• Jorge Olivera
  • 05 Junho 2017

(Publicado originalmente no Diário do Poder)

Atenas, Grécia - O fundamentalista Rui Falcão chamou de “heróis do povo” os presidiários Zé Dirceu e João Vaccari Neto, dois petistas notórios da organização criminosa chefiada por Dilma e Lula, segundo as investigações da Lava Jato. “Quero prestar solidariedade aos nossos companheiros perseguidos e injustiçados, não só ao Zé Dirceu, mas também a João Vaccari Neto”. Pois é, cada um tem o herói que merece, que pode levar para casa e acabar de criar. Mas, por favor, não fale em nome do povo e não meta o povo no meio dessa corja ensandecida que se especializou em roubar o dinheiro desse mesmo povo, que a petezada ainda faz de joguete para os seus interesses eleitorais.

Falcão vai deixou a presidência do PT. Falou pelo partido no 6º Congresso Nacional em Brasília. Aproveitou para reutilizar antigas e manjadas palavras de ordem quando acusa a Lava Jato de ser um “mecanismo de exceção” para beneficiar empresários corruptos. O mundo mudou, mas Falcão recorre ao seu baú para resgatar palavras que ainda continuam no dicionário ideológico dos fundamentalistas que não avançaram no tempo. Olha que preciosidade de Falcão: “É preciso nos voltarmos contra os mecanismos de exceção, que também estão na Lava Jato. A pretexto de combater a corrupção, beneficiam corruptos que vão para o exterior e colocam nossos companheiros na prisão”. Entendeu bem o discurso do Falcão? Parece que está no mundo da lua, ouvindo os discos de vinil da Celly Campelo (“Banho de Lua”) e de Renato e seus Blue Caps (“Feche os Olhos”).

Mas os elogios aos “mártires” petistas não se reservaram apenas ao discurso biruta do fundamentalista-chefe da receita lulista. Ele foi mais longe. Dedicou o painel do PT que enfeitou o congresso aos presidiários do partido. Lá estavam, lado a lado, Zé Dirceu e Vaccari disputando espaço entre as fotos de Lula e Dilma. Sabe por que Falcão continua a prestigiar o ex-tesoureiro do partido? Porque ele ainda não abriu o bico. Prefere amargar sozinho os dias dentro do presídio a entregar os chefes da organização criminosa.

Falcão não mencionou o nome de Palocci em nenhum momento. Treme quando ouve falar no ex-ministro da Fazenda. Tem a certeza de que a deleção do homem que conduziu as finanças ilegais das campanhas de Lula e Dilma derruba a casa deles e esvazia a presunção de Lula de que é mais honesto do que “Cristo”, como disse em uma de suas bravatas regada a goles de uma boa cana.

O presidente do PT deixa o cargo e um rastro de corrupção nunca visto dentro de um partido político. Durante o tempo em que lá permaneceu foi fiel aos companheiros militantes, principalmente aqueles como Zé Dirceu e Vaccari que continuam em silêncio para proteger os outros integrantes da gang da organização criminosa. Por isso foram homenageados como “heróis do povo”. Se tivessem dedurado, teriam sido execrados como foram outros membros do partido que não suportaram a pressão dos interrogatórios e o abandono a que foram relegados pelos líderes quando foram presos.

É assim mesmo. Enquanto os presidiários petistas acharem que Lula ainda tem chances de se eleger vão continuar de bico fechado. Se a casa desmoronar, será um Deus nos acuda. A percepção de que os alicerces ruíram já foi detectada por Palocci que não quer mofar na cadeia enquanto seus asseclas gozam de liberdade vigiada. Por isso começou a entregar o Lula, empresários e banqueiros que criaram um pacto indissolúvel para dilapidar o patrimônio dos brasileiros com empréstimos fraudulentos e manipulados nos bancos estatais.

Fora da presidência do partido, Falcão não perde por esperar até Palocci abrir o bico. Aí sim, o povo, mais uma vez, vai conhecer os seus verdadeiros heróis – os investigadores da Lava Jato. 

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 04 Junho 2017



Why not? Porque não? Se um jovem estudante dissesse: “quero progredir na vida, me esforçar, me tornar competente e, assim, (why not) por que não estudar fora em busca de excelência?” Quem não admiraria esse moço exemplar? Ele seria um marco em sua geração e acalentaria em quem o conhecesse sonhos de um futuro Brasil melhor.

