• Amir Taheri (New York Post)
  • 09 Janeiro 2015

PARIS - Era pouco antes de 11:00 de quarta-feira, quando um pequeno enclave de uma das grandes avenidas de Paris, perto da Praça da Bastilha, foi abalada por rajadas de tiros e gritos de "Alá é o maior" e "O Profeta está vingado."

Dentro de minutos, as pessoas que correram para as suas janelas e varandas para ver o que estava acontecendo percebeu que a longamente ameaçada operação jihadista contra Paris estava em curso.

O alvo desta vez era o semanário Charlie Hebdo, um dos mais animados e, talvez necessariamente, mais irreverentes jornais satíricos que ainda atraíam um público importante em uma democracia ocidental.

Ao final da operação, realizada por um grupo tipo comando de três homens armados com fuzis de assalto, pelo menos 12 pessoas estavam mortas e outras seis feridas.

Entre os que foram mortos - seria melhor dizer executados - estavam 10 membros da equipe editorial do semanário, incluindo a flor dos cartunistas políticos franceses: Stephane Charbonnier, vulgo "Charb," Jean Cabut, vulgo "Cabu", Bernard Tignou e a estrela maior da revista , Georges Wolinski.

Todos haviam sido ameaçados de morte em numerosas ocasiões, especialmente por terem desenhado e publicado charges do profeta Maomé (incluindo uma com uma bomba escondida em seu turbante) e por uma edição especial, rebatizada de "Sharia Hebdo" para a ocasião, com "Maomé" como editor convidado.

Em 2011, Charlie Hebdo também foi a única grande publicação no Ocidente a republicar as caricaturas dinamarquesas de Maomé que provocaram violência em vários países.

Em 2013, o chanceler Laurent Fabius distanciou o governo francês das críticas abertas do semanário ao islamismo e ao Islam e advertiu Charlie Hebdo a não levar a provocação longe demais.

O ataque de quarta-feira deve ter sido cuidadosamente planejado e com base em algumas informações internas. Pois ele aconteceu exatamente enquanto a reunião editorial semanal de Charlie estava em andamento, com uma participação máxima de escritores, cartunistas e editores.

O ataque também veio apenas horas após a nova edição do semanário ter sido colocada à venda, com a primeira página inspirada por um novo romance de Michel Houelbeque, que aborda a eleição de um muçulmano como presidente da França em 2022.

O governo tinha fornecido proteção policial para quatro dos principais redactores do semanário. O assassinato de três deles na quarta-feira sugere que a proteção pode ter sido mais formal do que real.

O estilo do ataque e da fuga, as armas empregadas e o esconderijo seguro - provavelmente criado em Seine-Saint Denis, um subúrbio de Paris com uma grande população muçulmana - indicam alguma orientação por parte de bandidos armados profissionais, que parecem ter chegado a um acordo de coordenação com os jihadistas.

Duas horas após o ataque, o presidente François Hollande, acompanhado por uma série de altos funcionários, visitou o local do massacre para recitar uma declaração cheia de clichês sobre resistir ao terror e defender a liberdade de expressão.

O problema, porém, é que sucessivos governos franceses, tanto de esquerda como de direita, falharam ao não conseguir desenvolver uma posição coerente sobre o terrorismo, especialmente da variedade islâmica, muito menos forjar políticas para lidar efetivamente com ele.

Desde a década de 1960, a França tem sido um alvo para ataques terroristas por vários grupos palestinos, argelinos e libaneses, assim como outros patrocinados pela República Islâmica do Irã ou apoiados por organizações marxistas ligadas a Cuba e à agora extinta União Soviética.

Todo o tempo, os políticos franceses têm ficado divididos entre o desejo de fazer um acordo com os grupos terroristas, na esperança de garantir imunidade, e a necessidade de combatê-los com tudo o que for necessário.

Na década de 1970, a França comprou imunidade para suas aeronaves civis, fornecendo "contribuições financeiras" não-oficiais regulares, a grupos palestinos envolvidos no negócio de seqüestros.

Na década de 1980, Paris comprou o fim dos ataques terroristas patrocinados por Teerã-, que tinha custado dezenas de vidas em Paris e outras cidades, por meio da liberação de mais de um milhão de dólares em ativos iranianos congelados.
Na década de 1990, grupos terroristas argelinos foram subornados para oferecer imunidade a França, por meio de uma decisão de ignorar as suas actividades de angariação de fundos e de recrutamento em território francês.

