• Gilberto Simões Pires
  • 05 Janeiro 2015


AMANTES DO CAOS
Para os amantes e perseguidores do caos econômico e social, o ano de 2015 inicia cheio de esperança. Como Dilma, seus aliados e seguidores já mostraram que são imbatíveis no jogo no qual quem mais destrói é quem sai vitorioso, quanto maior o fracasso maior a felicidade.

BOLETIM FOCUS
Vejam, por exemplo, o que informa (hoje) o primeiro Boletim Focus de 2015: a projeção de crescimento do PIB para 2015 foi reduzida de 0,55% para 0,50%, enquanto que a projeção da inflação, pelo IPCA, aumentou de 6,38% para 6,39%. Que tal?

CONSTRUÍDAS COM CUIDADO
Tais projeções, que nas últimas 15 semanas se direcionam sempre voltadas para o centro do inferno, não são obras do acaso: foram todas construídas, com grande cuidado, pelo departamento da engenharia do governo Dilma Neocomunista Rousseff.

SENTIDO INVERSO
Olhando pela perspectiva (frágil) do time contrário, de quem joga pensando que o sucesso é definido pelo crescimento econômico com inflação baixa, tudo aquilo que o Boletim Focus vem projetando deveria ser ao contrário, ou seja:
1- o crescimento do PIB deveria estar no lugar da taxa da inflação projetada; e,
2- o crescimento da inflação deveria ser igual ou menor do que a projeção do PIB.

FÉ E DEVOÇÃO
O lamentável é que a cultura do atraso, que se instalou no nosso pobre país desde a chegada da primeira caravela portuguesa, foi parar no DNA do povo brasileiro. Não havendo, portanto, a possibilidade de ser extirpada, a sociedade se agarra à Fé e à Devoção, como se viu nas imagens mostradas pela televisão na virada do ano.

PULAR SETE ONDAS
Essa tola mania que milhões de brasileiros têm, de entregar a Deus, aos santos e aos governantes o destino de suas vidas, identifica a incapacidade -voluntária- de reagir aos despropósitos. Mais: mostra que as ações cabíveis para um bom futuro está em comer porco e lentilha e pular sete ondas e outras coisas mais. Pode?

TUDO VAI DAR CERTO...
Percebendo que o povo mergulha na tradição anual, de acreditar que basta ter esperança e fé imaginando que -no fim tudo vai dar certo- o governo faz a sua parte cada dia mais destrutiva: aumenta gastos e diminui serviços. O que implica em necessidade de mais reza, fé e devoção por parte do povo cada dia mais pobre em discernimento.
O curioso é que enquanto o governo cassa quem se atreve a SONEGAR IMPOSTOS, o que mais faz, com precisão absoluta, é SONEGAR SERVIÇOS. Pode?
www.pontocritico.com
 

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  • Renato Lemos
  • 04 Janeiro 2015

 

A presidente Dilma seguiu um caminho errado quando recorreu ao Ministério Público em busca de ajuda para escolher os novos ministros. Não é essa a função do Ministério Público, como foi apontado pelos que a criticaram.
Para conhecer o passado dos que pretendia escolher, teria sido muito mais simples e menos burocrático pesquisar na internet. Bastaria colocar no campo de pesquisa o NOME do cidadão seguido das perguntas: DO QUE É ACUSADO? JÁ FOI CONDENADO? Se tivesse feito isto, com apenas um clique ficaria sabendo o seguinte:

GEORGE HILTON (PRB-MG), nomeado ministro dos Esportes em meio a críticas de atletas, foi detido no aeroporto da Pampulha em 2005 com malas de dinheiro, mais de R$ 600 mil. Naquela época era pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi expulso do DEM, partido ao qual estava filiado, porque não explicou a origem e destino do dinheiro.