Entretanto, quando um sócio em iniquidades do anterior governo conduzido por Lula da Silva, como Joesley Batista, batiza seu iate de dez milhões de dólares com o nome de Why Not tudo muda de significado. Pode ser entendido como: “por que não roubar o povo brasileiro levando grosso dinheiro das instituições públicas?” “Por que não, se assim me foi facilitado como no caso do BNDES quando o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, me abriu as portas do poder e das facilidades, inclusive, liberando para mim e para meu irmão Wesley 8,1 bilhões de reais? ” “Por que não mostrar que contas no exterior irrigavam as campanhas do PT se eu sabia muito bem disto e agora resolvi contar tudo porque estou certo de que vou ficar livre, leve e solto?” “Porque não, [i]durante uma década, alimentei não só com carne, mas com um riquíssimo propinoduto os cofres do PT, enquanto nossas empresas se agigantavam maravilhosamente? “Por que não usufruir de “negócios” com o amigo presidente Lula e a presidente Rousseff, que lhes renderam para gastos em campanha 150 milhões de reais?” “Por que não comprar, se posso, juízes, promotores e os mais vendáveis, os numerosos políticos, se tenho todos aos meus pés?”

Joesley disse isso e muito mais em depoimentos e vídeos que foram comentados em alguns órgãos da imprensa. Porém, em uma gravação que não havia sido autorizada pela Justiça e cheia de lacunas, o ex-modesto dono de um frigorífico se tornou o rei dos delatores e um mestre em armadilhas políticas, pois atingiu o presidente da República, Michel Temer, o qual cometeu o erro de receber no palácio o influente magnata do crime em conluio com altas autoridades.

Toda delação, a meu ver, tem que ser corroborada por provas materiais e não só pelo que é dito, para que não se torne uma caça às bruxas. Se Temer está sendo acusado com base na gravação de Joesley, que tenha o direito de defesa.

Dilma Rousseff foi julgada durante meses com amplo direito de defesa. Porque a pressa em afastar Temer? Por que a coincidência da gravação ter sido feita antes de Lula ser condenado ou não pelo juiz Moro e eventualmente isso ser confirmado pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região, de segunda instância? O Supremo havia decidido que condenados em segunda instância podem ser presos, perigo para Lula que podia também cair na ficha limpa e se tornar inelegível. Por que, então, será que o ministro Gilmar Mendes resolveu voltar atrás e dizer que nem em segunda instância um criminoso pode ser preso? E se Temer ainda não foi julgado, por que o PT se empenha tanto nas eleições diretas ou diretas do Lula, uma jogada desesperada para eleger seu líder? Não importa que se para isso se tenha que rasgar de novo a Constituição.

Evidentemente, Joesley e Wesley não foram os únicos corruptos na fase em que o governo petista institucionalizou a corrupção. Mas o que choca também nessa história é o tratamento diferenciado dado aos irmãos Batista se comparado com o de outros envolvidos que colaboraram com a Justiça e foram julgados pelo juiz Sérgio Moro. De um modo ou de outro eles estão cumprindo suas penas.

Os donos da J&F tiveram os termos de sua delação defendidos pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, e homologados pelo ministro Fachin. Sob as bênçãos da Justiça foram continuar a gozar a vida nos Estados Unidos completamente livres.

Nenhuma filigrana jurídica fará a sociedade entender a absolvição sem nenhuma penitência dos irmãos Joesley e Wesley, que nem tornozeleiras eletrônicas precisarão usar. Desse modo, ficou a sensação de uma tremenda incerteza jurídica, a certeza de que o crime compensa, com exceção da Lava jato do juiz Moro e de que no Brasil o why not escrito no luxuosíssimo iate corresponde a outras frases famosas, como: “levar vantagem em tudo”. Pagando bem, que mal tem”. “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.

Isso faz parte de um caldo de cultura que dificilmente vai mudar no país e que permeia todas as classes sociais. Afinal, não é o povo que elege os que intercambiam lucros com espertos e mafiosos gangsteres? Sem nenhum pudor todos continuarão a perguntar de modo cínico e imoral: “why not? Por que não? ”

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

        

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  • Rodrigo Constantino
  • 03 Junho 2017

 

(Publicado originalmente em rodrigoconstantino.blogspot.com)

Vou confessar ao leitor uma coisa: muitas vezes vejo meu papel como o de “media watch”, ou seja, de um vigia da imprensa, para apontar seu viés ideológico, sua quase hegemonia de esquerda. Adoraria usar esse espaço apenas para o debate de ideias, num nível mais elevado. Mas a imprensa não permite isso. Logo após a leitura dos principais jornais, sinto-me na obrigação de apontar as principais falhas, os maiores absurdos.