Ao longo dos anos, os sucessivos governos franceses também têm feito arranjos para o pagamento de resgates, em troca da libertação de mais de 100 reféns franceses no Oriente Médio e na África.

No contexto de uma chamada "Política Árabe", sucessivas administrações também têm apostado na ilusão de que, ao colocar a França como o único amigo ocidental "das massas de Árabes e Muçulmanos", eles estariam comprando segurança ao mesmo tempo que estariam se beneficiando de oportunidades de negócios .

Assim, a França foi a primeira potência ocidental a impor uma proibição de exportação de armas para Israel, e a primeira a permitir que a Organização de Libertação da Palestina, de Yasser Arafat, abrisse uma "embaixada" em sua capital.

Em 1996, uma recusa francesa a colocar várias organizações, incluindo o Hezbollah e o Hamas, em uma lista de terroristas, impediu a adoção de um acordo do G-7 sobre 45 medidas para combater o terrorismo global.

Em 2003, a França fez tudo o que podia para evitar a ação conjunta da ONU contra o tirano iraquiano Saddam Hussein.

No mês passado, a França também se destacou por votar, no Conselho de Segurança da ONU, a favor de uma resolução árabe para reconhecer a Autoridade Palestina como um Estado-nação, sem um acordo de paz com Israel.

O horror de quarta-feira é uma amarga lição sobre os limites dessa estratégia de apaziguamento.
 

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  • Olavo de Carvalho
  • 09 Janeiro 2015


O estilo é o homem? Sim, e o é para o bem e para o mal. Para o bem, quando a análise revela, por trás das construções sintáticas e figuras de linguagem, a percepção viva de aspectos obscuros e dificilmente dizíveis da experiência humana, que assim emergem da nebulosidade hipnótica onde jaziam e se tornam objetos dóceis da meditação e da ação, transfigurando-se de fatores de escravidão em instrumentos da liberdade. Para o mal, quando nada mais se encontra por baixo da trama verbal senão o intuito perverso de construir uma “segunda realidade” à força de meras palavras, transportando o leitor do mundo real para um teatro de fantoches onde tudo e todos se movem sob as ordens do distinto autor, elevado assim às alturas de um pequeno demiurgo, criador de “outro mundo possível”.

Para demonstrá-lo, pedirei ao leitor a caridade de seguir até o fim esta exposição do sr. Leonardo Boff, conselheiro de governantes e, segundo se diz, até de um Papa, bem como, e sobretudo, porta-voz eminente de uma “teologia da libertação” onde não se encontra nenhuma teologia nem muito menos libertação:
A pobreza não se restringe ao seu aspecto principal e dramático, aquele material, mas se desdobra em pobreza política pela exclusão da participação social, em pobreza cultural pela marginalização dos processos de produção dos bens simbólicos...
“A pauperização gera por sua vez a massificação dos seres humanos. O povo deixa de existir como aquele conjunto articulado de comunidades que elaboram sua consciência, conservam e aprofundam sua identidade, trabalham por um projeto coletivo e passa a ser um conglomerado de indivíduos desgarrados e desenraizados, um exército de mão-de-obra barata e manipulável consoante o projeto da acumulação ilimitada e desumana.
“Essa situação provoca um modelo político altamente autoritário... Somente mediante formas de governo autoritárias e ditatoriais se pode manter um mínimo de coesão e se abafam os gritos ameaçadores que vêm da pobreza.”

O trecho é extraído do livro E a Igreja se Fez Povo (Círculo do Livro, 2011, p. 167). Tudo o que aí se descreve realmente aconteceu. São fatos, e fatos tão bem comprovados historicamente, que não teríamos como recusar ao sr. Boff um definitivo “Amém”, se não nos ocorresse a idéia horrível de perguntar: Aconteceu onde e quando?

O segundo parágrafo fala-nos de algo que aconteceu na Europa nas primeiras décadas do século XIX: massas de camponeses reduzidos à miséria pelo rateio dos seus parcos bens e obrigados a deixar suas terras para vir à cidade compor um “conglomerado de indivíduos desgarrados e desenraizados”, reservatório de mão-de-obra barata para a prosperidade dos novos capitalistas. Karl Marx descreve em páginas que se tornaram clássicas a formação do proletariado urbano com os destroços do antigo campesinato, no começo da Revolução Industrial.

