• Alexandre Costa
  • 27 Setembro 2020

 

Com a crise do coronavírus, estamos vivenciando o resultado de todo um processo que, desde o início, teve a ambição de controlar a opinião pública e vigiar o comportamento das pessoas.

"Ser banido significa ir para longe, muito longe. Para um lugar onde as pessoas se tornaram conscientes demais." (Aldous Huxley)

No imaginário popular, a palavra totalitarismo costuma ser relacionada a regimes ditatoriais em que a liberdade só existe dentro de parâmetros muito restritos e, mesmo assim, apenas para aqueles que contribuem de alguma forma para a manutenção do poder. Regimes como o nazismo, o socialismo, o comunismo e o fascismo sempre apresentaram de forma clara e evidente as restrições aos direitos naturais e as limitações das liberdades individuais. A essência do totalitarismo, no entanto, pode existir em um simulacro de democracia, sem um aparato ostensivo de repressão, desde que use uma camuflagem cientificista revestida de boas intenções.

A liberdade de expressão, uma das bases da verdadeira democracia, sempre foi o maior obstáculo ao totalitarismo, e exatamente por isso costuma ser o alvo primordial dos totalitários, sejam aqueles que pretendem subjugar um povo colocando uma bota em seu pescoço, sejam os que se disfarçam de benfeitores e se apoiam em eufemismos para impor as regras que a população deve seguir. Em ambos os casos a mentalidade totalitária dá início à sua escalada criando limites para a livre manifestação. Melhor dizendo, omitir informações destoantes do discurso oficial e censurar opiniões contrárias são sempre os primeiros passos para o totalitarismo.

Os primeiros meses de 2020 entrarão para a história como um período sombrio. Não apenas pela pandemia que assolou o mundo e proporcionou uma crise generalizada, mas também porque mostrou que a mentalidade totalitária está enraizada em algumas camadas da sociedade. Desde o início do ano, intelectuais, artistas e jornalistas do mainstream desonraram suas posições ao se aliarem ao que existe de pior na política com o intuito de defender posições ideológicas ou partidárias.

Que políticos ambiciosos e burocratas busquem calar as vozes divergentes com o objetivo de ampliar o alcance do seu poder, nunca será uma surpresa. Que multidões de pessoas desinformadas passem não apenas a aceitar, mas a comemorar iniciativas que esmaguem seus direitos para controlar suas atitudes, também não é nenhuma novidade, pois o medo, instrumentalizado por objetivos inconfessáveis, tem a capacidade de alterar percepções e ativar um senso de sobrevivência que muitas vezes cega a análise dos desavisados. O que pode parecer surpreendente é ver a chamada classe pensante ajoelhar diante de atitudes totalitárias e, mais ainda, colaborar com elas. Foi usada a expressão "pode parecer" porque na verdade basta um recuo para entender, de fato, o que está acontecendo.

A pandemia chegou ao Brasil durante um governo odiado por essa casta acostumada a privilégios e ao protagonismo no debate público. Portanto, pretendem aproveitar tudo que possa prejudicar ou desgastar a administração atual, na esperança de um retorno àquilo que consideram "normalidade". Para alcançar esse objetivo, estão dispostos a abandonar os princípios democráticos que juram defender e a distorcer os parâmetros que definem o que vem a ser liberdade.

Na academia, essa omissão diante das afrontas aos direitos individuais que estão sendo cometidas em nome de uma suposta proteção contra o coronavírus são efeitos das décadas de aparelhamento que vem ocorrendo nas universidades. Muitos professores têm funcionado como instrumentos de formação ideológica, construindo as bases da hegemonia cultural conforme apregoava Antonio Gramsci. Como já se passaram algumas gerações desde o início do funcionamento desse mecanismo, os atuais agentes muitas vezes nem percebem que estão apenas repercutindo um molde cuja origem desconhecem, simplesmente porque lecionam aquilo que aprenderam.

Entre os artistas essa visão embaçada do que vem a ser democracia também pode ser observada. Além da óbvia questão financeira, consequência da reestruturação das leis de incentivos — a fonte que jorrava recursos para artistas engajados secou ou está apenas gotejando —, também existe um aspecto de ordem psicológica, devido a uma particularidade presente no imaginário da classe artística moderna, especialmente a brasileira. Acostumados a associar arte com subversão dos valores, acreditam que seu trabalho se resume a causar impacto e escândalo naquilo que eles imaginam ser o "conservadorismo". Pensando estar colaborando para o que chamam de "progressismo" de forma genérica, colaboram com o pensamento totalitário do establishment camuflado de insurgente, ou seja, respondem a estímulos de forma mecânica enquanto pensam estar agindo espontaneamente.

