• Leonardo Faccioni
  • 20 Outubro 2018

 

É inacreditável que uma cópia exata da narrativa utilizada nos Estados Unidos para deslegitimar o resultado inconveniente das urnas e impedir o eleito de governar conseguiu o domínio completo da pauta a uma semana da eleição brasileira.

"Inacreditável", claro, é uma hipérbole. A serpente argumentativa há muito vinha sendo chocada. A histeria sobre "notícias falsas", com mira conveniente apenas nas imprecisões ou nas bobagens inócuas dos notórios "tiozões do Zapzap", cumpria à perfeição a função de espantalho para que os donos da opinião pública justificassem sua impotência.

É como se a realidade dos últimos anos -- a corrupção, a insegurança, a anomia cabal -- fosse de uma insignificância atroz, e o populacho vivesse em um mundo paralelo de notícias mirabolantes e credulidade absoluta em linhas de texto tecladas no celular.

Os desapossados senhores da opinião pública imaginam o eleitorado à sua imagem e semelhança, mas invertido como em um espelho: os que vivem do consumo exclusivo das obsessões lúbricas da universidade e da imprensa pensam que o seu Zé da Padaria, o Chicão da linha de produção e a cabeleireira Wanda, todos com dinheiro contando até o fim do mês e sobreviventes do quinto ou sexto assalto, pudessem se apartar da realidade no mesmo grau dos doutores da lei que vivem de honorários criminosos; dos parlamentares encastelados na Ilha da Fantasia; dos jornalistas que recebem na Pessoa Jurídica e pagam por fora o décimo-terceiro do segurança da babá.

Há mais de ano os editoriais autorizados vociferam: tudo o que compromete o consenso social democrata do Projacquistão é "fake news", e o fato mesmo de o Projacquistão, pela primeira vez, não conseguir pautar uma eleição torna a deliberação eleitoral ilegítima.

Quem quer que tenha experiência de campo em disputas eleitorais contra a extrema-esquerda (pode ser de eleição de DCE a corrida de prefeitura de interior: a dinâmica não muda em essência, apenas em proporção) conhece o talento petistóide para a desinformação e para a calúnia. Foram sempre especialistas em incinerar reputações de adversários na base da farsa, do "smearing", da boataria sensacionalista. Mestres do ofício décadas antes das mídias sociais, fizeram-se pioneiros na manipulação também destas: até hoje a campanha de Dilma Rousseff responde pelo uso de robôs digitais e financiamento ilícito para mídias subordinadas.

De repente, a dona Marocas da Quitanda compartilhando nota do site RepúblicaDeValparaisoPontoCom que imputa a Haddad a "distribuição" do KitGay (que existiu tal e qual noticiado, mas - oh!, que radical injustiça! - acabou parcialmente abortado sob pressão congressual posterior ás denúncias) é vicio insanável, que clama ao TSE por anulação de eleições presidenciais.

O partido que está sob fortes suspeitas de receber aportes milionários de ditadores estrangeiros (a quem o dinheiro público brasileiro financiou durante seu governo) inverte magicamente a acusação, sem uma prova sequer, para dizer que seu adversário abusa de poder econômico ao promover correntes de WhatsApp não vistas, até hoje, por ninguém.

Os critérios a que o petismo desesperado se agarrou de uma semana para cá tornariam retroativamente ilegítimas todas as vitórias eleitorais do partido, desde o primeiro grêmio estudantil na biografia do Zé Dirceu.

Essa hipocrisia cínica é revoltante e odiosa, mas não prosperará. Vão perder, e vão perder feio - como lhes é merecido. O chato será aguentar durante anos o novo mimimi dos mesmos que enchem os ouvidos sobre o "gópi" até aqui.

* Do Facebook do autor.
 

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  • Antônio Augusto Mayer dos Santos
  • 19 Outubro 2018

 

  Ninguém pode sempre. Custou, é verdade. Foi uma longuíssima espera para aqueles casos mais graves. Mas aconteceu. E o desfecho geral foi pelo voto. Um punhado de abjetos personagens da política brasileira foi defenestrado do Congresso Nacional. Suas excelências não terão mais imunidades, gabinetes, carguinhos e foro privilegiado.

