• Reinaldo Azevedo
  • 11/05/2009
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TIREM O COLETE DE MINC E LHE METAM UMA CAMISA-DE-FOR? - do blog do autor

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, como sabem, foi ?archa da Maconha. O homem ?esmo um revolucion?o. Numa das a?s armadas de que participou quando pertencia a um grupo terrorista, o mesmo de Dilma Rousseff, um inocente foi assassinado. O homem j?reinava os dedos para mudar o mundo. Que coisa! Minc ?inistro de Lula. A menos que seja ainda mais irrespons?l do que d? entender, foi ?al manifesta? com autoriza? de seu chefe. Na pr?ca, ?omo se o governo se mobilizasse contra uma lei que ele tem de fazer cumprir. E a presen?de Minc na tal marcha se torna, ent? um emblema do real comprometimento do governo com o combate ?drogas. Sua fala no evento n?poderia ser mais clara: “A lei atual despenalizou, mas n?descriminalizou. Ainda ?rime [fumar maconha], e eu acho que n?ever?os avan?. Como se v?trata-se da fala de quem tem uma agenda, de quem sabe que ?reciso caminhar aos poucos, mas “avan?” sempre. Hoje a maconha; depois, a coca?; amanh?sabe Deus. Botaremos todos os brasileiros na legalidade extinguindo as ilegalidades, entenderam? Corol?o: se voltarmos ao estado da natureza, os crimes deixam de existir. Como j?screvi aqui, em vez de a sociedade corrigir os Marcolas, os Marcolas ?ue v?reeducar a sociedade. Pouco me importa, j?screvi quinhentas vezes, o que cada um fuma, cheira ou injeta. N?tenho nada com isso. Ocorre que a droga, infelizmente, n???a mera quest?de ades?ou n?a um h?to ou v?o. Pensemos um pouco sobre a fala do “Coroa do Rio”, com aquela sua pinta de Tio Sukita do surf. O efeito da libera? total da maconha — descriminada, na pr?ca, ela j?st? no que respeita ao crime organizado seria ZERO. Para que houvesse alguma mudan?nessa ?a, seria preciso descriminar todas as drogas, especialmente a coca?. E o Brasil adotaria sozinho tal posi?. O resto do mundo continuaria a reprimir as drogas. Passar?os a ser um centro mundial de atra? de c?bros derretidos. Como se n?nos bastassem os nossos pr?os idiotas — alguns deles no topo da Rep?ca. Esse ministro boc?veria estudar um pouquinho, um pouquinho s?e l?a e de economia antes de disparar suas tolices. O que Minc acha que aconteceria com a m?de-obra criminosa que hoje se dedica ao narcotr?co? Todos se converteriam em trabalhadores? At? mais rematado dos imbecis, menos Minc, pode intuir o ?o: ela migraria para outros crimes. “Ah, te peguei, Reinaldo! Ent?voc?st?izendo que o narcotr?co ?t?ma solu??” N? Estou afirmando que o governo n?cumpre a sua parte na repress?ao tr?co de drogas e suas conseq?ias, como o tr?co de armas. Elas chegam de barco em plena Ba?da Guanabara! As fronteiras brasileiras s?terra (e ?as) de ningu? E esse estado continuaria a ser omisso. A legaliza? das drogas, que levaria a uma explos?de consumo — com as suas previs?is e ?as conseq?ias na sa?p?ca —, faria o pa?mergulhar no caos social. Acreditem: o estado necess?o para cuidar dos efeitos da libera? teria de ser muito mais competente do que aquele que se encarrega — e mal — da repress? Ou seja... Alguns dos meus leitores devem fumar maconha. Outros podem se emocionam quando uma linha reta, de repente, d?ma entortadinha. Alguns talvez gostem do Bolero de Ravel. Tenho certeza de que h?uem v?o cinema e mande colocar aquela manteiga nauseabunda na pipoca — pelo amor de Deus, gente! Cinema ?ugar de namorar, n?de entupir as coron?as... O ser humano ?ariado, ?vezes estranho. Digo, com Ter?io, que nada do que ?umano me ?stranho. Mas n?imito Fernando Lugo, o garanh?de batina (levantada) do Paraguai. N?recorro a Ter?io para justificar minha falta de limites. Ao contr?o: ele me serve como convite ?oler?ia com o Outro (o que n?quer dizer, claro, condescend?ia com o vale-tudo). Pois bem: digamos que n?haja nada de intrinsecamente mal na maconha (n?? opini?de um bom n?o de estudiosos) e que consumi-la possa ser igual a ouvir, como faz algu?em algum apartamento aqui das redondezas, o Bolero no ?mo volume (a minha sorte ?ue h?m bando de maritacas que mora entre o meu pr?o e o pr?o vizinho...). Bem, se o mundo decidir proibir o Bolero ou a nauseabunda manteiga derretida na pipoca — sei que n?contarei com essa gra? hehe... —, por mais que eu considere que seja mera quest?de gosto e direito individual consumir ou n?aquelas drogas, ser?reciso que eu reflita sobre as conseq?ias de integrar a cadeia certamente criminosa que se vai formar para comercializar o Bolero e a manteiga. Por alguma raz? o Bolero e a manteira s?liberados mundo afora, mas as drogas n? A quest?n??e moral privada, mas de ?ca coletiva. Essa hist? de que “sou apenas o consumidor e n?tenho culpa se a maconha ?roibida” ??ca do infantilismo ?co do nosso tempo. Tem, sim. Ao fazer certas escolhas, amig? voc?scolhe um mundo. O fato de haver pessoas nefastas que n?consomem drogas e consumidores que podem ser gente boa n?serve como crit?o para orientar pol?cas p?cas. IRRESPONSVEL. ?isso o que Minc ?Ele ?inistro de Estado. Se vai a uma marcha da maconha, leva a voz do governo. A m?a que embalou a passeata, como se noticiou, era a tal “Vou apertar, mas n?vou acender agora”, toda ela feita de refer?ias um tanto desairosas ?ol?a — e, pois, ao estado —, em oposi? ?uposta esperteza da nata da malandragem. Nada mais pat?co do que ver os bacanas do Rio (ou de qualquer lugar) macaqueando a suposta linguagem dos pobres — pobres que, diga-se, n?compareceram ao evento. Pais e m? de fam?a dos morros e das periferias das grandes cidades detestam as drogas. Sabem que seus filhos, se vitimados pelo mal, terminam assassinados antes dos 20. J?s usu?os de Copacabana, Ipanema ou Leblon ter?vida longa. Podem consumir droga ?ontade, que seu futuro est?ais ou menos garantido. Os de mais sorte chegam a ministros de estado. Imaginem se um comportamento como esse de Minc n?viraria um esc?alo pol?co em qualquer democracia do mundo! Imaginem o que a oposi? n?faria... Por aqui, n?vai acontecer nada. Ou melhor, vai: as drogas continuar?proibidas; a pol?a continuar?orrompida; o estado continuar?misso; 50 mil pessoas continuar?a ser assassinadas todo ano; os Mincs da vida continuar?a ir a marchas da maconha, e os marchadores da erva logo organizam uma outra marcha, a?ela paz. No s?do, d?dinheiro para os bandidos comprar rifles; no domingo, protestam contra o uso que eles fazem dos rifles que compraram. Entenderam? Minc precisa trocar os seus coletes transadinhos por uma camisa-de-for? Pronto! Fumei um ministro inteiro. E n?tou sentindo nada...