• Dom Aloísio Roque Oppermann
  • 20 Novembro 2014

(Texto de D. Aloisio, falecido em 26 de abril deste ano, e publicado no site da CNBB)

Se os serviços públicos são geridos por empresas particulares, ou pelo governo, é uma questão de eficiência. Não é de ideologia política. Mas não esqueçamos que os serviços públicos “gratuitos” alguém os precisa pagar. A passagem de ônibus eu posso pagar do meu bolso, diretamente para a companhia particular, que presta esse serviço. Ou eu entrego essa mesma contribuição ao governo, para que ele a administre. Não existe jantar gratuito. O socialismo sempre fascinou a mente humana, porque parece ser mais justo, e atender melhor à parte mais pobre da humanidade. Isto, precisamente, sempre foi o ponto fraco do capitalismo: não ter plano de salvação para os perdedores. Mas o socialismo carrega consigo uma mancha execrável. Não é capaz de respeitar o que é inerente ao ser humano, que é a sua liberdade. Como não conseguirá jamais se estabelecer com a concordância dos cidadãos, precisa se impor à força. As cabeças de quem pensa, e é cioso em permanecer livre, rolam inexoravelmente. Esse regime é o mais catastrófico da história, tendo assassinado mais de 80 milhões de rebeldes. Tornou-se uma mancha na história da humanidade.

No Brasil, alegremente estamos correndo para os braços das ditaduras. Sem pejo nenhum, e sem falsete no rosto dos nossos dirigentes, temos relações diplomáticas preferenciais com nações, onde as liberdades individuais são uma quimera. As visitas oficiais a certos países, de visceral princípio socialista, são uma constante. A importação de médicos estrangeiros (não quero duvidar de sua competência profissional), tem como objetivo acostumar nossa população com as belezas do socialismo. Os gastos financeiros com doações em favor de nações mais pobres (todas socialistas), são uma constante. Os Black Blocs, quebrando com grande satisfação os Bancos, mostram que já estão infectados com esse vírus, francamente anti-livre mercado. Os que querem os serviços públicos todos gratuitos, vivem de um delírio deplorável. Tudo está sendo feito à luz do sol. Os condutores da nação terão o direito de dizer: “eu avisei”. É muito provável que entre os condenados pelos crimes do mensalão, já se encontrem aqueles que, no futuro, serão os dirigentes da Nação.

* Arcebispo emérito de Uberaba/MG

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  • Milton Pires
  • 20 Novembro 2014

Primeiro fui eu, Milton Pires, que na condição de cidadão que atacou a “presidenta” Dilma ficou conhecido como o “carniceiro de Porto Alegre”..ou “o médico que ofendeu uma pessoa quando ela estava com pressão baixa”. Depois foi a desembargadora do Nordeste que, inconformada com o resultado do pleito de outubro, manifestou-se (também como cidadã) no Facebook e provocou a histeria petralha que quis, inclusive, denunciá-la junto ao Conselho da Magistratura. Agora um promotor de Santa Catarina foi afastado porque escreveu nessa rede social uma “Carta às Forças Armadas”

Pergunto o seguinte: por que esse maldito partido não cria, através de uma Medida Provisória, uma Lei proibindo qualquer brasileiro de manifestar-se contra ele. Hoje, nessa nação, se uma prostituta escrever um texto com ofensas ao PT ou à “presidenta”, a primeira coisa que essa ralé vai fazer é procurar o “Sindicato das Profissionais do Sexo”. O sindicato então, dominado pelos petistas como qualquer outro sindicato ou órgão de classe no Brasil, vai emitir uma nota “lamentando as declarações e dizendo que isso não representa a categoria como um todo”.

Quando esse tipo de palhaçada vai terminar? Até onde isso vai ? Precisamos ficar lendo, vindo desses marginais, que “não podemos, doutor, separar a sua condição de médico (juiz ou promotor) da sua condição de cidadão” ??? Como, pergunto eu, não podemos ?? Se eu me manifestasse a favor do Governo da Venezuela, poderíamos, não poderíamos ??? Se eu, como médico, colocasse saia, salto alto, uma peruca e maquiagem e saísse na Passeata do Orgulho Gay, não haveria problema algum com o CFM, haveria ???