Mas justamente onde isso aconteceu não aconteceu nem pode ter acontecido o que se descreve no parágrafo anterior: a “pobreza política pela exclusão da participação social” e a “pobreza cultural pela marginalização dos processos de produção dos bens simbólicos”. Bem ao contrário, a vinda dos camponeses para as concentrações urbanas coincidiu com o advento das eleições gerais, não apenas convidando mas forçando a participação das massas numa política que lhes era totalmente desconhecida no tempo em que viviam no campo, isoladas dos grandes centros. E coincidiu também com a criação da instrução escolar obrigatória, que extraía os filhos dos proletários das suas culturas locais provincianas para integrá-los na grande cultura urbana da razão, da ciência e da tecnologia, substancialmente a mesma cultura das classes altas, dos malditos capitalistas. Pode-se lamentar a dissolução das velhas culturas locais, mas ela não aconteceu pela exclusão e sim pela inclusão das massas na vida política e na cultura urbana.

A “exclusão da participação social” e a “marginalização dos processos de produção de bens simbólicos” aconteceram, sim, mas a centenas de milhares de quilômetros dali, em países da África, da Ásia e da América Latina que viriam a ser chamados de “Terceiro Mundo” justamente porque neles não houve Revolução Industrial nenhuma, nem portanto integração das massas, seja na política, seja na cultura urbana. O sr. Boff cria a unidade fictícia de um espantalho hediondo com recortes de processos históricos heterogêneos e incompatíveis, ocorridos em lugares enormemente distantes uns dos outros. A única realidade substantiva desse monstro de Frankenstein é o ódio que o sr. Boff desejaria instilar contra ele na alma do leitor.

Mas a fisionomia do monstro não estaria completa sem uma terceira peça, que o sr. Boff vai buscar em outro lugar ainda:
Esta situação, diz ele, provoca um modelo político altamente autoritário... Somente mediante formas de governo autoritárias e ditatoriais se pode manter um mínimo de coesão e se abafam os gritos ameaçadores que vêm da pobreza.”

Descontemos a imprecisão vocabular -- “provocam” em vez de “produzem” – e a sintaxe subginasiana: “esta” em vez de “essa” e “se pode manter um mínimo de coesão e se abafam os gritos” em vez de “se pode produzir um mínimo de coesão e abafar os gritos”. Vamos direto aos ponto essencial: é verdade que para controlar as massas esfomeadas surgiram governos autoritários, mas não na Europa da Revolução Industrial nem nos EUA da mesma época, onde justamente iam triunfando as instituições democráticas junto com o capitalismo nascente, e sim, bem ao contrário, em países subdesenvolvidos (ou empobrecidos pela guerra), que, invejando a prosperidade das nações industrializadas, mas não dispondo de uma classe capitalista pujante e criativa, resolveram industrializar-se às pressas e à força por via burocrática, desde cima, por meio do investimento estatal maciço e da economia planificada. Foi essa a fórmula econômica da Alemanha nazista, da Itália fascista e, obviamente, a de todas as nações socialistas queridinhas do sr. Boff. Foi também, pelas mesmíssimas razões, e embora em menor grau, a da ditadura Vargas e a do governo militar brasileiro.

Em suma, se fosse possível juntar o que há de mau nos países mais distantes, nos tempos mais diversos e nos regimes mais heterogêneos, teríamos aí o monstro ideal contra o qual o sr. Boff deseja voltar a ira da platéia. O sr. Boff aposta na possibilidade de que o leitor não repare na superposição postiça de recortes e, impressionado pela soma de maldades, acredite piamente estar vivendo entre as garras do monstro, tirando daí a conclusão lógica de que deve deixar-se libertar pelo sr. Boff.

Nisso, e em nada mais, consiste a “teologia da libertação”. A técnica da superposição é, a rigor, o único procedimento estilístico e dialético do sr. Boff e o resumo quintessencial do seu, digamos, pensamento. Podemos encontrá-la, praticamente, em cada página da sua autoria, onde em vão procuraremos outra coisa.

Já poucas linhas adiante temos outro exemplo, no trecho em que ele usa a figura de S. Francisco de Assis como protótipo do revolucionário que ele mesmo pretende ser. O leitor, paciente e bondoso, por favor, siga mais este paragrafinho:
Tal atitude [a de S. Francisco ao rejeitar os bens do mundo] corresponde à do revolucionário e não a do reformador e do agente do sistema vigente. O reformador reproduz o sistema, introduzindo apenas correções aos abusos por meio de reformas.... O que [Francisco] faz representa uma crítica radical às forças dominantes do tempo... Não optou simplesmente pelos pobres, mas pelos mais pobres entre os pobres, os leprosos, aos quais chamava carinhosamente ‘meus irmãos em Cristo’.

