(Publicado originalmente n revista Época)
Do alto de seus 9% de aprovação, Dilma Rousseff abriu as janelas do palácio e bradou ao povo: “Eu não vou cair”. A presidente afirmou que a Operação Lava Jato nunca vai provar que ela roubou. E que “todo mundo neste país sabe” que ela não roubou. É um pouco constrangedor quando a argumentação chega a esse ponto. Lembra aquele político de Brasília que, apanhado fraudando o painel de votação do Senado, reagiu: “Eu não matei! Eu não roubei!”. Acabou preso.
Se Dilma chega ao ponto de declarar que não é ladra, o brejo está mesmo se aproximando da vaca. Até aqui, a presidente tem contado com a formidável blindagem do STF, coalhado de companheiros que chegaram lá graças a décadas de bajulação ao PT. A dobradinha com o procurador-geral da República, de fazer inveja à dupla Messi-Neymar, impediu até agora que Dilma fosse sequer investigada. E, se não for investigada, realmente jamais será provado que ela roubou.
Vamos economizar trabalho aos investigadores: Dilma não roubou. É apenas a representante legal de um grupo político que depenou o país. Que, entre outras façanhas, estuprou a maior empresa nacional – naquele que foi possivelmente o maior roubo da história, chegando pelas últimas estimativas à casa dos R$ 20 bilhões. Com um currículo desses, que inclui o assalto cinematográfico do mensalão, muitos petistas não se sentem ladrões. E estão sendo sinceros. Eles acham que expropriar recursos do Estado em benefício do partido governante é uma espécie de mal necessário – um meio não muito nobre que justifica o mais nobre dos fins: manter a esquerda no poder, em nome do povo.
Ninguém jamais localizará essa procuração dada pelo povo aos iluminados do PT, autorizando-os a sugar a economia popular para montar uma casta governante com estrelinha no peito e figurino revolucionário. Há quem diga que o falsário mais perigoso é o que acredita na própria falsidade. A impostura involuntária é contagiosa. Basta ver quantas personalidades respeitáveis mantêm o apoio ao governo delinquente, de peito estufado e latejante orgulho cidadão. Um país está em maus lençóis quando perde a capacidade de distinguir os inocentes úteis dos parasitas convictos.
A crise na Grécia veio mostrar que a demagogia do oprimido está longe de ser desmascarada. Na apoteose da mistificação populista, boa parte do mundo culto resolveu se convencer de que os gregos são vítimas da austeridade – o palavrão da moda. Como disse Mario Vargas Llosa: a Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis. A receita é genial: você gasta mais do que tem, pede emprestado para cobrir o rombo, faz um plebiscito para oficializar o calote e, quando lhe cobram a dívida, você alega desrespeito à soberania.
E eis a bancada do PT querendo enquadrar a Polícia Federal. A Lava Jato é realmente um flagrante desrespeito da soberania petista, ferindo seu direito de ir e vir entre os cofres públicos e o caixa do partido. A PF tem de se submeter a quem tem voto, argumentou um deputado do PT. É uma espécie de tráfico de democracia – o criminoso com voto vira vítima.
E aí, embebido da inocência aguda que o eleitor lhe concedeu, o Partido dos Trabalhadores decide atacar a política de juros altos praticada pelo governo do Partido dos Trabalhadores. Basta de austeridade, vociferam os mandatários oprimidos. Tudo sob as bênçãos de Caloteus, o deus grego do almoço grátis. A sobremesa de demagogia caramelada é por fora – tratar com o tesoureiro.
O problema é que o tesoureiro está preso. Entre outras acusações, responde pela suspeita de roubar a Petrobras para financiar a eleição da presidente – que jura não ter roubado um tostão. Mandato roubado não tem problema. O PT montou uma casta de nababos, nadando em verbas piratas, propinas oficiais, altos cargos e altíssimos subsídios partidários, mas ninguém roubou um tostão. É tudo dinheiro da revolução – a tal procuração popular para essa gente sofrida desfalcar o contribuinte e padecer no paraíso.