  Para felicidade geral da Nação, a inteligência prevaleceu no primeiro domingo de outubro desse estranho ano de 2018. Nesse dia histórico, um timaço de psicopatas, seres vocacionados para urdir tramas e imbuídos de maldades, cinismos ou condutas indecorosas, foi demitido dos seus mandatos pelo patrão da soberania. Pessoas desagradáveis e na maioria das vezes repugnantes por suas opiniões, palavras e votos, legisladores medíocres, adoradoras do poder e de suas benesses afrodisíacas acabaram enxotadas da ilha da fantasia.

O julgamento do povo foi sonoro. E implacável. Criaturas as quais não devemos denominar de “tristes figuras” para não macular a imagem de um homem puro e honrado como Dom Quixote de la Mancha, tiveram concluídas as suas pálidas carreiras políticas no dia 7 de outubro.

Outrora tolerados ou temidos porque momentaneamente investidos numa posição estratégica de mando e desmando, esses embustes finalmente pagaram a fatura pelas posturas asquerosas e linguagem de sarjeta que tanto utilizaram.

A história não ficou parada. Num mundo civilizado, a democracia até pode tardar, mas acaba acontecendo. Romero Jucá, Eunício Oliveira, Roberto Requião, Lindbergh Farias, Edison Lobão, Lúcio Vieira Lima, Valdir Raupp, Jovair Arantes, Heráclito Fortes, Vanessa Grazziotin, Leonardo Picciani e outros não farão falta alguma ao Congresso Nacional ou ao país. O logro por eles aplicado terminou. E o que é mais importante: agora sem foro, é Moro.

* Advogado e professor de Direito Eleitoral.
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 19 Outubro 2018

 

PAÍS DOS ABSURDOS
Aproveitando este grande momento em que a maioria dos brasileiros cultiva a grande esperança de que ao eleger Jair Bolsonaro o Brasil deve se tornar um país mais justo e decente, o que mais espero é que haja um efetivo desmonte de todos os privilégios que além de nojentos fazem de alguns brasileiros MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS.


BOLSA DITADURA
Um desses nojentos e absurdos privilégios é o tal de BOLSA DITADURA. Por incrível que possa parecer para milhões de brasileiros -pagadores de impostos- o Brasil tem em torno de 20 MIL ANISTIADOS que recebem um benefício, que nada tem de justo, conhecido como BOLSA DITADURA(?).

Entre esses privilegiados que recebem o maldito benefício estão, por exemplo: FHC, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marieta Severo, etc., junto com alguns criminosos, como é o caso de Lula, Dilma, Zé Dirceu, José Genuíno, etc...

ISENÇAO DE IMPOSTO DE RENDA
Se o caro leitor achou isto nojento é porque não viu tudo. Talvez muita gente não saiba é que os benefícios concedidos como -BOLSA DITADURA (?)- são simplesmente isentos de pagamento do Imposto de Renda. Pode?

TETO CONSTITUCIONAL
Mais: desses perto de 20 mil, a metade (em torno de 10 mil) das indenizações pagas, mensalmente, estão acima do -teto constitucional-, cujo valor estabelecido, por lei jamais cumprido, é de R$ 33.763,00. Ques tal?

EX-PRESIDENTES
Pois, para piorar ainda mais a vida dos desgraçados -pagadores de impostos-, os bárbaros -Lula, Dilma e Fernando Henrique- ainda são agraciados com a aposentadoria conferida a ex-presidentes, o que lhes garante mais R$ 30.471,00 mensais.

TODOS ESQUERDOPATAS
Essa turma pesada de maus brasileiros, que além de injustos sao, todos, esquerdopatas, falam, e muito, em direitos iguais para todos. No entanto, o que mais fazem é subtrair dos cofres públicos algo como R$ 365 milhões todo o santo mês. Por ano, o saque fica em torno de R$ 4,38 bilhões. Que tal?

 

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  • Miguel Gustavo de Paiva Torres
  • 18 Outubro 2018

 

Na última semana de dezembro de 2002, época de festas natalinas e réveillon, coube a mim participar, em regime de plantão de fim de ano, ao lado de um colega embaixador, da recepção de uma equipe de transição do Partido dos Trabalhadores, que percorria a esplanada em busca de informações administrativas para a então iminente posse do novo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em primeiro de janeiro de 2003. Para nossa surpresa, verificamos que o interesse principal da equipe de transição, que visitava naquele dia o Itamaraty , era tão somente um assunto específico: quantos DAS ( Direção e Assessoramento Superior) e DAI ( Direção e Assessoramento Intermediário), referentes a cargos de chefias e assessoramentos, estavam disponíveis para preenchimento em nosso Departamento específico e no Ministério em geral.

