• Maria Lucia Victor Barbosa
  • 09 Junho 2015

 

Na sua obra Espanha Invertebrada escreveu José Ortega y Gasset: “A história de uma nação não é somente a do seu período formativo e ascendente, mas também a história de sua decadência”. Tudo indica que entramos na história de nossa decadência desde que o governo petista assumiu o cargo mais alto da República.

Lula da Silva reinou em seu primeiro mandato sobre as águas mansas do Plano Real, das políticas públicas do governo anterior. Viajou muito, tornou-se amigo dos piores ditadores mundiais, gozou como nenhum outro presidente das delícias do poder. Delícias, aliás, compartilhadas com os companheiros cortesãos.

No segundo mandato se iniciará a decadência, desenhando-se o que viria em termos econômicos enquanto escândalos de corrupção aumentavam de volume e velocidade. Entretanto, o endeusamento de Lula da Silva, o inocente que nada via, de nada sabia, se mantinha pela força de sua lábia e ele emplacou o “terceiro mandato” através da eleição de Dilma Rousseff.

Os quatro anos desta senhora podem ser descritos como descalabro total. Sob as ordens de Lula ela quebrou a Petrobras e outras estatais, destruiu a indústria, arrebentou o país como um todo. Mesmo assim, com pequena diferença sobre seu adversário Rousseff foi reeleita pregando que Aécio Neves seria o exterminador do futuro brasileiro.

Logo no início do segundo mandato de Rousseff emerge, porém, o inevitável resultado da incompetência governamental, dos truques contábeis, da distorção dos dados: aumento da inflação, do desemprego, da inadimplência, das contas públicas, dos juros, dos impostos. Situação que Joaquim Levy tenta consertar preparando a volta de Lula, mas jogando o peso dos erros do governo sobre as costas do povo. São tempos duríssimos que não acabarão tão cedo, em que pesem as otimistas e sempre erradas previsões dos economistas.

Mas não é apenas econômica a decadência em que o governo de Lula da Silva nos mergulhou. Houve perda de valores e uma crescente amoralidade.

Aqui darei apenas um exemplo dos muitos que poderiam ser apresentados nesse aspecto. Como atinge a formação de crianças desde a mais tenra idade considero criminosas as tentativas que vem sendo feitas pelo governo de se impor como manipulador educacional sexual. No momento ressurge a ideologia de gênero, elaborada através de documento que servirá para formulação de planos municipais, pelo Fórum Nacional de Educação. Nesta construção arbitrária não existe diferença entre menino ou menina, não são levados em conta dados biológicos e psicológicos da identidade humana. O ser humano é considerado como assexuado e deverá escolher se quer ser masculino ou feminino. Seria como revogar a lei da gravidade.

Em magistral artigo, Educação Sexual Compulsória, publicado no Estado de S. Paulo em 08/06/2015, analisa Carlos Alberto di Franco as distorções dessa, diria eu, deseducação:

1) “A confusão causada nas crianças no processo de formação de sua identidade, fazendo-a perder referências; 2) a sexualização precoce, na medida em que a ideologia de gênero promove a necessidade de uma diversidade de experiências sexuais para a formação do próprio gênero; 3) a abertura de um perigoso caminho para a legitimação da pedofilia, uma vez que a ‘orientação’ pedófila é considerada também um tipo de gênero; 4) a banalização da sexualidade humana, dando ensejo ao aumento da violência sexual, sobretudo contra mulheres e homossexuais; 5) a usurpação da autoridade dos pais em matéria de educação dos filhos, principalmente em temas de moral e sexualidade, já que todas as crianças serão submetidas à influência dessa ideologia, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos pais”.

Ao tratar desse grave tema que toda sociedade devia tomar conhecimento fatalmente serei tachada de conservadora, o mais novo xingamento utilizado pelo neoesquerda para desqualificar os que não rezam por sua cartilha. Quero lembrar que a tese conservadora, assim como a progressista evoluiu ao longo do tempo em seu significado, mas, em essência, o conservadorismo se refere à natureza humana não modificável pela ação prática, porquanto mergulha suas raízes em uma realidade sobre-humana, a vontade divina. Em outras palavras, somos dotados de uma consciência e sabemos distinguir o bem do mal, em que pesem as várias noções de moral de cada sociedade.

Ao mesmo tempo, o conservadorismo indica que o poder político confiado ao homem é intrinsecamente tirânico se não for controlado. Daí a constante preocupação dos conservadores com a existência de mecanismos de limitação do poder e, principalmente, pela supremacia da lei.

Nesse sentido assumo ser conservadora, sendo ao mesmo tempo uma entusiasta de todo progresso que traga benefícios à humanidade. Lamentável é a decadência em que os autodenominados progressistas da neoesquerda impingiram à nação brasileira.