A grande imprensa, desesperada diante da perda de credibilidade e do protagonismo das redes sociais, carente das verbas de propaganda estatal que reduziram significativamente no governo atual, tem colaborado com o avanço dos objetivos totalitários preconizados pelos burocratas da velha política, inclusive e principalmente com a censura.

Como ficou evidente com o apoio incondicional à CPMI das Fake News, que mostrou-se um preparatório para que censores possam agir em nome de uma fraude descarada, a mídia, ou melhor, a parte visível do establishment, abandonou o disfarce que a escondeu durante muito tempo. A crise de 2020, que teve origem em uma doença e se alastrou por várias outras áreas da sociedade, também serviu para trazer à luz a verdadeira função da grande imprensa. Ao invés de se portar como defensora incondicional da liberdade de expressão, como repete demagogicamente em seu discurso oficial, a mídia brasileira está atuando como promotora do totalitarismo, ao relativizar e até mesmo justificar atos de censura que estão acontecendo às centenas, talvez milhares. Para qualquer um que esteja um pouco mais atento, foi descortinado o objetivo desta aparente incompatibilidade.

Por outro lado, embora tenham proporcionado uma oportunidade para que a voz popular tivesse maior alcance, as redes sociais foram paulatinamente fechando seus espaços para discursos e pensamentos discordantes daqueles adotados pelo establishment. Nos últimos anos esse processo foi ganhando corpo, com as empresas responsáveis pelos sites mais populares do mundo se aliando aos grandes órgãos de imprensa e seus satélites, as agências de checagem e os institutos de pesquisa. Junto a isso, conceitos como "pós-verdade[1]", "fatos alternativos" e outras formas de relativismo deixaram o ambiente acadêmico e a pauta de reuniões como as do Clube Bilderberg[2], ganharam repercussão e passaram a funcionar como argumentos para justificar a censura ou qualquer outra forma de restrição às liberdades. A própria disseminação da expressão fake news, que ganhou força com as acusações de Donald Trump aos conglomerados da mídia americana, agora passou a ser usada para acusar aqueles que discordam dos posicionamentos de um suposto consenso. Apesar de quebrar a hegemonia dos jornalistas, portanto, os recentes meios de comunicação representados pelas redes sociais passaram a ocupar a posição de novos censores, de novos mecanismos de controle da opinião pública. Mas para entender melhor como chegamos a esta nova forma de censura, que alcançou o seu ápice em 2020, com o Google confirmando a manipulação de pesquisas em seus algoritmos e empresas como Twitter e Facebook censurando um Chefe de Estado[3] em nome de uma suposta proteção à saúde coletiva, precisaremos fazer um novo recuo.

A Internet surgiu como um projeto do deep state americano, com o nome de Arpanet. Faziam parte desta iniciativa da ARPA[4], outros órgãos militares, os serviços de inteligência, corporações ligadas aos mercados de telecomunicações, armamentos, logística e alta tecnologia, além de cientistas e pesquisadores de Stanford, Massachusetts Institute of Technology (MIT) e outras universidades, pensadores de think tanks globalistas como Council on Foreign Relations (CFR) e Chatham House, e de algumas fundações bilionárias que financiaram projetos paralelos com interesse no conteúdo dessas ações. Inicialmente a idéia era criar uma forma de comunicação segura que interligasse os sistemas de informação destes players, e também os vários agentes geopolíticos comprometidos com o fortalecimento de um ambiente de governança global. Como o objetivo era proporcionar segurança aos dados que circulariam por essa rede, a "encomenda" deixou claro um ponto importante, que os protocolos exigissem o controle e o armazenamento sobre o fluxo destes dados, o que definiria a evolução da sua sucessora, a World Wide Web, como um depósito de informações que guarda todos os movimentos de todos os usuários, o tempo todo.

Obedecendo aos enunciados da Lei de Moore[5] e da Lei de Metcalfe[6], a década de 1990 foi responsável pela expansão radical da Internet e pelo aparecimento das tecnologias que iriam organizar o ambiente até então caótico da rede. Entre outras grandes inovações, a idéia de classificação baseada em um ranking que levava em conta o número de citações foi decisiva para permitir o manuseio dos dados coletados, tarefa que era pouco eficiente no início da operação. Essa idéia era a essência de uma tese de doutorado[7] defendida por dois jovens em 1998, e que logo em seguida formariam uma empresa chamada Google. Com os algoritmos de relevância, a rede permitiu o manuseio dos dados que antes pareciam dispersos e incompreensíveis e atiçou a mentalidade daqueles que desejavam controlar o fluxo de informações, dando corpo e funcionalidade a um projeto diabólico criado um ano antes pelo FBI, com apoio dos mesmos pioneiros da Arpanet/Internet, o Omnivore, mais tarde renomeado com o nome que ficou famoso, Carnivore, um misto de software espião, catálogo digital e classificador baseado em comportamento online. Após inúmeras controvérsias a tentativa foi oficialmente rejeitada pelo congresso americano, mas deu origem a outros projetos igualmente totalitários como DCS1000[8], NarusInsight[9], PRISM[10], JFCOM-9[11] etc.