Até onde, meus amigos, vai a hipocrisia dessa ralé que governa o Brasil ?? Até quando nós vamos ficar tolerando que, ao mínimo sinal de descontentamento público, esses marginais mensaleiros partam para tática do print screen e da denúncia às “entidades de classe” que, eles mesmos marginais, aparelharam e controlam..

Vou repetir mais uma vez, e vou escrever quantas vezes for necessário: EU SOU BRASILEIRO ! EU NÃO PRECISO DE LICENÇA DE CONSELHO NEM DE SINDICATO ALGUM PARA ME MANIFESTAR CONTRA ESSE GOVERNO DE MARGINAIS...

Quem não concordar comigo, que “Não se atreva a falar mal do PT”

Porto Alegre, 19 de novembro de 2014 (Dia da Bandeira do Brasil; não de Cuba, seus desgraçados)

 

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  • Alexandre Schwartsman
  • 20 Novembro 2014

 

Nunca mais um governo terá que cumprir metas fiscais anacrônicas: a meta será sempre o que alcançarmos
Um governo verdadeiramente comprometido com as causas populares não pode se sujeitar às restrições impostas pelas forças conservadoras, neoliberais, feias, bobas e cara de tacho.
A despeito das objeções da direita golpista, amparadas em obras marcadamente reacionárias, como "A Aritmética da Emília" e "Aprendendo a Contar" (Yoyo Books: obviamente uma insidiosa doutrinação imperialista), as forças progressistas enviaram ao soberano Congresso Nacional (de quem se espera a não sujeição às pressões autoritárias da oposição) projeto de lei que revoluciona a matemática e cria um instrumento de revolta contra as classes opressoras.
Muito embora a Lei de Diretrizes Orçamentárias (a famigerada LDO) requeira do governo popular da presidenta Dilma a geração neste ano de um superavit primário de R$ 116 bilhões para atender as demandas dos rentistas, a combinação de sua administração previdente e a matemática dialética já permitia atender essa injusta exigência com um superavit de apenas R$ 49 bilhões.
A diferença (R$ 67 bilhões) seria utilizada para fins mais nobres, como o Programa de Aceleração de Crescimento (o PAC, já em sua n-ésima edição, sem que a primeira tenha sequer acabado!) e as desonerações tributárias, peças essenciais da estratégia de desenvolvimento com inclusão (oposta, é bom dizer, à defendida pelos ortodoxos), que permitem crescimento acelerado com melhora na distribuição de renda, mesmo que os números do IBGE, possivelmente devido a uma conspiração retrógrada, ainda se recusem a admitir essas conquistas.
Não contávamos, contudo, com a má vontade dos países desenvolvidos, que --certamente com o objetivo de impedir os avanços populares no Brasil-- se recusam a crescer. No entanto, sob a inspirada gerência da nossa presidenta, a Guia Genial dos Povos, e do Querido Líder, o ministro-chefe da Casa Civil, demos um passo extraordi- nário à frente. Com a nova proposta poderemos abater dos recur- sos destinados aos rentistas um valor maior do que os R$ 116 bilhões originalmente reservados. O resultado final será negativo, mas também superavitário!
Em outras palavras, criamos o superavit negativo, a contradição dialética que fará avançar não apenas a Economia Política, mas a própria matemática, muito além dos limites estreitos da imaginação burguesa. Demos início à Nova Matriz Aritmética (NMA).
Segundo essa nova práxis, as forças progressistas deixarão de se sujeitar aos ditames do mercado e dos professores de matemática. De agora em diante o superavit negativo será a norma. Nunca mais na história deste país um governo terá que cumprir metas fiscais anacrônicas: a meta será sempre aquilo que alcançarmos, nem mais nem menos (ou os dois ao mesmo tempo).
As implicações são infinitas. Por exemplo, no mundo da NMA a inflação pode ser superior à meta ao mesmo tempo em que é igual a ela e também inferior. Com isso o BC se livrará do jugo do mercado financeiro e poderá se dedicar ao objetivo de estimular ainda mais o desenvolvimento do país.
A assim chamada "inflação", outra invenção conservantista, será incorporada ao crescimento do PIB, impulsionando de forma decisiva a renda da classe trabalhadora.
De quebra a NMA possibilitará ainda que a Petrobras nunca mais passe pelo vexame de não conseguir fechar seu balanço na data-limite. Aliás, não haverá balanço que não feche; principalmente aqueles de empresas que financiam as lutas políticas em prol da igualdade.
O primeiro governo Dilma lançou as bases da prosperidade nacional; seu segundo governo, agora amparado pela NMA, irá ainda mais longe, além de onde Judas perdeu as botas. Lamentamos apenas que o ministro da Fazenda, um dos criadores da NMA, não possa nos liderar nessa jornada rumo ao futuro. Esperamos, todavia, que continue a ensinar essa disciplina na escola da vida; só, de preferência, jamais no Pronatec.
Folha de São Paulo, 19/11/2014
 