* Socióloga

www.maluvibar.blogspot.com.br

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  • Fernando Gabeira
  • 09 Junho 2015

(Publicado originalmente em O Estado de São Paulo, 5/06/2015)

Quando surgiu, achei grave e um pouco subestimado o veto de Dilma ao projeto de transparência nos negócios do BNDES. Ela entrou em conflito com o Congresso. Dias depois, o próprio Supremo autorizou o Tribunal de Contas a ter acesso aos empréstimos à Friboi, empresa que financia generosamente as campanhas do PT.
Em qualquer país onde o governo entre em choque com o Congresso e o Supremo o tema é visto como uma crise institucional. Como se não bastasse, Dilma entrou numa terceira contradição, desta vez consigo mesma: partiu dela a lei que libera o acesso aos dados públicos.
O ministro Luiz Fux (STF) sintetizou seu voto numa entrevista: num banco que move dinheiro público, o segredo não é a arma do negócio.
O PT tem razão para temer a transparência. Súbitos jatos de luz, como a denúncia do mensalão e, agora, do petrolão, abalaram seus alicerces. No caso do BNDES, não se trata da possibilidade de escândalos. É uma oportunidade para conhecer melhor a história recente.
Empresas amigas como a Friboi e a Odebrecht, governos amigos como os de Cuba e Venezuela, foram contemplados. Em ambos, a transparência vai revelar o viés ideológico dessa orientação. Um porto em Cuba, um metrô em Caracas são apenas duas escolhas entre mil possibilidades de usar o dinheiro. Para discutir melhor é preciso conhecer os detalhes. Na campanha Dilma mentiu sobre eles, ocultando o papel de fiador do Brasil.
O que sabemos da Friboi? Os dados indicam que destinou R$ 250 milhões a campanhas do PT. Teremos direito de perguntar sobre os detalhes do empréstimo do BNDES e até desconfiar de seus elos com campanhas eleitorais.
A análise da política do governo deverá estender-se à sua fracassada tentativa de criar empresas campeãs. Quem foram e quem são os parceiros, que tipo de transação? Como dizia Cazuza, mostre sua cara, qual é o seu negócio, o nome do seu sócio.
No momento do veto prevaleceu uma certa Dilma. Mas a outra Dilma, a que mandou a lei de acesso, é que estava no rumo certo da História. Não só porque a transparência é um desejo da sociedade, mas porque a tecnologia estreita o espaço do segredo.
Os debates nos EUA concentram-se hoje numa restrição à vigilância de indivíduos, sem licença judicial. Mas chegam a essa discussão graças a Edward Snowden, que revelou os próprios segredos do governo.
Ironicamente, Dilma foi espionada pelos EUA e decreta o sigilo nos dados de um banco que movimenta recursos públicos. Sou solidário com ela no primeiro episódio. Evidente que seria atropelada no segundo. Esta semana começou a ensaiar a retirada, via Ministério do Comércio, que vai disponibilizar dados das transações internacionais e algumas nacionais.
O PT deveria meditar sobre o segredo. Ele foi detonado pela quebra do segredo entre quatro paredes, no mensalão. Agora, no caso da Petrobrás, entraram em cena novos mecanismos de investigação, melhor tratamento dos dados.
Nos primeiros meses de governo, já tinha uma visão do PT. Nem todos a compartilhavam, pois o partido venceu três eleições depois de 2002. Aos poucos, os momentos de transparência sobre os escândalos foram criando uma percepção nacional sobre o tipo de governo que se implantou no Brasil.
Não há dúvidas de que os segredos do BNDES serão revelados. Sociedade, Congresso e Supremo caminham numa mesma direção. E o próprio governo começa a abri-los.
É um elo para a compreensão do papel do PT. Embora ainda não tenha os dados completos, já posso afirmar que o BNDES financiou pobres e ricos. Mas ambos, os pobres de socialismo, como os ricos aqui, do Brasil, são escolhidos entre os amigos do governo. De um modo geral, o processo foi de financiar amigos ricos para que construam para os amigos pobres.
Tanto a Friboi como a Odebrecht fazem parte dessa constelação política econômica que dominou o fluxo dos investimentos do BNDES. Isso teve repercussão nas campanhas eleitorais. De um lado, o Bolsa Família assegurava a simpatia dos eleitores: de outro, a bolsa dos ricos contribuía para as campanhas do tipo vivemos num paraíso. Contribuía, porque hoje sabemos que outras fontes menos sutis, como o assalto à Petrobrás, injetavam fortunas no esquema.
Falou-se muito no petrolão como o maior escândalo da História, mobilizando pelo menos R$ 6 bilhões. Quando todos os segredos, inclusive os do fundo de pensão, forem revelados, não importa a cifra astronômica que surgir daí: o grupo brasileiro no poder é o mais voraz em atuação no planeta. Não posso imaginar salvação depois da conquista desse título.
O PT e aliados podem continuar negando, na esperança de que o tempo amenize tudo. É uma tática de avestruz. Será que não se dão conta de que apenas um décimo da população os aprova hoje? O que será do amanhã, quando quase todos saberão quase tudo sobre o que fizeram com o País?
Nesta paisagem de terra arrasada, a economia é apenas uma das variáveis. O processo político degradou-se, os valores foram embrulhados por uma linguagem cínica, a credibilidade desapareceu já há tempo. O Brasil pode até conviver com esse governo, que tem mandato de quatro anos. Mas não creio que mude de opinião sobre ele, alternando momentos de um desprezo silencioso com as manifestações de hostilidade.
Um governo nasce morto e a lei nos determina um velório de quatro anos. Muito longos, até os velórios costumam ser animados. E algo que anima este velório é a revelação dos últimos segredos, como o sigilo do BNDES e tantas outras linhas de suspeita que foram indicadas nas investigações da Petrobrás. E daqui por diante nem o futebol será uma distração completa. A cúpula da Fifa transitou de um hotel cinco-estrelas para uma cela de prisão. Imprevisíveis roteiros individuais rondam os donos do poder. E essa história ainda será escrita com todas as letras.