HELDER BARBALHO (PMDB-PA), nomeado ministro da Pesca. É filho do "ficha suja" Jáder Barbalho. Na sua folha corrida consta que responde a dois processos na Justiça Federal por improbidade administrativa quando foi prefeito de Ananindeua, perto de Belém. Numa das ações, o Ministério Público pediu o bloqueio de seus bens por comprar medicamentos e contratar serviços para Saúde de empresas fantasmas. Durante sua gestão, desapareceram R$ 1,8 milhão destinados a programas de Saúde. Houve fraude também na compra de ambulâncias. Além disso, ele é investigado por desvio de R$ 1 milhão de convênio com a Funasa para construção de esgoto que jamais saiu do papel.

KÁTIA ABREU (PMDB-TO), nomeada ministra da Agricultura, responde processo no Supremo Tribunal Federal por falsificação de selo público. Em outra ação na Justiça é acusada de má gestão à frente da Confederação Nacional da Agricultura.

EDUARDO BRAGA (PMDB-AM), nomeado ministro das Minas e Energia, responde ações na Justiça por improbidade administrativa quando governador do Amazonas. É acusado de peculato, formação de quadrilha e fraude em licitação.

JACQUES WAGNER (PT-BA), nomeado ministro da Defesa. Um texto, que relaciona 13 escândalos em que esteve envolvido quando governador da Bahia, circula na internet e aparece nos blogs e redes sociais. Num deles, é acusado de firmar contratos sem licitação no valor de 272 milhões com uma ONG de aliado político para fornecer mão de obra à Saúde. Em outro escândalo é acusado de assinar convênio com uma ONG no valor de R$ 17 milhões para construção de unidades habitacionais que nunca foram entregues.

ELISEU PADILHA (PMDB-RS), nomeado secretário da Aviação Civil. Tramita em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal um processo referente ao que ficou conhecido como "escândalo dos precatórios", quando Eliseu Padilha era ministro dos Transportes. Segundo as denúncias, havia um esquema de recebimento de propina por funcionários públicos com conhecimento e participação do ministro. É acusado de corrupção passiva em processo que está há mais de dez anos no Supremo Tribunal Federal à espera de julgamento.

ARMANDO MONTEIRO (PTB-PE), nomeado ministro do Desenvolvimento, é responsabilizado pela quebra do Banco Mercantil de Pernambuco devido à prática de operações ilegais, empréstimos fraudulentos, desvio de dinheiro e uso de documentos falsos. Segundo a Procuradoria da República, o rombo no banco Mercantil chegou a mais de R$ 100 milhões. O banco foi denunciado á Justiça por conceder empréstimos a empresas ligadas ao próprio grupo Monteiro, prática proibida pelo Banco Central.

GILBERTO KASSAB ( PSD-SP), nomeado ministro das Cidades. O ex-prefeito de São Paulo foi condenado pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa, pelo não pagamento de precatórios judiciais previstos em lei orçamentária. A decisão é do juiz Evandro Carlos de Oliveira, da 7ª vara da Fazenda Pública da capital. O juiz determinou a suspensão dos direitos políticos de Kassab pelo prazo de três anos e proibição de contratação pelo Poder Público pelo mesmo prazo.

MIGUEL ROSSETTO (PT), nomeado secretário geral da Presidência, é suspeito de envolvimento no escândalo do Petrolão. O Tribunal de Contas da União investiga denúncias de superfaturamento na compra de duas refinarias no Sul do país pelo preço de R$ 200 milhões, quando ele esteve à frente da Petrobrás Biocombustível. Ministro do TCU afirma que o caso se assemelha ao da compra, pela Petrobrás, da Refinaria de Pasadena no Texas (EUA).

CARLOS GABAS ( PT), nomeado ministro da Previdência Social, é acusado de ter recebido indevidamente auxílio moradia, de envolvimento no escândalo revelado pela Operação Porto Seguro (aquela da amante do Lula), e de ter assinado balanços para lá de suspeitos para esconder a roubalheira no Bancoop, que deixou mais de 3000 famílias sem a casa de seus sonhos. É acusado também de prestar testemunho falso para impedir realização de uma transação, caso que está sendo investigado pela Justiça de São Paulo, e de distribuir dossiês com o propósito de denegrir pessoas que faziam oposição ao seu partido.