E hoje, sem dúvida, um artigo de opinião publicado na Folha de SP é o caso mais bizarro de todos. É assinado por ninguém menos do que José Dirceu, aquele do mensalão, do petrolão, da Lava Jato. Quão constrangedor deveria ser para um jornal colocar nos créditos essa descrição: “foi deputado estadual e federal pelo PT e ministro da Casa Civil (governo Lula). Foi condenado em primeira instância na Lava Jato a 32 anos de prisão”?

Há um limite – ou deveria haver – para o que se entende por “pluralidade”. Todos sabemos que a Folha pretende ser mesmo um grande saco de gato, abrigar de tudo ali dentro, apesar de ter claramente mais jornalistas de esquerda. Mas Guilherme Boulos, líder do criminoso MTST? José Dirceu? Por que não chamar também nazistas assumidos, saudosistas da KKK ou o Fernandinho Beira-Mar?

Acha que exagero? Ora, mas se é em nome da pluralidade, por que barrar essa turma? Talvez porque sejam extremistas e criminosos? Mas alguém por acaso vai afirmar, sem rir, que o PT não é extremista, que Dirceu não é um criminoso? Em seu texto, ele defende, com eufemismos, uma revolução socialista “democrática”. Qual? Sabemos a resposta: o modelo existente na Venezuela, que ele defende, que seu PT apoia!

Chamem logo terroristas islâmicos para ampliar a “pluralidade” do jornal, editores! Eis o que diz Dirceu, na maior cara de pau:

Não há espaço para conciliação. É necessário, para o bem-estar social do país, dar fim à armadilha de uma falsa harmonia nacional e um ludibrioso salvacionismo contra a corrupção.

O horizonte das forças populares e de esquerda deve ir além das próximas eleições presidenciais, agora ou no próximo ano. Podemos até vencer, mas sem ilusões: sob quaisquer circunstâncias, nosso norte é o avanço no rumo de uma revolução política e social, democrática.

A meta é lutar, resistir e preparar um governo de amplas reformas. Sob a proteção de um novo pacto constitucional, originário das urnas, se a casa-grande voltar ao leito da democracia. Pela força rebelde das ruas, se nossas elites continuarem de costas para a nação.

Precisa explicar? Preciso mesmo apertar a tecla SAP? Tomar pelas ruas o poder, fazer uma revolução comunista, enfrentar o “salvacionismo” contra a corrupção, ou seja, declarar guerra a Sergio Moro, às instituições, à própria democracia representativa, e em seu lugar colocar uma ditadura do “proletário”, que finge falar em nome do povo, mas obedece a uma cúpula poderosa, liderada pelo próprio Dirceu. em tiragem para lhe dar voz. Tudo em nome da “pluralidade”, claro!

Exatamente aquilo que o PT tentou fazer no Brasil, mas não conseguiu. O propósito final do mensalão, do petrolão, da censura à imprensa, da compra de blogs sujos com dinheiro público, do aparelhamento do estado, do STF etc. Dirceu quer continuar o serviço inacabado, e conta com o espaço do maior jornal do país.

Leandro Ruschel comentou sobre esse absurdo: “José Dirceu, o grande bandido petista, ao invés de estar recolhido à cadeia, escreve artigo na Folha de São Paulo defendendo a transformação do Brasil numa Venezuela. Tudo graças a Gilmar Mendes e outros integrantes do STF que estão lá para proteger a quadrilha”.

Guilherme Macalossi também desabafou com ironia: “A Folha de SP é um colosso. Já teve no seu quadro de colaboradores o miliciano Guilherme Boulos, que faz de sua profissão a bandalha urbana e a depredação contumaz de patrimônio público e privado. Agora publica um artigo de José Dirceu, aquele que foi condenado a 31 anos de prisão pela Lava Jato. É o banditismo com ponto de vista político. O próximo passo é o jornal ceder um espaço na seção de esportes para uma coluna do goleiro Bruno”.

O que leva um jornal desses a um ato abjeto como esse? Será que o “consultor” pagou uma bolada para ter esse espaço? Ou será que os proprietários acreditam mesmo que abrem esse espaço para um declarado inimigo da democracia brasileira em nome da liberdade de expressão? Duvido, pois se fosse o caso, o jornal também teria figuras asquerosas e bandidos ligados ao que se denomina direita, e isso não ocorre.

