Brian Kranick
A Igreja Católica nunca se deixou enganar pelas trapaças do socialismo e do comunismo. Encíclicas atrás de encíclicas denunciaram, desde o princípio, a falsa ideologia de Marx e Engels.
Os últimos cem anos, de 1917 a 2017, têm sido como uma recapitulação do protoevangelho, quando Deus disse à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher" (Gn 3, 15). Trata-se de uma guerra secular que representa o período mais acentuado desta inimizade. Tudo começou em 1917, com as revelações de Nossa Senhora de Fátima, de um lado, e a Revolução Russa, que levou à implantação do comunismo ateu, de outro. Quais seriam as chances de tamanha coincidência?
Ao longo dos últimos cem anos, a forma mais grotesca que o "corpo místico" do Anticristo já adotou é, sem sombra de dúvida, o materialismo ateu, incorporado mundo afora por governos socialistas e comunistas. A serpente tornou-se Leviatã. Antes da Revolução de Outubro, Maria já advertira, em julho de 1917, que a Rússia espalharia "os seus erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições contra a Igreja". O resto, como sabemos, é história.
Este centenário da Revolução de Outubro é uma grande oportunidade para trazer à memória o "horrendo flagelo" — como lhe chamou Pio XI (cf. Encíclica "Divini Redemptoris", de 19 mar. 1937, n. 7) — que vergastou o mundo através das perversas armadilhas do socialismo e do comunismo. Isto é particularmente importante na medida em que as elites culturais do Ocidente e seus simpatizantes vêm há tempos forcejando por minimizar os males do marxismo, como parece ser a intenção do jornal The New York Times, com sua "série de apaixonadas e saudosas recordações dos bons e velhos tempos do comunismo do século passado" [1].
Talvez seja mesmo chegada a hora de passar em revista esses tempos felizes do "século vermelho" com uma relaxante leitura de O Livro Negro do Comunismo ou O Arquipélago Gulag, de Solzhenitsyn. Mas, afinal, o que poderia ser mais enriquecedor do que dedicar um tempo a ler sobre o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung? Melhor ainda: que tal estourar um saco de pipocas e assistir a Os gritos do silêncio [2], um filme para divertir toda a família?
Alguns, porém, talvez se perguntem: "E quanto ao socialismo do século XXI?" Ora, basta dar uma rápida olhada nas notícias que chegam da Venezuela. Há não muito tempo, a Venezuela era uma país próspero, abundante em petróleo; numa palavra, um milagre socialista! Mas agora, após dezoito anos de marxismo, entre Chávez e Maduro, o país não passa de um inferno socialista. Muitos ali têm passado fome — uma especialidade comunista —, não lhes sobrando outra alternativa senão roubar ou comer animais de zoológico, prática na qual parecem ter especial predileção por carne de búfalo e porco-do-mato.
Isso, infelizmente, não é incomum às experiências socialistas; antes, pelo contrário, constitui a regra geral. A alimentação venezuelana, contudo, deve ainda assim ser mais agradável que a dieta à base de mato e casca imposta aos reclusos na prisão estatal da Coreia do Norte. Os fatos históricos revelam que os demagogos comunistas foram responsáveis pela morte de 140 milhões de pessoas [3], desde Lênin até Stalin, passando por Mao Tsé-Tung, Pol Pot, Kim Jong-un, Chávez, Che Guevara, Fidel Castro... e a lista poderia ir-se alongando. Lênin disse, no final das contas, que é preciso quebrar uns tantos ovos para fazer uma omelete: 140 milhões de ovos quebrados; eis aí uma omelete gigante!
A Igreja, por sua vez, nunca se deixou enganar pelas trapaças do socialismo e do comunismo. Encíclicas atrás de encíclicas denunciaram, desde o princípio, a falsa ideologia de Marx e Engels. De fato, o Catecismo o afirma claramente: "A Igreja rejeitou as ideologias totalitárias e atéias, associadas, nos tempos modernos, ao 'comunismo' ou ao 'socialismo'" (n. 2425). O Catecismo, porém, é curto e sucinto, ao passo que as encíclicas papais são ricas em detalhes e categóricas em suas condenações.
Em 1846, o Papa Pio IX promulgou a encíclica "Qui Pluribus", sobre fé e religião, na qual já combatia vigorosamente as ideias de Marx, que em 1848 publicaria O Manifesto Comunista. Pio IX ali se referia à "nefanda doutrina do comunismo, contrária ao direito natural, que, uma vez admitida, lança por terra os direitos de todos, a propriedade e até mesmo a sociedade humana". Ele advertia contra "as mais perversas criações de homens que, trajados por fora com peles de ovelha, por dentro não passam de lobos rapaces".