Cuidadosamente, explicamos aos nossos interlocutores que todos os cargos do Ministério das Relações Exteriores, por lei, eram restritos aos membros do Serviço Exterior Brasileiro, admitidos por concursos públicos e , no caso específico dos diplomatas, com formação no Instituto Rio Branco, também matéria legal.

Foi evidente o desconforto da equipe visitante com a nossa resposta, mas prosseguiram tomando notas e com novas questões sobre o funcionamento da máquina administrativa do Ministério. Com o desenrolar do novo governo, alterações paulatinas passaram a ocorrer na área administrativa do MRE, uma das mais estranhas foi a de transportes internacionais das mudanças dos funcionários do Serviço Exterior, rubrica com importante impacto financeiro no minguado orçamento da Casa.

A tradição administrativa, até então, era a de que cada funcionário deveria convidar três empresas de mudanças para realizar orçamento, e o mais barato venceria, salvo em caso de comprovada inidoneidade ou ineficiência da empresa convidada , que deveria constar obrigatoriamente de cadastramento no Ministério. No exterior o processo era idêntico: o funcionário que estava em Tóquio, sendo removido para a Bolívia ou para o Brasil deveria convidar três empresas idôneas locais cadastradas no Consulado ou na Embaixada, para processo idêntico. As empresas vencedoras, aquelas de menor preço, eram responsáveis pelo recolhimento e entrega da mudança no sistema porta a porta.

Deixou de ser assim.

O Itamaraty passou a ter uma lista especifica de empresas brasileiras escolhidas para gerenciar as mudanças por regiões do mundo, e as contratações das mudanças entre postos no exterior e entre os postos e Brasília, a serem feitas exclusivamente por essas empresas brasileiras autorizadas, sem a possibilidade de escolha e decisão dos funcionários e dos postos. Assim, se você estava em Ulan Bator, na Mongólia, e precisava levar sua mudança para o Consulado em Santa Cruz de La Sierra, quem decidiria qual seria a empresa da Mongólia a adentrar sua residência e fazer a mudança passava a ser a empresa brasileira responsável por aquela região do mundo. No mínimo estranho. Esdrúxulo.

Aos poucos, por motivos de serviço, foram sendo requisitados funcionários de outros ministérios e se deu início, também, a um processo de terceirização nas atividades meio, com justificativa de economicidade. O Ministério homogêneo que garantiu excelência no serviço público por largo período da nossa história diplomática, passou a ter uma massa crescente e heterogênea de funcionários, circulando por salas e espaços depositários de documentos confidenciais e secretos.

Finalmente, para completar o quadro da suposta democratização administrativa do Ministério, seguiu-se um acelerado processo de promoções e remoções de funcionários do serviço exterior para postos chaves da diplomacia brasileira, e um afastamento progressivo de toda uma geração que dirigiu a política externa do Brasil até o início dessa nova fase administrativa. Os que permaneceram na ativa foram relegados a consulados confortáveis, para não reclamarem, a postos exóticos e distantes ou ao ostracismo permanente.

Caso emblemático ocorreu em El Salvador, onde embaixador exemplar, de fina competência e trato, passou a receber pedidos-ordens da primeira dama do país, uma senhora brasileira militante do Partido dos Trabalhadores, casada com o então Presidente socialista salvadorenho. Evidente que o digno representante brasileiro não aceitou essas interferências indevidas. Por este motivo, de não aceitar, sofreu brava reprimenda do nosso então Ministro das Relações Exteriores, sucessor de Celso Amorim, por não tratar o caso com "sensibilidade política".

O Embaixador foi retirado do Posto para ser enviado para Sri Lanka, onde certamente não necessitaria da sensibilidade política preconizada pelo chefe, entre aspas, da diplomacia brasileira. Claro que o competente embaixador não aceitou a decisão manu militaris de ser enviado para onde não deveria ser. E sobreviveu ao tsunami do aparelhamento ideológico da esplanada dos ministérios.


