• Nivaldo Cordeiro
  • 18 Favereiro 2016

Publicado originalmente em www.nivaldocordeiro.net 


Fui ver o filme O Regresso, do diretor mexicano Alejandro Iñarritu, um belo filme que é narrado desde a perspectiva masculina. Não à toa está indicado para uma dúzia de estatuetas do Oscar. Merecido de tão bom. É uma história de superação, de coragem e de resistência diante de intempéries, feras selvagens e inimigos. O filme se passa na segunda metade do século XIX, portanto não faz muito tempo, e se reporta a fatos ocorridos na vida real.

O que me chamou à atenção é a quase total ausência de mulheres, isso porque o filme é ambientado em uma situação de extrema dureza e em ambiente bastante inóspito. A única mulher que aparece é uma índia, filha de chefe, que foi raptada e abusada e salva pelo herói da película. A outra mulher, a esposa, é ausente e vem como lembrança do herói nos momentos mais difíceis. Há sempre uma presença feminina a velar na alma do homem. O filme é o retrato do que foi em todos os tempos: a figura heroica do homem é que garante a segurança, a sobrevivência e a inviolabilidade dos seus. Não ao acaso a virtude mais valorizada nos homens é a coragem, sem a qual o sujeito não teria condições de ser o defensor dos seus.

Certo, no século XX tivemos o esplendor do uso do ar comprimido e da energia elétrica e as armas são cada vez mais brinquedos de videogame, que uma mulher pode perfeitamente portar/usar. A força física do homem ficou secundária, mas essa é uma verdade sempre parcial. Vimos o que houve na Alemanha recentemente, com milhares de mulheres estupradas e abusadas por imigrantes islâmicos em face da ausência de qualquer elemento masculino que as pudesse defender. Sem seus homens, o feminino sempre fica vulnerável ao homem desconhecido, parece uma verdade evidente.Quem acompanha o noticiário policial também pode ver que a maior parte das mulheres assassinadas por namorados ou companheiros se dá quando não há a presença de um homem forte na família. Este seria a garantia da inviolabilidade. No passado sempre foi assim, não se matava à toa a filha de um homem dominante, ou irmã. A vingança era imediata.

Vejo minhas três filhas e a netinha de um ano e penso como é bom que elas vivam nesse tempo de ar comprimido e de energia elétrica. Sei também da sua vulnerabilidade, todavia. É preciso rezar a Deus contra o mal e estar sempre de espírito preparado para repelir a ameaça, que é permanente. Nem o Estado consegue garantir a integridade feminina, pois de regra ele chega sempre depois dos fatos acontecidos, por mais que as feministas inventem leis que hostilizem os homens enquanto tal.

Esses tempos de ar comprimido e energia elétrica são também os tempos da família minguada e despedaçada, com ausência do masculino. É o mal dos tempos. Bento XVI sublinhou que o nome de Deus é Pai. Esse título hoje, na ausência do homem com as virtudes clássicas, ficou desvalorizado. Apenas nos momentos decisivos é que se demanda o homem corajoso, mas percebo a falta de treinamento e de motivação para o exercício das funções de pai na rapaziada. Os homens parecem que não querem mais ser pai, querem ser eternos filhos da mãe.

A luta da esquerda para destruir a família é sobretudo a luta para destruir e/ou diminuir a figura masculina, infantilizando-a. O socialismo é uma forma eminentemente feminina de organizar a sociedade. A liberdade é assunto dos homens, sempre foi. Quando esses estão ausentes instala-se o reino da escravidão. Lutar contra o socialismo é lutar para restabelecer a família e valorizar o papel do homem como pai.
 

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  • Ives Gandra da Silva Martins
  • 17 Favereiro 2016

(Publicado originalmente na Folha de São Paulo)

Tenho particular admiração pelos onze Ministros da Suprema Corte. Todos eminentes juristas, com atuação doutrinária marcante no direito brasileiro, independentemente de sua atuação como magistrados.