À direita só temos pensadores sérios, gente como Pondé ou Coutinho, e ponto. Nada radical, nada extremista, nada criminoso. O duplo padrão entrega o viés ideológico. Uma sociedade que tem como maior jornal em circulação a Folha é uma sociedade carente de alternativas à “fake news”. Uma sociedade que tem “colunistas” como Dirceu escrevendo para fomentar sua revolução, mesmo depois de tudo que aconteceu, é uma sociedade muito doente.
 

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  • Paulo Antônio Briguet
  • 02 Junho 2017

 

(Publicado originalmente na Folha de Londrina)

— Professor José, excelente amigo, encontrá-lo é uma imensa honra! Mas diga, por favor, que motivos o trazem a esta Ouvidoria do campus universitário? O sr. pretende fazer alguma reclamação?

— Sim, Sócrates. Vim prestar queixa contra um colega de departamento.

— Pelo Deus, Professor José! Tal notícia deixa-me estarrecido. Suponho que esse colega tenha cometido um gravíssimo delito.

— Ele ofendeu outros colegas do departamento.

— Ó, luminar da ciência... Causa-me espanto que isso aconteça no ambiente universitário. Imagino que tenha sido uma ofensa realmente devastadora.

— De fato, Sócrates. Ele criticou uma carta de repúdio que nós elaboramos.

— O sr. quer dizer, nobre docente, que ele repudiou o repúdio?

— Exatamente.

— Mas a Universidade não é o espaço do debate, do contraditório, das diferenças?

— Sim, sem dúvida.

— O repúdio ao repúdio não seria, por assim dizer, um direito dos mestres acadêmicos?

— Desde que esse repúdio não seja, em si, um ato de intolerância.

— Ora, Professor José, peço que perdoe minha falta de acuidade, mas acho que ainda não compreendi a sutileza do seu argumento. Denunciando o repúdio ao repúdio, o sr. e seus colegas não estariam sendo precisamente intolerantes?

— De modo algum, porque a atitude desse professor acaba favorecendo os conservadores e reacionários, inimigos da nossa Universidade, os verdadeiros intolerantes...

— Mas, ilustre docente, amigo mui experto, a Universidade, como o próprio nome diz, não tem por objetivo estimular o contraste e o conflito de todas as ideias, inclusive aquelas que emanam dos círculos reacionários e conservadores?

— Nada disso, Sócrates! Conservadores e reacionários — bem como todos aqueles que ousarem defendê-los — devem ser retirados do nosso convívio. Não permitiremos discurso de ódio no campus. Não passarão.

— Professor José, corrija-me se eu estiver errado, mas o professor denunciado fez algum tipo de ameaça aos colegas? Incitou à violência? Acusou-os falsamente de algum crime? Usou chantagem, intimidação, dedo no olho? Tentou forçá-los a alguma coisa?

— Não, ele não fez nada disso.

— Então, ó digno docente, onde está o ódio no discurso do professor?

— Ele desqualificou a fala dos próprios colegas de departamento.

— Mas, excelente Professor José, o debate acadêmico não exige que se faça o confronto das hipóteses, sendo que é inevitável a consequência de que umas, as melhores, venham a desqualificar outras, as piores? Não seria exatamente isso que chamávamos em Atenas de Dialética?

— Ora, Sócrates, não venha você também me desqualificar! Você não tem nem mestrado. Será que não aprendeu nada? Continua defendendo o indefensável e corrompendo os jovens! Mas chega de conversa fiada; o Ouvidor está me chamando. Adeus, velho reaça.

— Adeus, Professor José. Tenha uma boa audiência. Você caminha para a Ouvidoria, eu para a eternidade. Só o Deus saberá quem tem mais sorte.

(Crônica baseada em fatos reais e recentes da nossa Universidade.)
 

 

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  • Márcio de Carvalho Damin
  • 01 Junho 2017

 

Analisando as situações que vivo, as pessoas que me cercam e o mundo macrocósmico que me rodeia, percebo nitidamente a confusão das pessoas perante a realidade. Não só da realidade política caótica em que o Brasil chafurda, mas a realidade das almas mesmas que estão inseridas neste contexto.

Ao assistir um vídeo em que pessoas serviam cachaça a cinco reais para os viciados da ‘’crackolandia’’ na cidade de São Paulo, me peguei a pensar o quão maniqueísta é o mundo que vivemos. Monta-se uma pequena tenda onde se vende pinga a pessoas que há muito tempo se tornaram escravas das drogas para lhes vender outro tipo de entorpecente. Os ‘’comerciantes’’ que servem a bebida julgam-se moralmente corretos e a serviço do bem-estar dos viciados. Não há explicação lógica para isso. A vida das pessoas e o mundo vivem um constante embate entre o bem e o mal.

