(Publicado originamente em http://blog.kanitz.com.br/)
A influência de Marx nas universidades brasileiras, nas escolas de jornalismo, nas escolas de economia, de ciências políticas, de sociologia, filosofia continuará muito depois do impeachment.
O governo PT é antidemocrático porque ele não vê outro mundo possível do que aquele preconizado peloeconomista Karl Marx.
Que Dilma seja Marxista posso entender.
Mas que 99% por cento daqueles que se consideram intelectuais, desde Delfim Netto até o atual Nelson Barbosa, ainda acham que Marx analisa o mundo contemporâneo corretamente, é deveras assustador.
Marx foi muito popular entre os trabalhadores ingleses durante a revolução industrial, que aumentara a produtividade de cada tecelão manual em quatro vezes, para o mesmo dia de trabalho.
Insuflava Marx “Se vocês agora produzem quatro vezes mais tecidos por dia, vocês deveriam ganhar quatro vezes mais e não o mesmo salário, que é por hora trabalhada”.
“Em vez de ganhar por hora trabalhada vocês deveriam passar a ganhar por produtividade alcançada.”
Imagine o sucesso de uma narrativa destas entre trabalhadores ingleses semi analfabetos.
Diga-se de passagem que é justamente o inverso em que os professores marxistas brasileiros acreditam, e muitos funcionários estatizados.
Esta narrativa se chamou de Teoria do Valor Trabalho.
Marx insuflou que só o trabalhador, leia-se agora PT, deveria ganhar o ganho de produtividade desenvolvido pelos engenheiros da revolução industrial.
Ao ler Das Capital, troque o termo Capitalista por Engenheiro Têxtil, e toda a teoria marxista cai por terra.
Vocês realmente acham que são os engenheiros têxteis que hoje concentram todo o capital do mundo?
É o que Marx, Piketty e seus seguidores brasileiros pregam.
1. Ao Inventor, Marx propunha zero.
2. Ao Engenheiro que gastou 10 anos aperfeiçoando a máquina, Marx propunha zero.
3. Ao “Capitalista” que custeou a máquina, digamos R$ 50.000,00, Marx propunha zero.
Só o trabalhador deveria ter o acréscimo de produtividade.
Mas os Marxistas foram além.
Quando a produção era manual e reduzida, as vendas eram por encomenda, a produção era pré vendida, quando não paga antecipadamente.
Com a quadruplicação da produção, toda uma nova atividade de vendedores, propaganda, analistas de crédito, estoquistas, administração de perdas, coordenação, advocacia de contratos, contabilidade, logística precisou ser criada e paga.
Sem falar em todas as atividades de administrar, gerenciar, supervisionar.
O capitalista de Marx era engenheiro, inventor, capitalista e administrador ao mesmo tempo.
Marx achava que administradores não eram necessários, ideia que marxistas até continuam a acreditar no Brasil até hoje.
1. Ao Administrador, Supervisor e Gerente, Marx propunha zero.
2. Ao Vendedor, Marx propunha zero.
3. Ao Distribuidor, Marx propunha zero, até hoje são chamados de atravessadores.
4. Ao Estoquista Atacadista Marx propunha zero.
5. Ao Auditor, Contador, Fiscal, Marx propunha zero, a origem de nossa corrupção.
E aí está a origem da nossa incompetência governamental, a lentidão administrativa, os custos acima dos benchmarks, a inoperância e desperdício.
O que assusta é a idolatria que se faz de um intelectual que é um perfeito canalha e idiota.
Um economista que não tinha a mínima ideia de como uma empresa moderna funciona.
Portanto, não culpem a Dilma e o PT por esta crise e não pensem que com o impeachment a narrativa irá mudar.
Vocês já sabem a minha opinião sobre o que precisa mudar neste país.
Culpem sim a pobreza da análise de Karl Marx, que sobreviverá à Dilma e ao PT por muitos e muitos anos na imprensa, na USP, no PSDB, PSOL, PMDB, PCdoB, PS, PSTU, por muito tempo.