Em 1878, o Papa Leão XIII escrevia sobre os males do socialismo na encíclica "Quod Apostolici Muneris". O Pontífice começa a carta referindo-se à "praga mortífera que se tem difundido no seio mesmo da sociedade humana, conduzindo-a ao abismo da destruição". Leão XIII aponta em seguida que "as facções dos que, sob diversas e quase bárbaras designações, chamam-se socialistas, comunistas ou niilistas, espalhados ao redor do mundo e unidos pelos laços estreitíssimos de uma perversa confederação, já não se põem ao abrigo da sombra de reuniões secretas, senão que, marchando aberta e confiadamente à luz do dia, ousam levar a cabo o que há muito tempo vêm maquinando: a derrocada de toda a sociedade civil".
A encíclica também chamava a atenção para o projeto socialista de destruição do matrimônio e da família. Para os socialistas, com efeito, não pode haver maior fidelidade, nem mesmo a Deus e à família, do que a obediência ao Estado todo-poderoso. Leão XIII afirmava ainda que "os fundamentos da sociedade repousam, antes de tudo, sobre a união indissolúvel entre os esposos, conforme as exigências da lei natural". E no entanto "as doutrinas socialistas aspiram por dissolver quase por completo os elos desta união".
Treze anos depois, em 1891, Leão XIII voltou a escrever outra encíclica, "Rerum Novarum", a respeito do trabalho, do capital e da classe operária. Trata-se do texto fundacional da doutrina social católica nos tempos modernos. Dizia o Pontífice: "Os socialistas, para curar este mal, instigam nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem e pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida". Isto, declarou a Igreja, "é sumamente injusto" e "o remédio proposto está em oposição flagrante com a justiça, porque a propriedade particular e pessoal é, para o homem, de direito natural".
O socialismo ergue-se sobre as bases da cobiça, ou seja, uma transgressão do nono e décimo Mandamentos. Eis o que diz a "Rerum Novarum": "A autoridade das leis divinas vem pôr [...] o seu selo, proibindo, sob pena gravíssima, até mesmo o desejo do que pertence aos outros". O socialismo se baseia, além disso, na falsa ideia da luta de classes. Também para dissipar este erro Leão XIII levantou a voz: "O erro capital na questão presente é crer que as duas classes são inimigas natas uma da outra, como se a natureza tivesse armado os ricos e os pobres para se combaterem mutuamente num duelo obstinado. Isto é uma aberração tal que é necessário colocar a verdade numa doutrina contrariamente oposta".
Como já o fizera em encíclicas anteriores, Leão XIII insiste em defender contra as investidas socialistas as instituições familiar e matrimonial: "À família [...] será forçosamente necessário atribuir certos direitos e certos deveres absolutamente independentes do Estado". "Querer, pois, que o poder civil invada arbitrariamente o santuário da família é um erro grave e funesto."
Em 1931, o Papa Pio XI divulgou a carta "Quadragesimo Anno", por ocasião do 40.ª aniversário da encíclica "Rerum Novarum", à qual chamou a "Carta Magna" da doutrina social católica. Pio XI afirma sem rodeios: "Declaramos: o socialismo quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como 'ação' [...] não pode conciliar-se com a doutrina católica". O Pontífice foi ainda mais longe, ao dizer: "Se este erro, como todos os mais, encerra algo de verdade [...], funda-se contudo numa concepção própria da sociedade humana diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica. 'Socialismo religioso' e 'socialismo católico' são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista".
Mas o que pensar do socialismo mitigado? Também este fustigou-o o Papa de forma bastante sucinta: "Citamos novamente a juízo o comunismo e o socialismo, e vimos o quanto as suas formas, ainda as mais mitigadas, se desviam dos ditames do Evangelho". Reiterá-lo-ia anos depois o Papa João XXIII, em sua encíclica "Mater et Magistra", de 1961: "Entre comunismo e cristianismo, o Pontífice [Pio XI] declara novamente que a oposição é radical, e acrescenta que não se pode admitir de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado".