ALOIZIO MERCADANTE (PT), nomeado ministro da Casa Civil, foi acusado por petistas de ser o mentor do dossiê falso, montado em 2006, para prejudicar a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo. O caso, conhecido como o "Escândalo do Dossiê" ou "Dossiê dos Aloprados", foi desbaratado pela Polícia Federal com prisão da quadrilha e apreensão de dinheiro de "origem desconhecida" que seria usado para pagamento dos autores da farsa. A Polícia Federal chegou a indiciar Mercadante, mas o caso, graças à impunidade de sempre, acabou arquivado...

CID GOMES (PROS), nomeado ministro da Educação, é acusado pelo ex-diretor da Petrobrás de envolvimento no escândalo do Petrolão. Ele negou a denúncia, divulgada pela revista IstoÉ, e solicitou à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal que se manifestassem para isentá-lo de envolvimento no escândalo. O processo sobre o Petrolão já não corre mais em segredo de justiça por decisão do STF, mas não houve até agora manifestação da PF e STF desmentindo a IstoÉ.

RICARDO BERZOINI (PT), nomeado ministro das Comunicações, é acusado de envolvimento no "Escândalo do Dossiê" ou "Dossiê dos Aloprados, o dossiê falso montado em 2006 para prejudicar a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo. Quando o escândalo veio a público, foi afastado da coordenação da campanha de Lula à Presidência.

EDINHO ARAÚJO (PMDB) nomeado secretário dos Portos, foi condenado em dezembro de 2012 por improbidade administrativa quando prefeito de São José do Rio Preto. O Tribunal de Justiça de São Paulo cassou seus dieitos políticos por cinco anos.

PEPE VARGAS (PT), nomeado ministro das Relações Institucionais, é acusado de envolvimento no escândalo do Pronaf no Rio Grande do Sul. Esse escândalo estava sendo investigado pela Polícia Federal pela Operação Colono, mas foi sustada por ordem de Brasília antes das eleições de outubro. É um escândalo de grandes proporções. Centenas de pequenos agricultores gaúchos foram executados pelo Banco do Brasil, lesados por políticos que fizeram empréstimos fraudulentos no âmbito do Pronaf. Os políticos usaram o dinheiro para suas campanhas e os agricultores. que nunca viram o dinheiro, foram cobrados pelo banco.


Diante desse resultado em que folha corrida vale como currículo, quem espera moralização dos costumes políticos e o fim da corrupção e impunidade só pode sentir revolta e desprezo pelo governo que aí está. O Planalto não passa de um balcão de negócios - e que negócios!...- onde atuam, de um lado, o oportunismo, a irresponsabilidade e cumplicidade criminosa de quem governa e deveria estar na Papuda e, do outro, uma malta de políticos cevados na corrupção e roubalheira e escudados pela impunidade que impera no país.

E para completar, temos a nossa Justiça que condena e deixa mofar na cadeia os ladrões de galinha enquanto permite que políticos ligados ao crime organizado, quando condenados - coisa muito rara! -, cumpram pena em casa, livres para ir aonde quiserem, fazer negócios como bem entenderem, assessorar empresas envolvidas em escândalos, viajar, ir à praia e até confabular com a presidente nos arcanos do Planalto!
É o Brasil que temos e que não deveria existir !!!...

 

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  • Carlos I.S. Azambuja
  • 03 Janeiro 2015

 

Os estudantes e os intelectuais de classe média – e não as “amplas massas”, que segundo a doutrina científica são o motor da revolução – representaram a grande fonte de militantes e quadros da Ação Libertadora Nacional e, ademais, de todas as outras organizações de luta armada.

Conrad Detrez, um jornalista colaborador da revista trotskista francesa Front, entrevistou Carlos Marighela em outubro de 1969, um mês antes de sua morte em São Paulo. A capa da edição mensal de novembro dessa revista teve que ser alterada devido à sua morte, no mês seguinte.