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  • Editorial de O Estado de São Paulo
  • 20 Novembro 2014

 

 

Quando começou a vir à luz o conteúdo das investigações da Operação Lava Jato, lançada pela Polícia Federal (PF) em março deste ano para apurar a corrupção dentro da Petrobrás, houve quem previsse que a dimensão dessa encrenca poderia comprometer a realização das eleições presidenciais. Esse vaticínio catastrófico era obviamente exagerado. Mas os acontecimentos dos últimos dias revelam que esse escândalo sem precedentes não apenas compromete indelevelmente a imagem da maior empresa brasileira e da cúpula do partido que controla o governo federal há 12 anos - inclusive o ex-presidente Lula e a presidente reeleita Dilma Rousseff, como mostramos em editorial de sexta-feira -, mas pode ser só a ponta de um gigantesco iceberg.

Para ficar apenas nos acontecimentos mais importantes dessa semana: a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, fez um acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por ter feito "pagamentos indevidos" para obter contratos no Brasil e em outros dois países. No Brasil, a CGU iniciou investigações sobre as suspeitas de que cerca de 20 funcionários da Petrobrás teriam aceitado suborno da empresa holandesa.

Na quinta-feira, a auditoria PricewaterhouseCoopers anunciou que não vai assinar o balanço contábil do terceiro trimestre da Petrobrás - cuja divulgação foi por essa razão adiada - enquanto não conhecer as conclusões das investigações internas da empresa sobre o escândalo, por temer o impacto do desvio de recursos sobre os ativos da petroleira. Trata-se de uma precaução raramente adotada por firmas de auditoria - o que demonstra a gravidade da situação da Petrobrás.

Na sexta-feira, a Operação Lava Jato iniciou nova fase, colocando 300 policiais em ação em cinco Estados - São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais - mais o Distrito Federal, para cumprir 85 mandados de prisão ou de busca contra executivos de empreiteiras e outros investigados por crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro. Para começar, prenderam no Rio de Janeiro o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, indicado para o cargo por José Dirceu.

Enquanto isso, chega a cerca de uma dezena o número de investigados da Lava Jato que reivindicam o benefício da delação premiada, numa demonstração de que quem tem o rabo preso no escândalo já percebeu que a casa caiu e a melhor opção é entregar os anéis para salvar os dedos, como já fizeram o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Diante das surpreendentes proporções do esquema de corrupção armado dentro da maior estatal brasileira com o objetivo de carrear recursos para o PT e seus aliados, não surpreende que os dois presidentes da República no poder durante o período em que toda essa lambança foi praticada soubessem perfeitamente o que estava ocorrendo. Em 2010 - Lula presidente e Dilma chefe da Casa Civil -, o Palácio do Planalto, por meio de veto aos dispositivos da lei orçamentária que bloqueavam os recursos, liberou mais de R$ 13 bilhões para o pagamento de quatro contratos de obras da Petrobrás, inclusive R$ 6,1 bilhões para a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O TCU havia chegado à conclusão de que esses custos estavam superfaturados, mas Lula e Dilma entenderam que era preferível tocar as obras. Só essa decisão comprova a responsabilidade desses políticos por um escândalo que deixa o Caso Collor no chinelo.