O problema maior que vejo é a interação dos pecados com a personalidade das pessoas de uma maneira harmônica. O cidadão imagina, por exemplo, que o lugar onde ele nasceu o faz superior a outros seres humanos, ou decide que sua conta bancária é a prova cabal de sua superioridade moral perante pessoas com menor poder econômico. No momento mesmo em que essas ideias surgem na cabeça do indivíduo elas ainda não fazem parte da personalidade, elas ainda não se mesclaram ao ser de forma peremptória. Todavia, ao não rechaçar de prontidão esses pensamentos que surgem para desviar o foco do individuo do supremo bem, que é o amor e por consequência o próprio Deus, o que surge na consciência como espúrio a natureza do ser vai gradualmente se mesclando a ele e, triste e nefastamente, o convencendo de sua veracidade.

A santa missa nos diz claramente, no ato penitencial, para nos arrependermos dos ‘’pensamentos e palavras, atos e omissões’’, mas o que ocorre com a alma que se funde ao seu pecado de maneira a não mais percebe-lo? O que ocorre quando uma personalidade se deforma a tal ponto de não discernir mais o que é ela mesma e o que é o erro em sua vida?

Com alguma ironia eu poderia responder ‘’ bem, você se torna um político’’. Mas é o que percebo, infelizmente, num grande número de pessoas com quem convivo. Já não há mais exame de consciência, tudo é relativo e por consequência permitido. E, se permitido é, a personalidade pode se amoldar a tudo de ruim que um dia pululou na mente não vigilante de uma inerme vítima de uma sociedade doente.

Os dramas de consciência que atormentaram os seres humanos ao longo dos séculos já não mais existem, e, como escreveu Sócrates ‘’uma vida não examinada não é digna de ser vivida’’.
Quando o amor e a verdade, e o amor à verdade se perdem numa busca de uma falsa sensação de paz e felicidade, tanto no indivíduo quanto na sociedade em geral o que se vê é uma lenta derrocada, uma desumanização, uma animalização do ser e do ambiente que o cerca.

Oro muito pela conversão das pessoas que me cercam, mas reconheço que tenho orado pouco pelas pessoas que não conheço, pelo nosso país e pelo mundo. Eis algo que a consciência me acusa neste exato momento.

*Poeta
 

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  • Sergio Kaminski
  • 29 Maio 2017


Dia após dia, fatos novos quantificam valores obtidos desonestamente utilizados em campanhas políticas para os mais altos cargos do País. Que as investigações em andamento tenham vida longa e punição exemplar! O indivíduo que é imoral possui conhecimento das regras da moral (do latim moralis, comportamento aceitável na sociedade), mas ainda assim pratica atos que são repelidos pela sociedade onde vive.

O recebimento de apoio financeiro com registro não isenta a origem fétida dos valores. Os candidatos que assim recebem, por tal ato já se mostram desqualificados para o exercício de mandato em nome do povo. A contribuição privada traz consigo o interesse pontual e perverso de quem "generosamente" o faz. E, quando faz, logo ali adiante vai buscar de volta o capital aplicado com alta remuneração.

A imoralidade legalizada no Brasil é um mal que deve ser repelido por cada um de nós ao longo de cada dia. Acima do bem de todos, paira o interesse mesquinho, egoísta e malcheiroso de quem dá e de quem recebe. A contribuição privada deve, sim, imperiosamente, ser impedida para uso em financiamento de campanhas eleitorais. O candidato eleito já chega na cadeira do plenário ou Executivo com cheiro de sapato pisado em cocô de gato...

No Poder Executivo, assim eleito, a praxe é a entrega de cargos e funções, independentemente de conhecimento e preparo, na razão direta do apoio e das estapafúrdias coligações. Leigos e despreparados para a responsabilidade que lhes é outorgada, causam verdadeira devastação onde exercem sua "liderança", tal qual erva daninha na lavoura.

O publicitário Ciro Pellicano escreveu com ironia, o que hoje é verdade absoluta, que "a maior contribuição que muitos políticos podem dar ao Brasil é perder as eleições". Até quando a frondosa árvore Brasil terá seiva suficiente para alimentar tal tipo de gente?

(Publicado originalmente no Jornal do Comércio)
 

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