Louis Aragon, poeta oficial do Partido Comunista Francês, ao verificar o desmoronamento do socialismo real, simplesmente constatou: “Perdi meu tempo”.
Quando alguém examina livros, revistas e folhetos comunistas verifica um fato surpreendente. Em nenhuma parte da interminável verborréia que pretende abordar o político-social se encontra qualquer referência ao indivíduo.
Página após página, encontramos os termos massas, proletariado, burguesia, mercenários do capitalismo, reformistas, revisionistas, renegados e sempre, em toda a parte, referências à vanguarda revolucionária do proletariado. Isto é, ao partido.
Sempre que se refere a qualquer membro do partido, ele é esterilizado psicologicamente e tirada a sua individualidade: é convertido no companheiro, kamarada ou quadro.
Não é, porém, por acidente que o ser humano está ausente dos escritos comunistas. O indivíduo não tem cabimento na teoria e no programa dos partidos comunistas. A ideologia só se interessa pelo homem como membro de uma classe e, no que se refere ao programa, os indivíduos são manejados como massa.
Na medida em que o indivíduo siga sendo ele mesmo, diz-se que está animado por interesses e esperanças pessoais: é sensível às dúvidas e ao otimismo; é capaz de ser tocado pelo mistério da vida; torna-se imprevisível e capaz de ater-se às suas próprias opiniões.
As mesmas qualidades que fazem dele um indivíduo o desqualificam para os fins partidários. Tende demasiado a não ser facilmente convencido, a mostrar-se cético, a aborrecer-se pelas reiteradas abstrações próprias da ideologia comunista, a duvidar do método, a manter uma opinião ainda mesmo depois de se ter convertido à linha partidária e a simpatizar ou antipatizar com seus semelhantes sem permissão do Comitê Central.
Em conseqüência, não é confiável. Necessita ser desenvolvido e integrado às massas, a fim de que o partido cumpra a sua missão histórica.
De acordo com a doutrina científica, todos os aspectos do ser humano que não se prestem à sua politização são burgueses.
(Pubicado originalmente na Folha de São Paulo)
Divulgação contábil e lançamento de um relógio multifuncional. Eventos desconexos marcam nestes dias o desempenho de gigantes corporativos no Brasil e nos EUA. Muito revelam da escala de valores e modelos de inserção global dos dois países.
No caso brasileiro, apareceu o balanço auditado da Petrobras que dimensiona corrupção e má gestão. No caso americano, prepara-se a chegada do "Apple Watch", primeiro produto de tecnologia "vestível" para o qual a empresa montou a maior campanha de marketing da sua história.
Petrobras e Apple numa moldura comparativa parece despropositado. Nem tanto. Protagonistas em cada economia, ambas são estratégicas para os dois países.
A primeira responde à tradicional noção dos brasileiros (e latino-americanos) de que seu futuro assenta-se em riquezas naturais, cuja gestão soberana cabe ao Estado. A segunda reside essencialmente no caos perene da inovação.
Hoje o valor de mercado da Petrobras representa 3,5% do PIB brasileiro. Sua performance afeta toda a cadeia energético-industrial, da engenharia naval ao menor elo na rede de fornecedores. A empresa é o eixo da política de substituição de importações nos últimos 12 anos.
Há, claro, muito mais no petróleo do que mero caráter de "commodity". A Petrobras é o maior investidor brasileiro em pesquisa & desenvolvimento. Detém valiosos ativos em nanotecnologia ou robótica. O Brasil ancora parte importante do futuro de sua educação na perspectiva da riqueza petrolífera. A Petrobras está no coração disso tudo.
Já a Apple equivale a 5% do PIB americano -- e 0,15% do produto global. Foi pioneira em compreender que o principal filão não estava nos enormes computadores mainframe. Direcionou a computação ao indivíduo.
Reconfigurou o design para expandir limites entre funcionalidade e estilo. Desmaterializou a indústria da música com o iPod e o iTunes. Redefiniu telefonia e computadores de mão com o iPhone. Dividiu águas para a mídia jornalística, entretenimento e ensino com o iPad. Ultrapassou a fronteira entre hardware e software, implementando o "smartware".
Por importante que seja, o petróleo não é mais estruturante do futuro do que tecnologias da informação. Já se disse que um ataque realmente devastador nos EUA não deveria ser endereçado ao Pentágono, mas ao Vale do Silício.
Já imaginaram se o planejamento da Apple Store fosse entregue a apadrinhado de coalizão política que sustenta o titular da Casa Branca?