E, para ser justo, Pio XI repreendeu também o "individualismo" e o capitalismo extremos por não respeitarem a dignidade humana do trabalhador, cuja atividade não pode ser vendida como um "um simples gênero comercial". O Pontífice apontava ainda que o remédio mais necessário consiste, não na reação violenta dos socialistas em ordem ao desmantelamento do livre mercado, mas, antes de tudo, na "reforma dos costumes". De fato, a postura da Igreja frente a esses problemas sempre foi ponderada, resguardando os direitos tanto do empregado quanto do empregador, mediante uma volta à caridade cristã e ao zelo pelo bem do próximo.
Sua crítica mais dura, no entanto, reservou-a Pio XI à "peste comunista", cujas ações e intenções são desmascaradas nos seguintes termos: "guerra de classes sem tréguas nem quartel e completa destruição da propriedade particular"; "a tudo se atreve, nada respeita; uma vez no poder, é incrível e espantoso quão bárbaro e desumano se mostra"; "aí estão a atestá-lo as mortandades e ruínas"; "ódio declarado contra a Santa Igreja e contra o mesmo Deus"; "a impiedade e iniquidade do comunismo"; "doutrinas que porão a sociedade a ferro e fogo"; "abre caminho à subversão e ruína completa da sociedade."
Mas o Papa não parou por aí. Em 1937, veio a lume outra de suas encíclicas, a "Divini Redemptoris", a respeito do comunismo ateu. O Pontífice não poupou palavras. Exortou a que "os fiéis não se deixem enganar! O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele, da parte de quem quer que deseje salvar a civilização cristã". É um "sistema cheio de erros e sofismas". A encíclica tinha em mente o "perigo ameaçador" do "comunismo, denominado bolchevista e ateu, que se propõe como fim peculiar revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã."
O comunismo é particularmente nocivo, já que "priva a pessoa humana da sua dignidade". "Os direitos naturais [...] são negados ao [...] indivíduo para serem atribuídos à coletividade". E é precisamente por isso que "qualquer direito de propriedade privada [...] tem de ser radicalmente destruído". É a coletividade que legisla em matérias de matrimônio e família. "O matrimônio e a família são apenas uma instituição civil e artificial", dependente "da vontade dos indivíduos ou da coletividade". É o ressurgimento das "cartas de divórcio". A difusão do comunismo foi possível graças à propaganda diabólica dos "filhos das trevas" e à "conspiração do silêncio" orquestrada pela imprensa não-católica, silêncio devido em parte às "diversas forças ocultas que já há muito porfiam por destruir a ordem social cristã". Isso soa familiar.
Em 1991, o Papa João Paulo II publicou a "Centesimus Annus", em comemoração ao centenário da "Rerum Novarum". Esta nova encíclica reafirmava o ensinamento segundo o qual a raiz do totalitarismo moderno encontra-se na negação da dignidade transcendental da pessoa humana. O socialismo "considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo econômico-social". "Luta de classes em sentido marxista e militarismo têm, portanto, a mesma raiz: o ateísmo e o desprezo da pessoa humana, que fazem prevalecer o princípio da força sobre o da razão e do direito". Como sabiamente notou Fulton Sheen, "o comunismo pretende estabelecer o impossível: uma irmandade entre os homens prescindindo da paternidade divina".
George Orwell conhecia bem o engodo socialista, adaptando-lhe o mantra em sua obra A Revolução dos Bichos: "Todos os animais são iguais", e no entanto, como dirá o porco a certa altura da história, "alguns animais são mais iguais do que outros". A sua verdadeira face, uma hora ou outra, acaba sendo descoberta. É o "duplipensar" do Partido. E como são estranhamente atuais o "pensar criminoso" e a "patrulha ideológica" de 1984 no ambiente politicamente correto que se respira nas universidades norte-americanas e em tantos governos europeus! O Muro de Berlim veio abaixo e a União Soviética dissolveu-se, mas o marxismo cultural está forte como nunca.
As vanguardas progressistas da esquerda são os herdeiros ideológicos do socialismo e do comunismo do século XX. Eles fazem avançar a revolução ao adotarem os "erros da Rússia" e atacarem a propriedade privada, o livre mercado, a liberdade individual e a livre expressão, o casamento e a família tradicionais, a liberdade de consciência e a liberdade de culto. Talvez não haja agora mesmo um "império do mal", um único Estado totalitário; o que há, isso sim, é um totalitarismo das inteligências, a pressão imperiosa exercida pelos media, pela educação, pelos governos e sistemas judiciais. O Big Brother continua à espreita.
