• João Mellão Neto
  • 09/05/2009
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O POPULISMO EST`DE VOLTA - Estad?

O populismo e seus seguidores foram a desgra?da Am?ca Latina. Por causa deles as economias nacionais foram implodidas; as institui?s e seus fundamentos, destro?os; o tecido social, esgar?o; e os valores, relativizados. Os regimes populistas foram frequentes durante todo o s?lo 20. Despontaram em quase todas as na?s e lograram cimentar de vez o enorme fosso econ?o existente entre os pa?s de origem latina e os EUA e o Canad? Eis que os populistas voltaram. J?st?no poder em pa?s como Venezuela, Equador, Bol?a, Paraguai e Argentina e amea? galg?o em outras tantas na?s. No Brasil, a tenta? populista se faz presente em setores do governo, da imprensa e at?esmo da Justi? O argumento central dos populistas ? de que tudo o que fazem ?m nome do povo. Julgam-se fi? int?retes das vontades e das opini?do povo e, assim, contam com indulg?ia plen?a e pr?a para toda sorte de injusti? e desatinos que venham a cometer. O importante, mesmo, ? que pensa o povo. Vem da? designativo populismo. ?o caso de perguntar: quem ? povo? O que, afinal, pensa ele? N?d?ara saber. O povo, na pr?ca, ?ma massa multiforme, passional, mut?l, em geral desinformada e que n?tem uma opini?consensual sobre praticamente nada. Alguns anos atr?foi feita uma enquete nos EUA para descobrir o que era unanimidade por l?Conclus? nada. Nem mesmo Deus conseguiu chegar perto, porque mais de 10% dos americanos eram ateus. O ?ice mais alto, ?poca, foi concedido ?batatas fritas, que alcan?am 93%. Hoje em dia - como se descobriu que a gordura da fritura faz mal ?a?- nem mesmo elas chegariam l?Ora, se nada e muito menos ningu?alcan? o consenso geral, existem alguns assuntos que se aproximam disso. E ? eles que os populistas se apegam no seu af?e se identificarem com as vontades populares. Crian?, idosos, deficientes, progresso, povo, pobres, moral: quem pode ser contra tudo isso? Por outro lado, polui?, devasta? da Amaz?, infla?, desemprego, recess? impunidade, corrup?, mis?a: quem, afinal, pode ser a favor? Esses temas - e muitos outros - s?f?is de ser explorados. E, tamb? de ser distorcidos. Segundo a Lei de Murphy, para cada um dos problemas do mundo existe uma solu? simples, clara e inquestion?l. E essa solu? ?ustamente a errada. O povo, na cabe?dos populistas, h?e ter uma opini?apaixonada sobre cada um dos temas expostos acima. E sempre que surge algum assunto relacionado a eles, automaticamente busca se posicionar. Mas o povo quase nunca possui um grau de informa? suficiente para julgar. Assim sendo, antes de tudo o povo n?deveria ser bem informado? Os populistas entendem que n? ?mais f?l perfilar-se ao lado do povo que procurar esclarec?o... At?esmo a Justi? no Brasil, foi maculada pelo vi?populista. Recentemente, no Supremo Tribunal Federal, dois circunspectos ministros bateram boca em torno da quest? Em raz?do linguajar herm?co de que se valeram, poucos foram os leigos que entenderam do que se tratava. Um deles era o presidente da Casa. Defendia a tese de que os magistrados devem ater-se exclusivamente ao que dizem os autos e as leis. O outro tem uma vis?diferente. Em sua opini? os ju?s devem ouvir as ruas. E julgar de acordo com os clamores populares. Ora, c?ntre n?se um ministro de tribunal superior deve reduzir-se a ser um mero auscultador da opini?p?ca, para que, ent? existem tribunais superiores? Por que se exige dos seus ministros que estudem, com afinco, o Direito e os seus princ?os fundamentais? Como bem afirma Reinaldo Azevedo, o papel do juiz ? de ensinar toler?ia aos intolerantes, e n?o de aprender com eles a intoler?ia. Indo al? se cabe ao juiz atender ?anha justiceira do povo, para que precisarmos de ju?s? Bastariam alguns funcion?os burocr?cos para assinar embaixo e, assim, legitimar os linchamentos. Mais ainda que os tribunais, ? imprensa que se tem mostrado bastante contaminada pelo v?s populista. Alguns setores dela, em vez de cumprirem seu papel de informar a opini?p?ca, preferem distorcer as not?as de modo a atender aos baixos instintos do povo. Um exemplo entre in?os outros: publicou-se, em manchetes, que determinado parlamentar havia constru? nada menos que um castelo, aqui, no Brasil. A opini?p?ca, escandalizada com o que entendeu ser um deboche para com as pessoas que pagam impostos, passou a exigir, de imediato, a sua cabe? O sujeito foi expulso de seu partido e teve de renunciar a todos os cargos que tinha na C?ra dos Deputados. S?o perdeu, por enquanto, o mandato. Pois bem, somente agora se esclarece que o tal do castelo foi constru? antes que seu propriet?o ocupasse qualquer cargo p?co. Ou seja, a obra foi custeada com dinheiro particular do cidad? E n?era apenas para seu deleite. Ele pretendia instalar ali um cassino de luxo, porque se acreditava, ?poca, que o jogo estava em via de ser legalizado no Pa? Como isso n?ocorreu, o castelo perdeu a serventia e agora est?as m? de seus filhos. Esse, dentre tantos, ?ais um caso t?co de linchamento moral promovido pela imprensa, recentemente. Lembra os tempos do faroeste: enforca-se antes, julga-se depois. Populismo j?os basta o de nossos governantes. A imprensa e os tribunais devem ficar fora disso. Tudo isso lembra as frases atribu?s a Danton, um dos principais art?ces da Revolu? Francesa. - O povo saiu ?ruas! Vou at?le! - Para ouvi-lo, monsieur? - N? Para lider?o! Jo?Mell?Neto, jornalista, deputado estadual, foi deputado federal, secret?o e ministro de Estado