ROMBO IMPAGÁVEL
Se no início do ano, antes de ser anunciada a existência da PANDEMIA, já era público e notório que as contas públicas fechariam 2020 com um DÉFICIT PRIMÁRIO na ordem de R$ 124 BILHÕES, como consta, aliás, na LEI ORÇAMENTÁRIA, hoje, faltando pouco menos de 3 meses para o encerramento do ano, por tudo que o governo se obrigou a fazer para segurar as pontas da nossa empobrecida economia, o ROMBO, para desespero geral, já está por volta de R$ 850 BILHÕES.
TETO DE GASTOS
Pois, embalados pela flagrante realidade das CONTAS PÚBLICAS, entre os economistas que vivem dando palpite (pouquíssimos são capazes de emitir opiniões corretas e bem fundamentadas) sobre a questão que envolve o TETO DE GASTOS é nítida a falta de consenso e/ou entendimento das medidas que o governo precisa tomar em defesa desta importante REGRA, que estabelece o limite da RESPONSABILIDADE FISCAL.
CHAMADA EXTRA
Ora, em bom e claro idioma português, é preciso entender de uma vez por todas que, da mesma forma como acontece em qualquer condomínio, o governo, que NÃO TEM PODER ALGUM para REDUZIR DESPESAS OBRIGATÓRIAS, notadamente DESPESAS COM FOLHAS DE PAGAMENTO DE SERVIDORES - ATIVOS E INATIVOS- , mesmo contrariando a vontade dos já esfolados PAGADORES DE IMPOSTOS, só tem uma saída: PROMOVER UMA CHAMADA EXTRA.
GRANDE CAUSA DO DESEQUILÍBRIO FISCAL
Volto a afirmar: - É uma perda de tempo e de saúde ficar gritando e jogando pedras nas surradas CONSEQUÊNCIAS, enquanto a GRANDE CAUSA do já crônico DESEQUILÍBRIO FISCAL do nosso país segue absolutamente intacto.
Aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não cansa de repetir que o DÉFICIT DAS CONTAS PÚBLICAS deriva:
1- da astronômica conta da PREVIDÊNCIA SOCIAL, cuja reforma só vai garantir algum refresco (não se trata de solução do problema) daqui a alguns anos;
2- da FOLHA DE PAGAMENTO DOS SERVIDORES -ATIVOS E INATIVOS- que pelos altos privilégios, tipo EMPREGO GARANTIDO E SALÁRIOS INCONCEBÍVIES, totalmente INTOCÁVEIS-; e,
3- o pagamento dos JUROS DA DÍVIDA (esta conta, felizmente, diminuiu muito graças à forte REDUÇÃO DA TAXA SELIC.
DESONERAÇÃO DA FOLHA
Além do grave problema do DÉFICIT PÚBLICO, que se agravou sobremaneira depois de anunciada a PANDEMIA, como informei no primeiro bloco deste editorial, que provocou um forte DESEMPREGO, o governo e todos aqueles que são dotados de um mínimo de discernimento sabem que os TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES IMPOSTAS ÀS FOLHA DE SALÁRIOS precisam ser DESONERADOS. Mesmo que alguns maus pensadores duvidem dos efeitos positivos da necessária DESONERAÇÃO, uma coisa é pra lá de certa e verdadeira: MANTENDO A ONERAÇÃO DAS FOLHAS, a TAXA DE DESEMPREGO não dará o refresco necessário.
RESUMO
Resumindo: gostem ou não, o fato é que a pesada CONTA precisa ser ADMINISTRADA. Esqueçam a possibilidade de PAGAR A CONTA. Agora é preciso pensar na forma como ela pode ser ROLADA. Para começar é preciso abrir o mercado para INVESTIMENTOS. Para tanto se faz necessário agilizar as PRIVATIZAÇÕES e aprovar de forma correta os MARCOS REGULATÓRIOS do Gás, do Petróleo, da Energia Elétrica, da Cabotagem, etc. Já no que diz respeito ao combate da GRANDE CAUSA, volto a repetir: sem uma NOVA CONSTITUIÇÃO, do tipo que retire de uma vez por todas as Cláusulas Pétreas, o povo vai continuar na sua saga de atacar implacavelmente as CONSEQUÊNCIAS.
Um amigo que se julga ateu ou não-católico telefonou-me outro dia, e logo me atirou pelos fios esta pergunta aflita: "Meu caro C. me diga uma coisa: a Igreja antigamente era ou não era uma coisa muito inteligente?"