Com a era da chamada Internet 2.0[12] ocorre uma mudança profunda na essência da Internet, com novas formas de interface, onde as informações passam a ser disponibilizadas pelos próprios usuários[13]. Surge nesse momento o conceito de redes sociais, facilitando o acesso aos dados privados sem necessidade de invasões clandestinas ou ilegais. Dispondo das possibilidades de armazenamento organizado, rastreio e classificação de montanhas de dados simultâneos, não tardou para que a mente totalitária mostrasse profundo interesse pelas novas ferramentas de vigilância e controle. Esse princípio de Consumer-Generated Media[14] prosperou e avançou com facilidade no mundo todo, até mesmo em países com rígido controle sobre a liberdade de expressão, pois tem a particularidade de acesso pontual e imediato a todo conteúdo dos usuários, além de permitir censura automática por tema, autor ou palavra-chave. Exatamente por esses motivos uma ditadura como a China, por exemplo, que sempre desprezou e oprimiu a opinião pública, vem investindo rios de dinheiro em tecnologia da informação, em softwares, hardwares e aplicativos de comunicação online, de localização e de controle, como o "Sistema de Crédito Social[15]", que pontua, pune ou oferece "benefícios" aos chineses de acordo com normas específicas de comportamento, cruzando várias fontes de dados e utilizando inclusive o GPS e o reconhecimento facial. Assim a Internet se tornou a "alma" dos projetos totalitários e principal ferramenta de implantação da Nova Ordem Mundial.

De volta ao presente, estamos vivenciando o resultado de todo um processo que, desde o início, teve a ambição de controlar a opinião pública e vigiar o comportamento das pessoas. A prova de que esse processo está acelerando são as inúmeras ações totalitárias que estão ocorrendo diariamente, sem resistência e em número cada vez maior nas redes sociais, nos buscadores e nos aplicativos. Tudo está ficando cada vez mais restrito, até mesmo as mensagens[16] privadas estão limitadas e controladas, e a crise atual está funcionando como combustível para o avanço do totalitarismo. Estas empresas se tornaram onipresentes, seu poder ultrapassa qualquer fronteira, criaram dependência nos hábitos e nos negócios e já dominam a maior fatia da publicidade mundial.

Se hoje vemos corporações do Vale do Silício utilizando a pandemia do coronavírus para classificar a relevância de resultados buscados, promover informações específicas e deletar notícias, banir opiniões ou mesmo vaporizar[17] perfis em desacordo com as recomendações estatais ou de organismos internacionais como OMS ou ONU, devemos perceber também que entregamos nossa soberania, nossa liberdade e nossa privacidade a um conjunto de empresas e burocratas sem qualquer compromisso com os nossos valores, um grupo restrito de bilionários e poderosos comprometidos até a medula com um projeto totalitário global.

Caso não ocorra um imediato levante de resistência contra as arbitrariedades que já estão se tornando cotidianas, seja por burocratas de todas as instâncias governamentais, inclusive internacionais, seja pelas empresas que controlam a circulação de informações, teremos implantações definitivas, mudanças permanentes de comportamento e dificilmente conseguiremos retomar as rédeas da nossa vida. Então, de certa forma, estaremos experimentando, na prática, as consequências de desprezar a verdade contida na famosa frase de Thomas Jefferson: "O preço da liberdade é a eterna vigilância".