O site Sensacionalista revelou por que Dilma disse que não vai cair: “As pedaladas foram dadas com rodinhas”. E acrescentou que ela não sabia quem estava pedalando sua bicicleta. É isso aí. O jeito é continuar falando grego, língua oficial dos caloteiros do bem.
Nas discussões públicas, com milhões de assuntos entrecruzados e novos fatos sucedendo-se a cada instante, o número de indivíduos com capacidade e tempo para averiguar pessoalmente a veracidade ou falsidade últimas do que se diz é ínfimo ou nulo. Para a massa dos observadores, a noção de “verdade” está indissoluvelmente fundida com a de “confiabilidade”, portanto com a de “autoridade”: o argumentum auctoritatis – o mais fraco dos argumentos, segundo Sto. Tomás de Aquino – acaba sendo não apenas o mais usado, mas o único pelo qual a população se deixa guiar.
Portanto, para saber quais idéias serão aceitas pela população, basta averiguar o que dizem as “autoridades”. Em geral, as fontes de autoridade são duas e apenas duas:
(1)O Estado.
(2)O beautiful people: As pessoas famosas e a mídia que lhes dá a fama. Inclui-se aí a classe acadêmica.
Uma certa margem para a discussão objetiva só aparece quando essas duas fontes entram em conflito. Quando elas estão de acordo, a opinião divergente, por mais fundamentada que seja, desaparece no oceano da indiferença ou é francamente estigmatizada como sintoma de doença mental.
No Brasil, onde a mídia e a classe acadêmica dependem quase que inteiramente do Estado, este se torna a fonte única da autoridade, sua palavra o fundamento inabalável de todas as crenças. Quando a opinião pública se volta contra o governo existente, é porque este, por inabilidade ou por qualquer outra razão, relaxou o controle sobre a fonte secundária. Isso aconteceu no regime militar, na gestão Collor de Mello e agora neste final melancólico do império comunopetista.
Mesmo na vigência do conflito, no entanto, a mídia, o show business e a classe acadêmica sabem que, a longo prazo, continuam dependentes do Estado. Por isso, quando se opõem a um governo, lutam apenas por mudanças superficiais que preservam intactas as estruturas fundamentais do poder. A classe governante absorve todos os impactos e sempre encontra um modo de revertê-los em seu benefício.
Por isso é que, mesmo não sendo tão grande em termos absolutos – imaginem, somente, uma comparação com a burocracia chinesa ou cubana --, o Estado brasileiro tem um poder avassalador face à sociedade civil inerme, incapaz de organizar-se, a qual, mesmo sabendo-se roubada, ludibriada e humilhada só consegue mobilizar-se quando chamada a isso pelo beautiful people, que invariavelmente tira vantagem da situação e acaba recompondo suas boas relações com o Estado na primeira oportunidade.
Com toda a evidência, o problema do Brasil não é o tamanho do Estado, mas a fraqueza da sociedade civil, isto é, da massa que trabalha e produz. Querem maior prova disso do que o fenômeno escandaloso de um partido governante que, rejeitado e abominado por noventa e dois por cento da população, continua inabalável no seu posto e ainda se permite falar em tom ameaçador e arrogante?
É uma triste ironia que, nessa hora, mesmo os que odeiam esse partido com todas as suas forças tomem a precaução de não combatê-lo senão “pelas vias institucionais e normais”, como se as instituições, uma vez consagradas no papel, tivessem o direito de revogar a vontade popular que um dia as criou e legitimou e agora se vê esmagada sob a máquina infernal da cleptoburocracia.
O cúmulo da demência aparece quando o grito de “respeitar as instituições” vem das mesmas bocas que acabam de dizer: “As instituições estão todas aparelhadas”. É um lindo raciocínio: As instituições não são confiáveis, portanto confiemos nelas.
Fortalecer e organizar a sociedade, apelar à desobediência civil, incentivar a iniciativa extra-oficial, “ignorar o Estado” como recomendava Herbert Spencer, são ideias ante as quais essas pessoas recuam horrorizadas, preferindo antes suportar o descalabro petista por mais não sei quantas décadas do que admitir que a autoridade legítima não está em Brasília, e sim nas ruas e nas praças de todo o país.