Ia responder-lhe com ênfase: "Era!" Mas enquanto vacilei alguns segundos meu amigo desenvolveu a idéia: "Olhe aqui. Eu bem sei que antigamente existiam padres simplórios, freiras tapadíssimas, leigos ainda mais simplórios e tapados. A burrice não é novidade, é antiqüíssima. Garanto-lhe que ao lado do artista genial que pintava touros nas cavernas de Espanha, anunciando há quarenta mil anos a brava raça de toureiros, havia dois ou três idiotas a acharem mal feita a pintura.
— Mas, calavam-se, disse eu.
E logo o meu amigo uivou uma exclamação que trazia na composição harmônica de suas vibrações todas as explosões da alma: a alegria, a angústia, a aflição de convencer, a tristeza de um bem perdido e até a cólera...
— Pois é! CALAAAVAM-SE!!!
Contei-lhe então uma história de antigamente. Teria eu dezoito ou dezenove anos, e meu herói dezessete ou dezoito. Ele era o aluno repetente de uma escola qualquer, e eu seu "explicador" de matemática. Eu sentia a resistência tenaz que, dentro dele, se opunha às generalizações matemáticas. Ficava rubro, vexado e alagado de suor.
Recomeçava eu a explicar certo problema quando ele, numa decisão brusca, me deteve e suplicou:
— Explica devagar, devagarzinho, porque eu sou burro.
Na outra ponta do fio meu amigo de hoje explodiu:
— Que gênio! QUE GÊNIO!!
Era efetivamente genial aquele moço de antigamente. Não segui sua trajetória e não sei se ele hoje amadureceu e desabrochou aquele botão de sabedoria em flor, ou se virou idiota e portanto intelectual. O que pude garantir ao meu amigo não-católico é que antigamente a atitude média dos idiotas era tímida, modesta e respeitosa. E isto que se observava nas ruas, nas aulas particulares, nos salões de bilhar e nos clubes de xadrez, observava-se também na Igreja. De repente, em certo ângulo da história, mercê de algum gás novo na atmosfera, ou de algum fator ainda não deslindado, os idiotas amanheceram novos e confiantes. Já ouvi e li muitas vezes o termo "mutação" surrupiado das prateleiras da genética e aplicado à história, à Igreja, ao dogma e aos costumes. Dois ou três bispos franceses não sabem falar dez minutos sem usar o termo "um mundo em mutação".
Se mutação houve, estou inclinado a crer que foi naquele ponto a que atrás aludimos: os idiotas que antigamente se calavam estão hoje com a palavra, possuem hoje todos os meios de comunicação. O mundo é deles. Será genético o fenômeno e por conseguinte transmissível?
— "Receio muito", gemeu a voz de meu amigo, "você não leu os jornais da semana passada?"
— O quê? — perguntei com a aflição já engatilhada.
— A descoberta do capim!
Não tinha lido tão importante notícia, e o meu amigo explicou-me: um sábio, creio que dinamarquês, chegou à conclusão de que o capim é um dos melhores alimentos do homem. Meu amigo não me explicou que se tratava do Homo Sapiens, do Everlasting Man, de Chesterton, ou do Homo postconciliarius. Seja como for, dentro de quatro ou cinco anos teremos a humanidade de quatro e espalhada nos pastos.
* * *
Estas reflexões amaríssimas, como diria o "agregado" de Machado de Assis, vieram-me hoje ao espírito depois da leitura de La Documentation Catholique, e principalmente depois da casual leitura de um volume encontrado entre outros livros de vinte anos atrás: O personalismo, de Emmanuel Mounier.
