, De Sanctis, o juiz Fausto, t?um bom pretexto para algumas de suas meninices perigosas. O nome dele ?aniel Dantas. O banqueiro continuar? ser “o” mal do Brasil — tem-se a impress? ?vezes, de que ? ?o — enquanto durar o governo do PT, que fornece o caldo de cultura ideal para o desenvolvimento de uma bact?a nefasta para o estado de direito: aquela gente que pretende fazer justi?a despeito da Justi? Daniel Dantas virou o vil?que perdoa todos os pecados. E, ontem, o “procurador com cara de menino” foi muito al?da conta, muito al?do razo?l, muito al?das suas sand?as. Cerco Que fique registrado. A Justi?Brasileira est?ob cerco. No STF, um ministro como Joaquim Barbosa acusa um desafeto de modo irrespons?l e o aconselha a ouvir as ruas, como se elas fossem determinantes da Justi?— e n?as leis. Ayres Britto, outro ministro da Casa, este tamb?presidente do TSE, justifica que se d?osse a quem n?foi eleito alegando que se trata apenas de uma medida de “menor extens?democr?ca”. Um juiz de primeira inst?ia, em flagrante desrespeito ?ei, autoriza a invas?de escrit?s de advocacia. Ontem, De Grandis, numa palestra, afirmou, com todas as letras e mais um pouco, que h?no Brasil, “um apego excessivo da jurisprud?ia ?uest?dos direitos e garantias fundamentais”. Mais ainda: disse que isso “?ruto da ?ca da ditadura militar”. Pobre menino! Pobre Brasil! Pobres brasileiros! De Grandis conferia uma palestra, ao lado do delegado Ricardo Saadi, da PF, na Procuradoria Regional Federal de S?Paulo. O tema: “Vis?Brasileira na coleta de provas: ?tos, dificuldades e sugest? Balan?quanto aos meios de investiga? utilizados na Opera? Satiagraha na ?a do Minist?o P?co Federal e da PF. Isso j???ma palestra, mas uma disserta? resumida no t?lo! Sigamos. Assim como n?sei o que ?ma “solu? de menor extens?democr?ca”, n?sei o que quer dizer “apego excessivo aos direitos e garantias fundamentais”. Aos 32 anos, talvez o “menino” n?tenha tido tempo de investigar o sentido das palavras — embora a idade n?perdoe a tolice. Ou um direito ?direito” ou n??Ou ?fundamental” ou n??Ou ?direito fundamental” ou n??N?existem nem apego excessivo nem apego prec?o. Ou se respeita o que est?a Carta ou se faz como a rima imperfeita de De Grandis, o De Sanctis, e se diz que a Constitui? “n?passa de um documento”. Ent?ficamos assim: - Joaquim Barbosa quer a voz rouca das ruas. - Ayres Britto adota solu?s de “menor extens?democr?ca”. - De Sanctis acha que a Carta ?? documento e diz que a Constitui? ? povo. - De Grandis inventa o apego “excessivo” aos “direitos e garantias fundamentais”. O “menino” estava mesmo imposs?l. Como voc?sabem, a bobagem sempre vem acompanhada da afronta ??a elementar. Segundo o rapaz, a respons?l por esse “apego excessivo aos direitos e garantias fundamentais” ? ditadura. Ele estava querendo dizer que, ao combater o regime militar, desenvolvemos essa, sei l?omo chamar, “mania” de “direitos e garantias fundamentais”. Deixe-me ver se entendi o racioc?o do grande: ENQUANTO T?HAMOS DITADURA, AFERRAMO-NOS A ESSAS DUAS QUEST?S QUE, VOC? SABEM, SÏ O CERNE DA DEMOCRACIA. AGORA QUE TEMOS DEMOCRACIA, SERIA PRECISO ABANDONmLAS, DE SORTE QUE, ENTÏ, A DEMOCRACIA NOS TIRARIA AQUILO QUE NEM A DITADURA NOS TIROU. Coisa de g?o. Juventude nunca ?roblema. Ignor?ia sempre ?Essa rapaz n?sabe o que ?air ?ua com receio de ser levado por gente que n?d?uita bola para “garantias e direitos fundamentais”. N?sabe porque outros haviam feito o devido trabalho de conquist?os, enquanto ele apenas exercia o direito se borrar as fraldas. N? De Grandis n???