E se a divisão de computação em nuvem coubesse à "reserva pessoal" de outro cacique de Washington?
Ou se contratos com fornecedores independentes dos 300 mil novos aplicativos desenvolvidos para o Apple Watch fossem inflados de modo a fazer caixa para políticos?
Petrobras é a maior empresa brasileira. Apple, a maior dos EUA -- e do mundo.
Tentador projetar como seria uma Petrobras libertada de ingerências políticas.
Mais divertido ainda pensar no que aconteceria com a Apple se, dado seu caráter "estratégico", ela fosse uma estatal.
O PT julga que está em guerra. É o que está escrito, com todas as letras, nas "teses" apresentadas pelas diversas facções que compõem o partido e que serão debatidas no 5.º Congresso Nacional petista, em junho.
De que guerra falam os petistas? Contra quem eles acreditam travar batalhas de vida ou morte, em plena democracia? Qual seria o terrível casus belli a invocar, posto que todos os direitos políticos estão em vigor e as instituições funcionam perfeitamente?
As respostas a essas perguntas vêm sendo dadas quase todos os dias por dirigentes do PT interessados, antes de tudo, em confundir uma opinião pública crescentemente hostil ao "jeito petista" de administrar o País. O que as "teses" belicosas do partido fazem é revelar, em termos cristalinos, o tamanho da disposição petista em não largar o osso.
"Precisamos de um partido para os tempos de guerra", conclama a Articulação de Esquerda em sua contribuição para o congresso do partido. Pode-se argumentar que essa facção está entre as mais radicais do PT, mas o mesmo tom, inclusive com terminologia própria dos campos de batalha, é usado em todas as outras "teses". Tida como "moderada", a chapa majoritária O Partido que Muda o Brasil avisa que "é chegado o momento de desencadear uma contraofensiva política e ideológica que nos permita retomar a iniciativa".
A tendência Diálogo e Ação Petista conclama os petistas a fazer a "defesa dos trabalhadores e da nação", como se o Brasil estivesse sob ameaça de invasão, e diz que as "trincheiras" estão definidas: de um lado, a "direita reacionária"; de outro, os "oprimidos". A chapa Mensagem ao Partido quer nada menos que "refundar o Estado brasileiro", por meio de uma "revolução democrática" - pois o "modelo formal de democracia", este que vigora hoje no Brasil, com plena liberdade política e de organização, "não enfrenta radicalmente as desigualdades de renda e de poder".
Da leitura das "teses" conclui-se que o principal inimigo dos petistas é o Congresso, pois é lá que, segundo eles dizem, se aglutinam as tais forças reacionárias. O problema - convenhamos - é que o Congresso representa a Nação, o povo. Se o Congresso resiste a aceitar a agenda do PT, então a solução é uma "Constituinte soberana e exclusiva", cuja tarefa é atropelar a vontade popular manifestada pelo voto e mudar as regras do jogo para consolidar o poder das "forças progressistas" - isto é, o próprio PT.
Uma vez tendo decidido que vivem um estado de guerra e estabelecidos quem são os inimigos, os petistas criam a justificativa para apelar a recursos de exceção - o chamado "vale-tudo". O principal armamento do arsenal petista, como já ficou claro, é o embuste. O partido que apenas nos últimos dez anos teve dois tesoureiros presos sob acusação de corrupção, que teve importantes dirigentes condenados em razão do escândalo da compra de apoio político no Congresso e que é apontado como um dos principais beneficiários da pilhagem da Petrobrás é o mesmo que diz ter dado ao País "instrumentos inéditos" para punir corruptos. Há alguns dias, o ex-presidente Lula chegou ao cúmulo de afirmar que os brasileiros deveriam "agradecer" ao PT por "ter tirado o tapete que escondia a corrupção".
É essa impostura que transforma criminosos em "guerreiros do povo brasileiro", como foram tratados os mensaleiros encarcerados. Foi essa inversão moral que levou o governador petista de Minas, Fernando Pimentel, a condecorar o líder do MST, João Pedro Stédile, um notório fora da lei, com a Medalha da Inconfidência, que celebra a saga libertária de Tiradentes. A ofensiva dos petistas é também contra a memória nacional.
Ao explorar a imagem da guerra para impor sua vontade aos adversários - inclusive o povo -, o PT reafirma seu espírito totalitário. A democracia, segundo essa visão, só é válida enquanto o partido não vê seu poder ameaçado. No momento em que forças de oposição conseguem um mínimo de organização e em que a maioria dos eleitores condena seu modo de governar, então é hora de "aperfeiçoar" a democracia - senha para a substituição do regime representativo, com alternância no poder, por um sistema de governo que possa ser totalmente controlado pelo PT, agora e sempre.
