“Se o que h?e lixo moral e mental em todos os c?bros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade.” (Fernando Pessoa)
Tive a oportunidade de dizer alhures que a queda do Muro de Berlim (1989) criara em todos a falsa ideia de que, com o muro, desmoronava-se o pr?o comunismo. A dissolu? da Uni?Sovi?ca (1991), em certo sentido, funcionou como um cavalo-de-tr?sem obra de carpinteiro: enquanto a direita repousa de esp?to desarmado, a esquerda viceja feito erva daninha; agora, por? matreiramente oculta nos discursos do politicamente correto, do pluralismo, do relativismo cultural e da p?odernidade, cantilenas aparentemente fr?las, mas que, em verdade, deitam suas ra?s no lodo do marxismo cultural.
A nascente do marxismo cultural ? Manifesto Comunista de Marx e Engels (1848). Foi a Escola de Frankfurt, no entanto, que lhe deu a conforma? virulenta. Arrebatados pelo advento da Revolu? Russa de 1917, os europeus tentaram embalde implantar o comunismo no Velho Continente. Os malogros das diversas empreitadas foram creditados ?ultura ocidental judaico-crist?A Escola de Frankfurt elaborou ent?a Teoria Cr?ca, destinada ao of?o de solapar as bases dessa cultura, quais sejam: a f?rist?o direito romano e a filosofia grega. A Teoria Cr?ca forneceu as bases ideol?as do pensamento do p?uerra, tendo ?rente as figuras de Ant? Gramsci e Herbert Marcuse. A contracultura (Woodstock, hippies, sexo, drogas e rock and roll), o aborto, a uni?homossexual e a libera? das drogas ganharam a pauta de um movimento que inequivocamente visava ao aviltamento dos mais caros valores da sociedade ocidental: a fam?a, a p?ia e Deus.
N?mais se dedicava, como muitos creram, ?omada do poder ?or?das armas. No marxismo cultural, a luta de classes ?ravada no campo ideol?o: a luta pela hegemonia cultural e a implanta? do senso comum modificado. Um exemplo do novo front marxista est?as escolas: o material did?co das escolas p?cas e, em boa parte, das privadas segue a cartilha marxista, cuja principal estrat?a ?esconstruir a hist?, para reconstru?a sob o ponto de vista da esquerda. Basta dizer que, de uns anos para c? os livros escolares s?de uma desonestidade intelectual escandalosa e revoltante. O ordenamento jur?co evidentemente n?escaparia inc?e. O garantismo, linha doutrin?a inspirada na obra Direito e Raz?do jusfil?o italiano Luigi Ferrojoli, propaga a ideia de que as leis penais e processuais penais s?injustas porque prov?de um Estado burgu? opressor, portanto. Conquanto os garantistas considerem-se herdeiros da filosofia iluminista, sua dial?ca guarda a ess?ia do marxismo cultural de Gramsci: a luta ideol?a de classes. Os garantistas, ?emelhan?dos adeptos do direito alternativo e do “direito achado nas ruas”, veem o Direito como uma pr?s de liberta?, com a qual procedem ?nterpreta? desconstrucionista de leis e dos princ?os, de modo amold?a a seu ideal revolucion?o: o comunismo.
Outro modelo do novo campo de batalha est?as igrejas. Trata-se da Teologia da Liberta?, movimento ideol?o em franca atividade desde o final do terceiro quartel do s?lo passado. A Teologia da Liberta? prega doutrina de cunho pseudo-religioso que, feito lobo em pele de cordeiro, impinge aos cat?os uma vers?marxista das Escrituras Sagradas. De acordo com documento elaborado pelo ent?Cardeal Josef Ratzinger (publicado no corpo do livro A F?m Crise? - o Cardeal Ratzinger se interroga, EPU, 1985, p. 135-145), a Teologia da Liberta? pretende apresentar a interpreta? global do cristianismo. A Teoria da Liberta?, que o Padre Paulo Ricardo perspicazmente qualifica de heresia da liberta? [visitem, por favor, o seu s?o eletr?o: www.padrepauloricardo.org], interpreta o cristianismo como um todo, nada escapando de seu ferrete ignominioso: os sacramentos, a moral, a estrutura da Igreja Cat?a, etc.; nenhum tema lhe sobrevive imune. Cuida-se de heresia contra todos os dogmas do cristianismo. Segundo o Santo Padre, a Teologia da Liberta? explica o cristianismo com uma pr?s de liberta? pol?ca, cuja chave de interpreta? ? marxismo cultural. Na arguta vis?do Te?o Josef Ratzinger, precisamente a radicalidade da Teologia da Liberta? faz com que a sua gravidade n?seja avaliada de modo suficiente, j?ue n?se encaixa em nenhum esquema de heresia at?oje existente.