O sistema comunolarápio não ruirá enquanto o beautiful people – no qual nós, jornalistas, nos incluímos -- não aceitar que, acima dele e acima do Estado, existe uma terceira e mais legítima fonte de autoridade: a opinião de todos, a vox populi.
Enquanto isso não acontece, o povo continua sendo sacrificado no altar do oficialismo, onde sacerdotes da infâmia repetem dia e noite o mantra sinistro: “Viva a normalidade institucional! Abaixo o povo brasileiro!”
Publicado originalmente em http://www.olavodecarvalho.org/semana/150717dc.html
Só mesmo a tacanha cabeça esquerdista de algumas pessoas para polemizar o gesto patriótico dos atletas brasileiros, que sendo militares, prestaram continência ao Hino Nacional e/ou à Bandeira Nacional nas cerimônias de entrega de medalhas durante os Jogos Pan-Americanos que estão acontecendo em Toronto, Canadá.
Na opinião dessas pessoas, que há muito parecem ter abdicado da condição de patriotas, tudo que é relacionado às Forças Armadas brasileiras é ruim. Nada que os militares fazem ou fizeram é bom. Se sentem incomodados com manifestações públicas de patriotismo. Não é de se admirar. No ideário esquerdista, o Brasil deve perder a sua identidade nacional em prol de uma Pátria Grande composta por países latino-americanos. Quem conhece o Foro de São Paulo sabe exatamente sobre o que estou falando. Quem não conhece, sugiro que comece a pesquisar.
Como muito bem lembrado pela Nota de Esclarecimento do Comitê Olímpico Brasileiro, os atletas que pertencem às Forças Armadas não deixam de ser militares porque não estão fardados. Da mesma forma, os sentimentos inerentes à profissão das armas não desaparecem pelo simples fato do militar estar fora do quartel. Patriotismo, respeito, camaradagem, amizade, honra, solidariedade são sentimentos que permeiam a alma do militar de todas as nações. Integra também a alma do verdadeiro patriota, independente de ser ele militar ou não. Por que no Brasil seria diferente?
A origem da saudação militar remonta à Idade Média, quando um cavaleiro, ao passar por outro, levantava o visor do seu elmo em um gesto de reconhecimento, respeito e amizade. O ritual evoluiu para outro gesto: ao estar desmontado o cavaleiro ao saudar seu superior, segurava as rédeas do cavalo com a mão esquerda e erguia a mão direita em um gesto que significava estar pronto para o combate. Hoje, integrantes de forças armadas de todo o mundo prestam continência em sinal de respeito aos seus superiores, amizade aos colegas e veneração aos símbolos nacionais que representam a Pátria onde vive que jurou defender com o sacrifício da própria vida. É um gesto que também externa o seu sentimento de patriotismo.
Nos dias atuais, a esquerda radical, corrompida e corruptora, na verdade, usa e abusa do seu “jus sperniandi”. É o que lhe resta. Seu tempo e sua influência na vida pública do Brasil estão se acabando. Soltam suas últimas bravatas, destilam insultos, mas não conseguem enxergar e admitir seu próprio fracasso. Já vão tarde. Em verdade, talvez a origem do fracasso da esquerda em gerir o Brasil resida justamente na sua falta de patriotismo. O PT jamais se preocupou de verdade e com sinceridade com o Brasil ou com os brasileiros. Tudo que fez foi alimentar à nossa custa, com o nosso suor e o nosso dinheiro o sonho da tal pátria grande. Fracassou na economia e agora está fracassando na política. Ser patriota vai muito além do simples, mas nobre gesto de prestar continência em respeito à Pátria, à instituição que pertence e aos camaradas que o apoiam, saudando a vitória merecida. Ser patriota é ter respeito pelas instituições. Ser patriota é ser cuidado com a coisa pública. Ser patriota é ser democrata, mas, não apenas falar que é: é preciso demonstrar com atos pretéritos e com as intenções para o futuro. Ser patriota é colocar sempre o futuro do país onde vive em primeiro lugar. Ser patriota é respeitar as diferenças regionais, compreendendo que não se pode colocar o norte contra o sul, o rico contra o pobre, o culto contra o analfabeto. Ser patriota é cuidar para que a criança tenha oportunidade de ser criança, respeitando a sua condição, protegendo-a e incentivando o seu desenvolvimento físico e emocional. Ser patriota também é ter amor imorredouro pela pátria onde nasceu e vive.