De fato, está registrada no Diário Oficial da União a prova documental da conivência de dois presidentes da República com a corrupção na Petrobrás. É um escândalo de dimensões mastodônticas que envolve todas as diretorias operacionais da estatal, dezenas de executivos de empreiteiras e outro tanto de políticos de praticamente todos os partidos mais importantes da base governista no desvio de recursos estimados em pelo menos uma dezena de bilhões de reais.

Somente alguém extremamente ingênuo, coisa que Lula definitivamente não é, poderia ignorar de boa-fé o que se passava sob suas barbas. Já Dilma Rousseff de tudo participou, como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil e, depois, como presidente da República.

Devem, todos os envolvidos no escândalo, pagar pelo que fizeram - ou não fizeram.

16 Novembro 2014 | 02h 03 

 

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  • Carlos I.S. Azambuja
  • 19 Novembro 2014

O artigo 5º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 009096 de 19 de setembro de 1995) estatui que: – “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”

A Constituição, por sua vez, define que: Art. 17. “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes”.
O PSOL, de acordo com a Lei Orgânica dos Partidos Políticos e a Constituição Federal, não é um partido nacional. Apesar disso, em 15 de setembro de 2005 obteve registro definitivo concedido pelos juízes do Tribunal Superior Eleitoral, assim como outros, nas mesmas condições do PSOL – Partido da Causa Operária e Partido Socialista Unificado dos Trabalhadores – também o obtiveram anteriormente.
Em 9 de outubro de 2005, matéria do jornal Folha de São Paulo assinalou que “pelo menos dez agrupamentos já disputam espaço na nova legenda de extrema esquerda. Unidos por um vago projeto socialista, têm táticas e prioridades diferentes, que começam a ficar explícitas, mais ainda após o inchaço das últimas semanas”.
Prossegue a matéria da Folha: “A Democracia Socialista, conhecida como DS (...), a Ação Popular Socialista (...), o Movimento de Esquerda Socialista (...), a Corrente Socialista dos Trabalhadores (...) e ainda outros grupos menores oriundos do PT, além de dissidências do PSTU, do PDT e até uma ala que era ligada ao MR-8, identificada com o então cacique peemedebista Orestes Quércia , já falecido (...). Independentes e intelectuais completam a miscelânia”.
Os grupos trotskistas atuantes no Brasil, TODOS vinculados a alguma corrente internacional, pois nunca houve o caso de grupos trotskistas nacionais, conformam um emaranhado difícil de entender. Esse emaranhado teve início em 1938, com a fundação da Quarta Internacional e os seus seguidores ainda não chegaram a um denominador comum sobre como constituir UM partido internacional que coordenaria a miríade de grupos trotskistas ditos nacionais.
Àqueles que não sabem – e sempre é bom saber -, um relato, se bem que incompleto, sobre os grupos trotskistas atuantes em nosso país, que já se incorporaram ou poderão se incorporar ao PSOL:
Democracia Socialista é o ex-Núcleo Combate Brasileiro da década de 70, a ex-Organização Revolucionária Marxista Democracia Socialista da década de 80, sempre vinculada, como organização nacional, ao Secretariado Unificado da Quarta Internacional, cuja sede é na França e cujo partido majoritário é a Liga Comunista Revolucionária, dirigida por Alain Krivine.
Ação Popular Socialista é um grupo de militantes que se declarou tendência do PT em 11, 12, e 13 de junho de 2004, em um Encontro Nacional realizado em Brasília. Reunia dois deputados federais e quatro estaduais. Assinala como prioridade a luta pela construção da revolução social em termos nacionais e internacionais, a ruptura revolucionária e a transição para o socialismo. Seu lema, ao final dos documentos, é o mesmo utilizado pela Vanguarda Popular Revolucionária quando da luta armada dos anos 60 e 70: “ousar lutar, ousar vencer”.