Mas ainda há esperança. A Igreja triunfou, sim, do comunismo ateu, e Cristo garantiu-nos que as portas do inferno não hão de prevalecer contra ela. Nos sombrios idos de 1917, em meio à Primeira Guerra Mundial e à difusão dos males do comunismo ateu, a Virgem Maria prometeu: "No fim, o meu Imaculado Coração triunfará". Sim, o Leviatã continua furioso e com o chicote em mãos; sua cabeça, porém, já foi esmagada.
Referências
1. Robert Tracinski, "Why Is The New York Times Trying To Rehabilitate Communism?", em: The Federalist, 3 ago. 2017.
2. Em inglês, The Killing Fields, filme de 1984 sobre a ditadura comunista de Pol Pot no Camboja.
3. Cf. os dados levantados por Paul Kengor em The Politically Incorrect Guide to Communism.
*Reproduzido de www.padrepauloricardo.org
Filipe G. Martins
Estou calado há algum tempo, mas volto aqui para escrever àqueles que tiverem olhos para ler: o projeto de implementação do totalitarismo tecnocrático informatizado segue a todo vapor.
A pandemia acelerou tendências que já estavam presentes e que vinham ganhando tração há alguns anos.
A confusão mental do Ocidente vem tornando possível a ascensão incontestada de potências totalitárias e utilitaristas e, com elas, a consolidação dos “modelos de governança” adotados por essas potências.
A ascensão das agências especializadas como instituições legítimas do “poder funcional” concluirá o processo de subjugação de todos os aspectos de nossas vidas ao domínio de burocratas anônimos e não-eleitos.
A implementação do 5G tornará materialmente viáveis milhões de tecnologias necessárias para o aperfeiçoamento do controle das sociedades e das consciências humanas.
O passaporte de vacinação será só o primeiro passo para a criação e implementação de um sistema de crédito social, baseado no monitoramento e avaliação ininterruptos de nossas atividades diárias, de nossas opiniões e até da nossa interação mais íntima no conforto de nossos lares.
O que há de mais autoritário em termos de tecnologia de poder, já em fase avançada em muitas ditaduras e democracias de fachada, será abraçado pelo establishment ocidental com grande entusiasmo, sob a alegação de que precisamos controlar abstrações como o “discurso de ódio”, as “fake news” e os “sentimentos anti-democráticos”.
O gerenciamento desse sistema de crédito social não ficará a cargo de representantes eleitos — o que já seria um desastre —, mas de burocratas apátridas e não-eleitos encastelados em agências transnacionais localizadas em alguma cidade cosmopolita fora do alcance da pressão dos povos do mundo e de levantes populares, o que possibilitará uma atuação supostamente técnica, sem qualquer respeito pela vontade popular e sem qualquer consideração de ordem religiosa, cultural ou histórica.
O aparato tecnológico que tornará isso tudo possível já está entre nós em versão beta, mas se consolidará de modo definitivo com o 5G. Refiro-me à Internet das Coisas; à Inteligência Artificial; ao Machine Learning; ao Big Data; à Internet Preditiva; etc.
Contra esses riscos e ameaças não há nenhuma fórmula simples de reação ou de resistência. Ainda assim, não podemos desesperar — pois nossa pátria está nos céus e a nossa esperança está no Cristo ressuscitado.
Não se deixe consumir pela preocupação com esse mundo distópico que, pouco a pouco, vem se convertendo em realidade. Antes, busque se fortalecer. Sob todos os aspectos. Em todas as áreas fundamentais da vida.
Não aceite o novo normal.
Não ceda um milímetro sequer.
Não permita que a tentação do conforto substitua sua liberdade.
Seja intransigente com toda e qualquer tentativa de controlar sua consciência, suas palavras e suas ações.
Não deposite suas esperanças na política.
Não deposite suas esperanças em governos.
Não deposite suas esperanças em políticos.
Não deposite suas esperanças neste mundo.
*Reproduzido de https://phvox.com.br/prepare-se-para-o-novo-normal-e-o-totalitarismo-tecnocratico/, há duas semanas.
Gilberto Simões Pires
PANDEMIA
Desde o momento em que a OMS declarou o COVID19 como PANDEMIA, como -desenhei- em vários editoriais, adverti que o absurdo e pra lá de criminoso -FIQUE EM CASA- produziria efeitos desastrosos para a economia mundial. Volto a lembrar que enquanto os FAZEDORES DE PRODUTOS FÍSICOS foram impedidos de PRODUZIR, por força do maldito LOCKDOWN imposto por maus governantes espalhados mundo afora, os CONSUMIDORES, mesmo trancados EM CASA, e não raro com apetite ainda maior, seguiram comprando -ON LINE.