O fracasso da esquerda delirante fica mais evidente ao ser confrontado com o sucesso dos brasileiros que foram vitoriosos no PAN 2015, e que não tem vergonha de mostrarem ao mundo a sua condição de militares e o seu patriotismo; antes, sentem orgulho de serem integrantes das Forças Armadas do Brasil, que foi, é, e sempre será um bastião de patriotismo, lealdade, força, honra, dignidade e ética.
Aos atletas do Brasil, especialmente aos nossos atletas militares, os merecidos louros da vitória. O seu brado, quer seja no alto do pódio ou nos quartéis de todos os rincões do Brasil, continuam ecoando nos nossos ouvidos:
Brasil! Acima de tudo!
(Publicado originalment na Folha).
Censura é cerceamento à liberdade de expressão. Ocorre que não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente. Se existisse, o professor não seria obrigado a transmitir aos alunos o conteúdo de sua disciplina: poderia usar suas aulas falando sobre futebol e novela.
Também não existe liberdade de expressão quando a pessoa se dirige a indivíduos que são obrigados a escutá-la, como os alunos numa sala de aula. Do contrário, a liberdade de consciência desses indivíduos –garantida pela Constituição– seria letra morta. O que a Carta Magna assegura ao professor é a liberdade de ensinar.
Essa liberdade, porém, não confere ao professor o direito de abusar do seu cargo e da audiência cativa dos alunos para promover suas convicções políticas e ideológicas.
Além de violar a liberdade de consciência dos alunos, essa prática ofende o princípio constitucional da neutralidade política e ideológica do Estado –que impede o uso da máquina pública em benefício desse ou daquele partido ou ideologia– e afronta a democracia, já que visa a desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores.
Ora, sendo a doutrinação uma prática ilícita, o Estado não só pode como tem o dever de combatê-la. O problema é que, na sala de aula, o único agente do Estado é justamente aquele que promove a ideologização: o professor militante. Qual é a solução?
É simples: basta informar o estudante sobre o direito que ele tem de não ser doutrinado por seus professores. Com esse propósito, o movimento Escola sem Partido elaborou um anteprojeto de lei que prevê a afixação, nas salas de aula, de um cartaz com os deveres do professor.
As obrigações são estas: não abusar da audiência cativa dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para essa ou aquela corrente ideológica, política ou partidária.
Não favorecer nem prejudicar os alunos em razão das suas convicções políticas, ideológicas, religiosas ou morais.
Não fazer propaganda político-partidária em sala de aula.
Ao tratar de questões controvertidas, apresentar aos alunos, de forma justa, as principais teorias, versões e perspectivas concorrentes.
Respeitar o direito dos pais dos alunos sobre a educação moral dos seus filhos.
"Mas esses deveres já existem", dirá o leitor. É claro que sim! O que se pretende é apenas levá-los ao conhecimento dos alunos. Ou será que eles não têm o direito de saber?
Já apresentado como projeto de lei no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas, Espirito Santo, Ceará, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, e em diversos municípios, esse anteprojeto está despertando a fúria dos partidos que colhem os frutos da doutrinação e da propaganda política e ideológica nas escolas, e dos sindicatos de professores por eles controlados.
Acusam o anteprojeto de impedir o debate, reconhecendo, tacitamente, que sua noção de "debate" é incompatível com os deveres acima. Alegam que não existe neutralidade, como se isso eximisse o professor do dever profissional de buscá-la. Desmascaram-se no ato mesmo de atacar a proposta.