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), é o atual Movimento de Esquerda Socialista (MES). A CST é um grupo trotskista surgido em 1992 a partir de uma cisão na então Convergência Socialista (atual PSTU), em decorrência de um desmonte generalizado dentro da Liga Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional (LIT/QI), da qual a Convergência era (e o PSTU continua sendo) a organização nacional em nosso país. O MES mantém sólidos vínculos com o Movimiento Socialista de los Trabajadores, da Argentina e ambos estão vinculados à tendência Corrente Revolucionária, constituída dentro da LIT/QI e mantêm ligações paralelas com a União Internacional dos Trabalhadores/Quarta Internacional (UIT-QI).
Corrente Socialismo Internacional (CSI) é constituída por um grupo de militantes trotskistas que abandonaram o PT quando do 8º Encontro Nacional, realizado em novembro/dezembro de 1991. Esse grupo, então conhecido pela denominação de Grupo Rebento passou a integrar uma Frente, denominada Frente Revolucionária, cujo objetivo era a construção de um partido revolucionário. Tal partido realmente foi constituído, em meados de 1993, majoritariamente por um grupo de militantes da Convergência Socialista, expulsa do PT. Esse partido revolucionário foi o PSTU. Por não aceitarem o PSTU da forma como foi constituído – uma simples mudança de nome de CS (Convergência Socialista) para PSTU – esses militantes criaram a CSI, cuja vinculação externa ainda não está clara.
Liga Quarta-Internacionalista do Brasil (LQB) tem suas origens na Revolutionary Tendency, do SWP, dos EUA. Após isso, passou a vincular-se a um emaranhado de organizações internacionais: ao Grupo Internacionalista (GI), dos EUA e México, cujos principais ideólogos são Jan Norden e sua mulher Stamberg, ambos expulsos da Liga Comunista Internacional (LCI) em 1996; ao Groupe Internacionaliste, da França - anteriormente denominado Fração Revolução Permanente (FRP) -; antes, porém, em setembro de 1994, a LQB vinculava-se à Liga Comunista Internacional-Quarta Internacionalista (ex-Spartacist League). Mas não parou aí: em 6 de abril de 1998 a Liga Quarta-Internacionalista do Brasil, o Internacionalist Group/Grupo Internacionalista (EUA e México) e o Groupe Internacionaliste (França), anteriormente Fração Revolução Permanente, constituíram outro centro de referência internacional coordenador: a Liga pela Quarta Internacional.
Liga Bolchevique Internacionalista (LBI), constituída, a partir de uma cisão, em 1992, na então Organização Quarta Internacional (OQI), atual Partido da Causa Operária, hoje registrado perante a Justiça Eleitoral. Em julho de 1996 vinculou-se, como seção nacional, à Corrente Bolchevique por la Cuarta Internacional (CBQI), constituída na Argentina, que passou a defender a palavra-de-ordem de luta “por um governo operário e camponês”, em contraposição à consigna apregoada pelo Partido Obrero (PO) argentino e pelo Partido da Causa Operária (PCO), do Brasil, de luta “por um governo dos trabalhadores”, considerada “não revolucionária”. A CBQI luta, com seções nacionais no Brasil, Argentina (além do Partido Obrero, também a chamada Fração Gamboa, do Partido Operário Revolucionário) e Chile, pela construção da Federação Socialista da América Latina. Em um panfleto datado de 12 de outubro de 2000 (tão logo foi deflagrada a Segunda Intifada, em setembro de 2000), a LBI deu vivas “à Intifada das massas palestinas rumo à destruição do Estado nazi-sionista de Israel! Abaixo os acordos de paz sustentados pela traidora OLP! Pela reconstrução do Partido Revolucionário do Proletariado Palestino, Árabe e Judeu!”. Posteriormente, em janeiro de 2005, em Porto Alegre, por ocasião da realização do Fórum Social Mundial, a Liga Bolchevique Internacionalista manteve reuniões com a Unión Socialista de los Trabajadores, da Argentina, e com a Tendência Revolucionária Operária e Camponesa (TROC), constituída por um grupo de militantes que rompeu com o Partido dos Trabalhadores em julho de 2004. Essas reuniões foram denominadas de pré-Conferência de Construção do Partido Operário Revolucionário Trotskista, mais um centro internacional irradiador do trotskismo. Nessa pré-Conferência foram aprovadas as bases programáticas desse novo centro. É interessante assinalar apenas duas dessas bases programáticas: “Defesa das organizações que se enfrentam com o imperialismo e pela derrota e expulsão das tropas anglo-ianques no Iraque, Afeganistão, bem como pela destruição do Estado nazi-sionista de Israel, enclave do imperialismo no Oriente Médio”; “Denúncia dos governos de centro-esquerda burguesa como Chávez, Tabaré Vasquez, Lula e Kirchner na América Latina, por serem marionetes do imperialismo”.