*Diplomata.
**Publicado originalmente no Diário do Poder

 

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  • Antonio Carroca
  • 16 Outubro 2018

 

O PT do Lula cresceu apontando culpados pelos problemas brasileiros.

Primeiro culpou José Sarney, depois Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Por mais de vinte anos, Lula e sua trupe gritaram que o Presidente da República e seu partido têm responsabilidade direta sobre tudo o que acontece no país.

Foi assim que o Partido dos Trabalhadores conquistou o apoio da imprensa, de artistas, dos "intelectuais", das representações estudantis, dos funcionários públicos, dos sindicatos e movimentos disso e daquilo.

Como solução, os petistas diziam que o Brasil precisava ser governado por pessoas abnegadas e comprometidas com os interesses dos mais pobres. Não por acaso, essas pessoas eram eles mesmos.

Com esse discurso, o PT chegou ao poder (do qual não queria nunca mais sair, por isso montou uma base aliada que custou a Petrobras, o BNDES, os Correios, o BB, a CEF e 2/3 do dinheiro dos cofres públicos).

Lula teve tudo para construir um país melhor, mais justo, fácil e seguro.

Teve apoio dentro e fora do Congresso.

Contava com aprovação popular na casa dos 80%.

Lula teve dinheiro público aos montes.

A arrecadação do governo federal duplicou em seu governo.
Nenhum outro presidente teve condições tão boas para fazer o melhor, fazer o certo, melhorar o Brasil.

Mas Lula não fez. Optou por chamar para junto de si todos os integrantes sujos da política nacional que ele tanto criticava, incluindo o PMDB. Lula Abraçou Sarney, Renan, Ciro, Maluf e Collor.

Repartiu a máquina pública entre (P)MDB e outros partidos aliados.

Para financiar suas campanhas eleitorais e seus militantes, o PT institucionalizou e expandiu a corrupção brasileira a níveis nunca vistos, segundo delatores da Lava Jato.
Lula é o PT. O PT é o Lula.

Foi Lula quem escolheu Dilma para sucedê-lo (uma analfabeta que nada entendia de nada, nem vereadora tinha sido antes).

Foi Lula que chamou Michel Temer para ser o vice dela.
Programas de crédito subsidiado pelo BNDES, emissão de títulos da dívida, Medidas Provisórias, nomeação de diretores em estatais...

Tudo isso depende da assinatura do Presidente da República.

O esquema entre Temer e a JBS foi iniciado e alimentado durante os governos Lula e Dilma.

Lula e Dilma fizeram campanha para Sérgio Cabral e Eduardo Paes.

Lula e Dilma nunca manifestaram interesse em acabar com o foro privilegiado, nem com os super salários e pensões que estão corroendo as contas públicas.

Foram Lula e Dilma que entupiram o estado com militantes e amigos deles.


Depois de 13 anos de PT, os jovens pobres continuam saindo das escolas mal sabendo escrever seus próprios nomes.

Cerca de 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais e 30% dos brasileiros nunca leram um único livro na vida.
O PT recebeu um país com taxa de evasão escolar de 7,6% e entregou com 16,5%.

Quando Lula foi eleito, 9,5% dos jovens não trabalhavam.
Quando Dilma saiu, esse percentual estava em 25,8%.

Depois de 13 anos de PT, metade dos domicílios brasileiros continuam sem acesso a rede de esgoto e 30% não têm acesso a água tratada.

Depois de 13 anos de PT, metade dos trabalhadores continua ganhando menos de um salário mínimo por mês, 20 milhões de pessoas ganham menos de R$ 140 e quase 9 milhões de pessoas encontram-se na extrema pobreza com renda abaixo de 70 reais.

Depois de 13 anos de PT, metade dos nordestinos dependem do Bolsa Família para viver.

Depois de 13 anos de PT, mais de 60 mil pessoas são assassinadas por ano e a taxa de elucidação de homicídios chega a ser de 4% no Pará.

Outros 21 estados sequer sabem quantos homicídios são elucidados anualmente.

Nunca antes na história deste país os bancos lucraram tanto quanto nos governos Lula e Dilma.

Ambev, Eike Batista e suas empresas, JBS, Lojas Riachuelo, OAS, Odebrecht e tantas outras grandes empresas foram infladas com dinheiro que o PT roubou dos brasileiros.