* Fernando Gabeira é jornalista

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  • Guilherme Fiuza
  • 07 Junho 2015

(Publicado originalmente em O Globo)


FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses
Joseph Blatter deu no pé porque sentiu o FBI nos seus calcanhares. Como os investigadores americanos já sabem que a Fifa é uma central de negociatas, o presidente reeleito da entidade achou melhor botar a viola no saco. No Brasil é diferente. Dilma Rousseff sentiu a Polícia Federal nos seus calcanhares, e os investigadores brasileiros já sabem que o governo do PT é uma central de negociatas. Mas a presidente reeleita não deu no pé, porque aqui não tem FBI. E com o silêncio das panelas, está dando até para ouvir o ronco do gigante.

Uma década após o estouro do mensalão, o Brasil ameaça engolir também o petrolão — o que seria o salvo-conduto definitivo para a ladroagem progressista e humanitária. Nestor Cerveró, o primeiro brasileiro a proibir uma máscara de carnaval, foi condenado por comprar um apartamento em Ipanema com propina do petrolão. O ex-tesoureiro Vaccari está preso, acusado de ajudar Dilma Rousseff a alugar um palácio em Brasília (temporada de quatro anos) com propina do petrolão. Mas, nesse caso, a inquilina não está sendo sequer investigada. Como se vê, há propinas e propinas.

As delações premiadas da Lava-Jato já se cansaram de apontar que seria impossível operar um esquema com a dimensão do petrolão, por mais de dez anos, sem a cobertura do Planalto. O FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses. Ainda mais havendo indícios claros de dinheiro do esquema em suas duas campanhas presidenciais. E fartas evidências de formação de caixa pelo seu partido com dinheiro roubado da maior empresa nacional — graças a diretores protegidos pelo grupo governante.
Nota de esclarecimento ao FBI: a presunção de inocência da presidente é absolutamente normal na conjuntura institucional brasileira. A Corte Suprema é bem fornida de militantes premiados por anos de lealdade aos seus padrinhos. E o processo da operação Lava-Jato é presidido segundo esse padrão de isenção. Entenderam, prezados ianques? De que vocês estão rindo?

Em perfeita sintonia com os puxa-sacos petistas que foram ser felizes para sempre no Supremo, o procurador-geral da República arremata a ópera da inocência — diante da qual a opinião pública se curva, reverente, babando na gravata. Resta a Dilma subir em sua bicicleta e pedalar solene diante de uma imensa placa “Lava-Jato” — proporcionando a foto emblemática do Brasil-2015. Segue a legenda oficial: “Obrigada, otários, pela sua compreensão”.

Deve ser uma delícia sentir o vento do Planalto no rosto ao ritmo das pedaladas ciclísticas e fiscais ladeira abaixo (rumo à recessão), sem o menor risco de topar com a gangue da faca. Além de mais quatro anos para reger a orgia petista, o mandato presidencial dá direito a pedalar com um aparato de seguranças — e a escolta de um carro oficial, caso sua excelência se canse e prefira as facilidades do petróleo (sem precisar chamar o Vaccari). Quem sabe até dando uma carona ao companheiro Blatter, que ficou a pé.