Partido da Causa Operária (PCO)
Grupo trotskista vinculado ao Comitê de Ligação pela Reconstrução da Quarta Internacional (CRL/QI), que em abril de 2004 foi transformado em Coordenação pela Refundação da Quarta Internacional (CR/QI), órgão que coordena seções nacionais em 12 países, entre os quais o Partido Obrero (PO) argentino e o Partido dos Trabalhadores (PT) uruguaio. O Partido Obrero (PO) é o que detém a hegemonia nessa corrente trotskista internacional. E o principal ideólogo, tanto do PO como da CR/QI é o argentino José Saul Wermus, mais conhecido pelo codinome de “Jorge Altamira”, irmão de Felipe Belisário Wermus (ex-dirigente trotskista), mais conhecido como “Luiz Favre”, que por um tempo viveu no Brasil e foi considerado marido de Marta Suplicy. A Justiça Eleitoral concedeu ao PCO o status de partido político.
O Trabalho na Luta pelo Socialismo (OT-LPS) deve suas origens ao grupo trotskista francês Organização Comunista Internacionalista (OCI) que, em 1972, dirigido por Pierre Lambert, produziu um documento assinalando a necessidade da constituição de um Comitê de Reorganização da Quarta Internacional (CORQI). Logo aderiram a essa idéia, na América Latina, o Partido Operário Revolucionário (POR) boliviano e o Política Obrera (PO) da Argentina. Logo depois, em 1975, no Brasil, ocorreu a unificação da Fração Bolchevique Trotskista (FBT) com os também trotskistas Grupo Outubro (GO) e Organização de Mobilização Operária (OMO) – esta uma dissidência da Organização de Combate 1º de Maio (OC-1º de Maio) -, constituindo a Organização Marxista Brasileira (OMB). No ano seguinte, 1976, unificaram-se a OMB e a OC-1º de Maio, surgindo a Organização Socialista Internacionalista (OSI), vinculada à Quarta Internacional/Comitê Internacional (QI/CI). Esse novo grupo trotskista, face à sua grande influência no Movimento Estudantil, ficou mais conhecido como LIBELU. Em 1979, quando do seu 2º Congresso, a OSI, por divergências internas quanto à linha sindical a ser implementada pela Organização, sofreu uma cisão e os militantes que saíram criaram a Organização Quarta Internacional (OQI), posteriormente Partido da Causa Operária, já citado anteriormente. Em maio de 1984, quando do seu 7º Congresso, a OSI passou a denominar-se Fração Quarta Internacional (FQI), vinculando-se internacionalmente à Quarta Internacional/Centro Internacional de Reconstrução (QI/CIR), entidade constituída em 1981 em uma reunião da maioria das seções que anteriormente haviam formado a QI/CI. A QI/CIR passou a editar a revista “La Verité”, intitulando-a de “revista teórica da Quarta Internacional”, distribuída às seções nacionais em inglês, alemão, espanhol, português, russo, servo-croata, grego, árabe, chinês e bengali. Mais adiante, em agosto de 1997, a OT-LPS também sofreu uma cisão, atribuída “à degenerescência política da OT-LPS a partir do momento em que o Partido dos Trabalhadores elegeu os seus primeiros parlamentares e da capitulação do partido (PT) frente ao Estado-burguês”, daí surgindo um grupo denominado Fórum Marxista-Trotskista Internacional, o qual, aparentemente, já se dissolveu.
Partido Revolucionário Trotskista Posadista (PORT-P)
É o mais antigo grupo trotskista, com atuação no Brasil desde 1953. É membro da Quarta Internacional Trotskista-Posadista, também conhecida como Secretariado Latino-Americano da Quarta Internacional, grupo internacional fundado na Argentina, na década de 40 pelo argentino Homero Rômulo Cristalli Frasnelli, mais conhecido pelo codinome de “Juan Posadas”. O PORT-P está vinculado e é uma seção nacional do Secretariado Latino-Americano da Quarta Internacional. A principal liderança do PORT-P, na época, foi Afonso Carlos Vieira de Magalhães, funcionário do Banco Central, em Brasília. O PORT-P edita – ou editava - o tablóide “Revolução Socialista”, que se intitula “órgão da corrente posadista do PT, regulamentada junto ao Diretório Nacional”. Em nome de um comitê denominado “Comitê de Defesa da Revolução Internacionalista (CDR-I), também vinculado ao PORT, edita o tablóide “Moncada”, defendendo e fazendo proselitismo da revolução cubana.