O PT roubou mais de R$ 70 bilhões dos funcionários da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, da Petrobrás e dos Correios.

Roubou mais de R$ 100 milhões de milhares de funcionários públicos.

Segundo o TCU, 578 mil contratos da Reforma Agrária e mais de 1,1 milhão de cadastros do Bolsa Família estavam irregulares.

Junto com outros partidos, o PT roubou R$ 42 bilhões da Petrobrás.

É preciso repetir: era o PT que ocupava a Presidência da República.

Era o PT que tinha o poder das decisões.

Antes de ser afastada, Dilma cortou bilhões de reais em verbas de todas as áreas.

Considerando que a esquerda acredita que uma pequena minoria da população enriquece às custas da pobreza da grande maioria, devemos concluir que o PT foi o maior vetor de desigualdade social da história desse país.

Pesquisa publicada pelo IPEA mostra que a única parcela da população que teve aumento de renda durante o segundo mandato de Dilma foi a dos super-ricos, pessoas com renda acima de R$ 150 mil por mês.

O restante da população teve redução na renda.

Os bancos, por exemplo, lucraram durante o governo Lula oito vezes mais do que no governo de FHC.

A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro só está acontecendo porque durante 13 anos o PT ignorou a pauta, mantendo as fronteiras escancaradas para a entrada de armas compradas por criminosos e incentivando a delinquência.

Durante os governos do PT, a criminalidade explodiu nas regiões mais pobres do Brasil.

No Amazonas, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins, o número de homicídios aumentou 100%.

No Rio Grande do Norte, o aumento foi de 232%.

Como se fosse pouca culpa, Lula e o PT ainda se dedicam a atacar a Lava Jato, o que beneficia dezenas de políticos corruptos, incluindo o tucano Aécio Neves.

O PT tem culpa até no colapso econômico da Venezuela, uma ditadura socialista que foi financiada com empréstimos bilionários do BNDES.

O Partido dos Trabalhadores não promoveu "avanços sociais".

Os "milhões de brasileiros tirados da pobreza" são um golpe de marketing baseado na mudança dos critérios de identificação de classes sociais, a partir do qual só pode ser considerado pobre o cidadão com renda abaixo de R$ 291 por mês..

Acima disso, a pessoa já é "classe média".

Resumindo, o PT promoveu apenas corrupção e desperdício de dinheiro dos pagadores de impostos em larga escala, resultando na maior recessão da história do país e afetando principalmente os mais pobres..

Portanto, pode gritar: sim, é tudo culpa do PT!

E para finalizar, se você, depois de tudo isso ainda defende o Lula e seus crimes, vai embora desse país, você é um inimigo da Pátria e não merece viver no Brasil!

OU UM INCURÁVEL ALIENADO!

 

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  • Gustavo Bertoche
  • 16 Outubro 2018

NOTA DO EDITOR: O autor escreve sobre o impossível mea culpa do petismo


Desculpem os amigos, mas não é de um "machismo", de uma "homofobia" ou de um "racismo" do brasileiro. A imensa maioria dos eleitores do candidato do PSL não é machista, racista, homofóbica nem defende a tortura. A maioria deles nem mesmo é bolsonarista.

O Bolsonaro surgiu daqui mesmo, do campo das esquerdas. Surgiu da nossa incapacidade de fazer a necessária autocrítica. Surgiu da recusa em conversar com o outro lado. Surgiu da insistência na ação estratégica em detrimento da ação comunicativa, o que nos levou a demonizar, sem tentar compreender, os que pensam e sentem de modo diferente.

É, inclusive, o que estamos fazendo agora. O meu Facebook e o meu WhatsApp estão cheios de ataques aos "fascistas", àqueles que têm "mãos cheias de sangue", que são "machistas", "homofóbicos", "racistas". Só que o eleitor médio do Bolsonaro não é nada disso nem se identifica com essas pechas. As mulheres votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Os negros votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Uma quantidade enorme de gays votou no Bolsonaro.

Amigos, estamos errando o alvo. O problema não é o eleitor do Bolsonaro. Somos nós, do grande campo das esquerdas.

O eleitor não votou no Bolsonaro PORQUE ele disse coisas detestáveis. Ele votou no Bolsonaro APESAR disso.