Nem por isto, apesar de velho advogado provinciano e modesto professor universitário, concordo com muitas de suas decisões.

Um dos pontos de divergência diz respeito àquela sobre o processo de “impeachment” da Presidente Dilma, que hierarquizou o Senado Federal, como Casa Julgadora da Câmara dos Deputados e não apenas da presidente da República.

Reza o “caput” do artigo 86 da CF que: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

Por tal dispositivo, admitida a abertura de processo de “impeachment” pela Câmara dos Deputados, cabe ao Senado APENAS dar curso ao referido processo, em nenhum momento permitindo a lei maior que o Senado JULGUE A CÂMARA, para dizer se agiu ou não corretamente.

Vale a pena lembrar a origem do Senado. Foi ele criado, nos Estados Unidos, para assegurar a escravidão. Com efeito, de 1776 a 1787, discutiu-se se deveria ser, a América do Norte, uma confederação de 13 países ou uma Federação de 13 Estados. As colônias do Sul, que viviam da agricultura e consideravam o trabalho escravo relevante, não queriam aceitar nem a Federação, nem uma única Casa Legislativa, pois, tendo os Estados do Sul menos população, seria fácil aos Estados do Norte abolirem –como muitos já desejavam- a escravidão, de imediato.

A solução encontrada foi criar uma Casa Legislativa em que, não o povo, mas as entidades federativas fossem representadas em igualdade de condições. Com isto, surgiu o Senado e atrasou-se em aproximadamente 80 anos a abolição daquela chaga. Ora, a autêntica Casa do Povo é a Câmara dos Deputados. Para o Senado o povo escolhe um ou dois nomes INDICADOS SEM OPÇÃO PELOS PARTIDOS, não tendo o pleito o amplo espectro que as eleições para Deputados ofertam para os eleitores.

Por esta razão, INÚMERAS FEDERAÇÕES não têm Senado, como, por exemplo, Alemanha, em que apenas o “Bundestag” é considerado Parlamento e não o “Bundesrat”.

Ora, subordinar a Casa do Povo à Casa do Poder, tornando-a uma Casa Legislativa de menor importância, como o fez o Supremo Tribunal Federal, é subverter por inteiro o Estado Democrático de Direito, onde a Câmara que tem 100% da representação popular resta sujeita ao Senado, em que os eleitores escolhem um ou 2 nomes PRÉ ESTABELECIDOS e que, indiscutivelmente, traz a marca de origem de ter sido a Instituição que garantiu a escravidão americana por 80 anos, antes da Guerra de Secessão.

Com todo o respeito que um idoso operador de direito tem pelo talento, cultura e brilhantismo dos 11 Ministros do STF, parece-me que subverteram o princípio constitucional, tornando-se poder constituinte originário sem que para isto tivesse o Supremo competência, visto que é apenas o guardião da CF (art. 102).

A meu ver, cabe ao Senado, uma vez admitido o processo de “impeachment”, apenas julgar o Presidente e nunca julgar, inicialmente, a Casa do Povo e, se entender que a Câmara não errou, julgar, em segundo lugar o presidente. Nenhuma das instituições legislativas está sujeita ao julgamento de outra pela lei maior (artigos 44 a 58), razão pela qual entendo, “data maxima venia”, que os eminentes Ministros do Pretório Excelso invadiram área interditada por ser da competência exclusiva do Congresso Nacional.
 

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  • Carlos Newton
  • 17 Favereiro 2016


Publicado originalmente na tribunadainternet.com.br

No início de 2008, quando decidiu escolher Dilma Rousseff como sucessora, o plano do então presidente Luz Inácio Lula da Silva era evitar o surgimento de uma nova liderança no PT, continuar dominando o partido e voltar ao poder na eleição de 2014. Como a chefe da Casa Civil era desconhecida pelo grande público, ele a apelidou de “Mãe do PAC” e começou a fazer abertamente a campanha, antes do prazo legal. Contratou o marqueteiro João Santana, que trocou os óculos dela por lentes de contato, mandou mudar o penteado, sofisticou o vestuário e providenciou a reforma do rosto com o cirurgião plástico Renato Vieira.