Carlos Marighela foi membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro e foi o fundador e principal dirigente da Ação Libertadora Nacional (ALN), maior organização de luta armada atuante no Brasil no final dos anos 60 e início dos anos 70.

Joaquim da Câmara Ferreira (“Toledo”) – participante no seqüestro do embaixador dos EUA, no Rio, em setembro de 1969 - que viria a ser o novo comandante da ALN, foi surpreendido com a morte de Marighela, em Paris, onde se encontrava, a caminho de Cuba, na casa de Aloysio Nunes Ferreira (que viria a ser Ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso nos anos de 2001 e 2002, hoje é senador pelo PSDB e foi candidato a vice-presidente de Aécio Neves), juntamente com Conrad Detrez.

“Toledo” viria a ser morto em São Paulo um ano depois, em 23 de outubro de 1970, graças às informações precisas fornecidas por um militante da ALN, seu subordinado, cursado em Cuba: José da Silva Tavares (“Severino”, “Vitor”).
Pode ser dito que a entrevista de Carlos Marighela para o Front foi seu testamento político e guerrilheiro.
As principais questões tratadas nessa entrevista foram as seguintes:

Front – Por que iniciar pela guerrilha urbana?
Marighela – Na condição de ditadura em que se encontra o país, o trabalho de propaganda e de divulgação a priori só é possível nas cidades. Movimentos de massa, sobretudo os que foram organizados pelos estudantes, intelectuais, alguns grupos de militantes sindicalistas, criaram nas principais cidades do país um clima favorável para a acolhida de uma luta mais dura (ações armadas) (...). Os revolucionários conseguiram a cumplicidade da população. A imprensa clandestina avança. As emissões piratas são recebidas favoravelmente. A cidade reúne, pois, as condições objetivas e subjetivas requeridas para que se possa desencadear com êxito a guerrilha (...). A guerrilha rural deve ser posterior à guerrilha urbana, cujo papel é eminentemente tático.

Front – Como imagina a continuação da guerrilha urbana?
Marighela – Pode-se fazer uma enormidade de coisas: seqüestrar, dinamitar, abater os chefes de polícia, em particular os que torturaram ou assassinaram nossos camaradas; depois continuar expropriando armas e dinheiro. Desejamos que o Exército adquira armamento moderno e eficaz; nós o tiraremos dele. Já posso anunciar que raptaremos outras personalidades importantes e por objetivos de maior envergadura do que libertar 15 presos políticos, como aconteceu com o seqüestro do embaixador norte-americano.

Front – Algumas simpatias em particular?
Marighela – Estive na China em 53-54, o partido (PCB) foi que me enviou (...). Na China estudei muito a revolução. Mas, falando de inspiração, a nossa vem especialmente de Cuba e do Vietnã. A experiência cubana, para mim, foi determinante, sobretudo no que respeita a um pequeno grupo inicial de combatentes.

Front – A guerrilha rural surgirá simultaneamente em vários pontos do país?
Marighela – Atacaremos grandes latifundiários brasileiros e também americanos. Seqüestraremos e executaremos os que exploram e perseguem os camponeses. Tiraremos gado e víveres das grandes fazendas para dar aos camponeses. Desorganizaremos a economia rural, porém não defenderemos nenhuma zona, nenhum território, nada disso. Defender é terminar sendo vencido. É necessário que sempre, em todas as partes, como na guerrilha urbana, tenhamos a iniciativa. A ofensiva é a vitória.

Front – Você é contra as idéias de Regis Debray?
Marighela – Algumas idéias me foram úteis; quanto às do foco insurrecional, estou em desacordo.

Front – Sua estratégia para o Brasil se insere dentro de uma estratégia revolucionária continental?
Marighela – Sem dúvida, uma vez que temos que responder ao plano do imperialismo norte-americano com um plano global latino-americano. Nós estamos ligados à OLAS - Organização Latino-Americana de Solidariedade - (nota: organização criada em Cuba em janeiro de 1966) bem como a outras organizações revolucionárias do continente e, em particular, às que nos países vizinhos lutam com a mesma perspectiva que nós. É, enfim, um dever para com Cuba; libertá-la do cerco imperialista ou aliviar seu peso, combatendo-o externamente em todas as partes. A revolução cubana é a vanguarda da revolução latino-americana; esta vanguarda deve sobreviver.
A entrevista acima foi intermediada pelos dominicanos e realizada no Convento das Perdizes. Os mesmos dominicanos que no mês seguinte, novembro , entregariam Marighela à polícia.