Francisco aparece aí, pois, como o revolucionário que em vez de servir ao sistema vigente busca destruí-lo e substituí-lo por algo de totalmente diverso. Nem discuto a inverdade histórica, que é demasiado patente. S. Francisco jamais se voltou contra o sistema hierárquico da Igreja, mas, ao contrário, fez da sua ordem mendicante o instrumento mais dócil e eficiente da autoridade papal. Para usar os termos do próprio Boff, corresponde rigorosamente à definição do “reformador” e não à do “revolucionário”. Mas o ponto não é esse. A coisa mais linda é que, segundo o sr. Boff, quando Francisco se aproxima não somente dos pobres, mas “dos mais pobres entre os pobres”, isto é, dos leprosos, há nisso um claro protesto contra a hierarquia social. Mas desde quando a lepra escolhe suas vítimas por classe social? Não eram leprosos o rei de Jerusalém, Balduíno IV, e o rei da Alemanha, Henrique VII, filho do grande imperador Frederico II e de Constança de Aragão? Francisco recusaria o beijo ao leproso de família rica? Superpondo artificialmente a idéia da deformidade mórbida à da inferioridade econômica, que lhe é totalmente alheia, o sr. Boff faz do menos anti-social dos gestos de caridade cristã um símbolo do ódio revolucionário, e o leitor, estonteado pela imagem composta, nem percebe que foi feito de trouxa mais uma vez, engolindo como pura teologia católica a velha distinção marxista entre reforma e revolução. Desfeito pela análise o jogo de impressões, a “teologia da libertação” do sr. Boff revela-se nada mais que uma técnica de escravização mental.

Sim, o estilo é o homem. Uns escrevem para mostrar, outros para esconder e esconder-se, lançando, desde as sombras, a miragem de uma falsa luz.
 

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  • Darcy Francisco Carvalho dos Santos
  • 09 Janeiro 2015

Entre 1987 e 2014 houve sete governadores. A maioria recebeu o governo em más condições, mas nenhum deles em situação financeira tão precária como o governador José Ivo Sartori (PMDB), tanto pela dimensão e rigidez dos déficits, como pelo esgotamento dos recursos para seu financiamento, pelas seguintes razões: o déficit projetado para 2015 é superior a R$ 5 bilhões e com comportamento crescente. Como agravante, os déficits, que eram em grande parte potenciais, passaram a ser reais, porque as despesas já foram feitas. Isso porque foram concedidos reajustes a categorias representativas de servidores, em percentuais que chegam ao dobro daquele esperado para o crescimento da receita, até 2018.

O maior percentual de reajuste para o magistério (13,7%) foi concedido, com um reflexo de R$ 1 bilhão na folha de 2015, para cujo pagamento não há recursos no orçamento. Foram desrespeitados dois princípios basilares da responsabilidade fiscal, que é gastar muito além da arrecadação e gerar despesas permanentes e crescentes custeadas por recursos finitos. Os depósitos judiciais estão com o saldo praticamente zerado. Os ingressos futuros servirão apenas para pagar os juros, calculados com base na taxa Selic sobre os saques efetuados, que alcançam R$ 8 bilhões, 73% dos quais pelo governo que saiu.

A margem para novas dívidas no curto prazo está esgotada pelas operações de crédito efetuadas em 2014. E para piorar a situação, a economia está com um crescimento muito baixo, o que se refletirá na arrecadação, mas que deve apresentar pequena melhora em função de um fator negativo, que são os reajustes da energia e dos combustíveis, acima da inflação. Faço essas constatações sem nenhuma motivação que não seja demonstrar a verdade, quase sempre escondida nas respostas evasivas dos entrevistados ou nos textos distorcidos pelas mentes ofuscadas pelo fanatismo.

* Contador e economista
 

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  • Adolfo Sachsida
  • 08 Janeiro 2015

Participo de vários grupos e, inevitavelmente, em algum momento alguém começa a falar sobre Olavo de Carvalho. Uns defendem outros criticam, esse post é a minha resposta a todos eles.