Nunca lera nada desse personagem que fundou a revista Esprit e que fez escola. Abri a página 42 da tradução editada pela Livraria Duas Cidades e li: "O homem é um ser natural". Detenho-me nesta proposição seguida desta outra: "Será somente um ser natural?" E depois: "Será, inteiramente, um joguete da natureza?" Ora, é fácil de ver que nenhuma dessas proposições têm sentido, e nenhuma conexão se percebe entre elas. Ou então, se o leitor quiser ser mais exato, diremos que todo aquele fraseado joga com a polivalência te termos equívocos pretendendo com essa confusão transmitir ao desavisado adepto do "personalismo" um sentimento de profundidade ou de rara acuidade. O que quer dizer "um ser natural"? Dotado de natureza própria todos os seres o são, desde o átomo de hidrogênio até Deus. Tenho diante dos olhos o dorso de um livro de Garrigou-Lagrange: Dieu, son existance et sa nature. Logo, Deus é um ser natural. Se por natural se entende tudo o que pertence ao Universo criado, todos os seres, exceto o Incriado, serão seres naturais: a água, um gato, São Miguel Arcanjo. Se o termo natural se contrapõe a artificial, todos nós sabemos que um homem não é montado como um rádio de pilha, ou como uma máquina de costura. Logo, é um ser natural. Mas não se entende por que razão foi preciso fundar Esprit, lançar o progressismo, atirar-se nos braços do comunismo, comprometer Jacques Maritain, excitar tanta gente em torno de tão óbvia proposição.
Emmanuel Mounier já morreu coberto de glória há mais de dez anos. Podemos tranqüilamente dizer que era burro, apesar de tudo o que foi escrito em francês a seu respeito, como já podemos dizer tranqüilamente que Teilhard de Chardin era meio tantã. Dentro de cinqüenta anos ninguém mais saberá em que consistiu o "personalismo" de Mounier, ou o "phenomène humain" de Teilhard de Chardin. Essas obras foram o consolo e a volúpia de muitos leitores que, não entendendo nada do que liam, ao menos se aliviavam com este pensamento balsâmico: todos os livros são escritos para ninguém entender. E assim os idiotas do mundo tiveram um decênio ou dois de júbilo.
Passarão esses autores, mas se é verdadeira a descoberta das propriedades do capim, muitos novos autores surgirão a perguntar "se o homem é um ser natural". Já se houve o tropel... Mas — quem sabe — talvez o próprio capim, entre suas virtudes estudadas em Estocolmo ou Copenhague, entre duas Pornôs, traga uma espécie de calmante que nos devolva o genial tipo clássico do burro que se conhecia e que não fundava revistas católicas nem rasgava novos horizontes para a Igreja.
*Publicado originalmente em https://permanencia.org.br, verdadeira joalheria de textos desse grande autor
Desde o início da pandemia causada pelo vírus originário da China, governantes impuseram uma série de medidas restritivas a pretexto de garantir o distanciamento social entre as pessoas e, assim, supostamente evitar a propagação do vírus. Quando observo as pessoas seguindo à risca certas medidas, lembro-me daquela experiência com macacos.
Conta-se que certa vez cientistas reuniram meia dúzia de macacos em uma jaula. No centro, deixaram uma escada e, acima da escada, um cacho de bananas. Cada vez que um macaco subia a escada, os cientistas lançavam um jato de água fria nos demais que ficavam no chão. Em dado momento, os macacos perceberam a relação entre subir a escada e o banho de água fria, quando, então, começaram a bater no símio que insistisse em tentar alcançar as bananas pela escada. A partir disso, os cientistas substituíram um macaco veterano na experiência por um macaco novato. O novato correu para a escada sem titubear, e os demais logo lhe aplicaram uma boa surra. Mais um primata novato foi colocado no lugar de outro veterano e o mesmo aconteceu: o novato tentou subir as escadas e apanhou dos demais. Chegou ao ponto em que todos os macacos veteranos foram substituídos por novatos, os quais, mesmo sem nunca terem tomado uma ducha de água fria, continuavam batendo no macaco que tentasse subir a escada. Conclusão: se fosse possível perguntar aos macacos novos por que eles batiam em quem tentava subir a escada, provavelmente eles responderiam: “não sei, mas aqui sempre foi assim”.
Essa experiência nos ensina que, como seres humanos dotados de racionalidade, devemos sempre refletir sobre o que fazemos, a fim de entender o sentido das nossas ações. O medo de ser contaminado pela praga chinesa do novo coronavírus, em parte provocado pelo terror midiático, parece ter tolhido nossa capacidade de pensar, de modo que aceitamos irrefletidamente as medidas que foram empurradas goela abaixo pelas autoridades públicas. Os nossos governantes dizem que todas as medidas adotadas estão baseadas em evidências científicas. Será mesmo?