Até cair a ficha que o Brasil ficou para trás.
No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff deflagrava uma patética “campanha da legalidade”, para, alegadamente, defender a prevalência da lei contra o que qualificou como tentativa de “golpe” por parte dos que articulam seu impeachment, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, anunciava, para quem quisesse ouvir, que pretende “incendiar” o País caso se concretize o afastamento da petista.
Não se tem notícia de que Dilma, tão preocupada com a legislação pátria quando se trata de avaliar os atos da oposição, tenha alertado Boulos de que “incendiar” o País é ato criminoso, atentatório à ordem pública e, portanto, passível de pena de reclusão, como está capitulado em lei.
Já faz tempo que Dilma e os petistas, que hoje posam de zeladores da Constituição, tratam Boulos et caterva como interlocutores legítimos, ainda que abundem incontestáveis provas de que atuam fora da lei e tenham como objetivo subverter a ordem e derrubar o regime democrático. Mesmo depois de invadir prédios públicos, bloquear estradas e avenidas, ocupar propriedades privadas e destruir plantações, essa turma teve assento em diversos eventos no Palácio do Planalto com a presença de Dilma, sem nenhum constrangimento aparente. Ao contrário: em agosto de 2015, quando Boulos e seus colegas de baderna estavam entre os convidados de uma cerimônia na sede da Presidência da República, a petista os chamou de “companheiros e companheiras” e os cobriu de afagos.
De onde se conclui que, na peculiar interpretação de Dilma e dos petistas, ilegal é advogar que o Congresso, conforme o que prevê expressamente a Constituição, julgue a presidente sob acusação de crime de responsabilidade, em um processo que, se admitido, dará à petista amplo direito de se defender, tudo conforme o trâmite estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal. Já a truculência dos “companheiros e companheiras” é, por suposto, expressão da mais autêntica democracia e do respeito ao Estado de Direito.
Assim, respaldado pela presidente da República, bem à vontade para aterrorizar a sociedade, Boulos – dizendo defender as “garantias constitucionais” e queixando-se do “clima macarthista de intolerância e ódio” – informou ao distinto público que o Brasil não terá descanso se Dilma for destituída. “Este país vai ser incendiado por greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as últimas consequências nisso, não haverá um dia de paz no Brasil”.
Boulos é líder de uma certa “Frente Povo Sem Medo”, cuja plataforma defende a “radicalização da democracia” – nome fantasia para a destruição da democracia representativa e sua substituição por um Estado totalmente aparelhado pela companheirada. Para chegar lá, o tal “povo sem medo” substitui a política pela violência, na presunção de que, acuada, a sociedade lhe dê o que exige.
É a mesma tática de outra notória pandilha, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), espécie de decano da arruaça nacional. Um de seus principais dirigentes, Gilmar Mauro, também declarou que, “se fizerem o golpe, não terão um dia de sossego”. E acrescentou, belicoso: “Vamos esticar a luta democrática até o limite do limite, mas não fugiremos da guerra”. Para garantir que ninguém de seu bando vá “se esconder debaixo da cama”, Mauro avisou que “o MST não forma covardes”.
Na visão desses liberticidas, Dilma é irrelevante. Não foram poucas as vezes em que MST, MTST e outros grupelhos manifestaram profundo desapreço pela presidente, vista por eles como tímida demais na implementação de sua agenda anticapitalista. Mas eles devem ter concluído que a queda de Dilma representará o fim da prosperidade que o lulopetismo tem lhes proporcionado. Não é à toa, pois, que, ao menos no discurso, essa turma esteja disposta a partir para o confronto em defesa de Dilma, criando um clima de guerra que só é útil para quem quer confusão.
Tal esforço, contudo, terá como único resultado a desmoralização completa dos baderneiros, porque a maioria absoluta dos brasileiros não quer o que eles pregam. Quer apenas voltar a trabalhar em paz, com um governo que recoloque o País na trilha do desenvolvimento e com a exemplar punição daqueles que abusaram da confiança do povo para enxovalhar a democracia.