A ideologização em sala de aula é uma prática tão reprovável, de consequências tão danosas para a educação e para a democracia, que muitos se perguntam se não deveria ser definida como crime.
Expressando esse sentimento, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) apresentou este ano projeto de lei que propõe a criminalização do assédio ideológico. Como se vê, chegou a hora de tratarmos deste assunto.
MIGUEL NAGIB, 54, advogado, é coordenador do movimento Escola sem Partido, iniciativa de estudantes e pais que visa combater a doutrinação política e ideológica em salas de aulas
Essa qualidade negativa está visível nos atos, nas mentiras, na sua presença desagradável. Nada do que faz deveria nos causar espanto. Quem já lutou contra o próprio país, servil às ordens estrangeiras, e destruiu pessoas que nem sabiam do seu papel caricato de Rosa Luxemburgo(1), não seria agora, madura, mas não amadurecida, que iria santificar os seus atos e seu pensar. Ao contrário, tanto ‘pensadora’ quanto pensamentos estão, definitivamente, apodrecidos.
O ponto da doutrina mais posto em prática por todos do bando, engordar os bolsos e empobrecer o Estado, estende-se nas viagens da guerrilheira pelo mundo afora, envergonhando o país, assinando acordos que nem ela está apta a explicar, quando usufrui do erário, em altas somas, mandando, de vez, às favas, as políticas públicas.
Longe dos olhos nacionais e dos pregões de “vai cair”, considerou o seu governo(?) mais forte que a cama elástica onde tentava relaxar os nervos e diminuir o peso da consciência. Mais uma conta para o brasileiro pagar, além das dos hotéis caríssimos de não sei quantas estrelas.
Esse é o exemplar “sapiens” da mulher socialista que chegou lá, pela mentira endógena, pelos votos fraudados e daqueles, embrutecidos pela falta de luzes, que trocaram seu direito de cidadão por cartões assistencialistas, hoje, retidos nas mãos de comerciantes tão inescrupulosos quanto seus ‘benfeitores’.
Se a luta pela moral institucional permanecer com homens que não sucumbam à pressão dos torpes, as coisas se complicarão para a ciclista que treina novas pedaladas no circuito do Planalto. Se há dificuldade em harmonizar duas palavras, como se defender dos ornamentos jurídicos e da complicada matemática em que se transformou o montante subtraído do erário e da ex-grande estatal?
Ora, sendo ela mesma. Prévia e sorrateiramente, como agia em outros tempos, fez da escala técnica do avião oficial, no Porto, local do conluio com amestrado ministro, num alto posto do Supremo, seu torrão de açúcar.
Segundo o ‘pau-mandado’ Cardoso, presente ao conchavo, a reunião foi “casual”, embora a participação indispensável de quem decidirá a culpabilidade ou não da senhora em questão.
Transformar ajuste entre compadres em casualidade é querer clonar os brasileiros com a imagem obtusa da presidente, por isso, vai aqui a resposta de quem teve a sorte de se alfabetizar.
O que mais ofende a população consciente e que já não suporta a vilania dessa mulher é ver a nossa Força Aérea submetida aos desmandos de uma reles ocupante de um cargo, alto demais para a sua pequenez.
Alterar o itinerário para encontro secreto, esse sim, golpista, é um ato indigno e que não houve, sequer, reação dos políticos para chamá-la às falas, o que os iguala em conduta e desserviços ao país.
Políticos voltados para a defesa, unicamente, de sua parte no espólio, não podem pensar em salvar o espoliado.
A torpeza, pelo que se vê, é inerente à política brasileira, tornando o Brasil catedrático emérito em cupidez e vandalismo cívico.
(1)Militante comunista, polaco-alemã, do início do século XX.
(Dr.ª em Língua Portuguesa. Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa)
Mesmo aqueles que desejariam ardentemente diminuir os poderes do Estado não vêem outra maneira de fazê-lo senão por meio do próprio Estado, e suas belas intenções acabam sendo trituradas pela máquina da racionalidade estatal.