Por antecipar a campanha, Lula foi multado várias vezes pela Justiça Eleitoral, não ligou, seguiu em frente. Lutou muito para elegê-la, escolheu pessoalmente o Ministério e começou a agir como se ainda continuasse na Presidência. Dilma aceitava, Lula jamais imaginou que essa situação pudesse mudar. Até que, em outubro de 2011, o ex-presidente foi diagnosticado com câncer na laringe e Dilma começou a se livrar da influência dele.

Lula passou meses num tratamento pesadíssimo, tinha dificuldades até para andar, apoiado numa bengala, mas conseguiu se recuperar totalmente e continuava confiante de que, em 2014, Dilma iria ceder a candidatura a ele. Surgia, assim, o movimento “Volta, Lula”, que tinha tudo para dar certo e contava com apoio irrestrito da Executiva, do Diretório Nacional e de todo o PT. Mas a presidente Dilma fincou pé e disse que a candidatura era dela
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UMA CARTA NA MANGA
Lula insistiu, ia disputar e vencer a Convenção Nacional, Dilma não teria a menor chance. Mas ela trazia uma carta escondida na manga e abriu o jogo, ameaçando revelar à imprensa todas as informações que possuía sobre Rosemary Noronha, a ex-chefe de Gabinete da Presidência em São Paulo, incluindo detalhes das viagens internacionais da segunda-dama e as compras realizadas com cartão corporativo no Brasil e no exterior. Xeque-mate. Lula teve de recuar e, humilhado, compareceu à Convenção Nacional do PT para defender a candidatura de Dilma à reeleição.

Lula perdeu a oportunidade de voltar à Presidência, chegou a romper relações com a sucessora, mas acabou tendo de se reconciliar e fazer nova campanha para ela, em nome da sobrevivência política dos dois e do próprio PT, que já estava submetido aos devastadores ataques da força-tarefa da operação Lava Jato.

Mais um ano se passou e tudo continua com antes. O governo Dilma tornou-se uma obra de ficção, com a economia se derretendo num cenário de juros, inflação, desemprego e dívida pública em alta, enquanto arrecadação e investimentos permanecem em queda. Para Lula e o PT, o quadro é ainda mais sinistro com o avanço das investigações da Lava Jato e também da Zelotes, que apura propinas no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda). E agora as denúncias já atingem o próprio Lula, amigos como José Carlos Bumlai, Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht, e até o filho caçula dele, Luís Cláudio Lula da Silva, um escândalo atrás do outro.

O PIOR ESTÁ PARA VIR
Tudo isso é rigorosamente verdadeiro e já foi publicado aqui na Tribuna da Internet. Estamos apenas recapitulando, porque, no caso de Lula, o pior ainda está para vir, porque a Justiça já determinou que sejam divulgadas todas as compras realizadas por Rose com o cartão corporativo, no período de 2003 a 2010. É consequência do mandado de segurança 20.895, impetrado pelo jornalista Thiago Herdy e pela empresa Infoglobo, um processo da maior importância que chega agora a seu estágio final.

Em 12 de dezembro de 2014, houve o julgamento no Superior Tribunal de Justiça, tendo como relator o ministro Napoleão Nunes Maia. O resultado não deixou margem a dúvidas. O acórdão do STJ assinalou que o não fornecimento dos documentos e informações a respeito dos gastos efetuados com cartão corporativo do governo federal, com os detalhamentos solicitados, “constitui ilegal violação ao direito líquido e certo do impetrante, de acesso à informação de interesse coletivo”, assegurado pela Constituição e regulamentado pela Lei de Acesso à Informação.

O GOLPE FINAL
A decisão do Tribunal acrescentou que “inexiste justificativa para manter em sigilo as informações solicitadas, pois não se evidencia que a publicidade de tais questões atente contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias”. O acórdão salientou também que “a transparência das ações governamentais deve ser um comportamento constante e uniforme”, acrescentando que a divulgação dessas informações seguramente contribui para evitar episódios lesivos.