A partir da morte de Marighela, o Serviço de Inteligência Cubano, através de seu chefe, Manuel Piñero Losada, passou a centralizar e controlar diretamente os preparativos para a retomada da luta. Uma intervenção radical na estrutura da organização foi efetuada e foi o seguinte o diagnóstico cubano sobre a derrota: O processo foi acelerado sem a menor infra-estrutura e condição política e militar. Tudo tinha sido feito de maneira equivocada, com métodos empíricos.
Passaram a disputar o espólio de Marighela, Clara Charf (em Cuba; codinome “Claudia”), Zilda Paula Xavier Pereira (em Paris; “uma coroa analfabeta de codinome "Carmen" que graças a esquemas familiares queria dominar a ALN”, segundo definição de um militante), que além dela própria tinha três filhos e o marido na ALN, e Joaquim Câmara Ferreira (em Cuba). Não custaram a chegar à conclusão de que a ALN estava estilhaçada e a discussão passou a girar em torno de frear a luta armada, reconstruir a rede logística, fazer trabalho de massa e de base e retomar a atividade dentro das fábricas e, finalmente, uma acusação que incomoda a todos: o grande responsável pela tragédia havia sido Manuel Piñero Losada, pois sua postura e influência nas mudanças que ocorreram nas intenções iniciais da Organização haviam sido maléficas. A luta armada é uma conseqüência da luta de classes e os cubanos confundem luta de classes com guerra de classes. A ALN era apenas um foco e o braço da revolução cubana no Brasil e, como Organização, nasceu em Cuba.

A Organização inteira no Brasil estava na cadeia e não havia estrutura para receber os companheiros que estavam em Cuba, concluindo o treinamento, destinados a conformar uma coluna móvel na área rural. As avaliações eram frustrantes. No entanto, o alinhamento da militância paulista e a decisão do contingente já preparado para a guerrilha rural no Norte do Brasil de se colocar ao lado de “Toledo” na retomada da luta, assegurou seu predomínio como novo comandante.

Após a morte de “Toledo”, que foi sucedido por Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, como se não bastasse assaltar padarias, trocadores de ônibus e armazéns para sobreviver, irrompe a loucura interna que deu origem ao justiçamento do militante Marcio Leite Toledo (também treinado em Cuba) em 24 de março de 1971, nas ruas de São Paulo. Marcio foi assassinado com uma rajada de metralhadora por quatro de seus companheiros, inclusive o então comandante da ALN que havia sucedido “Toledo“: Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, que o julgou e o matou. Seu crime: falar em voz alta o que diversos companheiros pensavam e ter escrito um documento político assinalando erros. Foi acusado de “vacilação diante do inimigo”. Segundo o panfleto deixado sobre seu corpo, na rua Caçapava, em São Paulo, “uma Organização revolucionária, em guerra declarada, não pode permitir a quem tenha uma série de informações como as que possuía, vacilações dessa espécie”.

O desvario e a inconseqüência em que a ALN estava mergulhada em 1971, tem um exemplo funesto: num assalto a banco, no bairro da Lapa, São Paulo: o militante Ari Rocha Miranda, 22 anos, foi ferido mortalmente por um companheiro seu. Seu corpo foi transportado dentro de um fusca e enterrado em um local ermo, em Itapecerica da Serra, à beira de uma estrada secundária. O corpo estaria lá até hoje, pois ninguém jamais o reclamou.