Em 14 de Abril de 2020
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— Alexandre Costa é autor de "Introdução à Nova Ordem Mundial", "Bem-vindo ao Hospício", "O Brasil e a Nova Ordem Mundial", "Fazendo Livros" e "O Novato".
Site: www.escritoralexandrecosta.com.br
Canal: www.youtube.com/c/AlexandreCosta
[1] Word of the Year, Oxford, 2016.
[2] "O mundo pós-verdade" foi tema de uma reunião dos Bilderberg, em 2018, na Itália.
[3] Nos dias 29 e 30/03/2020, Twitter e Facebook removeram postagens do Presidente Jair Bolsonaro.
[4] ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency Network, mais tarde renomeada para DARPA, a agência atualmente responsável pelo desenvolvimento de robôs militares.
[5] O poder de processamento dos computadores deve dobrar a cada dois anos - Gordon Earle Moore
[6] "O valor de um sistema de comunicação cresce na razão do quadrado do número de usuários do sistema" - Robert Metcalfe.
[7] "Anatomy of a Large-Scale Hypertextual Web Search Engine" – Título da tese defendida por Sergey Brin e Larry Page.
[8] Digital Collection System.
[9] Projeto de cibervigilância da Narus, uma das pioneiras do Big Data.
[10] Programa da Special Source Operations, da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), criado em 2007 para coletar dados dos usuários da Internet, em parceria com grandes empresas de tecnologia como Apple, Microsoft, Google, Facebook e Yahoo.
[11] Simulador que reúne dados coletados de inúmeras fontes com o objetivo de criar um modelo global e prever tendências culturais e geopolíticas. Uma parceria da Simulex com a Lockheed Martin.
[12] Não existe consenso sobre esse termo, usado por Tim O'Reilly em 2004, mas acredito que ele serve para simples identificação.
[13] "O que tentamos fazer no Facebook foi mapear todas as relações que as pessoas têm" - Mark Elliot Zuckerberg
[14] Termo utilizado no livro "On the Way to the Web: The Secret History of the Internet and Its Founders", de Michael A. Banks.
[15] O Sistema de Crédito Social da China já existe desde 2018.
[16] Segundo informações do WhatsApp, o aplicativo pretende limitar ainda mais o reenvio de mensagens a vários destinatários. A restrição teve início em 2018, após pressão de agências de checagem e outros censores disfarçados de democratas.
[17] Em 1984, de George Orwell, os indivíduos que se indispunham com o Grande Irmão desapareciam e na Novilíngua eram chamados de "vaporizados".

 

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  • Cel Jorge Baptista Ribeiro
  • 26 Setembro 2020

 


Não é novidade que a principal condição para uma exitosa propaganda é a infatigável repetição das ideias força que se destinam a persuadir, vender uma boa imagem ou denegrir e destruir reputações de determinado produto ou alvo. E não surgem e martelam, por obra e graça do Divino Espírito Santo ou despacho de Pai ou Mãe de Santo... Tem mão de gente diabólica e destrutiva! E bem definido alvo!

Não nos custa lembrar a famosa e ladina palavra do propagandista de Hitler, citada numa sua biografia. Goebbels afirmava: "A Igreja Católica mantém-se porque repete a mesma coisa há dois mil anos”. E aduzia: “o Estado nacional-socialista deve agir analogamente". Ipso facto suas células de agitação e propaganda e seus veículos de propaganda adversa seguem na mesma trilha. Complementando, recomendava: “a repetição pura e simples, entretanto, logo suscitaria o tédio. Trata-se, por conseguinte, ao insistir, obstinadamente, sobre o tema central, de apresentá-lo sob diversos aspectos, variadas formas, por variados meios”.

Lembro que na arte da guerra, multiplicar e diversificar os meios de ataque é o que mais preocupações e dissabores causa e intranquiliza o inimigo. Mas o cerne, o núcleo assassino, “a bala de prata” da propaganda deve limitar-se a pequeno número de ideias que devem ser repetidas, incansavelmente. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”!!!. O intento sedutor pode ser apresentado sob diversas formas, entretanto, o núcleo, o tema central da propaganda, deverá estar sempre presente, mesmo na diversidade das formas. As possíveis alterações, porventura, nela introduzidas não devem jamais prejudicar o fundo destrutivo ou edificante.

Toda essa tramoia, não é uma invenção recente, mas, a sistematização de um processo já conhecido desde a Idade Média. O famoso tribuno romano, o velho Senador Catão, por exemplo, terminava todas as suas arengas pela mesma exclamação: "Delenda Carthago"!! Mais tarde, o médico, jornalista e político francês Georges Benjamim Clemenceau que foi Primeiro Ministro da França, durante a Primeira Guerra Mundial falava no mesmo tom. Em todos os seus discursos não faltava o bordão mantenedor da alma do objetivo a alcançar : "Je fais la guerre!".

A qualidade fundamental de toda campanha de propaganda é a permanência do tema central, aliado a propaganda política, muitas vezes induzida na forma subliminar. Não estou inventando moda, apenas desejando, nestas linhas, lembrar que, também, desde o “QUE FAZER” de Lenine, os partidos comunistas, seus disfarces, sob as máscaras das suas organizações de frente ou de fachada e seus agentes de agitação e propaganda, nos proporcionam um modelo semelhante, nessa matéria, pela obstinação com que repetem um mesmo tema, mesmo alvo, tratando-o sob todos os ângulos possíveis e imaginados.