Por fim, determinou “a prestação das informações relativas aos gastos efetuados com o cartão corporativo do Governo Federal, utilizado por Rosemary Nóvoa de Noronha, com as discriminações de tipo, data, valor das transações e CNPJ/Razão social dos fornecedores”.

É o que falta para destruir Lula. No dia em que forem divulgadas as compras feitas por Rose no cartão corporativo, o futuro político do criador do PT não valerá uma nota de três reais.
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 17 Favereiro 2016

Publicado originalmente em www.pontocritico.com

PROIBIÇÃO NADA SURPREENDENTE

Quem reside em Porto Alegre, ainda que tenha ficado indignado depois que tomou conhecimento de que a Câmara de Vereadores resolveu PROIBIR que bares e restaurantes coloquem recipientes com sal sobre as mesas, certamente não ficou minimamente surpreso.

SERES CELESTIAIS

Aliás, não é recente esta atitude dos vereadores de Porto Alegre, que imaginam ser SERES CELESTIAIS. Creem, pelas inúmeras proibições que aprovam, que vieram ao mundo, ou a Capital do RS, para cuidar da saúde dos porto-alegrenses. Fantástico, não?
 

SANEAMENTO BÁSICO

Ora, se realmente estivessem interessados em cuidar da saúde do povo, a primeira medida que os vereadores, assim como os políticos em geral, deveriam tomar, por unanimidade, seria a de BAIXAR IMPOSTOS.
A seguir, sem pestanejar, seria a de PROIBIR, imediatamente, que todas as residências deixassem de ter acesso ao SANEAMENTO BÁSICO.
 

SALÁRIOS

E uma terceira, que faria muito bem à saúde da sociedade como um todo, seria a Câmara de Porto Alegre aprovar, de imediato, a PROIBIÇÃO dos vereadores receberem salários para exercerem a função de representantes dos eleitores da Capital do RS.
Além de contribuir para a melhoria da saúde do povo, os vereadores ainda dariam um bom exemplo aos demais políticos do país.
 

SUBSTÂNCIAS BRANCAS

Quanto à disponibilidade de recipientes de sal nas mesas dos bares e restaurantes, o aconselhável é que os clientes viessem a ser educados e/ou informados sobre os males que produzem, não só o sal, mas também o açúcar e a cocaína, por exemplo, que formam o "trio assassino" do coração.
 

ADVERTÊNCIA

Antes de PROIBIR, os maus vereadores de Porto Alegre deveriam propor a colocação de mensagens de alerta nas embalagens e/ou recipientes de sal e açúcar, da mesma forma como já são usadas nos maços de cigarro. Dentro do estilo -MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE-.

MENTES DOENTES

Tal providência, correta e muito mais eficaz, pelas inúmeras decisões ridículas que a maioria dos vereadores toma, me parece impossível. Creio que tanto a autora da emenda, vereadora Sofia Cavedon (petista, obviamente) quanto os vereadores que aprovaram a PROIBIÇÃO, estão com suas mentes muito doentes. Seria por excesso de sal, açúcar ou pela outra droga branca???  

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  • Augusto Nunes (Veja)
  • 15 Favereiro 2016

Antes de morarem de graça no Palácio da Alvorada, Lula e Marisa Letícia moraram de graça num apartamento do amigo Roberto Teixeira.

Desde 2011 o casal ocupou 111 vezes, de graça, o sítio em Atibaia que tem como dono oficial Fernando Bittar, amigo e sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

Amigos empreiteiros doaram ao obediente palestrante o triplex no Guarujá, também reformado de graça pelos parceiros do Petrolão.

O filho Lulinha morou alguns anos num apartamento nos Jardins sem pagar o aluguel avaliado em 12 mil reais. Hoje mora num apartamento em Moema sem pagar o aluguel avaliado em 35 mil reais. Os dois imóveis pertencem ao amigo e sócio Jonas Suassuna.