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) é o grupo trotskista mais visível no cenário nacional, também registrado pela Justiça Eleitoral. Está vinculado à Liga Internacional dos Trabalhadores-Quarta Internacional (LIT-QI), juntamente com 16 partidos, organizações e grupos trotskistas de 15 países, 6 dos quais da América Latina: Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Peru. Seu surgimento, como acima já mencionado, teve origem quando a Convergência Socialista foi expulsa do PT, em maio/junho de 1992, sob a acusação de “radicalismo extremado”. Um mês depois da expulsão, foi constituída uma “Frente Revolucionária”, com o objetivo de construir “o partido da revolução” e, em abril de 1993, finalmente, alguns grupos que integravam essa Frente Revolucionária constituíram o “Movimento pró-PSTU”. O Congresso de fundação do PSTU foi realizado em São Paulo em junho de 1994, sendo eleita uma coordenação composta por 37 militantes. O PSTU atribuiu a sua formação à “claudicação de setores de esquerda e da direção majoritária do PT diante da institucionalidade burguesa, a adaptação do programa a uma estratégia de colaboração de classes e da aceitação da ‘vitória’ do capitalismo”. O PSTU possui, desde 1996, um “órgão de formação política”, o IES-Instituto de Estudos Socialistas, composto por uma maioria de professores universitários que ministra cursos de formação socialista a trabalhadores, estudantes, membros de organizações de esquerda e de movimentos populares, através de palestras, seminários e outras atividades. A sede do IES é na rua Domingos de Morais 348, sala 46, Vila Mariana, São Paulo/SP.
Liga Estratégia Revolucionária (LER) é um grupo surgido no final de 1999, expulso do PSTU, derivado de uma luta política no interior do partido. Em seu documento de fundação, a LER assinala: “fazemos parte da Fração Trotskista-Estratégia Internacional integrada, além de nosso grupo, pelo Partido de los Trabajadores por el Socialismo (PTS) da Argentina, Liga de los Trabajadores por el Socialismo (LTS) do México, Liga Obrera Revolucionária por la Cuarta Internacional (LOR-CI) da Bolívia e Agrupamento Clase contra Clase (CCC) do Chile”. A LER-QI passou a editar o jornal “Palavra Operária” e seu site é www.ler-qi.org. Em 28 de novembro de 2004, a LER inaugurou a “Casa Socialista de Cultura e Política” na rua Piratininga 118, Brás, São Paulo/SP.
Tendência pelo Partido Operário Revolucionário (T-POR) é um grupo trotskista surgido no Brasil em meados de 1989. Trata-se de uma organização vinculada ao “Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional (CER-QI)”, cuja sede é na Bolívia e seu partido hegemônico é o Partido Operário Revolucionário (POR) boliviano, que declara combater “a estratégia do reformismo petista e as correntes de esquerda centristas”. Possui seções nacionais na Bolívia, Argentina, Chile e Brasil. O POR passou a editar, em português, a revista “Revolución Proletária”, com periodicidade quadrimestral, intitulada “porta-voz do Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional”. O ideólogo do POR e da CER-QI é o boliviano Guillermo Lora.
Esse é o quadro, embora certamente incompleto, da Quarta Internacional no Brasil ao qual se junta, agora, o PSOL.
Além dos “dez agrupamentos” já existentes como tendências dentro do PSOL, citados pelo articulista da Folha de São Paulo, podem ser mencionados mais os seguintes:
Socialismo Revolucionário, que se intitula “uma organização de esquerda, marxista e revolucionária, formada por jovens e trabalhadores que lutam pelo socialismo no Brasil e no mundo. É um movimento que ultrapassa as fronteiras do Brasil. Somos a seção brasileira do Comitê por uma Internacional Operária/Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIO/CIT), fundado em abril de 1974”. O grupo “Socialismo Revolucionário” edita o jornal de mesmo nome, que se intitula “jornal da seção brasileira do CIO”.
Além do Socialismo Revolucionário, os seguintes grupos internacionais constituem o CIO/CIT que, evidentemente, teriam passado a discutir as táticas a serem implementadas pelo grupo brasileiro dentro do PSOL!
 