A orquestração de dado assunto consiste na sua repetição por todos os órgãos de propaganda, nas formas adaptadas aos diversos públicos e é tão variada quanto possível. "Para um público diferente, sempre um matiz, uma incitação diferente", já prescrevia uma das diretivas de Goebbels.

Tal como em uma campanha militar, cada um combate com suas próprias armas no setor que lhe é designado. A campanha antissemita dos nazistas, por exemplo, foi conduzida simultaneamente pelos jornais, que "informavam" e polemizavam, pelas revistas, que publicavam “sábios artigos” sobre a noção de raça pura e impura, pelo cinema, que produzia filmes. Quando os nazistas tiveram em mãos os meios de agir sobre toda a opinião europeia, a sua técnica de orquestração atingiu sua máxima amplitude.

Então, semanalmente, aparecia no “Das Reich” um editorial do Dr. Goebbels, logo adaptado e divulgado em várias línguas e linguagens, em registros diferentes, com as correções e ajustagens, demandadas pelas diversas mentalidades nacionais, pelos jornais e pelo rádio alemão, pelo jornais da Frente de fachada e pela imprensa de todos os países ocupados. Os partidos comunistas, à imagem e semelhança, na sua maneira, também praticam persistentes orquestrações.

Os temas fundamentais, “a bola da vez”, regularmente fixada pelos partidos eou na pauta diária da editoria das redações, dos aparelhados órgãos da imprensa, escrita, falada e televisiva buscam alcançar quase todas as classes sociais. É assim que a BANDA TOCA!
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 26 Setembro 2020

22/09/2020

ATIVISMO JUDICIAL
Ontem, movidos pela conhecida convicção que é reservada da maneira incondicional aos militantes da esquerda e pelo já escancarado ativismo judicial, os ministros do STF, Edson Fachin (relator da ação), Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, em SESSÃO VIRTUAL, votaram contra a venda de refinarias da Petrobras sem o aval do Legislativo.
 


JULGAMENTO
O julgamento da ação que foi encaminhada pelas mesas diretoras da Câmara e do Senado deveria ser concluído até o dia 25. Entretanto, o atual presidente do STF, Luiz Fux, achou por bem que o JULGAMENTO deixe de ser VIRTUAL e passe a ser PRESENCIAL, ainda que não tenha definido data para tanto.
 


PRAZO DE VALIDADE
Entretanto, a considerar os votos já proferidos por três ministros, Edison Fachin, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, é quase certo que o pleno do STF resolva exigir que a VENDA DE ESTATAIS SUBSIDIÁRIAS, como é o caso das REFINARIAS DA PETROBRAS, a exemplo do que já acontece com as ESTATAIS-MÃES, também deva ser AUTORIZADA pelo Poder Legislativo.

 

PRAZO DE VALIDADE VENCIDO
Como se vê, mais uma vez o STF entra em cena para mostrar que decisões anteriormente tomadas, como é o caso da LIBERAÇÃO DA VENDA DE SUBSIDIÁRIAS SEM AVAL DO LEGISLATIVO, dependendo de quem está à frente do Poder Executivo o prazo de validade da aprovação é imediatamente encerrado e/ou dado como vencido. Da mesma forma, aliás, como aconteceu com a PRISÃO EM PRIMEIRA E SEGUNDA INSTÂNCIA.


REELEIÇÃO
Com este claro ATIVISMO JUDICIAL, nem mesmo o pouco que resta de bom ou razoável na nossa lamentável Constituição Federal é respeitado. Já o que está ruim ou péssimo, o ATIVISMO JUDICIAL entra em cena para tornar ainda pior. O Poder Legislativo, para não deixar por menos, e contando com a boa vontade dos ATIVISTAS já está tratando de burlar a Constituição no que diz respeito a possibilidade de REELEIÇÃO dos presidentes Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Que tal?

 

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  • Stephen Kanitz
  • 25 Setembro 2020


22/09/2020


Ambos esses governos são de transição, ou se quiserem de arrumação, geridos por outsiders políticos, levados ao poder por uma enorme insatisfação popular.

Frutos de uma revolta generalizada a essa incompetência administrativa dos governos anteriores, pela falta de auditoria pública, pela falta de crescimento, pela falta de atuação política e legislativa do Congresso.

Ambos, Trump e Bolsonaro, são outsiders do “esquema” político. Portanto, não são forças perenes que ficarão para “sempre”, como temem alguns.

Trump e Bolsonaro foram eleitos para arrumarem a casa, para fazerem essa limpeza necessária na nossa classe política tão corrupta quanto a Odebrecht, dessa imprensa tão desonesta quanto Judas etc.