O caçula Luís Cláudio mora de graça num apartamento nos Jardins cujo dono é o onipresente Roberto Teixeira.

Que Bolsa família, que nada. O mais bem sucedido programa social da era Lula foi feito para garantir a vida mansa de uma só família - a dele. É o Meu Amigo, Meu Abrigo.
 

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  • Ricardo Gustavo Garcia de Mello
  • 15 Favereiro 2016


Os intelectuais têm importância na sociedade; são os responsáveis pela criação, formulação e difusão de ideias que podem vir a ter a força de influenciar as condutas e crenças sociais. Aquilo que acontece na esfera dos intelectuais afeta o funcionamento da sociedade por impactar na formulação da opinião pública sobre os fatos. Por isso que os intelectuais influem no destino não só de grupos políticos, mas de sociedades, nações e até mesmo de civilizações, tendo papeis relevantes até nas relações internacionais, porque a imagem, reputação e influência de uma cultura se dá através da produção intelectual.

E sendo a cultura um elemento de poder identitário no plano local como no internacional, dela participa não apenas os costumes de uma coletividade, mas atores como o governo e a diplomacia, e sobretudo os intelectuais e os meios comunicação que operam como agentes da Diplomacia cultural que tem por objetivo promover os interesses daquela cultura frente as demais, demonstrando que os seus valores particulares podem ser tomados como universais pelas outras culturas.

Por isto que todo cultura enquanto organismo tem a necessidade de auto-conservação para sobreviver e guardar seu patrimônio e de influência internacional para ser reconhecida pelos demais culturas. E os agentes responsáveis por isto são sobretudo os intelectuais.

Como já bem observou Thomas Sowell que “Antes que se possa haver uma defesa nacional, no sentido militar do termo, é preciso que haja algum sentimento sobre a necessidade de se defender a nação num sentido social, cultural ou outro qualquer. A maior parte dos intelectuais modernos raramente contribui para a manutenção desse sentido.” [SOWELL, 2011, p.472]

E é devido a tais caraterística da cultura e da função dos intelectuais que os torna elementos importantes da Segurança, tomada em sentido amplo. Temos que ter em mente que a segurança não se restringe em assegurar a vida do organismo coletivo frente as armas dos inimigos, além disto ela deve abarcar a preservação de tal organismo frente as forças que não são necessariamente militares, mas que também atuam de forma destrutiva. Nos termos da Compreensão de Segurança Nacional do Gen. Aurélio de Lyra Tavares.

Segurança é estado de afirmação e de poder, de invulnerabilidade aos antagonismos de todos os tipos, atuais ou futuros, militares ou não militares, pois é certo, é indiscutível que o destino e a sobrevivência dos povos e das pátrias podem ser ameaçados e podem ser, até mesmo, aniquilados, por forças outras, sem canhões e sem soldados, que atuem sobre o organismo nacional para miná-lo e destruí-lo nos outros sistemas fundamentais que o sustentam, como é o caso do colapso econômico, da subversão social ou da destruição do poder político, sob cuja égide ele se constitui e se orienta” TAVARES, 1962, p. 16]

Exemplo destas forças destrutivas não militares são os influxos ideológicos que podem transformar as contradições em antagonismos inconciliáveis levando uma coletividade a se entredevorar-se. Por isto mesmo que certas ideias formuladas por intelectuais podem vir a ter o impacto subversivo de um projétil quando acerta o alvo desejado, é o caso das ideias que levam a subversão moral da cultura. A subversão moral da cultural é a derrubada por “meios pacíficos” do sistema de valores, regras, Leis e Instituições vigentes de uma dada coletividade, sem o emprego da violência. É por isto que Potências econômicas e militares podem estar vulneráveis intelectualmente no campo da cultura, porque além das armas, existem fatores ideológicos e culturais que convulsionam a soberania. E só os intelectuais atentos aos critérios orgânicos de auto-conservação e influência internacional da sua cultura que podem fazer com que ela resista aos antagonismos e as influências danosas.