Zero Hora, o principal jornal do sul do país, indagou em reportagem dominical o porquê de a deputada gaúcha Maria do Rosário Nunes (PT), notória flor de candura, “atrair tantas polêmicas” nas redes sociais. Diversas entrevistas rechearam a matéria, todas à guisa de canonizar seu objeto, com tintas dignas de mocinha de romance romântico.
Tais genuflexões à esquerda, vez ou outra mais chamativas — como no caso — e, de outro modo, quotidianas, sempre cativaram minha atenção. Fazem-no, primeiramente, pela linguagem. A parcialidade entrega-se logo de cara. Vale anotar que não vejo mal algum na parcialidade em si — a bem dizer, jornalismo imparcial é expressão beirante ao oximoro. Tanto assim que, nas grandes capitais do mundo democrático, jornais impressos de linha editorial “conservadora” e “progressista” rotineiramente se confrontam pela preferência do público, sem esconder a distinção de valores entre um e outro. No Brasil, o “monopólio de fato” (ou, em São Paulo, o “cartel”, digamos assim) contribuiu à hegemonia petistóide sobre a imprensa. Mas deixemos a digressão para depois.
Quando essa espécie de mídia obriga-se a apresentar uma personalidade liberal ou conservadora que, à revelia sua (da mídia), fez-se notória entre o público, o primeiro adjetivo que lhe aplicam vem embalado na seguinte fórmula: “Fulano de Tal é polêmico”, ou “sustenta opiniões polêmicas”, de modo que a polêmica lhe é intrínseca. Serve como alerta ao público para manter distância do problema. Rosário, todavia, “atrai polêmicas”. Eis um convite para que alguém a defenda: a coitadinha não o escolheu, é uma vítima das circunstâncias. Como o sujeito que andava pela rua e, “pimba!”, atrai um raio em dia ensolarado. “Polêmicos são os outros, os que a perseguem, não ela”. A linguagem, dizíamos, os revela.
Se a embalagem é reveladora, o conteúdo mistifica. Não façamos como eles, pois. Sejamos sintéticos. Por que será que Maria do Rosário, vá lá, “atrai polêmicas”? Conheço tipos como Rosário desde que me entendo por gente (sim, acompanho política e atento aos petistas desde então). Sempre disseram aquilo que bem entenderam, sob a simpatia de todos os tradicionais “formadores de opinião”, passando-se por pontífices incontestáveis inclusive nas maiores barbaridades. Detinham o monopólio da agressão, da afronta, do achaque, do ataque, mesmo da ofensa — e o exerciam com gosto. “Polemizavam” em monólogos furiosos contra tudo e todos — e nada, nem ninguém, atrevia-se a “polemizar” com eles. Rosário já estava lá.
Foi a dinamização das redes sociais a possibilitar que o brasileiro médio respondesse às Rosários de muitos nomes, e a ação educadora de personalidades como Olavo de Carvalho (com bibliografia e cultura fartas, outrora inacessíveis em Terra Brasilis, país até então submetido a verdadeiro bloqueio editorial) a lhe permitir discernir as raízes profundas de comportamentos verdadeiramente alucinados como os da parlamentar, que veementemente [so]nega a realidade em favor da ideologia — algo que, de outro modo, chocava a população ao ponto de torná-la atônita, balbuciante apenas, e que hoje, e somente hoje, as pessoas comuns descobrem palavras aptas a verbalizar.
Rosário “atrai polêmicas” porque, na companhia de seus partidários, dedicou a vida a procedimentos calculados com o estrito fito de destruir a sociedade e assaltar o patrimônio moral de cada cidadão. Não se trata, aqui, de um libelo contra sua pessoa: é precisamente essa a estratégia preconizada por Marcuse, autor caríssimo à “new left” e, pois, ao partido governante. Seus passos envolvem o fomento ao crime, a promoção intransigente e sistemática de elementos disruptores da paz social, a despersonalização do criminoso — especialmente o mais violento —, que deixa de ser indivíduo responsável por seus atos para se converter em “vítima do sistema”. Um sistema, pois, que se há de sabotar.
Rosário e o PT desejam ardentemente o caos e a falência da legalidade, crentes de, com seu advento, poderem reconstruir, sobre a ruína da “sociedade burguesa”, sua própria e particular utopia. Assim está escrito, não por seus críticos, senão por seus inspiradores — e é ela própria, e bem assim os documentos internos de partidos como o seu, a reconhecerem-no.