ESTOQUES
Ora, na medida em que o CONSUMO seguia seu curso normal, e a PRODUÇÃO, ao contrário, permanecia PARALIZADA por força do absurdo FIQUE EM CASA, os ESTOQUES, por óbvio, foram, paulatinamente, sendo reduzidos. E quanto maior a inevitável ESCASSEZ dava as caras, mais os CONSUMIDORES interessados se mostravam dispostos a PAGAR MAIS por produtos que só cada cidadão tem o direito de eleger como ESSENCIAL. O curioso é que os maus governantes, com apoio irrestrito da MÍDIA SUJA, no alto de suas sábias convicções -DITATORIAIS-, eram capazes de afirmar o que é ESSENCIAL e o que é SUPÉRFLUO. Pode?
PREÇO DE TUDO
Pois, para quem ainda não se ligou, o PREÇO DE TUDO é resultante da expressa VONTADE DOS CONSUMIDORES. Eles têm a total LIBERDADE, ou o sagrado direito, de aceitar, recusar ou se propor a pagar um valor maior por aquilo que lhe é oferecido. Portanto, da mesma forma como a elevação dos preços de qualquer coisa resulta de uma DEMANDA maior do que a OFERTA daquilo que está disponível, a baixa dos preços, por sua vez, é fruto de uma OFERTA maior do que o CONSUMO verificado em cada momento. Simples assim.
INFLAÇÃO PLANETÁRIA
Mais: neste momento, só não vê quem não quer que a INFLAÇÃO PLANETÁRIA é fruto do criminoso LOCKDOWN. Foi o -FIQUE EM CASA CONSUMINDO- que provocou a brutal DESORGANIZAÇÃO ECONÔMICA MUNDIAL. De novo: quem se propunha a PRODUZIR para atender ao CONSUMO foi obrigado a FICAR EM CASA. Ora, a partir desta simples constatação, o aumento dos preços dos produtos pouco ou nada OFERTADOS era mais do que óbvio. Aí estão, para comprovar esta simples lógica de raciocínio, os preços das commodities, que nada mais são do que MATÉRIAS PRIMAS BÁSICAS E/OU NECESSÁRIAS para produzir tudo aquilo que é consumido.
DEFESA E COMBATE
Diante da escancarada elevação dos preços das COMMODITIES, que só existe porque o CONSUMO se mostra maior do que a OFERTA, os Bancos Centrais, para diminuir o ímpeto dos consumidores tratam de elevar as TAXAS DE JUROS REFERENCIAIS. Isto se dá por uma simples razão: quando o rendimento dos ativos financeiros se mostra insistentemente inferior à TAXA DE INFLAÇÃO, os investidores usam seus recursos para adquirir mais bens duráveis, o que estimula o ritmo de elevação da INFLAÇÃO. Detalhe importante: assim como o aumento do CONSUMO DE BENS DURÁVEIS é um movimento de DEFESA CONTRA A INFLAÇÃO, o aumento dos JUROS é a arma que os Bancos Centrais usam para COMBATER a INFLAÇÃO.
PREÇO
Concluindo: enquanto a OFERTA não atingir o nível determinado pelo CONSUMO, a inflação, notadamente das commodities e dos produtos considerados indispensáveis para a formação de produtos, como é o caso, por exemplo, dos semicondutores, seguirá inevitavelmente em alta. Este é o PREÇO que a sociedade mundial está sendo obrigada a pagar pelos criminosos LOCKDOWNS.
Pierre Gaxotte
Li este conto de Pierre Gaxotte no início dos anos 70. Usei-o em várias aulas. Interessante ver como o autor imaginava uma sociedade massificada (1). Há 50 anos sabia-o quase de cor. O tempo passou, o texto sumiu. Várias vezes pensei em reproduzi-lo. Pequeno problema: a memória falhava… No último sábado, ao colocar em ordem várias apostilas, abri uma delas. Feliz surpresa. Lá estava o texto, bem conservado. Apresento-o a vocês. (Valter Oliveira, ao republicar este conto em olivereduc.com).
Após os séculos de culpável fantasia, a França havia se tornado uma nação organizada.
Na escola, ensinava-se às crianças que os gostos são enganosos, as vocações mentirosas, os desejos culpáveis, e que a liberdade consiste em fazer sempre aquilo que não se quer.