Olavo de Carvalho é um craque. Mais do que isso, é um homem de coragem e força de vontade ímpar. Assim, ele é um exemplo de conhecimento, inteligência, preparo acadêmico, e coragem para enfrentar desafios. Este homem lutou praticamente sozinho, por mais de 10 anos, contra toda a esquerda nacional e internacional. Alertou sobre os perigos do socialismo, sobre o Foro de São Paulo, sobre o PT, sobre o problema da deterioração da alta cultura quando estes problemas sequer eram imaginados seja na academia ou nas redações de jornais e revistas brasileiras.
Pagou um preço altíssimo por seus avisos: foi sendo paulatinamente ridicularizado, posto de lado, relegado ao esquecimento, e demitido de seus empregos. Resumindo: teve que suportar a solidão intelectual e a perda de empregos por falar a verdade, por embasar seus argumentos em raciocínios lógicos e comprovados.

Onde outros teriam desistido ele perseverou. Foi dele um dos artigos mais importantes que já li em toda vida: O Natal não é para os Covardes. Foi em seus textos que encontrei as primeiras referências a von Mises e Hayek (sim, o professor Ubiratan Iorio também é uma referência nesse tema). Boa parte das pessoas que tiveram contato com pensadores conservadores, ou mesmo libertários, tomaram conhecimento de suas obras lendo artigos de Olavo de Carvalho.

Alguns dizem que Olavo de Carvalho é extremamente agressivo. Sim, ele é. Mas quando se luta sozinho por tanto tempo essa arma que hoje lhe atrapalha é a mesma que o manteve vivo. Ninguém passa incólume por lutar tanto tempo contra um inimigo tão forte, essa foi a cicatriz que tal batalha lhe deixou.

Outros dizem que Olavo de Carvalho fala besteira demais. Bom, esses para mim são pessoas despreparadas. Certamente não concordo com todas as ideias do professor Olavo de Carvalho, mas daí a dizer que ele fala muitas besteiras é de um absurdo completo. Todo mundo erra de vez em quando, isso não é motivo para se jogar uma biografia no lixo. Ainda mais que tais erros, se é que eram erros mesmo, não são o ponto central de sua obra em nada comprometendo sua análise geral.

Deixemos que a esquerda tente destruir a reputação e a obra desse grande pensador. À direita cabe respeitar e promover o nome de Olavo de Carvalho como um de seus grandes ícones. A direita, a democracia, a liberdade de expressão, os conservadores e os liberais brasileiros devem muito a Olavo de Carvalho. Esse post é um pequeno agradecimento a esse gigante guerreiro das batalhas quase impossíveis. Boa parte da assim chamada direita brasileira só existe graças a obra e a perseverança desse nobre homem.

* Economista.
http://www.bdadolfo.blogspot.com.br/

 

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  • Paulo Briguet
  • 08 Janeiro 2015


Em 1969, Fidel Castro cancelou o Natal em Cuba. O ditador alegou que todos os esforços do povo deveriam ser concentrados na produção de cana-de-açúcar, e não numa festa religiosa “importada”. Com isso também ficou cancelada a troca de presentes, que em Cuba é feita no Dia de Reis, 6 de janeiro. A tristeza das crianças cubanas naquela ocasião acabou sendo inútil: afinal, a prometida safra de 10 milhões de toneladas socialistas não foi atingida, mesmo com milhares de pais de família e jovens forçados a trabalhar nos canaviais da ilha-cárcere.

O Evangelho de São Mateus é o único a trazer um relato sobre a visitação dos magos do Oriente. Da leitura do texto bíblico, deduzimos que eles eram três, pelo número de presentes que trouxeram ao Menino Jesus: ouro, incenso e mirra. Os presentes simbolizam aspectos do Filho de Deus: realeza (ouro), divindade (incenso) e humanidade (mirra). Em nenhum momento a narrativa de Mateus usa a palavra “reis” para designar os visitantes adoradores. Mas podemos concluir que eles eram figuras proeminentes em seus lugares de origem, já que antes foram recebidos pelo rei Herodes. Talvez fossem personagens semelhantes ao rei-filósofo idealizado por Platão, respeitados não por seu poder, mas por sua sabedoria. Sem dúvida, pertenciam à primeira casta, sacerdotal.

O Dia de Reis – aquele que o ditador cancelou – faz-me pensar nos presentes que Deus tem colocado em nossa mesa: verdade, beleza, bondade, justiça, misericórdia, cura, graça, pão, vinho, fé, esperança, amor. Todos os problemas e percalços surgidos ao longo do caminho – os Castros e Herodes que temos de suportar – são apenas as necessárias tribulações que no final vão conduzir ao estado de graça, também chamado Céu.