Rosário “atrai polêmicas” porque aqueles a quem ela tenciona destruir, vejam só!, após cinquenta anos encontraram, pela primeira vez, armas — retóricas — com as quais se defender. E defendem-se como podem: ela os bombardeia com os canhões dos jornalões; o orçamento de quarenta ministérios; projetos de lei no parlamento; ativismo judicial o mais fraterno; o apoio de toda a base alugada; a cumplicidade da academia sitiada, onde o debate há muito morreu. Os brasileiros respondem com as pistolinhas d'água de comentários em redes sociais. E, ainda assim, a valente parlamentar, com suas “décadas de luta”, corre em afetação histérica a cada gotinha de H2O que respinga em suas madeixas guerreiras.
Ao contrário do que infere o jornal, o público pensante não responde a Rosário, nem a satiriza, por uma “compreensão insuficiente de sua luta por direitos humanos”. Enquanto não a compreendiam, estavam calados. Compreendem-na agora, e otimamente. Por isso resistem.
Muitos dos novos debatedores são leitores inveterados, autodidatas, conhecedores do “status quaestionis” a nível internacional e confiantes na busca da verdade — julgada existente e cognoscível. Foram estes a primeiro diagnosticarem, na parlamentar e alhures, a ilogicidade deliberada do discurso que, em nome dos “direitos” [deturpados], mina cada fundamento da sociedade que os tornou possíveis [onde legítimos]. Matérias como a de ZH são autorreferenciais precisamente por isso: caso franqueassem espaço equânime a quem realmente polemiza com Maria do Rosário, todo o argumento vitimista sairia fragilizado, mocinhos e vilões embaralhados, e o público, apto a formar, por si, sua opinião a respeito. Um disparate. Não foi para isso que, de partida, encomendou-se a reportagem.
A CNBB está colhendo em todo o Brasil assinaturas dos leigos para apoiarem o "Projeto de Lei de Iniciativa Popular elaborado pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas que busca afastar das eleições o financiamento de empresas, melhorar o sistema eleitoral, promover a inclusão política das mulheres, dos grupos sub-representados e aperfeiçoar a democracia direta". O problema é que a CNBB além de não promover em momento algum um amplo e transparente debate sobre o tema para esclarecimento e posicionamento dos leigos também deixou de informar que a proposta apresentada é a mesma do PT. Isso mesmo, do PT.
O PT é o mesmo partido que institucionalizou a corrupção no Brasil, assaltou os cofres públicos e praticamente destruiu a Petrobras que é um dos maiores patrimônios dos brasileiros. Por ironia não há um único documento da CNBB manifestando-se com contundência contra esse estado de coisas. Entretanto, faz um esforço nacional, envolvendo todos os bispos, sacerdotes e paróquias, para apoiarem um projeto que visa tornar o PT um partido hegemônico na política nacional. Mais irônico ainda é o fato de que o PT lançou publicamente um Caderno de Teses para ser discutido no seu 5º congresso em junho de 2015, onde esse partido expressamente confirma o seu caráter totalitário e apresenta propostas totalmente lesivas aos católicos e demais cristãos. O que é mais contraditório nessa relação promíscua é que o PT quer implantar no Brasil o socialismo, e isso está muito claro no seu documento de fundação.
Assim como na América Latina, conforme a ata de criação do Foro de São Paulo, uma organização criminosa gerada por Lulla e Fidel Castro secundada por toda a escória comunista latino-americana, em destaque as FARC que é um grupo terrorista e narcotraficante. Pois o socialismo e o comunismo foram responsáveis pelos crimes mais bárbaros contra os católicos e demais cristãos em toda a História. Os comunistas assassinaram mais cristãos no século XX que outros em todos os séculos anteriores. Nem mesmo os leões nas arenas romanas trucidaram tantos cristãos quanto a escumalha comunista. Pois é neste contexto histórico, social e cultural que a CNBB quer que os leigos católicos assinem uma proposta de Reforma Política para tornar hegemônico os futuros algozes do seu rebanho. Sou católico e não irei chancelar essa proposta espúria porque sou ovelha desse rebanho e não gado.