O voto no Bolsonaro, não nos iludamos, não foi o voto na direita: foi o voto anti-esquerda, foi o voto anti-sistema, foi o voto anti-corrupção. Na cabeça de muita gente (aqui e nos EUA, nas últimas eleições), o sistema, a corrupção e a esquerda estão ligados. O voto deles aqui foi o mesmo voto que elegeu o Trump lá. E os pecados da esquerda de lá são os pecados da esquerda daqui.

O Bolsonaro teve os votos que teve porque nós evitamos, a todo custo, olhar para os nossos erros e mudar a forma de fazer política. Ficamos presos a nomes intocáveis, mesmo quando demonstraram sua falibilidade. Adotamos o método mais podre de conquistar maioria no congresso e nas assembleias legislativas, por termos preferido o poder à virtude. Corrompemos a mídia com anúncios de empresas estatais até o ponto em que elas passaram a depender do Estado. E expulsamos, ou levamos ao ostracismo, todas as vozes críticas dentro da esquerda.

O que fizemos com o Cristóvão Buarque?
O que fizemos com o Gabeira?
O que fizemos com a Marina?
O que fizemos com o Hélio Bicudo?
O que fizemos com tantos outros menores do que eles?

Os que não concordavam com a nossa vaca sagrada, os que criticavam os métodos das cúpulas partidárias, foram calados ou tiveram que abandonar a esquerda para continuar tendo voz.

Enquanto isso, enganávamo-nos com os sucessos eleitorais, e nos tornamos um movimento da elite política. Perdemos a capacidade de nos comunicar com o povo, com as classes médias, com o cidadão que trabalha 10h por dia, e passamos a nos iludir com a crença na ideia de que toda mobilização popular deve ser estruturada de cima para baixo.

A própria decisão de lançar o Lula e o Haddad como candidatos mostra que não aprendemos nada com nossos erros - ou, o que é pior, que nem percebemos que estamos errando, e colocamos a culpa nos outros. Onde estão as convenções partidárias lindas dos anos 80? Onde estão as correntes e tendências lançando contra-pré-candidatos? Onde estão os debates internos? Quando foi que o partido passou a ter um dono?

Em suma: as esquerdas envelheceram, enriqueceram e se esqueceram de suas origens.

O que nos restou foi a criação de slogans que repetimos e repetimos até que passamos a acreditar neles. Só que esses slogans não pegam no povo, porque não correspondem ao que o povo vivencia. Não adianta chamar o eleitor do Bolsonaro de racista, quando esse eleitor é negro e decidiu que não vota nunca mais no PT. Não adianta falar que mulher não vota no Bolsonaro para a mulher que decidiu não votar no PT de jeito nenhum.

Não, amigos, o Brasil não tem 47% de machistas, homofóbicos e racistas. Nós chamarmos os eleitores do Bolsonaro disso tudo não vai resolver nada, porque o xingamento não vai pegar. O eleitor médio do cara não é nada disso. Ele só não quer mais que o país seja governado por um partido que tem um dono.

E não, não está havendo uma disputa entre barbárie e civilização. O bárbaro não disputa eleições. (Ah, o Hitler disputou etc. Você já leu o Mein Kampf? Eu já. Está tudo lá, já em 1925. Desculpe, amigo, mas piadas e frases imbecis NÃO SÃO o Mein Kampf. Onde está a sua capacidade hermenêutica?).

Está havendo uma onda Bolsonaro, mas poderia ser uma onda de qualquer outro candidato anti-PT. Eu suspeito que o Bolsonaro só surfa nessa onda sozinho porque é o mais antipetista de todos.

E a culpa dessa onda ter surgido é nossa, exclusivamente nossa. Não somente é nossa, como continuará sendo até que consigamos fazer uma verdadeira autocrítica e trazer de volta para nosso campo (e para os nossos partidos) uma prática verdadeiramente democrática, que é algo que perdemos há mais de vinte anos. Falamos tanto na defesa da democracia, mas não praticamos a democracia em nossa própria casa. Será que nós esquecemos o seu significado e transformamos também a democracia em um mero slogan político, em que o que é nosso é automaticamente democrático e o que é do outro é automaticamente fascista?

É hora de utilizar menos as vísceras e mais o cérebro, amigos. E slogans falam à bile, não à razão.

*O autor é Doutor em Filosofia e professor da Unig
**Publicado originalmente na Folha

 

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