Um dia desses fui em uma loja comprar um casaco. Escolhi uma peça e dirigi-me ao provador para experimentar, quando a atendente me impediu dizendo que estava proibido o uso do provador (na hora, senti-me na pele dos macacos novatos da experiência científica, mas por sorte a atendente era gentil e não me bateu). Eu teria que comprar o casaco e provar em casa e, se não servisse, poderia devolvê-lo. Eu perguntei para a moça: se o casaco fosse meu, poderia tirar e vestir novamente no interior da loja? Ela respondeu sim, claro. Então, fui até o caixa e comprei o casaco. O atendente do caixa me entregou a sacola com o casaco, e eu perguntei para ter certeza: agora, o casaco é meu? Sim! Aí tirei o casaco da sacola e vesti na frente do caixa. Como o casaco não serviu direito, tirei o casaco, coloquei-o sobre o balcão e pedi para experimentar outro tamanho.
Faz algum sentido proibir as pessoas de usarem o provador da loja? Se o sujeito pode circular na loja, por que raios não pode usar especificamente o provador? Ele já está no interior da loja! Vai dizer que o vírus fica concentrado só no provador?
Exemplos assim não faltam. Outro dia hospedei-me em um hotel. No check-in, o atendente me alertou que precisava reservar um horário para tomar o café da manhã. Decerto faziam isso para evitar “aglomero” no salão, pensei comigo mesmo. Não! Era porque o café tinha que ser servido nas mesas, pois o município havia proibido o uso das mesas de buffet. Como servir o café nas mesas exigia certa quantidade de funcionários, era preciso limitar o número de hóspedes por horário. Para minha surpresa, nessa mesma cidade, os restaurantes não estavam proibidos de servir almoço na modalidade buffet.
Que tipo de ciência é essa que não vê risco no buffet dos restaurantes, mas enxerga o fim do mundo no buffet dos hotéis? Por acaso, o vírus chinês circula apenas em hotéis e não em restaurantes?
Em algumas cidades, os cidadãos foram obrigados a usar máscaras dentro dos carros, mesmo estando sozinhos e com os vidros fechados! Teve prefeito que impôs distanciamento social até para veículos, que não podiam ser estacionados lado a lado! Dizem os “cientistas” que é para evitar que as pessoas fiquem próximas quando entram e saem dos carros. Então, o sujeito sai de casa, vai até o shopping ou ao supermercado, cruza com dezenas de pessoas, senta na praça de alimentação e tira a máscara para comer, fica cara-a-cara com o caixa dos estabelecimentos e nada disso é considerado arriscado demais. Mas Deus o livre estacionar os veículos lado a lado!
Ora, não é preciso ser um cientista nem um prêmio Nobel para perceber que essas e outras tantas medidas não fazem o menor sentido. Mesmo assim as pessoas continuam cumprindo e algumas acham mesmo que todas essas restrições são absolutamente necessárias para salvar a humanidade do juízo final.
Se a pandemia não passa de um grande experimento social, como afirmam algumas teorias da conspiração, será interessante descobrir quando foi que abdicamos da nossa faculdade de pensar e refletir sobre as nossas ações. Talvez seja o caso de começar a perguntar para as pessoas por que estão usando máscaras. Quando elas começarem a responder “não sei, mas aqui sempre foi assim”, aí teremos uma boa pista do momento em que nos tornamos menos humanos e mais macacos.
Leandro G.M. Govinda é Promotor de Justiça em Santa Catarina. Formou-se em Direito na Universidade Federal de Santa Catarina e é especialista em Direito Tributário pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Foi pesquisador do CNPq, Auditor-Fiscal da Receita Federal e Procurador da Fazenda Nacional. Ex-Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e da Escola do Ministério Público. Escreveu artigos publicados na Revista Tributária e de Finanças Públicas, na Revista Fórum de Direito Tributário, na Revista dos Tribunais (RTSUL), na Revista Eletrônica “Jus Navigandi” e no portal “Meu Site Jurídico”.
06/10
UM ENCONTRO E TANTO
Cercado de grande expectativa, o jantar que o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, ofereceu na sua residência com o propósito de promover uma necessária reconciliação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi encerrado de forma alvissareira.
CACHIMBO DA PAZ
Na medida em que a fumaça branca do CACHIMBO DA PAZ tomava conta do ambiente festivo, Maia e Guedes tratavam de formalizar mútuos pedidos de desculpas pelos excessos verbais que ambos protagonizaram dias atrás e, ato contínuo, passaram a anunciar, com boa disposição, que esta UNIÃO precisa resultar em esforços capazes de vencer as sérias dificuldades que o Brasil está passando, muito agravadas depois do surgimento da PANDEMIA.DISPOSIÇÃO.