É fácil observar, no mundo de hoje, que o país pode ter forças armadas poderosíssimas e estar, a despeito disso, em estado de insegurança, de instabilidade, de desequilíbrio, de vulnerabilidade interna ou externa, tais sejam as condições do organismo nacional, no seu sistema econômico, político ou psicossocial, face à consecução dos objetivos nacionais. Estes englobam a política nacional, isto é, o conjunto de tendências e empreendimentos de ordem social, econômica, militar e psicológica, reciprocamente coerentes e atuantes, a despeito dos interesses contrários, internos e externos, segundo a orientação traçada pela nação, dentro do mundo e do entrechoque de antagonismos que o mantém mais ou menos agitado e convulsionado” [TAVARES,1962, p.27]

Só uma compreensão abrangente da segurança leva a considerar a presença de interesses antagônicos que nem sempre são expressos de modo militar e econômico, mas pela propagando de ideias, ideologias e comunidades intelectuais que agem de forma expansionista. Por isto que a segurança além de dimensões militares, econômicas e políticas, também possui uma importante dimensão cultural que reclama a guarda do seu patrimônio e da sua influência tão necessários para sua soberania.

A influência internacional da cultura judaica é parte constituinte da influência da Civilização Ocidental, sendo uma das condições não só para o sucesso das negociações do Estado Israel, mas também para a existência de uma visão de mundo ocidental dentro do Oriente Médio. E a perda de influência de Israel significa em termos culturalistas a perda de influência do próprio Ocidente.

A expansão do BDS, movimento por Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel no Ocidente, representa o avanço de uma tática não-violenta que pretende destruir intelectual e moralmente Israel através da difamação da sua imagem e desinformação dos conflitos que Israel está envolvido. Esta tática pressiona governos, instituições, acadêmicos e artistas pelo mundo e em especial no Ocidente, a terem um ponto de vista negativo de Israel e por consequência romperem seus vínculos materiais e institucionais com Israel. Usando do engodo discursivo de “defensor dos Direitos Humano”, o que leva a fazer com que muitos defensores sinceros dos Direitos humanos tomem a crítica a Israel apenas como um discurso humanitário e não como discurso interessado.

O documento com os objetivos e procedimento táticos do Movimento BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções) pode ser baixado em PDF pelo site http://www.bdsmovement.net, gerido pelo Comité Nacional Palestino para o BDS. E se pode acessar o documento em PDF traduzido em português pelo Link http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds no site do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). Segundo o próprio documento:

Movimento global BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções) é uma plataforma informal de activistas, grupos sociais e organizações que, a nível mundial, coordenam os seus esforços, em resposta ao Apelo lançado pela sociedade civil palestina, para pressionar Israel a cumprir com o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. [...] Em 9 de Julho de 2005, 171 organizações representativas dos três segmentos integrantes do povo palestino – os refugiados, os habitantes dos territórios ocupados e os palestinos cidadãos de Israel – incluindo partidos políticos, sindicatos, associações, coligações e outras organizações...[p.1] http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds

O Boicote além de ter uma função econômica e militar ele tem uma função cultural como bem consta o documento:

Embora as campanhas de boicote sejam avaliadas em função do seu impacte económico, o seu sucesso é, também, determinado pela sua capacidade para modificar a opinião e as posições políticas. Uma campanha é avaliada pelo seu impacte económico, pela sua exposição nos meios de comunicação, pela mudança do discurso da opinião pública no que respeita à compreensão da luta do povo palestino e pelo impacte psicológico sobre o ofensor quanto à inaceitabilidade da sua conduta.” [p.3] http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds

O Boicote: significa a recusa em estabelecer qualquer relação ou manifestação de apoio intelectual a Israel e a cultura judaica com o objetivo de modificar a opinião pública do Ocidente, sobre Israel e o povo judeu. Fabricando assim um consenso negativo da imagem da Israel que opera como um muro de apartheid cultural de tudo que guarda relação com Israel e o povo judeu.