Seria o mínimo, considerando a carona valiosa que a Fifa deu ao governo petista. Além da oportunidade de construir os estádios mais caros da história das Copas, com a bolsa BNDES irrigando empreiteiras amigas, o balcão do companheiro Blatter fez o favor de tirar o Morumbi da Copa do Mundo. Assim abriu-se o caminho para o milagre do Itaquerão, mais um sonho bilionário de Lula realizado pela Odebrecht — ou o contrário, dá no mesmo. A CPI do Futebol pode ser mais uma oportunidade para o gigante abrir um dos olhos, ver que os companheiros estão metendo a mão no seu bolso, bocejar uma palavra de ordem e voltar aos seus sonhos de anão.

Blatter pediu o boné porque seus cúmplices deram com a língua nos dentes, expondo seu esquema de eternização no poder. Já o esquema de eternização do PT no poder vai bem, obrigado — e os cúmplices podem dar com a língua nos dentes à vontade. O homem-bomba das empreiteiras, Ricardo Pessoa, disse aos investigadores da Lava-Jato que deu R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma no ano passado para não perder negócios com a Petrobras. Aí o barulho foi grande: era o gigante roncando.

Indignados com a indiferença da plateia, Dilma e seus amigos da pesada subiram o tom: depois de Erenice estrelar o escândalo tributário da Operação Zelotes e Rosemary ser denunciada por improbidade administrativa, Fernando Pimentel roubou a cena. O governador de Minas — também conhecido como consultor sobrenatural — teve seu braço-direito, o empresário Bené, preso por suspeita de associação criminosa. Entre as acusações contra o amigo do amigo de Dilma está a origem suspeita de dezenas de milhões de reais em receita de sua gráfica, que atende ao PT. Diante do presépio petista, talvez o FBI achasse que está sendo injusto com a Fifa.

A renúncia de Joseph Blatter após sua reeleição foi um gesto pedagógico. Ou o Brasil se inspira nele, ou assume que quer tomar mais quatro anos de pedaladas. E facadas.

* Jornalista

http://oglobo.globo.com/opiniao/blatter-abre-caminho-para-dilma-16364089#ixzz3cLVCjoST 

 

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  • Olavo de Carvalho
  • 06 Junho 2015

Diário do Comércio, 10 de abril de 2015

A queda abrupta na audiência da TV Globo ilustra algo que venho dizendo aqui há semanas: a revolta popular não é só contra meia dúzia de políticos ladrões, nem só contra a sra. Dilma Rousseff, o PT ou mesmo o Foro de São Paulo: é contra toda a elite que os protegeu e os legitimou no poder à força de mentiras e desconversas.

Sempre de joelhos ante as modas estrangeiras mais idiotas, e manipulados por intelectuais ativistas que, a despeito da sua mediocridade, sempre deslumbraram as suas mentes ainda mais medíocres, os donos dos nossos meios de comunicação puseram todos os seus formidáveis recursos a serviço de uma “revolução cultural”, cuja simples existência ignoravam, e que foi, aliás, concebida precisamente para ser levada a cabo por idiotas úteis que a ignoravam.

Antonio Gramsci é bastante explícito quanto a esse ponto: não se trata de “conquistar corações e mentes”, como afirmou esse asno pomposo que ocupa o Ministério da Educação, mas, bem ao contrário, de fazer com que “todos sejam socialistas sem sabê-lo”, de dominar o “senso comum” a tal ponto que massas inteiras da população repitam chavões e slogans sem ter a menor ideia da sua origem e da sua função num plano estratégico de conjunto.
A diferença entre o antigo militante proletário conquistado para a causa do comunismo e o moderno servidor da revolução cultural é tão imensurável que, por si, basta para ilustrar a elasticidade psicopática da mente revolucionária, sempre pronta a trocar de atitude, de discurso e de valores cada vez que julga isso necessário para o aumento do seu poder.

O primeiro decorava manuais de marxismo-leninismo, era hipersensível ao menor desvio da ortodoxia partidária e proclamava orgulhosamente sua condição de comunista militante, sacrificando bens, vida, honra e liberdade, tudo pela causa.

Em volta dele existiam, é claro, alguns idiotas úteis sem cultura marxista, que se associavam à luta por motivos subjetivos totalmente estranhos ao marxismo, que levavam o militante genuíno às gargalhadas.
Na militância gramsciana, as proporções inverteram-se: o grosso da contingente compõe-se de idiotas úteis, os militantes doutrinados reduziram-se a uma discreta elite dirigente que não faz a menor questão de que seus seguidores saibam por que a seguem.

Os motivos subjetivos, que antes eram apenas acréscimos acidentais ao corpo da luta revolucionária, tornaram-se a propaganda oficial, que na mesma medida perdeu toda unidade e coerência, estilhaçando-se numa poeira alucinante de chavões e cacoetes mentais desencontrados, bons para todos os temperamentos e preferências, incluindo a expressão histérica das insatisfações mais fúteis que o marxista puro-sangue de antigamente desprezava como “pequeno-burguesas”.