No entanto, o certo é que todas as crises surgidas na esteira da morte de Marighela já existiam. A principal delas era a ingerência dos cubanos no processo e na condução da revolução brasileira. Houve sempre uma discordância dentro da ALN: a querela entre a guerrilha rural e urbana. Os cubanos queriam a opção rural e haviam preparado os contingentes guerrilheiros para isso. Todavia, alguns militantes do Rio de Janeiro e Minas Gerais, bem como alguns militantes nordestinos, queriam a luta urbana, à lá tupamaros.

Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz (“Clemente”) deixou o Brasil, para o Chile, em dezembro de 1972 e chegou a Havana no ano seguinte, onde recebeu um curso de Estado-Maior ministrado pelo general Arnaldo Ochoa Sanchez. Concluído o curso e pronto para regressar ao Brasil, Carlos Eugênio desertou, abandonando seus companheiros, e passou a viver em Paris até a decretação da anistia, em 1979.

A maioria dos militantes da ALN que se encontravam em Cuba ou exilados em outros países, ao final de intermináveis discussões, vislumbraram os contornos de um retrato político inquietante: a perspectiva de vitória nunca existira e a luz que avistavam no fim do túnel assustava: o caminho justo era a volta ao PCB, a grande família, e o abandono definitivo de qualquer propósito de luta armada. Ou seja, uma traição ao caminho traçado por Marighela.
Durante os cinco anos de existência da ALN, a maior organização guerrilheira durante a luta armada, foram estes os números da derrota: 884 presos e condenados a penas de 6 meses a 10 anos, 64 mortos e cerca de 2 mil pessoas indiciadas em inquéritos. Isso é uma prova de que os aparatos de repressão são iguais em todos os países. Elefantes brancos que demoram a mexer-se, mas quando o fazem, destroem o que estiver pela frente.

Esse foi o princípio do fim. Os 28 militantes que se encontravam em Cuba que abandonaram a ALN e criaram o Movimento de Libertação Popular (MOLIPO), a última tentativa do setor internacionalista do Partido Comunista Cubano, especificamente do Departamento América, de manter a atividade revolucionária na América Latina, ao voltarem para o Brasil foram todos mortos, com a exceção do “Comandante Daniel” (José Dirceu de Oliveira e Silva), um dos quadros escolhidos para essa missão, que desertou, abandonando seus companheiros, e três outros, que também desertaram.

José Dirceu, em Cuba, foi apresentado por Alfredo Guevara (Alfredo Guevara Valdés, um homossexual que em meados dos anos 80 foi embaixador de Cuba junto à ONU) ao então Ministro da Defesa Raúl Castro, durante uma solenidade. A partir daí teve início a relação político e militar entre os dois. José Dirceu teve o acesso franqueado por Raúl Castro a documentos importantes sobre estratégia militar, informação e contra-informação e segurança militar. Finalmente, fez um curso de Estado-Maior que o tornou especialista em questões militares e lhe outorgou o grau de “Comandante Daniel”. Nada disso adiantou. Na realidade ele se tornou um corrupto e hoje cumpre prisão domiciliar, depois de uma temporada na Papuda.

Foi essa especialização e mais o treinamento militar que o tornou habilitado, segundo os internacionalistas cubanos, a viabilizar a entrada no Brasil do contingente guerrilheiro que retomaria a luta armada. Foi ele, em Havana, o planejador do dispositivo político-militar que dentro do Brasil receberia o grupo dos 28, cuja média de idade variava de 22 a 24 anos. Isso em 1971. Esse foi o último comboio.

Essa história, no entanto, ainda não foi devidamente contada. Ainda faltam detalhes importantes...

* Historiador
Bibliografia: “A Revolução Impossível”, Luis Mir, editora Best Seller, 1994.

