UMA CERTA CAPITÏ CARLA - Enviado ao site
H?nos mantenho contato com oficiais do Ex?ito, tanto por trabalho quanto por amizade, e eles me relatam as aventuras, alegrias e tristezas dos soldados e fuzileiros que comp?a miss?de paz da ONU no Haiti. Bom, at?s mais desavisados h?de lembrar do excelente trabalho das for? armadas brasileiras naquele miser?l pa?caribenho, destro?o pela guerra civil. Quando as Na?s Unidas se cansaram daquela zorra, enviaram as for? de paz em 2003. A popula? comemorou.
E continua comemorando. O Haiti ainda n?saiu da mis?a, mas ao menos escapou da guerra, dos assassinatos em massa, das torturas, das gangues armadas. Hoje, gra? ?for? de paz comandadas pelo Brasil desde 2004, aquele ?m lugar melhor de se viver.
Nosso Ex?ito pacificou as fac?s e reduziu a criminalidade; de quebra criou hospitais, escolas, fornecimento de ?a, infraestrutura, comunica?s. Deu ?ele povo sofrido um rumo, um norte, uma esperan? Trabalho de primeira; parab? aos militares.
Infelizmente, isso ?ouco divulgado. Ou simplesmente n?o ?Coisa de nosso complexo de vira-latas, como diria N?on Rodrigues.
Pior: Num Pa?onde faltam her?e sobram cafajestes, teimamos em ignorar os bons exemplos. Como sou mais teimoso ainda, vamos falar um pouco de dois desconhecidos: a capit?m?ca Carla Maria Clausi e o cabo Ricardo. J?uviram falar deles? Certamente n? mas devem ter visto algo sobre o desabamento de uma escola na capital haitiana, Porto Pr?ipe, no dia 7 de novembro, no qual mais de 90 pessoas perderam a vida. Foi um horror; v?os sobreviventes estavam sob toneladas de escombros, sem muita chance de salvamento, num lugar praticamente sem estrutura para atendimento de emerg?ias. Que fazer pelos soterrados?
Em desespero, os haitianos se lembraram dos brasileiros; chamados, os militares enviaram imediatamente uma equipe m?ca completa, composta de soldados e fuzileiros navais. Foi a literal salva? de 4 crian?, de 6 a 7 anos de idade.
A capit?m?ca Carla e o soldado enfermeiro Ricardo se esgueiraram pelos escombros, ignorando o perigo de morte por esmagamento e, a muito custo, conseguiram salvar as crian?. As fotos, enviadas do Haiti por um amigo militar, s?impressionantes. Mostram o grau de coragem dos dois her? que arriscaram suas vidas pelas das pobres crian?. Desafiaram a morte n?por gl?, dinheiro, fama ou medalhas. O agradecimento das fam?as levou os bravos soldados ?l?imas.
Uns dir?que eles apenas cumpriram seu dever. Eu digo que foram al?disso; demonstraram coragem, bondade, desprendimento, hero?o. Mais do que reconhecimento, merecem todas as homenagens poss?is. Merecem ser lembrados.
Quando vejo tais exemplos de car?r, logo v??ente todas aquelas medalhas que os pol?cos se auto-concedem (ou trocam) sem o menor motivo. Penso na Medalha Santos-Dumont que Marisa, mulher de Lullla, recebeu em 11 de janeiro deste ano por “relevantes servi?” (gargalhadas) prestados ?or?A?a. Que vergonha. E dizer o qu?e todas aquelas comendas que deputistas e senateiros recebem todos os anos, quando seus atos de “bravura extrema” se resumem a tomar u?ue em seus enormes gabinetes acarpetados e refrigerados, rodeados de servi?s e puxa-sacos? O Brasil n?tem jeito, mas alguns brasileiros t? Principalmente a capit?m?ca Carla e o cabo Ricardo.
Acredito que Carla e Ricardo n?v?receber nenhuma medalha, nenhuma homenagem de nosso governo. Ele est?cupado demais, pendurando faixas e adornos brilhantes em pol?cos gordos que se re? em Bras?a para reclamar do calor; ent? fica aqui nossa pequena homenagem a esses dois her?que, se n?forem mesmo reconhecidos como tal, ao menos servem para denunciar essa medonha invers?de valores (mais uma!) num Pa?que trocou os fatos pela vers? a verdade pela fic?, o exemplo real pelo inventado.
Enquanto a capit?e o soldado arriscam a vida por quatro crian? pobres sem o menor reconhecimento das autoridades, a excelent?ima primeira-dama d?olimento em sua comenda, refletindo sobre seus relevantes servi? prestados, refestelada nos pufes do Pal?o da Alvorada, aplaudida por um s?ito de empregados. Alberto Santos-Dumont deve estar virando no t?o.