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  • Leonardo Faccioni
  • 18 Novembro 2014

Quando queremos ser elogiosos para com determinados modos, hábitos ou comportamentos que julgamos dignos e belos, tendemos a dizê-los “civis”, ou “urbanos”. Falamos em “civilização”, palavra com a mesma raiz de “cidade”, e é efetivamente essa a sua conotação positiva: a compostura da cidade, contraposta ao arredio do campônio.

Talvez o antigo romano, em sua urbe de vinte, trinta, quiçá cem mil habitantes às margens do Mediterrâneo, efetivamente fosse mais tratável que algum bruto barbarizado, perdido na Floresta Negra. Talvez, pois o prêmio esperado por todo augusto senador, cônsul ou procurador parecia ser o sonho arcadiano da villa, entre pomares e oliveiras, e não a selvageria do Fórum até a senectude. Talvez o cortesão renascentista fosse mais amistoso, a princípio, que um desconfiado pastorinho, ou um calejado servo da gleba. O professor da Bologna medieval seguramente teria mais a dizer sobre as artes e a verdade do que o mercenário suíço, embora talvez menos que o monge, no claustro de Montecassino.

Mas em nosso tempo, aparentemente em qualquer país, região ou clima, é nas pequenas comunidades de interior, onde a agricultura ainda comunica a liturgia inescapável das leis deixadas por mãos não-humanas; lá, onde a realidade constringe a vontade, que amizade e solidariedade ainda se brindam. A megalópole, seja Nova Iorque, São Francisco, Londres, São Paulo, Rio ou Pequim, barbariza. A selva de pedra aliena. As lâminas de vidro dos arranha-céus arranham a face de Deus, e a essa ilusão de ótica tremenda os homens, delirando onipotência, buscam se assemelhar. Dilaceram, assim, eles também sua natureza — e a da sociedade com ela.
 

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