 

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  • Desconhdcido
  • 01 Janeiro 2015

CAPITALISMO IDEAL
Voce tem duas vacas.
Vende uma e compra um touro.
Eles se multiplicam, e a economia cresce.
Você vende o rebanho e aposenta-se, rico.
CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas.
Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas.
Fica surpreso quando ela morre.
CAPITALISMO FRANCÊS:
Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer que o Estado lhe garanta três, com os generosos subsídios da Política Agrícola Européia.
CAPITALISMO CANADENSE:
Você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.
CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.
CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas.
As duas são loucas.
CAPITALISMO ITALIANO
Você tem duas vacas.
Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!.
CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas.
Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca.
CAPITALISMO SUÍÇO
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua.
Você cobra para guardar a vaca dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas.
E reclama porque seu rebanho não cresce...
CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas.
Ai de quem tocar nelas.
CAPITALISMO ARGENTINO
Você tem duas vacas.
Você se esforça para ensinar as vacas a mugirem em inglês...
As vacas morrem.
Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano ao FMI.
CAPITALISMO ENRON
Você tem duas vacas. Vende três para a sua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois, faz uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para sua companhia. O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção para mais uma. Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos Estados Unidos e fica com nove vacas. Ninguém fornece balanço das operações e o público compra seu esterco.
CAPITALISMO CHINÊS
Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas.
Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade.
E prende o ativista que divulgou seus números.
CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas.
Uma delas é roubada.
O governo cria a CCPV- Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca.
Um fiscal vem e lhe autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais.
A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo.
E para finalizar:
CAPITALISMO PETISTA
Voce tem duas vacas.
Vem o MST, abate uma para fazer um churrasco para os Sem Terra e diz que a outra vaca não está cumprindo sua função social.
Vem o INCRA coloca um imposto sobre o seu rebanho inexistente, desapropria suas terras e lhe entrega títulos da dívida da lojinha do PT.
Você entra na Justiça, o governo é condenado a lhe ressarcir: ele o faz com dois cartões magnéticos do Fome Zero, que lhe dão direito a retirar, diretamente com o prefeito da sua cidade, 65 reais por mês. Você reclama com o presidente, e ele manda o chefe da Casa Civil resolver o seu problema: ele cria mais uma comissão interministerial de 65 membros, com prazo certo, publicado no Diário Oficial, para apresentar uma solução: você continua esperando até hoje...

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  • Rodrigo Constantino
  • 31 Dezembro 2014

Há algo novo no ar. Sinto ventos de mudança. A esquerda radical está perplexa, não sabe como reagir. Por décadas reinou absoluta nas universidades, com seus diretórios dominados, o monopólio da palavra, dos protestos e da organização de eventos. Agora não entende mais nada e cai em histeria diante de um fenômeno novo: a reação da direita!

Vejam o que alguns alunos fizeram na UFF, antro de esquerdistas em Niterói. Pertencem ao grupo Liberalismo Conservador, e se juntaram para fazer uma arrecadação voluntária e mandar imprimir diversos adesivos. Colaram tais adesivos em cima de mensagens pichadas pelos comunistas.

Quem diria?! “Menos Marx, Mais Mises” espalhado por cima de símbolos como a foice e o martelo comunista e o logotipo do PSOL. É fantástico! Sem falar que agora, ao menos, os brucutus terão escutado o nome Mises, completa novidade para eles. Trata-se do grande economista austríaco Ludwig von Mises, cujos livros representam o melhor antídoto existente contra a praga comunista.

Esses alunos estão de parabéns pela louvável iniciativa. Que outros sigam o exemplo Brasil afora. E notem a diferença já na largada: enquanto os comunistas picham as paredes e estragam o patrimônio das universidades, os liberais colam adesivos apenas, que podem ser retirados sem dano ou estrago à propriedade. Questão de princípios e valores já no básico.

Nesse outro caso, alunos da UFSC, outro antro de marxistas, retiraram a bandeira vermelha e hastearam a bandeira do Brasil no mastro, e em seguida cantaram o hino nacional, enfrentando a cambada de comunistas que amam mais greves do que trabalho. Emocionante.

A esquerda jurássica tem motivo para ficar exaltada e histérica, em polvorosa. Nunca antes da história deste país se viu tal clima crescente de reação espontânea a essa hegemonia marxista nas universidades, que ninguém aguenta mais!


http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/educacao/quando-a-direita-reage-nas-universidades/

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  • Jaime Edmundo Dolce
  • 31 Dezembro 2014

 

quando ouço falar em revisão da Lei da Anistia, fico enojado. Se ela for revista, minha mãe terá a chance de ver julgados os assassinos de meu pai?

A divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade veio à tona no último dia 10 comovendo muitas pessoas, inclusive a presidente da República, Dilma Rousseff. Para minha família e eu, no entanto, a emoção se transformou em um misto de revolta e indignação. Esse documento não dedica um capítulo sequer às pessoas que, como meu pai, foram brutalmente assassinadas por terroristas de esquerda.

Meu pai, Cardênio Jayme Dolce, nasceu em Dom Pedrito (RS), em 1914. Ainda pequeno, mudou-se para Porto Alegre onde fez o Colégio Militar. Na década de 1930, foi morar no Rio de Janeiro, onde serviu na Escola Naval. Saiu da Marinha como aspirante porque não queria prosseguir na carreira militar, seu desejo era ser policial civil.

Foi da Polícia Civil até 1968, quando se aposentou como agente federal de primeira classe, cargo que hoje equivale ao de um delegado da polícia civil. Em 1969, começou a trabalhar como chefe de segurança da Casa de Saúde Dr. Eiras, instituição privada que atendia doentes mentais em Botafogo, no Rio.

Lá trabalhou até 2 de setembro de 1971, quando foi cruel e covardemente morto a tiros de metralhadora disparados por terroristas da ALN (Aliança Libertadora Nacional).

Na época eu tinha 10 anos e meus irmãos, 13, 12 e 8. O grupo terrorista invadiu a clínica onde ele trabalhava para roubar cerca de 100 mil cruzeiros, que seriam pagos aos funcionários. Para realizar o assalto, mataram meu pai e outros dois colegas, Silvino Amancio dos Santos e Demerval Ferreira. O enfermeiro Almir Rodrigues de Morais e o médico foram feridos.

Meus irmãos e eu nos tornamos quatro das 21 crianças que ficaram órfãs de pai depois da chacina promovida pelos terroristas da ALN. Pouco tempo depois do atentado, soubemos pela televisão que havia sido feito um ataque terrorista à Casa de Saúde Dr. Eiras e que meu pai e outros colegas tinham sido baleados. Ou seja, fomos os últimos a saber do atentado.

Depois de 2 de setembro de 1971, nossa rotina se transformou completamente. Meu pai deixou algum patrimônio e uma boa pensão da polícia, mas, apesar disso, minha mãe teve que se desdobrar para sustentar meus três irmãos e eu.
Hoje, aos 79 anos, mamãe continua esperando um pedido de desculpas do Estado.

Minha família nunca entrou na Justiça, pois sabíamos que eram pequenas as chances de haver algum reparo. O dono da Casa de Saúde Dr. Eiras era Leonel Miranda, que tinha sido ministro da Saúde no governo do general Artur da Costa e Silva (1967-1969). Ele prometeu dar amparo às famílias das vítimas.

No final das contas, não fomos amparados por ninguém, nem pela Casa de Saúde Dr. Eiras nem pelo governo militar. Minha família recebeu apenas os direitos trabalhistas do meu pai. Só isso. 

Dos terroristas que assassinaram meu pai, dois estão vivos: Sônia Hipólito, servidora da Câmara dos Deputados, e Flávio Augusto Neves Leão Salles, que vive hoje no Pará.

Minha família, apesar de todo o estrago que foi feito, hoje vive em paz. Eu espero apenas que não se faça a revisão da Lei da Anistia, como querem aqueles que defendem os terroristas de esquerda.

Meu pai não era agente da ditadura, não torturou ninguém, não caçou comunistas. Teve o azar de estar no lugar errado, na hora errada. Quando ouço alguém falar em revisão da Lei da Anistia, fico enojado. Se a lei for revista, minha mãe, aos 79 anos, terá a chance de ver julgados os assassinos de meu pai?

Jaime Edmundo Dolce, 53, é comerciante em Varginha (MG)
 

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