Por isso, eles têm tantos inimigos e desafetos no estamento que aparelhou o Estado, e ambos lutam praticamente sozinhos, tal a mamata instalada.

Em administração, tudo isso também acontece nas melhores empresas.

De tempos em tempos, os acionistas colocam no poder um disruptor, um depurador, um carrasco, um “hatchet man”, para fazer o jogo sujo e arrumar a casa aos seus princípios originais.

Em vez de Trump e Bolsonaro contratamos consultores também de fora, como o Vicente Falconi e o Cláudio Galeazzi, que despedem apadrinhados, trocam o diretor financeiro e o diretor de compras, mandam a família dar um giro pela Europa, despedem 20% dos parasitas existentes.

Nem Trump, Bolsonaro nem Galeazzi sao forças políticas permanentes, tenham certeza disso.

Ninguém aguenta reformas constantes nem Trump nem Bolsonaro nem nós.

São de fato grossos, desagradáveis, belicosos, rudes como teriam que ser nessa situação.

Mas o que 90% da população indaga é por que a Esquerda boicota tão ferozmente Trump e Bolsonaro que somente querem arrumar o desastre de governos passados e nada mais.

Ou será que a Esquerda no fundo é a Quarta Classe que quer “conservar” seus privilégios, custe o que custar?

Trump e Bolsonaro estariam fazendo um bem arrumando e saneando o país para o futuro que poderá ser deles.

A Esquerda brasileira e a americana estão dando um tiro no pé sendo contra as mudanças necessárias.

Esse também é o erro de vocês liberais, comunitários, conservadores e os de Direita que não apoiam Trump e Bolsonaro, e acham que são políticos medíocres sem capacidade de governar.

Eles são os “hatchet men” que o Brasil e os EEUU precisam de tempos e tempos.

Como Falconi e Galeazzi irão concordar comigo, o trabalho deles é somente esse, não são do tipo de liderança que se quer para sempre.

Conheço Cláudio Galeazzi pessoalmente, e ele é uma pessoa boa, generosa, mas que faz o papel de malvado.

Trump, Bolsonaro e Galeazzi fazem o jogo duro que precisa ser feito, corajosos que são.

Covardes somos nós nem todos os apoiamos com a veemência necessária.

Se você é de Esquerda ou de Direita, deveria ficar muito feliz que finalmente temos alguém tentando tornar esse país governável novamente com mais competência e eficiência.

* ** Publicado originalmente em https://blog.kanitz.com.br/trump-e-bolsonaro/

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 19 Setembro 2020


RODA VIVA
Na segunda-feira à noite, 14, levado pela minha até então grande admiração que nutria pelo ex-diretor geral da Globo e fundador da TV Vanguarda, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como BONI, me sentei em frente do meu aparelho de televisão para assistir o programa Roda Viva, da TV Cultura.


BONI ESTÁ MUITO DOENTE
Pois, na medida em que ia respondendo às mais diversas perguntas de seus interlocutores, Boni deu a entender que está muito doente. Mais precisamente, quando disse que "o governo federal (leia-se o presidente Jair Bolsonaro) CONFRONTA COM A DEMOCRACIA", aí não tive dúvida: Boni, certamente, está sofrendo de ESCLEROSE MÚLTIPLA, uma doença neurológica que causa sérias lesões no cérebro e na medula.


PILAR DE DEFESA DA DEMOCRACIA
Ao ser questionado sobre os "ataques" de Jair Bolsonaro contra a imprensa, Boni não titubeou e, alto e bom tom, respondeu: - A guerra não é contra a imprensa, não é contra a TV, é CONTRA A DEMOCRACIA. Mais: essa gente está combatendo a televisão e a imprensa porque aí reside o PILAR DE DEFESA DA DEMOCRACIA. Que tal?


CASSAÇÃO
O que mais me chamou a atenção, do início ao fim da longa entrevista, é que Boni, muito provavelmente por força da ESCLEROSE MÚLTIPLA, está plenamente convencido de que Bolsonaro quer porque quer a CASSAÇÃO da CONCESSÃO DA REDE GLOBO. E em momento algum o doente empresário sequer mencionou que a REDE GLOBO, a olhos vistos, vem fazendo de tudo para a CASSAÇÃO DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO.


CONTRATOS DE CONCESSÃO
Ora, por tudo que se sabe Bolsonaro jamais disse que não renovaria a CONCESSÃO DA REDE GLOBO. Apenas e tão somente disse que a renovação da licença, cujo prazo se encerra em 2022, vai depender do real cumprimento das regras estabelecidas no contrato, coisa esta, aliás, sempre muito defendida pela emissora quando se trata de todos os CONTRATOS DE CONCESSÃO feitos por governantes.