O Estado, depositário de toda a ciência, de todo o conhecimento, de toda a sabedoria, de toda a verdade, de toda vontade, escolhia e decidia por todo mundo. Ele assinalava a cada um seu ofício, sua cidade, sua casa e sua esposa. Ao levantar-se, os cidadãos tomavam conhecimento do que eles deveriam pensar durante o dia. Nas cantinas, tomando alimentos calculados segundo as calorias, eles se repetiam mutuamente o que haviam lido nos jornais, e como os jornais continham, todos, os mesmos despachos e os mesmos artigos, uma maravilhosa unanimidade se revelava a todo instante.
Em certo ano, no mês de dezembro, o Ministério da Meteorologia anunciou que o bom tempo se iniciava e ordenava aos franceses de colocar roupas de verão. Nevava. O ministério se havia enganado. Erro ligeiro de datilografia: a datilógrafa, na folha de previsão, havia batido 25 em lugar de – 5. Gelo ou canícula, um texto é um texto, uma ordem é uma ordem. Ao levantar-se os cidadãos ouviram o rádio. Eles se diziam uns aos outros que o sol brilhava, contra o testemunho de seu conhecimento viciado, que os botões de flores se abriam, que o ar era percorrido por doces zéfiros (2). Vestiram-se de linho ou de flanela. Alguns até creram estar muito calor. Enxugam o rosto e tiravam as vestes.
Ora, nessa mesma manhã, o químico François Dupont, por culpa de um curto circuito, não ouviu as ordens do locutor oficial. Ele lançou um olhar pela janela, viu que tudo estava brando, colocou uma malha de lã, um sobretudo, um cachecol e se dirigiu, como de costume, para o ônibus 382, que o transportava a seu trabalho. Apenas havia atravessado a rua quando milicianos vestidos de uniforme branco e de capacete colonial o agarraram pelo pescoço e o arrastaram ao posto policial. Ele foi acusado de desobediência às leis, de atividades oposicionistas, de complô, de erro grosseiro, de fascista, de espionagem e de atentado à liberdade do povo. Uma multidão tiritante de frio o vaiava enquanto ele foi levado para a prisão central.
O processo de François Dupont desenvolveu-se com grande publicidade: deveria ser um processo exemplar. O acusado, que parecia não ter se submetido nem à tortura, nem à privação, explicou com voz bastante firme que não tendo podido ouvir o programa matinal, ele cria ter feito bem em fiar-se do espetáculo dos telhados cheios de neve.
– É isto, respondeu-lhe o procurador, é isto mesmo que eu vos reprovo. Vós pudestes vos levantar, vos barbear, vos vestir, sair de vossa casa sem ter recebido as paternais instruções que asseguram a vossa liberdade. Uma testemunha até lembrou que vós cantáveis enquanto descíeis as escadarias. Vós cantáveis, Dupont, na hora em que vós vos deveríeis sentir órfão, perdido, abandonado. Vós cantáveis na hora em que vós deveríeis estar preso à inquietude, à dúvida, ao horror, à vertigem e ao remorso. Vós não correstes a um vizinho, vós não interrogastes o porteiro. Vós não perguntastes: -“O que disse o rádio” Qual é a minha vontade de hoje? ” “Vós tínheis olhado pela janela e tomado o vosso partido. Sozinho! Contra o Estado, contra o povo, contra a lei.
– Mas, disse François Dupont, uma vez que o Ministério se havia enganado…
– Vós agravais o vosso caso. A administração não se havia enganado porque ela não pode enganar-se. Sua natureza lhe impede. Se for necessário, dez, cem, mil, cem mil pessoas desfilarão diante desta barra para jurar que eles transpiraram naquele dia. Vosso crime é imenso. Sob o falacioso pretexto que nevou uma vez em que o Estado dissera: “Ponde vossas roupas de verão”, vós tentastes restaurar o testemunho dos sentidos, o julgamento pessoal, a reflexão, o livre arbítrio… Eu peço a pena mais severa.
O tribunal condenou Dupont ao máximo: a tornar-se um indivíduo. Um ser completo, responsável por aquilo que pensa, por aquilo que quer, por aquilo que faz, a informar-se por si mesmo, a julgar, decidir, a fiar-se de si mesmo, confiando em avaliar-se por seus próprios conceitos, de pesar-se segundo seus próprios pesos.