Há meses venho dizendo que, em qualquer situação, o PT classificaria a realidade de golpe. Vejam o que escrevi na véspera da eleição, em outubro de 2014: “O PT não aceitará a derrota!… Há tempos disse que o maior perigo não era a vitória do PT, mas sim a derrota do PT. Hoje na propaganda política, Dilma usou a palavra luta pelo menos seis vezes em menos de um minuto. Isso é sintomático.
O “Day After” da derrota petista será algo muito complicado. As bases mais radicais hoje controladas pelo poder, ao entrarem na oposição mostrarão a sua verdadeira face: cobras criadas no jardim. A derrota será chamada de “golpe da mídia golpista conservadora” e a democracia estará em cheque mais uma vez no nosso país. Espero que a maioria dos petistas que são verdadeiros democratas e provenientes de movimentos de trabalhadores e não da ala dos acadêmicos teóricos raivosos que fazem necrofilia com ideologias mortas, consigam controlar o ímpeto peçonhento das bases sedentas de desordem. Perigo, muito perigo a vista. No mínimo boicotes e sabotagens contra o governo Aécio, no máximo… Nem quero pensar."
Infelizmente, o PT ganhou (de forma bem duvidosa, e segundo o TSE com crimes que constituem em estelionato eleitoral) Sem falar na imoralidade e sandice inconcebível de termos que confiar a lisura da nossa democracia em um sistema de TI inauditável, subordinado ao TSE petista. Mas o discurso de “elite e mídia golpistas”, pronto para ser utilizado em caso de derrota (vide vídeo de Tarso Genro) ficou guardado e a caixa de pandora foi aberta mesmo com a “vitória”. Ele foi muito ensaiado para ser entoado na hipótese mais plausível que era a derrota da pior presidente da história do Brasil. Agora, ele é usado para caracterizar algo perfeitamente legal e institucional: a instauração de processo de impeachment. As mesmas instituições que funcionaram no impeachment do Collor e que foram entoadas a funcionar nos pedidos sem pudor do PT pelo impeachment do FHC, estão funcionando agora. Golpe é uma ruptura institucional. Não há ruptura. Não há uso de força nem solução de continuidade nas instituições democráticas. Pelo contrário, golpe de fato são as atitudes da presidente Dilma que obstrui a justiça, abusa de seu poder nomeando Lula como ministro, fomenta um discurso onde golpe virou eufimismo para aplicação da Constituição, e defesa da democracia virou eufemismo de defesa da manutenção do poder onde os fins justificam os meios. E se não ocorrer impeachment? Não se preocupem, a narrativa será que os fracassos e o resultado pífio de um governo incompetente, perdulário, corrupto, destrutivo e alinhado com o que há de pior no mundo não serão por culpa da presidente “Maria Antonieta” e da sua "corte de politburo" do PT…
Na narrativa "realidade paralela" do PT, o resultado "dilmesco" do governo em todos os indicadores será devido golpismo da mídia e das elites. Em resumo, quando o PT perde é golpe. Quando o PT cai por via institucional e legal é golpe. Quando o PT entrega o governo mais patético da historia do Brasil é… golpe. Não há outra alternativa. Golpe é a palavra que os papagaios hipnotizados repetem a exaustão. Golpe é a palavra chave para tentar de todas as formas abafar um dos maiores fracassos políticos e administrativos da história do Brasil. Golpe é o slogan que tenta esconder o governo que com a sua corrupção sistêmica foi o que mais espoliou o Brasil em 500 anos de história. Basta!
(Publicado originalmente no Alerta Total - www.alertatotal.net)
"Um dia pretendo /Tentar descobrir /Por que é mais forte /Quem sabe mentir" (Renato Russo).