PUNIÇÃO POR DESCUMPRIMENTO
Boni entende que a TV Globo, pela penetração que tem, pelo respeito que as pessoas têm pela emissora, pelos serviços que prestou ao Brasil, não pode perder a CONCESSÃO. Ora, ora, meu caro Boni, isto não significa que qualquer emissora de rádio e televisão tem o direito de fazer o que bem entende, deixando de cumprir o que está posto no contrato. De novo: uma sempre possível NÃO RENOVAÇÃO DE CONCESSÃO não pode ser vista como uma PUNIÇÃO A COMPETÊNCIA, como o senhor afirmou no Roda Viva. Seria, isto sim, uma PUNIÇÃO por NÃO CUMPRIMENTO de uma ou mais cláusulas contidas no CONTRATO DE CONCESSÃO.

           

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  • Francisco Ferraz
  • 18 Setembro 2020

 

1. Um discreto sacerdote jesuíta

Estamos em meados do século XVII. Por uma entrada lateral do salão, esgueira-se a figura negra de um sacerdote jesuíta. Magro, de caminhar lento e pausado, rosto atento, olhos penetrantes, um meio sorriso na boca. Atencioso, a todos cumprimenta de forma discreta, ora retendo-se por alguns segundos numa saudação, ora acenando levemente com a cabeça.

As pessoas comentam entre si ao vê-lo passar, e uma palavra transmitida como se fosse uma senha revela sua identidade: Frei Baltasar Gracián. Comenta-se à boca pequena que se encontra em sérias dificuldades com seus superiores, por sua insistência em publicar obras com pseudônimos, ou sem a necessária autorização da hierarquia eclesiástica.
Conclui sua promenade ao chegar ao fundo do salão, unindo-se ao seleto grupo cortesão que cerca o nobre proprietário do palácio e patrocinador da festa.

2. A vida na corte

Villa de Belmonte de Catalayud, Zaragoza 1601. Nasce Baltasar Gracián y Morales. Sua vida se estende desde o início do século (1601) até seus meados (1658). Gracián escreve em pleno século XVII – Século das Luzes –, época da afirmação da monarquia absoluta por direito divino, auge da vida cortesã na França, época de Louis XIV e Versalhes.

Nesse período, a vida que valia a pena ser vivida era a da corte, em torno do rei. A corte era então o centro da nação. Lá se encontravam, sob a presença cerimonial do monarca, a nobreza, a alta burguesia educada, a mais alta hierarquia da Igreja, os artistas de todo gênero, os sábios e intelectuais.

Essa era a sociedade que contava, que dava o tom, que legislava sobre estilo, maneirismos, bom gosto, maneira de falar, moda, sucesso e insucesso. Ou se tinha o “ar da corte” ou se era insignificante, irrelevante e até ridículo.

Lá se encontram também os arrivistas, os talentosos sem dinheiro, os nobres empobrecidos, os sacerdotes fascinados pelo mundo civil, os ambiciosos de poder e prestígio.

É na corte que seu sucesso podia ser conquistado. Um patrocínio, um mecenato, uma recomendação, associações vantajosas ou um casamento proveitoso podiam fazer a diferença entre subir ou não na escala social.

Na corte francesa, por exemplo – a mais brilhante de todas –, circulavam luminares como o burguês Colbert, o Cardeal Richelieu, Cardeal Mazzarin, as madames que patrocinavam seus famoso salões, literatos como Molière, Racine, Boileau, músicos e mestres do ballet, como Charpentier e Lluly, arquitetos como Mansart, Perrault, pintores como Lebrun, paisagistas como Le Nôtre, militares como Turenne e Condé, para citar alguns dos mais famosos.

A vida cortesã era uma limitada, mas operativa câmara de compensação social. Foi o espaço privilegiado onde os filhos da burguesia, educados em universidades, disciplinados, talentosos e exímios praticantes da arte de comportar-se com elegância em sociedade tornavam-se conhecidos, estimados e aceitos por aqueles que podiam se dar ao luxo de patrocinar suas carreiras.

Vencer na vida em grande estilo significava, antes de tudo, vencer na corte. Para tal era indispensável aprender a sobreviver às intrigas, aos ciúmes, às traições, aos caprichos; saber esperar sua hora; aproximar-se das pessoas certas; administrar sua aparência; saber quando falar e o que falar; conter suas paixões e sentimentos; ser cauteloso sempre, e ousado quando a oportunidade se oferecesse, e saber distinguir os dois momentos; esconder seus defeitos e limitações e exibir, com sobriedade e oportunidade, seus talentos e qualificações; em suma, perseguir um modelo de cortesão perfeito, dele não se afastando até que a hora certa se apresentasse e a oportunidade se oferecesse para o “salto” rumo às posições mais elevadas – e mais estáveis – de prestígio e poder.