Era demais. Dupont não tinha o hábito de agir assim. Dupont suicidou-se naquela mesmo noite”
Fonte: Thèmes et Variations, por Pierre Gaxotte, da Academia Francesa, editora Fayard. É um historiador muito conhecido por sua História da Revolução Francesa cuja abordagem vai na contramão dos historiadores de esquerda.
Notas:
Valterlucio Bessa Campelo
O fenômeno do “ditador” que insiste na defesa da liberdade e os “democratas” que querem controlar a mídia.
Os inúmeros brasileiros que como eu já sofreram censura e punição de provedores das redes sociais, sob o argumento de “ir contra a política da empresa”, sabem que se trata-se de um evidente e inaceitável abuso de poder. Ora, se, analogamente, conforme o princípio constitucional da legalidade, inarredável no Direito, “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, por que eu poderia ser punido com a suspensão de minha conta no Facebook, por exemplo, sem que me fosse objetivamente apresentada a causa, ou seja, apontada a regra desobedecida e a respectiva previsão punitiva?
Tá, é um contrato, uma adesão, estamos em situação típica “pacta sunt servanda”. É mesmo? Então, antes do expurgo me mostre que regras foram infringidas, que cláusulas rompi, que abusos cometi e, mesmo assim, que se cumpra o devido processo – tem que haver um. Além disso, ao agir como “juiz”, é de se esperar que a decisão seja fundamentada. A forma simplista e genérica com que são apresentadas as punições é inaceitável em um regime democrático. Lembrando o presidente Jânio Quadros, parece um “fi-lo porque qui-lo”.
Mais esquisito ainda, é saber que há nas punições um viés ideológico claramente identificável. O conservadorismo está sob ataque, ou, de outro modo, o progressismo avança sobre as nossas liberdades. Seja por suspensão, por redução de alcance das postagens, por sumiço aleatório de seguidores, por priorização em pesquisas, as chamadas big techs agem em uníssono contra abordagens e temas que vão em defesa de uma visão, digamos, para simplificar, à direita. As big techs e os tais algoritmos que comandam os acessos e as postagens tem cor, são vermelhos como o sangue das vítimas de suas ideologias assassinas.
Ocorre, contudo, que os provedores não têm esse mandato estabelecido, não é para isso que estão autorizados. Ao “ler” as nossas postagens com filtro ideológico e eliminarem o que lhes pareça inadequado, eles agem como editores, fugindo assim aos seus pressupostos. Disso, obviamente, aproveita-se a esquerda em sua clássica política de repressão e perseguição a adversários políticos. Nessa batida, chegará o dia em que pelas big techs só transitarão postagens aderentes a uma determinada ideologia. O debate estará encerrado pelo cancelamento dos contrários. Como elas são amplamente majoritárias no mercado, dominarão o conhecimento e a percepção da realidade. Quanto mais nos comunicamos por elas, mais subordinados estaremos às suas regras que, como já admitido por seus próprios donos, não são neutras, obedecem a uma determinada visão de mundo.
Pois bem, em defesa da liberdade de expressão, o governo federal editou uma medida provisória que pretendia limitar a discricionariedade dos provedores e preservar a liberdade de expressão. Os partidos de esquerda imediatamente (como de costume) foram ao Supremo defender o garrote em nossa liberdade. No vaivém de manifestações da AGU, MPF e STF, o presidente do senado, o Pacheco, devolveu a MP ao Executivo, alegando inconstitucionalidade. Contra o governo vale tudo.
Os argumentos são sempre em “defesa da coletividade” e do combate às fakenews. Ora, temos um dono da verdade? Se, por acaso, eu disser na rede social que em diversas partes do mundo estão promovendo manifestações contra o passaporte sanitário, arrisco ser prontamente suspenso, embora esteja apenas noticiando um fato público e serei execrado como negacionista, autor de “fakenews” atentatória à saúde pública etc, etc, etc. Se eu postar que em determinado lugar aquele remedinho contra verme continua sendo usado, fico de castigo um mês inteiro. Não importa que o fato seja verdadeiro, ou, se contestável, exija apresentação de prova contrária. O que é o silenciamento liminar, senão um filtro de opinião, ou seja, censura escancarada?
O poder das big techs é tão grande que, não esqueçamos, em 2020 silenciaram ninguém menos que o presidente americano Donald Trump, em flagrante militância pró-Biden. Durante meses de campanha as redes não permitiram que fossem expostas as traquinagens e as ações pretéritas da família Biden, que, ao cabo, sem ter que responder sérias acusações, ganhou as eleições, ainda que discutivelmente. Pudera! Perceba-se que o mesmo já estão preparando aqui no Brasil. Imagine contra quem!