Intelectualmente limitado, com pouca ou nenhuma leitura, o sujeito era peitudo o suficiente para topar discutir qualquer assunto. Uma ocasião, observei-o interagir num grupo com pessoas notadamente cultas. Sem qualquer constrangimento, intrometeu-se no debate que travavam dois homens de letras sobre Borges e Sábato (e uma alegada rivalidade deste em relação àquele). O magano, cujas limitações eu conhecia bem, tomou a palavra para discordar de um dos debatedores. E se expressou sem inibição, com a técnica intuitiva de falar, falar, falar até aturdir o interlocutor e lhe despertar um desejo difuso de passar adiante.
Incrível! Se alguém lhe perguntasse: quem é Borges? Quem é Sábato? Sem dúvidas ele não teria a menor ideia! Apesar disso, provavelmente por um certo decoro que acaba emergindo nas pessoas decentes por reflexo condicionado, os outros não arrancaram a máscara do impostor, o que teria sido fácil. Pelo contrário, pareciam compelidos a corresponder ao seu irresistível imã de simpatia.
Naquele Macunaíma bem vestido não se percebia autocrítica. E qualquer expressão de modéstia era, nele, sempre tão-somente ardil retórico. Amoral, foi ele mesmo que se definiu como "cafajeste", numa fanfarronice perante amigos mais próximos. Embora não se destacasse pela beleza, pela cultura nem pela estatura moral, exercia considerável atração sobre as mulheres e liderança entre os homens.
Certamente a antropologia e a psicanálise têm subsídios teóricos para quem quiser decifrar o fenômeno desse que é um estilo de "macho dominante": cafajeste, mentiroso, sedutor, inconsequente (indiferente ao sofrimento que possa causar) e com um sutil e quase inexorável dom de envolver o próximo com sua lábia - ao ponto de neutralizar, no caráter comum, a capacidade de indignação. Em suma, alguém com a maior desenvoltura no jogo da sedução e da manipulação.
Sobrevém o curioso resultado: pessoas desprovidas de uma capacidade crítica razoavelmente autônoma (quer dizer, a maioria) não resistem à simpatia aliciante desse personagem; e, num processo inconsciente de negar a realidade, tornam-se alheias ao fato de estarem diante de um espécime visceral, egocêntrico e exclusivamente dedicado ao seu próprio interesse. Trata-se, como se vê, de um tipo humano notadamente egoísta, mas, ao mesmo tempo, dado a demonstrações de generosidade; abominável, mas capaz de enternecer com suas exibições afetivas e fazer-se o mais atraente dos indivíduos.
Aliás, guardada a rudeza das palavras, é preciso dizer: quer num rebanho, alcateia ou matilha, quer num grupo de primatas ou de humanos pseudopolitizados, não haverá macho dominante se não houver fêmeas submissas nem machos subalternos.
Pois bem. Em jornais e revistas dos últimos dias é possível encontrar-se a transcrição do depoimento à Polícia Federal de certo fulano investigado na Operação Lava-Jato, em que se vê, de corpo inteiro (com o acréscimo de uma ofensiva vulgaridade), um exemplar do tipo acima descrito.
É oportuno dizer que, quando a política é regida pelas pulsões mais primitivas da espécie humana (que são praticamente as mesmas de qualquer primata), o resultado é uma sociedade a cabresto, um Estado vicioso e o futuro riscado da agenda.
* Psicólogo e Bacharel em Direito
No dia 17 de março de 2016 professores de Direito ,advogados, juristas, estudantes e militantes se reuniram no salão nobre da Faculdade de Direito da USP no ato pelo legalidade e democracia .
O primeiro a discursar foi o jurista Fábio Konder Comparato. “Se persistir a rejeição em qualquer esfera política, o próximo presidente da República será infelizmente o juiz Sérgio Moro”. “Temos que começar a criar um controle popular”. "Estamos às vésperas de um caos político”. Depois foi o professor Sérgio Salomão Shecari que cunhou lema: “Moro na cadeia” e foi ovacionado.