PARA AS REFORMAS
Aproveitando o bom momento de felicidade, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre se adiantaram dizendo que estão vivamente dispostos a acelerar a tramitação das necessárias REFORMAS - TRIBUTÁRIA E ADMINISTRATIVA -. Mais: se comprometeram em colocar em pauta, o mais breve possível, os importantes MARCOS REGULATÓRIOS do PETRÓLEO, do GÁS, da CABOTAGEM e do SETOR ELÉTRICO, que podem atrair INVESTIMENTOS VOLUMOSOS PARA O PAÍS.
OTIMISMO COM CAUSA
Mesmo que devemos deixar de lado a SANTA INGENUIDADE, resultante do excessivo OTIMISMO que normalmente toma conta de quem precisa acreditar em coisas do tipo -DESTA VEZ TUDO VAI DAR CERTO-, o fato é que houve, sim, uma MANIFESTAÇÃO DE VONTADE. Se ela vai prosperar, só o tempo e devida pressão podem dar a resposta. Entretanto, se não rolasse a DISPOSIÇÃO que foi selada com a reconciliação entre os Poderes Executivo e Legislativo, aí não teríamos nada a comemorar ou mesmo acreditar como possível.
TOMA LÁ DA CÁ
Pois, enquanto o CACHIMBO DA PAZ passava de mão em mão, os críticos do presidente, notadamente a MÍDIA ABUTRE, cuidavam de apontar que o presidente Jair Bolsonaro trai seus eleitores por aderir ao famoso - TOMA LÁ DA CÁ-. Ora, esses que agora criticam são os mesmos que sempre afirmaram que o grande defeito de Bolsonaro é não saber negociar. Mais: sempre disseram que o jeitão do presidente, de querer impor suas vontades no Congresso, é jogar fora a oportunidade de fazer um bom governo.
PREÇO A SER PAGO
Pois, na minha opinião, é mais do que necessário que Bolsonaro faça o máximo que tiver ao seu alcance para que as REFORMAS ACONTEÇAM. Antes que digam que o CUSTO DA NEGOCIAÇÃO pode ser alto sugiro que façam as contas. Vão perceber que a APROVAÇÃO DE BONS PROJETOS é infinitamente menor do que o eventual PREÇO que deve ser PAGO para a obtenção do resultado.
Na política, as virtudes, com muita facilidade, se transmudam em erros, defeitos e vícios. Devemos a Aristóteles, que escreveu sua obra no século III AC, a clássica definição das virtudes como o ponto intermediário de um continuum limitado por extremos, o principio da (mesotés), também conhecida como “justo meio”, ou, na linguagem mais comum, a afirmação usual de que “a virtude está no meio”.
Assim, a coragem é uma virtude situada no centro do continuum cujos extremos são a covardia e a temeridade. Todas as virtudes humanas, alcançáveis pelos homens comuns, ocupavam este posicionamento central entre dois extremos.
Para ele a virtude maior da política era pois a Prudência (Phronesis), pela qual o homem político ordenava sua conduta de forma a praticar a virtude – o meio entre os extremos.
Prudência para Aristóteles, e para os pensadores políticos, nada tem a ver com o nosso correspondente sinônimo, “cautela”.
Prudência é uma virtude de cúpula, ética e politicamente. Ela corresponderia a “sabedoria moral”, que é o fim último, o objetivo final do desenvolvimento moral. Prudência é, pois, sabedoria, isto é: conhecimento + experiência. Para ele, prudência é a virtude peculiar ao governante. As demais virtudes como a coragem, a justiça, a temperança, são compartilhadas por governantes e governados, ainda que de forma diferente.
Com o passar do tempo, o conceito de prudência desvirtuou-se, passando a ser associado a “cautela”, “cuidados”, “experiência”, (mas, neste contexto, dissociada de sabedoria), “conservadorismo”, “idade” etc.
Na política prática é, pois, muito comum confundir virtudes, e praticá-las sem levar em conta as regras da prudência política.
Um dos exemplos mais comuns, neste aspecto, é a confusão que existe na caracterização do atributo “coragem”. Assim, define-se uma pessoa corajosa como aquela que se dispõe a assumir grandes riscos, comprometer-se com metas e objetivos muito difíceis de alcançar, que não teme perigos, que se expõe a perdas pessoais e políticas de grande vulto, que não hesita em enfrentar forças muito maiores que as que possui.