Neste domingo,19/09, o Executivo mandou ao Congresso Nacional em forma de projeto de lei, uma proposta com o mesmo objetivo – proteger a liberdade de expressão. Se MP não vale, que uma Lei valha. O item principal do PL do Executivo é “... o provedor de redes sociais é obrigado a notificar o usuário, identificando a medida adotada, apresentando a motivação da decisão de moderação, as informações sobre prazos, canais eletrônicos de comunicação e procedimentos para a contestação, bem como a eventual revisão da decisão”. Parece o mínimo exigível para que não nos subordinemos ao Sr. Algoritmo, embora haja quem aceite docemente a coleira no pescoço.
Com 150 milhões de usuários de redes sociais (70% da população), não parece razoável que toda essa comunicação seja mediada/controlada por empresas segundo critérios desconhecidos e, além disso, sejam de difícil contestação no caso de insatisfação do usuário punido. A idéia é clarificar as regras e preservar o direto fundamental à liberdade de expressão que, obviamente, não pode ser usado para cometimento de crimes (disso cuida a justiça), mas não pode ser cerceada sem critérios rigorosamente subordinados aos direitos fundamentais.
É claro que a pretexto de “combater fakenews”, a horda esquerdista, seguida pelos isentões da cor vermelho-íntimo, cairá de pau em cima do projeto de lei. Para quem, como o lulopetismo e seus puxadinhos, pretende controlar a mídia de modo geral, censurar a postagem do indivíduo é fichinha, especialmente se este fica noticiando e debatendo temas contrários à agenda progressista.
Hoje alegam que há postagens “não científicas” (quem decide, se, por definição, a ciência, segundo Karl Popper, implica refutabilidade?), amanhã o alvo serão as postagens “não-democráticas” (quem decide a extensão e o conceito de democracia?), depois de amanhã serão as mensagens religiosas, ou seja, dependendo de quem decide, a comunicação entre os indivíduos, portanto, o direito à opinião, estará sob controle. Há que se controlar os controladores, daí a necessidade da Lei.
Mais uma vez, nota-se que o presidente Jair Bolsonaro, fantasiado pela velha mídia como um “ditador”, exerce com firmeza e convicção, como em seu discurso na ONU, a mais ampla defesa da democracia, da soberania nacional e das liberdades individuais, o que significa desmentir, dissolver, destruir a falácia de seus adversários. De sobra, ainda defendeu a liberdade religiosa, o que para a esquerda é atestado de atraso.
Os verdadeiros tiranetes, já identificados por suas próprias ações embora ensaboem seu palavrório fino, estão no outro lado da praça, prendendo e arrebentando por delito de opinião, sem lei prévia, na base da hermenêutica de ocasião, coadjuvados pelos donos das big techs que calam os usuários inconvenientes ao sistema, enquanto deixam livres e operantes os militantes de causas e ideologias totalitárias.
Valterlucio Bessa Campelo escreve eventualmente em seu BLOG e no site Conservadores e Liberais (puggina.org)
Viviane Bertoni Araújo
Eu li Paulo Freire, não só a bíblia do Santo Freire, A Pedagogia do Oprimido, mas toda sua obra.
Palestrei a respeito de seu conteúdo, e fui um pouco além, antes da palestra, entrevistei um total de três dezenas de professores, ex professores, diretores de escolas e pedagogos.
Já discuti sobre o tema com muitas pessoas, e a maturidade me trouxe uma resposta simples:
Paulo Freire, fala por si só, não é necessário discutir uma teoria, que colocada em prática se mostrou completamente ineficaz.
A escola antiga, tão opressora, inadequada, e segundo alguns, cheia de intolerância com os diferentes saberes, criou gênios da literatura, da poesia, e das artes em nosso país; já a escola nova, nos deu um imenso vácuo de qualquer obra que se possa aproveitar. Isso na música, no teatro, na literatura e para qualquer lugar que se possa observar, não se vê praticamente nada.
O passado nos trouxe mentes brilhantes, a geração Paulo Freire e seus contemporâneos da área da educação nos trouxeram analfabetos funcionais, que estão felizes por terem um diploma de nível superior, um curriculum circulando pela cidade em busca de qualquer colocação profissional e uma incerteza profunda de um futuro promissor.
Paulo Freire, dispensa apresentações, pois a educação atual é seu maior cartão de visitas.
*Publicado originalmente na página da autora no Facebook, em 19/09.