Toda idéia que se condensa num chavão torna-se imediatamente estúpida, se é que já não o era desde o início e por isso mesmo se acomoda tão confortávelmente nesse formato. Há anos ouço falar de “enxugar o Estado”. À primeira vista parece a resposta lógica natural à constatação de que de que os problemas do Brasil provêm de a sociedade civil ser muito débil e o Estado muito forte – tão forte que consegue subjugar as organizações da sociedade civil. O PT jamais teria conseguido concentrar tanto poder sem a ajuda da OAB, da CNBB e de milhares de ONGs que, nascidas da iniciativa social espontânea, acabaram se transformando numa espécie de funcionalismo público informal. O sujeito vê isso acontecendo e exclama: “Enxugar o Estado!”
Parece sensato, mas há um problema: Quem enxugará o Estado? O próprio Estado. Enxuga-se privatizando. E, na medida em que privatiza, cria uma rede de cumplicidades privadas que estenderão o poder do Estado – agora anônimo, informal e quase invisível – até os últimos confins da vida social. Tudo converge no sentido da constante histórica descrita por Bertrand de Jouvenel no seu clássico Du Pouvoir: Histoire Naturelle de Sa Croissance: Haja o que houver, façam os seus inimigos o que fizerem, o poder do Estado sempre cresce. Cresce quando centraliza, cresce quando se divide e se dispersa, cresce quando faz e quando desfaz, cresce agindo e cresce dormindo.
As análises liberais correntes que repetem ad nauseam o grito de alerta de José Ortega y Gasset, “El mayor peligro, el Estado!” estão certíssimas, no essencial, mas pecam por imaginar que o poder crescente do Estado se baseia sobretudo em mecanismos materiais de controle, como o monopólio da força física ou da economia.
A grande força do Estado moderno não está nisso, mas em algo que Hegel percebeu melhor do que ninguém: o Estado é a mais vasta e complexa criação da inteligência humana, a encarnação suprema da Razão. Comparado à organização estatal, mesmo o conjunto das ciências existentes não passa de uma mixórdia de teorias contrapostas, grupelhos em disputa e preferências irracionais. Cada ciência pode ser muito racional no seu próprio terreno, mas não existe nem pode existir uma articulação teórica integral, uma organização interna e científica do conjunto das ciências. O único princípio unificador desse conjunto é de ordem administrativa e burocrática. É o Estado. Tanto que uma teoria científica, por mais cientistas que a endossem, só adquire a autoridade pública de uma verdade universalmente reconhecida quando vem a ser absorvida pelo Estado e incorporada na legislação. Acima da comunidade científica, acima da “opinião pública” mais letrada que se possa imaginar, o Estado é o juiz supremo e final de todos os conhecimentos humanos.
Contra uma entidade assim constituída, em vão esperneará o economista argumentando que a economia liberal é mais eficiente do que uma economia estatizada. Pois a economia não passa de uma ciência entre outras, e nenhuma ciência poderá jamais se sobrepor ao conjunto de todas elas, no topo do qual brilha a Razão encarnada no Estado.
O Estado torna-se assim o juiz último de todas as questões humanas, e não somente daquelas assinaladas no definição jurídico-formal da sua “área de competência”.
A conseqüência prática é que mesmo aqueles que desejariam ardentemente diminuir os poderes do Estado não vêem outra maneira de fazê-lo senão por meio do próprio Estado, e suas belas intenções acabam sendo trituradas pela máquina da racionalidade estatal.
Agora mesmo, no Brasil, quando tantos se queixam do Estado comunopetista invasivo e onipotente, não enxergam outra maneira de livrar-se dele senão pela disputa parlamentar e judicial, pela reforma das leis e instituições e, em suma, pela ação dentro do Estado.
Com isso, a sociedade civil torna-se ainda mais fraca, mais incapaz de organizar-se e agir. Esse círculo vicioso não não será quebrado enquanto o monopólio estatal da razão não for desmascarado. Como fazer isso, é tema que ficará para um artigo vindouro.
Publicado no Diário do Comércio.
http://www.olavodecarvalho.org/