E depois foi o Marcelo Semer e disse: “A gente vestia camiseta amarela para confrontar os militares, não para tirar selfie com eles” E para finalizar tivemos o discurso do professor Gilberto Bercovici: “O que vimos na Avenida Paulista domingo é uma sociedade racista, preconceituosa”, “Querem repetir 64. Só que desta vez não vão conseguir”. O professor Dalmo Dallari não pode estar presente mas expressou o seu total apoio ao evento.
E posteriormente na terça-feira dia 22 de março de 2016 a presidente Dilma os ministros José Eduardo Cardozo (AdvocaciaGeral da União), Eugênio Aragão (Justiça), Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner ( chefe de gabinete) junto com Juristas, advogados, promotores e defensores públicos, organizaram no Palácio do Planalto o Encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia . O evento foi organizado para demonstrar contrariedade das ações do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jata, com o objetivo de colocar na ilegalidade não só os grampos telefônicos e as conduções coercitivas, mas de impedir o andamento da Lava Jato e do Impeachment.
Na condição de expresidente da Associação Nacional de Juízes Federais (Ajufe), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), foi o primeiro a discursar neste evento e disse: “Estamos assistindo a um crescimento dramático de posições de porte fascista representadas pela violência cometida por grupos inorgânicos sem líderes e em busca de um fuhrer, de um protetor. Ontem, as Forças Armadas. Hoje, a toga supostamente imparcial e democrática (Sérgio Moro)” E continua: “se um juiz (Sérgio Moro) quiser fazer passeata, basta pedir demissão do cargo”. E ainda falou que Dilma tem “autoridade, como poucos no país”, porque “sacrificou a vida”, e “pôs em risco a integridade física”, entenda guerrilheira, para defender o “regime democrático”, compreenda regime comunista.
A presença de advogados, juristas, professores e estudantes de Direito nestes eventos não se resume apenas na necessidade de buscar algum dispositivo legal para prender o Juiz Sérgio Moro” e impedir o andamento da Lava Jata e do Impeachment, mas significa sobretudo, a necessidade blindar o projeto criminoso de poder atribuindo a elite política de cleptocratas uma aparente legalidade.
Balzac (1799-1850) em sua obra o Código dos homens honestos, ou, A arte de não se deixar enganar pelos larápios (1825) que foi escrita com o objetivo de ajudar o homem honesto a conservar os seus bens explica que os ladrões está perigosa peste social é um ser que procura conhecer a natureza dos homens, o seu temperamento e paixões para assim poder fazer vítimas e prever os acontecimentos. Com o seu espirito ágil e agudo como um punhal sabe encontrar boas saídas além de ser um grande simulador, simula ser ético, banqueiro, general e até mesmo magistrado para conseguir os seus objetivos, sendo a classe mais inteligente da sociedade, sempre procura oportunidades para além das circunstâncias. Balzac a grosso modo enumera três categorias de ladrões que se diferem em relação a gravidade e sofisticação do crime.
Primeiro os ladrões de galinha ou pé de chinelo, segundo os ladrões truculentos são os que roubam utilizando de armas e arrombamentos de propriedade para obter o bem alheio. São pessoas violentas e muitas vezes fácil de serem percebidas devido as efrações e o seu modo explícito de roubar. E em terceiro lugar vêm a classe mais alta, os ladrões estelionatários ou escroques, aqueles se apoderam do bem alheio de forma ardilosa e fraudulenta se utilizando de trapaças e artimanhas com intuído de obter vantagens ilícitas para sí. Geralmente são pessoas que se vestem bem, têm boas maneiras e linguajar estudado. Mas se Balzac estivesse vivo hoje para descrever o projeto criminoso de poder ele incluiria uma quarta classe de ladrões, aqueles que ocupam o cume da pirâmide social, os cleptocratas ou simplesmente os Donos do poder. É fato que todo crime é danoso, mas o dano de uma casta cleptocrática à sociedade é de uma gravidade sem parâmetros.