“menino” que possa borrar a Constitui?. De fato, as suas id?s nada t?de jovens. S?at?uito antigas. V?das catacumbas do estado amea?do os direitos individuais; v?das ditaduras; v?das tiranias; v?dos estados totalit?os fascistas ou comunistas; v?do mundo das sombras. As id?s de De Grandis, nesse caso, s?t?velhas quanto os dem?s. Ele percorreu caminhos ainda mais perigosos. Disse, por exemplo, que a Constitui? assegura uma s?e de direitos e garantias fundamentais, mas tamb?determina a prote? de deveres fundamentais. De Grandis conseguiu estabelecer uma rela? de oposi? entre “direitos fundamentais” e “deveres fundamentais”. Onde a boa doutrina sempre p?m conectivo — “direitos E deveres” —, ele resolveu meter uma conjun? adversativa — “mas” —, como se o exerc?o de um roubasse um tanto do dom?o do outro. Ora, sr. De Grandis, se existe “apego excessivo aos direitos”, ent?existe tamb?“apego (ou imposi?) excessivo (a) de deveres”. Ocorre que o “dever excessivo” n??ever, mas arbitrariedade, e o “direito excessivo” n??ireito, mas privil?o inaceit?l. Essa oposi? inexiste nas democracias. O estado de direito, “menino”, ? estado regido pelas leis, n?pela vontade justiceira. N? senhores! Isso nada tem a ver com Daniel Dantas. Isso tem a ver com civilidade. Os justiceiros das favelas tamb?acham que h?no Brasil, um “apego excessivo aos direitos e garantias fundamentais”. SER`QUE, AO CRIME DO COLARINHO BRANCO, VAMOS AGORA OPOR OS JUSTICEIROS DO COLARINHO BRANCO — eventualmente da toga preta? De Grandis, insaci?l, deixou claro que enxerga a exist?ia de um movimento que converge para o seu ponto de vista. Segundo diz, esse “apego excessivo aos direitos e garantias fundamentais” ainda resiste no Supremo, mas j?ome?a fraquejar no Superior Tribunal de Justi?e nos Tribunais Regionais Federais. De Grandis nos informa, ent? que, no STJ e nos TRFs, “direitos e garantias fundamentais” j??s?t?fundamentais assim. E, se n?s? ent?n?s?nem “direitos” nem “garantias”. Devemos, pois, estar preparados para cruzar com um disc?lo de Joaquim Barbosa que, antes de tomar uma decis? v?omar a temperatura das ruas. Ou com um seguidor de Ayres Britto que, ao decidir o nosso destino, considere com do?a: “Sei que se trata de uma solu? de menor extens?democr?ca, mas fazer o qu? Ou com um aprendiz de De Sanctis, que, dando de ombros para aquele “papel”, decrete: “A verdadeira Constitui? ? povo, e o povo quer tal coisa”. Ou com um De Grandis mentalmente ainda mais jovem que bata o martelo: “Direitos e garantias fundamentais? Isso era coisa do tempo da ditadura”. Sob o pretexto de ca? Daniel Dantas, essa gente est?uerendo jogar no lixo as institui?s democr?cas. Sob o sil?io c?ice de importantes setores da imprensa, da pr?a Justi?e das entidades de classe ligadas aos advogados. N?por acaso, De Grandis acha que o tal “apego excessivo” vem de um tempo em que lut?mos contra a ditadura. Ele tem raz? S?smo o “apego excessivo a direitos e garantias fundamentais” nos livra das ditaduras. Ou se fica com eles ou se fica com elas. O “menino” parece j?er feito a sua escolha.