E por isto que o apoio ao BDS e o sentimento de asco que muitos intelectuais que foram privilegiados pela Civilização Ocidental têm de Israel, demonstra que não estimam a sua própria cultura e patrimônio civilizacional, e preferem aceitar qualquer discurso político crítico do status quo com argumentos de cunho passional e relativista que fazem da cultura do Ocidente a “cultura do opressor” e dos demais povos a “cultura do oprimido” do que aceitar a realidade da difícil situação que se encontra o Estado de Israel deis da sua formação.

O assassinato de reputação de Israel feito de modo sistemático por movimentos de difamação intelectual e moral como o BDS (o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções à Israel e a cultura do povo Judeu) demonstra as consequências danosas que o falso humanitarismo do relativismo cultural da esquerda intelectual acarretou ao Ocidente.

Quando a intelectualidade do Ocidente não só se coloca contra o governo de Israel, mas assassinam a reputação da cultura judaica, apoiando um movimento que prega o isolamento não só de Israel mas da cultura judaica, afirmando que com a construção de um muro cultural que aparta Israel do mundo, em especial do Ocidente, julgando apoiar os Direitos Humanos e o Direito Internacional, na verdade estão se colocando contra o próprio Ocidente e contra o Direito de expressão de uma cultura. Por isto que os intelectuais que apoiam o movimento globalista BDS são uma quinta-coluna Antiocidental.

O quinta-colunismo antiocidental da intelectualidade é expresso pela defesa que os intelectuais ocidentais fazem das chamas “culturas oprimidas” em detrimento da própria, isto foi muito bem captado por Thomas Sowell :

Imagens idealizadas de países estrangeiros formam apenas uma das maneiras pelas quais os intelectuais enfraquecem sua própria nação. Também de outras formas, muitos intelectuais erodem e destroem um sentido de valores e de realizações compartilhadas que torna uma nação possível ou um senso de coesão nacional com o qual se possa resistir aos seus inimigos externos e internos. Condenar os inimigos do país seria, para os intelectuais, equiparar-se às massas, mas ao condenarem sua própria sociedade, os intelectuais ungidos tornam-se, no sentido mental e moral, especiais – ao menos diante de seus pares. [SOWELL, 2011, p. 473-4]

O entreguismo mental do nosso relativismo que se expressa como prática de entregar nossos recursos mentais para os mais diversos influxos, se desdobrou num quinta-colunismo intelectual: que é a ação subversiva local feita em função da simpatia que sente pela cultura adversa. 

Apesar do BDS apontar os problemas sociais que decorrem da política de segurança de Israel, que separa ainda mais árabes e judeus, ele omiti que o verdadeiro motivo da construção do Muro de Israel e dos checkpoints, está na necessidade de evitar ataques terrestres de terroristas, assim como seu sistema antimísseis que foi criado para evitar ataques aéreos. Tal sistema de segurança com todos os seus problemas, não tem por base a necessidade de apartar racialmente e economicamente os judeus dos árabes, mas garantir a segurança dos cidadãos Israelenses que são Judeus, árabes, homossexuais, ortodoxos, ateus e cristãos

O ponto crítico ao movimento BDS não está só no clamor por sanções econômicas e políticas à Israel, mas no fato de pregar o Boicote e Sanção cultural a Israel e a cultura judaica que é parte constituinte da civilização Ocidental. Em resposta ao muro criado por Israel, o movimento BDS pretender criar um apartheid cultural contra Israel e a sua cultural, seremos nós intelectuais a argamassa deste empreendimento ou não.

* Sociólogo


Bibliografias:
Documento com os objetivos e procedimento táticos do Movimento BDS http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds
SOWELL, Thomas. Os intelectuais e a sociedade. São Paulo: É Realizações, 2011.
TAVARES, Aurélio de Lyra. Segurança Nacional, São Paulo, Serviço de publicação da FIESP, 1962.

 

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