A cleptocracia significa a fase superior do banditismo, ou seja, quando ele deixa de ser poder paralelo em conflito com as autoridades jurídicas, e passa a ser o poder legal da própria sociedade, ou seja, o crime feito Lei e Ordem. Isto significa dar aos criminosos não só o poder mas autoridade, portanto o direito de enriquecer através da violência e de golpes engenhosos, se antigamente exigiam nossa bolsa ou nossa vida com brutalidade, hoje exigem a nossa própria liberdade em prol da liberdade de uma elite de delinquentes para fazer o que quiserem, está tudo na Lei.
Os cleptocratas diferente dos criminosos não pretendem se escamotear da Lei, mas fazerem do seu crime a própria Lei, como bem pontua Balzac.
“O verdadeiro talento consiste em ocultar o roubo sob uma aparência de legalidade [...] os ladrões espertos são recebidos pela sociedade, passam por pessoas de bem. Se, por acaso, descobre um malandro que se apossou do outro que não lhe pertencia, manda-se o sujeito para as galeras: esse é um degenerado, um bandido. Mas, se houver um processo judicial, o homem impecável que roubou a viúva e os órfãos encontrará nessa mesma sociedade mil advogados para defendê-lo” [BALZAC, 2005, p.19]
O objetivo dos cleptocratas e da sua corja pomposa de “legalistas” é fazer com que os meios de adquirir a propriedade de outrem se multipliquem e se tornem legais. O regime cleptocrático se apoia na demagógica ética de Robin Hood cujo fundamento é roubar dos ricos para dar aos pobres, que em suma é a legitimação do poder político pelo roubo em prol de justiça social. É isto que faz com que o projeto criminoso de poder prospere, já que a ideia de justiça social confere um verniz de legitimidade ao roubo. E os intelectuais ligados umbilicalmente aos Donos do Poder se comportam como corsários refinados e autorizados pelo governo a atacar os direitos e opiniões.
Esta casta cleptocrática quer viver legalmente à custa da pilhagem social.
BALZAC, Honoré de. Código dos homens honestos, ou, A arte de não se deixar enganar pelos larápios. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2005
Cara Presidente Dilma,
Senta aqui, querida.
Vamos trocar uma ideia.
Olha, eu entendi que você se sentiu ultrajada com o fato de ter sido flagrada conversando com Lula sobre o estratagema para protegê-lo.
Entendo mesmo.
Mesmo depois de o Janot dizer que o grampo não era em você e sim no Lula; mesmo depois de explicarem que se você não quer ser gravada, deve evitar ligar para investigados, entendo seu ultraje.
Mas, ontem, quando vociferava sobre o ocorrido, você disse:
"...grampeia o Presidente dos Estados Unidos para você ver o que acontece..."
Então.
Aqui você se complicou.
Sério.
É que talvez você não saiba, porque naquela época deveria estar ocupada com outras atividades mais...hmmm..."explosivas", mas os Estados Unidos já tiveram um Presidente grampeado: Richard Nixon.
Entre 1972 e 1974, Nixon comeu o pão que o diabo amassou numa sequência de episódios (muitos envolvendo escutas telefônicas) que revelaram suas evidentes práticas de abuso de poder.
Pegou?
Abuso de poder.
Nada absurdo como nomear um Ministro para protegê-lo da Justiça, porque aí seria demais.
Mas a imprensa marrom e golpista da época provou que ele havia usado o FBI e a CIA para conseguir informações privilegiadas sobre os Democratas. (Falar nisso, é sério que você mandou a ABIN monitorar o Moro?)
O fato é que no caso do Nixon, foi aberto um processo de impeachment e ele acabou renunciando.
Renuncia...Impeachment...
Ring a bell? Hein? Hein?
Enfim.
Então, Presidente, era isso. Me desculpe a pretensão de vir aqui dar conselhos, mas como notei que suas falas nos últimos dias estão mais raivosas, achei que valeria a pena um toque.
Um beijo...e não me liga.