A pessoa e os feitos do sr. Jean Wyllys ilustram esse estado de coisas da maneira mais didática que se pode imaginar. Na sua ânsia de juntar num front comum tudo quanto lhe pareça antiocidental e anticristão, ele exige que as escolas esmigalhem de vez os cérebros das crianças com aulas simultâneas de gayzismo e de islamismo.
Cada pequeno brasileiro será portanto informado de que ele deve fazer aquilo que, se ele fizer, será punido com pena de morte.

Às vezes as pessoas clamam contra a “doutrinação marxista” nas escolas, mas “doutrinação” é eufemismo: os tempos da doutrinação já passaram. O que ali se faz é infinitamente mais destrutivo do que qualquer doutrinação. Pascal Bernardin, no livro Maquiavel Pedagogo (veja aqui), descreveu em minúcias como as técnicas adotadas na educação das crianças hoje em dia são calculadas para induzir mudanças de comportamento sem passar pela aprovação consciente.

Não se trata de “conquistar corações e mentes”, mas de adestrar os corpos no aprendizado da macaquice.
O apelo à consciência é cada vez mais reduzido, ao ponto de que aquele que passou por esse treinamento se torna incapaz de perceber as mais grotescas incoerências no seu discurso, mesmo quando elas tornam irrealizável na prática aquilo que ele proclama como seu sonho e ideal.

O sr. Jean Wyllys é o produto perfeito e acabado de um sistema de ensino montado para produzir idiotas úteis em escala industrial.

É evidente que, abolido o confronto ideológico explícito, dissolvida a ortodoxia marxista num farelo de estereótipos para todos os gostos, cada freguês podendo escolher à vontade os “direitos humanos”, a “anti-homofobia”, o “antirracismo”, o culto de uma lendária superioridade espiritual do Oriente, a mitologia indigenista, a liberação das drogas, os delírios da New Age, o ressentimento feminista, o islamismo ou tudo isso de uma vez, o mero fato de um sujeito ser pessoalmente um bilionário capitalista, e, eventualmente o dono de uma rede de canais de TV, não o torna imune, no mais mínimo que seja, à contaminação de uma lepra mental que assume todas as formas e o assalta por todos os lados.

Foi assim que os donos da mídia, sem percebê-lo nitidamente, e até mesmo negando-o peremptoriamente, se tornaram servidores da “revolução cultural” que os abomina e despreza ao ponto de imaginá-los – pasmem! – responsáveis pelos movimentos de protesto anti-PT.

O sr. João Pedro Stedile proclamando “A Globo fez tudo isso”, ao mesmo tempo que os manifestantes escorraçavam os repórteres da Globo a cusparadas – eis uma cena representativa da confusão monstruosa que o gramscismo produziu na mente brasileira.

Enquanto os “intelectuais” e “formadores de opinião" mostravam cada vez mais nada entender do que estava acontecendo, exemplificando eles próprios o estado de turva inconsciência reinante, o povão, quase por milagre, apreendeu a unidade oculta por trás dos rostos cambiantes e inumeráveis do seu inimigo, e se voltou contra ele com uma determinação e uma coragem admiráveis.

Domingo ele vai nos dar mais uma lição a respeito. 

10/04/2015

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  • Cristiano Rodrigues e Vinícius Gouveia
  • 06 Junho 2015

 

            O PT e o PMDB, depois também o PSDB - originário da espinha dorsal deste último, são ainda os sócios majoritários e controladores da Nova República, forjada no início dos anos 80 no movimento das Diretas Já.

           Ao longo dos últimos trinta anos, essas três legendas têm comandado a República (Partidos Cartel), exceção ao interregno 1990-92, quando Fernando Collor subiu e desceu a rampa do Planalto em meio a denúncias que hoje seriam nada mais do que gorjetas tendo em vista a avalanche de escândalos bilionários que assombram o País. PMDB, PT e PSDB comandam metade dos municípios brasileiros, 2/3 dos Estados e são as três maiores bancadas no Congresso.

            Pois bem, a eleição de FHC foi um momento histórico para o tucanato, que chegou ao poder sem ter construído uma narrativa eleitoral, mas teve como pano de fundo o sucesso do Plano Real. Posteriormente, uma conjugação de fatores internos (morte de lideranças da base de sustentação como Mario Covas, Montoro, Luiz Eduardo Magalhães e Sergio Motta, bem como a crise econômica de 1999 e o apagão de 2001) e externos (crise dos países emergentes) ruíram a base de apoio do PSDB, jogando no colo do PT a eleição de 2002.