Resta saber quais os presentes que nós temos colocado na mesa de Deus. Nosso dever seria oferecer cotidianamente o ouro, o incenso e a mirra merecidos por aquele que é. Dentro das minhas limitadíssimas possibilidades, quero dar pequenas contribuições ao banquete divino: gratidão, trabalho, renúncia, alegria, perdão, carinho, serenidade – talvez uma crônica ou poema. Sei que não será muito, mas Deus não exige uma produção de dez milhões de toneladas.
É preciso estar preparado. Onde quer que existam visitadores dispostos a adorar e presentear o Menino-Deus, haverá também um Herodes pronto a massacrar inocentes com sua inveja e seu medo. Mas isso não nos fará desistir de nosso intento. Agora, silêncio: o Menino está dormindo. Quando Ele acordar, a eternidade vai iluminar a noite do tempo.

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  • Ênio Meneghetti
  • 08 Janeiro 2015

 

Foi na cidade norte-americana de Providence.

Uma providência judicial contra a Petrobrás, duas subsidiárias e membros da diretoria da estatal, a outrora menina dos olhos da esquerda brasileira.

Suprema ironia. Lembro quando no governo FH, alguém que não tinha ideia melhor, ousou sugerir trocar o nome da Petrobrás para “Petrobrax”, para facilitar a pronúncia lá fora no processo de internacionalização da companhia. Para que! A esquerdalha imediatamente reagiu, classificando até como “entreguismo” a simples troca de uma letra.

Fico até curioso em saber o que tem a dizer estes mesmos nacionalistas de araque agora. Mas eles estão quietos, não dão um pio! Mesmo o governo petralha tendo feito o que está se vendo dia a dia com a principal bandeira do estatismo.

Lá de onde eu venho isso chama-se “hipocrisia”.

Mas voltando ao que interessa, isto é, a tunga a céu aberto promovida na Petrobrás, a ação promovida pelos investidores da capital do estado de Rhode Island, atinge a presidente da estatal, os membros do Conselho, diretores e as subsidiarias internacionais, Petrobras International Finance Company (PIFCo), sediada no paraíso fiscal de Luxemburgo e a Petrobras Global Finance B.V (PGF), sediada na cidade holandesa de Roterdam, na Holanda. Ambas acusadas pelas vendas de títulos que prejudicaram investidores internacionais.

Os investidores de Providence alegam que a Petrobras levantou US$ 98 bilhões no mercado internacional, em títulos. Pleiteiam ser ressarcidos pelo prejuízo já que, dizem, os papéis da petrolífera foram inflados com contratos superfaturados à base de propina e corrupção. Nossa! Será?

A ação afeta ainda instituições financeiras do porte de Morgan Stanley, HSBC Securities, e Itaú BBA nos EUA, que atuaram como garantidores dos valores mobiliários emitidos pela companhia.

Trata-se da 11a ação judicial contra a Petrobrás nos EUA.

Já existem estimativas que as ações possam render – só em multas – cerca de US$ 5 bilhões, em caso de condenação.

Imagine-se o desgaste internacional para o Brasil ao longo dos vários anos que decorrerão até a sentença.

Naturalmente, nos processos nos tribunais americanos, pode sobrar para Dilma, que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras no governo Lula.

O Art. 23 do Estatuto Social da Petrobras diz que os membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva responderão, nos termos do art. 158, da Lei nº 6.404, de 1976, individual e solidariamente, pelos atos que praticarem e pelos prejuízos que deles decorram para a Companhia.

O Art. 28 do Estatuto estipula que ao Conselho de Administração compete fiscalizar a gestão dos Diretores, avaliar resultados de desempenho, aprovar a transferência da titularidade de ativos da Companhia, etc.

No Art. 29, o Estatuto determina que “compete privativamente” ao Conselho de Administração deliberar sobre as participações em sociedades controladas ou coligadas.

Enfim, não há como eximir um(a) ex presidente ou membros do Conselho das responsabilidades constantes do Estatuto da companhia, já que o Conselho concordou ou omitiu-se em evidentes atos lesivos.

Isto sem falar no que pode sobrar para o contribuinte brasileiro pagar, como agora nas contas de luz.

Alguém duvida?

Feliz Ano Novo.

 

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