Foi nessa época, e para essas pessoas, que Gracián escreveu seu “Oráculo”. É para essa corte e seus personagens, sobretudo os que buscavam a ascensão social, que Gracián o escreve. Dela sairão os líderes da nação, mas precisarão antes vencer e se afirmar, dentro das suas regras. Gracián os municia com lições definitivas para vencer na corte, assim como Maquiavel, um século e meio antes, municiava os nobres italianos na arte de governar as cidades-estado italianas.

Maquiavel não podia falar para a corte porque corte com esse poder ainda não existia. Gracián não podia falar para os condottieri, porque seu tempo tinha passado e tinham sido substituídos pelos nobres subordinados a monarcas absolutos, centralizadores e hereditários.

Gracián parecerá menos audaz e radical que Maquiavel, porque escreve noutra época e dentro de um tipo de institucionalidade em que a monarquia havia logrado subordinar a nobreza, cooptando-a com os prazeres da corte.

No essencial, reconhecida a diferença de épocas e de público-alvo, seu foco, como o de Maquiavel, é o poder: como conquistá-lo e mantê-lo.

3. O oráculo

A obra pela qual Gracián é mais conhecido é o “Oráculo”, ou a “Arte da Sabedoria Mundana”. Essa obra reúne 300 aforismos sucintamente comentados, que são propostos como orientações para o sucesso na vida social e política. A temática desses aforismos não é muito distante das questões suscitadas pelo marketing político dos tempos atuais, como “ser ou parecer”; como a identificação do sucesso com o poder; como a subordinação da ética à estratégia; como sua implícita descrença na natural bondade do ser humano – e, para um sacerdote, o inusitado da absoluta ausência da referência a Deus e à doutrina cristã nos comentários.

Gracián captura a condição humana na vida como ela é, não na vida como gostaríamos que fosse. Para sair-se bem na vida real, ele exalta a prudência, o autocontrole, o realismo que expurga a ilusão, a esperança e a imaginação, a sabedoria que permite entender as pessoas, interpretar suas intenções e encontrar a estratégia para orientar o comportamento.

A seguir, alguns exemplos desses aforismos com comentários do próprio Gracián reduzidos ao seu essencial:

1. “Quando a paixão toma conta do pensamento, a razão vai para o exílio.”
Não permita então que sua imaginação se atrele às suas paixões. A imaginação comandada pela paixão salta à frente da realidade e torna as coisas mais sérias, ameaçadoras e graves do que realmente são. Ela imagina não apenas o que existe, mas também o que pode vir a existir, passando logo para o estágio de considerá-lo já em existência.

2. “O silêncio não comete erros. Só se fala para melhorar o silêncio.”
O sábio somente rompe o silêncio se for para melhorá-lo, isto é, acrescentar por suas palavras conhecimento, ilustração e sabedoria.

3. “A verdade é geralmente vista, mas raramente ouvida.”
As palavras são as sombras dos atos. Os atos são a substância da vida, e palavras sábias, o seu adorno.

4. “Cerque-se de auxiliares inteligentes.”
A felicidade dos poderosos resulta de se fazer acompanhar por auxiliares inteligentes, que os resgatem das dificuldades em que caíram por ignorância. A forma mais sublime e superior de autoridade é fazer pela arte, servos daqueles que, por natureza, são superiores. Há muito por saber, pouco para viver, e não se vive se não se sabe. Escolha um assunto e deixe os que o cercam servirem-lhe o melhor de suas inteligências. Se não pode fazer do conhecimento seu escravo, torne-se amigo dele.

5. “Varie sempre a maneira de fazer as coisas.”
Para manter a atenção e o interesse sobre você, não aja sempre da mesma forma. Varie sua forma de agir e você confundirá as pessoas, especialmente seus rivais. É fácil matar uma ave que voa sempre em linha reta, mas é difícil acertá-la se ela voar mudando seu curso. O verdadeiro jogador nunca move a peça que seu adversário imagina que vai mover, menos ainda aquela que ele deseja que você mova.

* *PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA, PÓS-GRADUADO PELA UNIVERSIDADE PRINCETON, EX-REITOR DA UFRGS, É CRIADOR E DIRETOR DO SITE WWW.MUNDODAPOLITICA.COM

**Publicado originalmente em 11 de setembro de 2013
 

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