           Após quase oito anos de ajustes e reformas institucionais na era FHC, somado a um período de bonança das commodities internacionais, o então Presidente Lula pôde por em prática a tão sonhada agenda de elevação do salário mínimo, bem como a ampliação acelerada do já existente programa de renda mínima aos menos favorecidos. A elite que antes tinha um pé atrás em relação à Lula, cantava em verso e prosa nas colunas dos jornais sobre a inteligência e sensibilidade do líder. Era o Cara! Mas, o escândalo do mensalão - mostrou o lado sombrio do PT-, conhecido como a compra de bancadas no Parlamento nacional, solapou a elite do partido dos trabalhadores. A linha de sucessão havia sido quebrada. Dirceu e Pallocci foram abatidos, sem fazer menção a outros integrantes do alto escalão do PT, como João Paulo Cunha, Genoino, Delúbio Soares - todos homens de confiança de Lula.

            Sob o comando hegemônico de Lula, e uma pífia atuação da oposição formal, eis que surgiu na arena política uma nova estrela do time. Era ela a ponta esquerda do partido, mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a gerentona da Casa Civil e do Conselho da Petrobrás. A irascível e competente Dilma Rousseff. Os adjetivos anteriores, cunhados por Lula, foram coadunados pela grande mídia que, por sua vez, exaltava a possível eleição da primeira mulher presidente do Brasil. Ou seja, alguém de fora do núcleo político - jamais tinha participado de uma eleição - iria tomar conta da sétima economia mundial, e dos pobres como mãe. Mais: lá pelos idos de 2008 (crise financeira mundial), ensaiou a Nova Matriz Econômica (desenvolvimentista), já que foi posta em prática em sua plenitude, só a partir de 2011 pelo quarteto Dilma-Mercadante-Mantega-Coutinho. Matriz essa, que nada mais era do que reinvenção do II PND - programa de Ernesto Geisel dos anos setenta, que dava ao Governo a prerrogativa de gastar mais e mais, a fim de fazer a economia crescer. O resultado da segunda metade dos anos 70 todos sabem qual foi: crowding-out. Ou seja, estatismo, inflação galopante, década perdida (anos 80) na economia e no social.

            Lula, político hábil, era "inconteste" ao final de seu mandato - 90% de aprovação segundo os institutos de pesquisas. Assim, fez sua sucessora, que, após 8 meses de sinalização de "ajuste", impôs a sua marca ideológica (Nova Matriz Econômica). Política econômica essa, fundamentalmente intervencionista, heterodoxa e desenvolvimentista, que deveria estimular a economia brasileira, segundo os economistas que acreditavam nesta escola. Ledo engano, mais uma vez em nossa história os desenvolvimentistas falharam. Resultado: crescimento pífio, inflação em aceleração e aumento de endividamento do Estado e das famílias. Digressão: a elite patrimonialista ganhou muito com os empréstimos subsidiados do BNDES.

Diante de tal cenário, Lula percebeu ao final de 2013 e início de 2014, que as coisas não iam bem com a gestão da gerentona, e com um grupo de amigos lançou o balão de ensaio do "Volta, Lula", a fim de salvar seu projeto político. Coincidentemente ou não, no mesmo período, surgiu em Curitiba denúncias sobre um tal de Petrolão que sacudiu o meio político-empresarial. As denúncias foram tímidas no começo - a Copa era mais importante -, mas cresceram de dentro para fora em uma espiral sem controle, arrastando a elite política e parte da elite empresarial para o núcleo da crise, às vésperas da eleição de 2014. Mal explicado ou não, Dilma venceu a queda de braço interna, e garantiu a indicação como candidata pelo PT.

Apesar de todo o cenário econômico em desaceleração e de fortes denúncias (Petrolão), não houve alternância de poder na eleição de 2014. Na reta final do primeiro turno, PT e PSDB uniram esforços, a fim de derrotar Marina Silva (PSB). Já no segundo turno, houve forte embate entre PT x PSDB. Por fim, a base aliada venceu as eleições, por pequena margem é verdade. Essa vitória, em parte, ocorreu, pois Dilma possuía coligação mais ampla, mais tempo de TV no agregado dos dois turnos, mais marketing político, mais recursos financeiros, além, é claro, do conjunto de promessas irrealistas, que após o pleito fora completamente alterado, caracterizando assim o denominado "estelionato eleitoral".

Após a eleição, como a economia já mostrava claros sinais de deterioração e o cenário para 2015 não era alvissareiro, foi então escalado para a Fazenda, pelo novo-velho governo, alguém que agradasse o mercado financeiro e as agências de rating: Joaquim Levy. A hegemonia petista - dentro do Cartel - estava prestes a ser completada quando a presidente e seu comandante em chefe, Aloisio Mercadante, apostaram de forma aloprada em eleger o Presidente da Câmara de seu partido (Arlindo Chinaglia), o que seria um ippon em seu aliado, o PMDB. Daí em diante veio o caos, com a avassaladora vitória de Eduardo Cunha e da Lista do procurador-geral Rodrigo Janot. Assim, formou-se o triunvirato político (Temer-Cunha-Renan), que impôs sua agenda. A Presidente não controlava mais a economia nem a política. As denúncias do Petrolão aceleravam a derrocada do governo.