Gramsci, fundador do partido comunista italiano, afirmava que todo pensamento ?nstrumento de a? pol?ca. A Teologia da Liberta? fez coro com Gramsci, para afirmar que s?veria duas alternativas poss?is: a op? preferencial pelos pobres, ou a cumplicidade com o sistema capitalista opressor. Tertium non datur, isto ?n?h?ma terceira op?; ou voc?est?omo os oprimidos, ou est?ontra eles. Tudo deve estar a servi? da luta de classes, da luta pela instaura? de uma sociedade sem classes sociais, sem capitalismo.
O embuste da Teologia da Liberta? consiste na leitura desconstrucionista das Escrituras Sagradas. Os textos b?icos s?pisados e macerados no cadinho ideol?o de Marx, para que se conformem ?ermen?ica comunista. O crist? incauto n?se apercebe do engodo, porque os pregoeiros do estelionato religioso utilizam a linguagem b?ica esvaziada de seu real conte? expediente com o qual logram induzir em erro o fiel crist? O povo de Deus, para eles, ? classe prolet?a, ou seja, o pobre, o oprimido. O conceito de povo de Deus, ensina-nos o Padre Paulo Ricardo, confunde-se com o de classe prolet?a: se voc? rico, voc???ovo; se voc? bispo, padre, voc???ovo; povo ?omente o proletariado. Ou seja, servem-se da linguagem b?ica para veicular a doutrina marxista. As no?s de f? de amor, de reino de Deus, de esperan? s?despidas de seu conte?crist?e revestidas de fundamentos comunistas. O dualismo entre iman?ia e transcend?ia n?existe: o reino de Deus n?? c? ? aqui, ? agora, porque Jesus veio para libertar os oprimidos e, portanto, o reino de Deus n??ma realidade universal, n??ara todos, ?omente para os prolet?os, e deve realizar-se no plano mundano.
O fim do Governo Militar da Contrarrevolu? de 64 e a queda do Muro de Berlim enfraqueceram o ?eto do movimento. A elei? de Karol J?Wojtyla (Papa Jo?Paulo II) foi outro duro golpe na teologia her?ca, pois, vindo o Papa de um pa? comunista e hostil ?greja, era natural que nutrisse s?as desconfian? a respeito dos prop?os das chamadas comunidades eclesiais de base. O novo quadro imp? Teologia da Liberta? a revis?de sua abordagem ideol?a e a ado? de nova roupagem: o Cristianismo de Liberta?. A ordem do dia passou a incluir o neoliberalismo, a globaliza? e a p?odernidade. vis?puramente economicista foram adicionados temas como a igualdade entre homens e mulheres, a discrimina? racial e religiosa, o di?go entre as religi? as minorias e a ecologia.
O astr?o Frei Beto ?m dos vendilh?dessa farofa sect?a. Nunca ocultou sua profunda admira? por Cuba e por Fidel Castro, um assassino psicopata, de quem ?migo e conselheiro. Encarna, outrossim, uma esp?e de rasputin do MST e de outros movimentos sociais subversivos. Ao lado de Leonardo Boff, Francisco Whitaker e dos Bispos vermelhos Tom?Baldu?, Luciano Mendes de Almeida e Mauro Morelli, ?resen?certa entre as vivandeiras do F? Mundial Social, evento cujo objetivo prec?o resume-se na implanta? do comunismo na Am?ca Latina. O III F? Mundial de Teologia e Liberta? (FMTL) foi uma das oficinas do F? Social Mundial realizado este ano em Bel? no Par? O conc?o dos sepulcros caiados serviu para reflex? sobre as diferentes formas de vida , isto ?sobre o pluralismo, uma das chaves de pensamento de que se socorre do marxismo cultural.
A an?se do contexto aponta para um conjunto de perspectivas inquietantes. Estamos diante da guerrilha cultural comunista, cujas reais faces nem sempre nos s?suficientemente vis?is. Sob o p?o de causas aparentemente l?tas (direito humanos, meio ambiente, menores, negros, quilombolas, homossexuais, presidi?os), propagam a f?a Hidra Vermelha de Lerna.
As pesquisas indicam que o povo brasileiro ?eligioso, abomina o aborto, n?aceita a libera? das drogas e repudia o casamento homossexual. Indicam que o brasileiro quer a redu? da maioridade penal, que ?avor?l ?ris?perp?a e ?ena de morte. Em suma, atestam o fato inelud?l de que a nossa sociedade ?onservadora e liberal; avessa, portanto, ao marxismo. N?obstante a satisfa? que isso me causa, reconhe?a necessidade de agirmos com rapidez para reverter o estado de coisas instaurado no pa? antes que seja demasiado tarde. ?chegado o tempo de uni?em torno dos valores e dos ideais que fizeram deste solo a nossa m?gentil, a p?ia amada Brasil. ?chegada a hora de hastearmos os l?ros do conservadorismo e do liberalismo em todos os quadrantes da vida nacional. ?tempo e hora de joeirar o trigo; tempo e hora de saber quem ?onosco e quem ?ontra n?pois tertium non datur.
* Procurador de Justi? Minist?o P?co de Minas Gerais