José Antonio Rosa
Publicado originamente no Correio Braziliense - 19/04/2015
Existem dezenas de vídeos circulando nas redes sociais cuja autenticidade é inegável. São falas de Lula e algumas de Dilma relativas ao Foro de São Paulo, organização que reúne os governos de esquerda (filocomunistas) das Américas do Sul e Central. Num vídeo, Lula realça que o Brasil, por ser a maior economia da região, teria maiores responsabilidades perante os demais países de esquerda do continente e passa a enumerar os empréstimos e financiamentos brasileiros.
A contratação internacional, de resto secreta (crime de responsabilidade), entre Cuba e Brasil (aluguel de médicos) e a construção do Porto de Mariel, de graça, a expensas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) enquadram-se nessa linha. Tampouco houve uma palavra sequer de Dilma a respeito dos ataques à liberdade de imprensa na Argentina e as atrocidades de Maduro contra as liberdades democráticas e direitos humanos na Venezuela. A cumplicidade é total entre os governos comunistoides falidos, renitentes e irresponsáveis da atrasada América Latina O senador Cunha Lima, da Paraíba, estado pequeno, mas de larga e longa tradição política, abriu caminho no Congresso para investigar os fundos de pensão das empresas estatais, aparelhados pelo PT e por ele manobrados. Saberemos de coisas escabrosas na Previ (Banco do Brasil), na Funcef (Caixa Econômica), Centrus (Banco Central), Petros (Petrobras), "et caterva", doações e desvios de verbas de publicidade, além de patrocínios fajutos. Mas não apenas isso. Para exemplificar, leiam as agruras dos funcionários operosos dos Correios (ECT), que já foi, antes do PT, considerado o terceiro melhor serviço postal do mundo. O Postalis - fundo de pensão -, formado parcialmente por descontos em folha dos funcionários, está com um rombo de R$ 6,5 bilhões. Má gestão? Claro que sim. Mas não só. Por ordem de Lula, a serviço do Foro de São Paulo, o Postalis aplicou o suado dinheiro em títulos públicos venezuelanos e argentinos, que não valem nada e estão inadimplentes. Há aplicações até em ações das empresas de Eike Batista, no momento em que já estava em declínio. A troco de quê? Há que se perguntar.
Lula, há poucas semanas, praticou a irresponsabilidade de convocar o exército de Stédile (MST) para enfrentar o nosso povo nas manifestações de rua, legítimas e democráticas. É o mesmo Lula do Foro de São Paulo, o mesmo que disse ter preguiça de ler um livro sequer. É o nosso Lenin, mas sem a altura histórica do líder russo; não passa de um agitador envaidecido de sua importância na história do país, a cada dia menor pelas atitudes impatrióticas.
Espanta-nos a mansidão das instituições brasileiras ante as últimas atitudes desse senhor, claramente conspiratórias, passíveis de enquadramento no Código Penal. É hora de levá-lo à delegacia de polícia. A condição de ex-presidente não lhe dá imunidade, é um cidadão comum. Ele está insuflando a luta de classes e fazendo apelos à violência.
A Constituição da República, que a todos obrigada, no Art. 5º, inciso XLIV, ao tratar dos Direitos e Garantias fundamentais dispõe: "Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático". Assegura ainda o direito de propriedade no inciso XXII do mesmo Art. 5º. O que faz o MST do sr. Stédile e seu exército, segundo Lula, se não invadir, ocupar e destruir propriedades alheias com facões, foices e espingardas, além de desfilar por ruas e estradas preconizando a propriedade coletiva da terra e o socialismo, atentatórios ao Art. 170 da Constituição e sua clara opção pela livre iniciativa e o direito de propriedade? Noutra passagem, a Constituição veda a utilização por partido político, no caso o PT, de organização paramilitar, ou seja, o exército dos sem-terra do comandante Stédile (Art. 7º, § 4º).
Passou da hora de convocar o sr. Lula a explicar o que significou a ameaça de colocar nas ruas o exército do sr. Stédile, pois é princípio fundamental da República Federativa do Brasil o Estado Democrático de Direito, com esforço no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (Art. 1º da CF). Qualquer socialismo, como o da Venezuela e o do Sr. Stédile, é contrário aos princípios que nos regem. Somos um país leniente. À guisa de comparação, somente por ter ilegalmente espionado o partido democrata, Nixon renunciou para fugir do impeachment, por perjúrio. Berlusconi ficou meses preso. Em Portugal, o ex-primeiro-Ministro José Sócrates responde a processo judicial. Aqui, o sr. Lula faz e fala o que quiser e fica por isso mesmo.
* Advogado, coordenador da especialização em direito tributário das Faculdades Milton Campos e ex-professor titular da UFMG e da UFRJ