Soma-se a esse quadro, as manifestações de rua contra a Presidente, que começaram tímidas na Av. Paulista, ainda em novembro/dezembro de 2014, e depois se alastraram pelo país. Os tucanos, dentre eles figuras de alta plumagem, gravaram vídeos de apoio às manifestações, inclusive aproximaram-se do líder de um dos movimentos, o Vem Pra Rua liderado por Rogério Chequer, que instantaneamente virou "porta-voz" do movimento para o grande público, aparecendo em jornais e revistas. Para o PSDB, como em 2005, a intenção era sangrar o governo. Essas palavras foram proferidas por Aloysio Nunes, fiel escudeiro de outro tucano, José Serra. Era preciso para o PSDB, de alguma forma, manter o controle ou tentáculos sobre as ruas.

No dia 15/03/15, milhões foram às ruas. O Palácio do Planalto tremeu. Todos tremeram em Brasília - vide entrevista dos ministros após as manifestações. Estaria a manifestação botando em risco os sócios-controladores da Nova República e os Donos do Poder? Como ficaria o cartel nesse cenário imprevisível? A sucessão estaria pronta? Quem assumiria? Povo na rua em um país patrimonialista é um "problema" adicional, pois exige resposta rápida das autoridades. Ninguém sabia o que fazer. A Faria Lima temeu pelo pior. Outro elemento se juntou a tudo isso: os panelaços que ecoavam pelas sacadas dos prédios nas grandes cidades, sempre que Dilma ou PT apareciam na TV. O Planalto foi às cordas – nível de ótimo/bom despencou para a faixa de 10%.

Eis que entra em campo o salvador da pátria, é claro, FHC. Com a pauta de que impeachment seria como uma bomba nuclear, ou seja, jamais deveria ser utilizada. Curiosamente, após entrar em campo, o apoio tímido inicial às manifestações foi minguando nas redações dos jornais, até desaparecer na Novílingua Orwelliana. Quase ninguém falava em povo nas ruas. As manifestações seguintes de 12/04 foram dadas como mortas. Eram apenas protestos de "coxinhas". Eis que segmentos da mídia tentavam controlar na fonte, o maior movimento civil independente dos partidos políticos com pauta organizada que o Brasil já teve. Mais: a marcha dos "meninos" para Brasília, do Movimento Brasil Livre (MBL), praticamente só foi vista por quem acompanhava-os pelas redes sociais, talvez por se tratar de jovens liberais ou conservadores que há tempo haviam desaparecido do espectro político-acadêmico.

Diante disso, era possível sentir um cheiro de "acordão político" no ar. Quase todos se faziam de desentendidos, em Brasília. As denúncias apesar de estarem presentes na mídia, não eram encadeadas de forma a constituir uma narrativa clara de que o atual modelo e gestão estavam levando o país para o buraco institucional. Parte da mídia, nas entrelinhas, classificou que ruim seria com Dilma, pior seria com o conservadorismo do PMDB. Sim, segmentos da mídia até estariam dispostos a fomentar o impeachment e/ou a queda da chapa Dilma-Temer, desde que o dia seguinte não fosse de posse para um governo conservador. A elite, de forma tácita, temendo greves (caminhoneiros), sindicatos e MST, e sabendo da força do PT junto aos sindicatos optou por manter Dilma/PT, desde que condicionado à manutenção do ajuste de Levy, e assim, tentar-se-ia salvar o investment grade do país. Enfim, o Brasil sempre foi vítima de miopia política, quando os Donos do Poder estão em perigo. É da nossa tradição patrimonialista. A justiça eleitoral, por sua vez, pouco se manifestou após os escândalos das gráficas supostamente fantasmas e de financiamento de campanha, basta acompanhar as delações da Lava Jato. Não há como negar: o País vai muito mal institucionalmente, com raras exceções e economicamente as incertezas são enormes

Em suma, o Brasil, atualmente, encontra-se regido na política pelo triunvirato às custas da deterioração da instituição da Presidência da República e da democracia. A imagem do Brasil colapsou no exterior. O mercado financeiro comprou a solução provisória do "ajuste". Digressão: ajuste fiscal, com governo sem credibilidade, em geral, tem pouca chance de dar certo. O povo, por sua vez, foi alijado do processo (ruas foram esvaziadas). E o país caminha a passos largos para mais uma década perdida - produtividade em baixa e fim do bônus demográfico. E a oposição, como em 2005, acha que vai deixar o petismo sangrando para voltar ao comando do país, em 2018. É mais do que sabido, que o Cartel não gosta de ruptura, mesmo quando essa dar-se-ia pela via constitucional (impeachment ou queda da chapa de Dilma). Num cartel, por definição, todos têm de certa forma o rabo preso e, por isso, se auto ajudam em momentos de crise. O tal "acordão" empurra com a barriga a atual crise política-econômica-institucional. O Brasil precisa de um choque de gestão e de credibilidade. Precisa, portanto, de um novo governo.