Confundem, pois, coragem com voluntarismo emocional, imprudência e precipitação.
Na linguagem precisa de Gracián encontra-se esta observação de grande sabedoria:
“Os tolos não devem ser ousados, assim como os virtuosos não devem ser temerosos”
A frase de Gracián recoloca a questão da coragem na política nos seus devidos termos. A coragem é uma qualidade a serviço de uma causa, e subordinada a uma estratégia, e não uma explosão emocional.
A Prudência ensina que o verdadeiro político nunca perde o controle. Consegue isto porque é capaz de dominar seus sentimentos e paixões. São pessoas que não se permitem muita familiaridade consigo mesmos. São assim, capazes de negar-se gratificações que desejam, para não prejudicar os objetivos maiores.
Quando a paixão toma conta do pensamento, a razão vai para o exílio. A imaginação comandada pela paixão, salta à frente da realidade e torna as coisas mais sérias, ameaçadoras e graves do que realmente são. Ela imagina não apenas o que existe, mas também, o que pode vir a existir, passando logo para o estágio de considerá-lo já em existência.
A Prudência é o oposto do comportamento passional. Pessoas prudentes procuram evitar as atitudes extremas. Sobretudo naquelas situações verdadeiramente perigosas, em que nosso julgamento pode ficar suscetível a ser atraído por soluções extremas. Um perigo nos conduz a outro maior que o primeiro, e, nessa sequência chegamos à beira do desastre político ou pessoal.
Não esqueça nunca que ninguém comanda outros se não consegue comandar a si mesmo, e o líder relegitima sua condição quando, “em meio à loucura geral, permanece são e equilibrado”.
A verdadeira coragem está em evitar o perigo, o desastre, a perda, e não em vencê-los.
* PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA, PÓS-GRADUADO PELA UNIVERSIDADE PRINCETON, EX-REITOR DA UFRGS, É CRIADOR E DIRETOR DO SITE WWW.MUNDODAPOLITICA.COM
Quem estuda, profundamente, e vê a realidade como ela é, compreende que o capitalismo é um sistema com limitações. Sem dúvida. Creio que o capitalismo se transformará – para melhor, encontrando com todos atores econômicos e sociais - soluções para maior geração de oportunidades e distribuição de renda.
Infelizmente, ignorância e clichês reinam nos dias atuais. Alguns esquerdistas marxistas brasileiros, parecem não ter lido Marx ou, pelo menos, não entendido.
Marx tem a virtude, de alguma forma, de abdicar de filosofia prescritiva, centrando-se, inicialmente, na questão da razão. Não que a filosofia seja irrelevante, mas ele dizia que problemas filosóficos surgem das condições da vida real. Do real e do pensamento humano centrado na prática. A teoria deveria estar sempre unida à prática. O mérito, a meu juízo, refere-se a questão do ser consciente.
Entretanto, sua análise da derrocada do capitalismo, prescreve uma sociedade igual - e aqui a grande questão – sem adentrar e, principalmente, demonstrar como ela, de fato, funcionaria na prática (e bem).
O próprio Marx via o capitalismo como o sistema econômico mais revolucionário da história e, sem dúvida, aquele que se diferenciava dos que existiram anteriormente. Admitia que o capitalismo foi capaz de trazer abundância a humanidade.
Marx celebrava o espírito ambicioso do capitalismo industrial e suas conquistas na superação da miséria – e controle da natureza -, aumentando a produção econômica. Aclamava o rápido desenvolvimento da indústria, ciência, agricultura e telecomunicações.
Inclusive, via no consumo um "momento civilizatório essencial". Os capitalistas procuram meios para estimular os trabalhadores ao consumo, para dar-lhes produtos e inspira-los ao consumo de novas necessidades.
No entanto, alegava que o capitalismo é um sistema no qual proprietários dos meios de produção (burguesia) exploram a classe trabalhadora (proletariado). Evidente que, desse modo, Marx queria destruir o capitalismo. Este não organizaria a sociedade de acordo com as necessidades e desejos do homem. Queria substituí-lo por "alguma coisa" – que não demonstrou como seria - mas que se centraria no valor do ser humano.