Enquanto isso, a mídia ocupa-se, principalmente, em escrever editoriais/colunas sobre o que está acontecendo na FIFA/CBF, do que a respeito dos escândalos políticos, CARF e lista HSBC (esses últimos dois, muito mal explicados). Colunistas pedem efusivamente a renúncia de Del Nero - pauta justa -, mas esquecem de cobrar, com a mesma intensidade, uma solução para a atual crise política que vive o País. Do ponto de vista institucional, largaram o Brasil, na banguela, ladeira abaixo.

Para finalizar, citamos uma breve passagem do pensador Alexis de Tocqueville que fala sobre a liberdade e a missão da imprensa em uma sociedade em desenvolvimento:
"A liberdade de imprensa não faz seu poder sentir-se apenas sobre as opiniões políticas, mas também sobre todas as opiniões dos homens. Ela não modifica apenas as leis, mas os costumes... Em certas nações que se pretendem livres, cada um dos agentes do poder tem a faculdade de violar impunemente a lei sem que a constituição do país dê aos oprimidos o direito de se queixar diante da justiça. Nesses povos, não se deve mais considerar a independência da imprensa como uma das garantias, mas como a única garantia que resta da liberdade e da segurança dos cidadãos."


Cristiano Rodrigues
Economista (USP) / Ciência Política

Vinícius Gouveia
Economista (USP) / Ciência Política
 

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  • Ênio Meneghetti
  • 04 Junho 2015


Não foi mau para o governo o surgimento do escândalo da FIFA. Ele ajuda muito a desviar a atenção sobre outros escândalos mais graves.
Muito mais do que eventuais desvios realizados por autoridades esportivas, afetam muito mais aos brasileiros os escândalos diários sobre desvios ocorridos nas obras de estatais e do próprio governo.
É claro, sem deixar de lado o fato de que, coincidentemente, as mega obras de construção de estádios inúteis como o de Manaus e outros foram realizadas pelas mesmas empreiteiras que atualmente monopolizam o noticiário. Isso é bem mais importante do que conhecer as peripécias dos cartolas do futebol.
Enquanto o assunto FIFA desviava a atenção, uma das revelações do final de semana que passou veio em reportagem de "O Estado de S.Paulo". O fato de que os investigadores da força tarefa da operação Lava Jato encontraram indícios de desvios de dinheiro na construção do Estaleiro Rio Grande, aqui pertinho, iniciada em 2006, e nos contratos fechados para produção de cascos de plataformas e sondas de exploração de petróleo, a partir de 2010. A WTorre construiu o Estaleiro, mas em 2010, vendeu seus direitos no negócio para a Engevix.

Estão sendo investigados pagamentos da WTorre e Engevix às empresas de consultorias de quem? Antonio Palocci e José Dirceu.

Palocci alega que os pagamentos da W Torre à sua empresa, a Projeto Consultoria, foram referentes a quatro palestras aos diretores da empresa, cada uma por R$ 20 mil. A empreiteira apresentou 18 notas fiscais, num total de R$ 350 mil, emitidas pela Projeto, em 2007, 2008, 2009 e 2010.

A JD Assessoria e Consultoria, de José Dirceu recebeu R$ 2,6 milhões da Engevix, entre 2008 e 2012 – parte diretamente e outra parte por meio da Jamp Engenheiros Associados, do lobista Milton Pascowitch.
Às partes citadas, é claro, negaram que os contratos de consultorias prestados tiveram qualquer relação ou possibilidade de pagamento de propina.
Agora, o que preocupa mesmo o Planalto é a questão sigilo das operações de crédito do BNDES. A pressão para que seja aberta uma CPI do BNDES é e tem de ser, cada vez maior. É assunto muito mais do que arrasa-quarteirão.

A questão é: por que o governo se esforça tanto em esconder os detalhes dos investimentos financiados pelo BNDES com nosso dinheiro em Cuba, Angola e outros países?
"Estes segredos cheiram mal", chegou a declarar o deputado Onyx Lorenzoni.
Por que esta insistência governamental em descumprir o artigo 49/1 da Constituição Federal, que diz claramente:
"É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
 Mais claro que isso, impossível. Mas o governo além de descumprir este dispositivo legal, ainda se dá ao requinte de sonegar as informações ao público. Por que?
Isso ainda vai render muito.
 

http://eniomeneghetti.com/

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