Hoje, honestamente, não entendo se anticapitalistas, realmente veem bens – por exemplo iPhones e laptops – como itens que devem ser descartados, já que são perigosos e corruptores (inclusive da natureza), ou se são produtos maravilhosos que libertam os homens?
Os capitalistas buscam a destruição criativa, não porque sejam cruéis (há controvérsias, claro), mas porque é uma exigência da competição. Assim, o capitalismo está fadado à autodestruição, dizia Marx.
A revolução da classe trabalhadora levaria ao estágio final da história: o comunismo, que "é a solução para o enigma da história e se conhece como essa solução".
Para Marx, o Estado não é anterior à sociedade, mas o contrário. O Estado capitalista é a expressão de uma sociedade em que a desigualdade e as misérias sociais não podem ser superadas, senão na superação do próprio Estado. Marx afirmou, inclusive, que o Estado deveria limitar-se às atividades formais. Estado baseia-se na contradição entre vida pública e privada, entre interesses universais e particulares. Com a revolução comunista, não existiria, de fato, nenhum Estado, e sim o que chamou de comitê para administrar o comum.
Marx está entre os grandes fundadores autoritários de visões que interpretam o mundo em termos doutrinários, de princípio único (apaixonado). Tal autoritarismo destrói tudo que está em conflito com ele. Ele desejava que indivíduos fossem livres do controle de forças externas. A revolução direcionaria à verdadeira liberdade; autodomínio e autoconhecimento.
Os jovens esquerdistas de hoje, a exemplo do pregador, são revolucionários por discordarem totalmente de tudo.
É surpreendente que até jovens mais abastados, adorem comprar as maravilhas moderno-capitalistas, contudo, criticam a produção que corrompe a natureza, condenam os exploradores da direita, suportados pelo esforço do trabalho e suor de seus pais. Alardeiam: "o capitalismo brasileiro não funciona", tem-se uma exploração da elite sobre os trabalhadores e – segundo minha interpretação, de acordo com esses – talvez até, de forma romantizada, devêssemos retornar a era pré-capitalista, do natural, da produção local de alimentos (eco-feudalistas "modernos")... Contudo, como Marx, apontam "o problema", indicando caminho retórico, sem demonstrar como esse novo sistema funcionaria; ironicamente, na prática; na vida real.
Como pontuou Marx, "a razão sempre existiu, mas nem sempre de forma razoável". Seguramente! A revolução comunista é profetizada e embasada em visão de mundo teórica, e para ele, literalmente, a "teoria também se torna uma força material" que se apoderou das massas, necessária à sua reversão. Assim se alcançaria emancipação do indivíduo. Força material deveria ser derrubada pela força material. Marx afirmava que as condições da vida real só poderiam ser resolvidas, refazendo-se o mundo.
Acredito que o verdadeiro capitalismo é prodigiosamente produtivo. Marx e seus seguidores brasileiros acreditam no interesse coletivo e na abolição dos interesses privados. Por isso, aqui, são adeptos de um Estado grande e benfeitor; de pessoas que trabalhem em prol do coletivo. Apregoam solidariedade e compaixão para com os outros. Resulta em sistema centralizador, supostamente promotor de igualdade e liberdade.
Mas será que a real liberdade não advém do esforço individual, do espírito e ação empreendedora e inovadora, por meio de escolhas racionais e individuais, na busca de uma vida melhor? (Ou jovens faltaram as aulas sobre Oliver Williamson, ou esse foi escondido!).
Se for isso, o Estado deve incentivar a liberdade econômica, criando ambiente institucional e de negócios favorável, impulsionador de emprego e renda. Evidente, deve prover educação, saúde e segurança de qualidade aos cidadãos! Não pagamos - muitos - impostos?
O espírito do capitalismo é um estado de inquietação perpétuo que deve motivar individualmente e, aí sim, repercutir no coletivo.
Marx comemorou esse espírito e o consumo. A fórmula do sucesso não é eliminar o consumo, mas gerar oportunidades para que todos possam fazê-lo!
Esquerdistas brasileiros parecem-me desejar reproduzir o ludismo dos primórdios da Revolução Industrial. Lá, trabalhadores destruíam máquinas - o progresso tecnológico - como forma de protesto e temor pela perda de empregos.
Pela leitura da realidade objetiva, irrefutável, não é o sistema capitalista que conduz ao desemprego e a miséria, mas comprovadamente, o fundamentalismo “religioso” do coletivismo e do estatismo.