Alex Pipkin, PhD
A mídia militante, muitos intelectuais de araque e vários extremistas ideológicos de todas as correntes, estão preocupados se Bolsonaro receberá o prêmio de pacificador mundial, por evitar a 3a. Guerra Mundial, se Lularápio irá sair às ruas, se houve ou não gesto nazista por parte de um despreparado e equivocado garoto, se vai haver carnaval no país da eterna folia, e se alguns funcionários públicos devem continuar no “fiquem em casa”, enfim, focados em um vasto leque de temáticas “relevantes”…
Entretanto, poucos atentam e colocam os holofotes - e pressão - nas iniciativas e nas reformas essenciais para encaminhar o país para a rota efetiva do crescimento econômico e social.
Evidente que não se nota a mesma atenção, o mesmo centro e o clamor necessário para que o Brasil saia do buraco das restrições e da burocracia verde-amarela, ou melhor, “burrocracia” contraproducente e inútil.
A reforma tributária, por exemplo, é essencial para a geração de mais atividade econômica, mais empregos e maior renda para as pessoas, especialmente para os mais carentes.
Não me refiro nem à fundamental redução da escorchante carga de impostos em um primeiro momento, mas à unificação dos vários tributos em um único imposto, tipo IVA (imposto sobre valor agregado), que já traria a simplificação e a redução da enorme burocracia exigida para as empresas, eliminando custos e tornando desnecessária a presença de verdadeiros “exércitos contábeis”.
Quanto à reforma mais importante de todas, a administrativa - não o arremedo que se noticiou -, não há esforço tampouco vontade política; é mais ou menos como acreditar que o coletivismo irá nos salvar.
O desequilíbrio entre os poderes - econômico e social - genuína vergonha nacional, segue dando seus “passos iluministas”. A maior casta tupiniquim, a da (In)Justiça, prossegue fazendo misérias, com custos astronômicos, privilégios absurdos e imorais, tamanho desproporcional e costumeira lerdeza e ineficiência. O juridiquês segue, cada vez mais, “humanista” e refinado.
O pior é que a classe dos “doutores” tem atravancado a efetivação de políticas para o crescimento, uma vez que esses legislam e materializam a nefasta insegurança jurídica que, por sua vez, afasta investimentos nacionais e internacionais.
Pois nesse país não me surpreende. O elefante passando, e a turma “esperta” centrada nas formigas… faz tempo.
Poucos querem ver o país renovado, querem de fato, ver e sentir “sua turma” bem e poderosa.
As políticas e iniciativas desreguladoras e desburocratizantes, criadoras de empregos, renda e riqueza, ficam para o próximo ano, para o próximo mandatário, para um futuro que nunca chega e, claro, continuam procrastinando e caindo num esquecimento medíocre.
Será que não nos damos conta? É absurdo trocar práticas comprovadamente bem-sucedidas pelo fracassado casuísmo e pelas ideologias extremistas.
Reza a lenda que pode haver “sapo enterrado”, ou melhor, deve existir mesmo é uma “saparada”.
Gilberto Simões Pires
JOGAR A TOALHA? NEM PENSAR!
Ainda que muitos LIBERAIS e CONSERVADORES, por motivos óbvios e surrados, estejam mostrando um indisfarçável cansaço para seguir na LUTA INSANA de tentar convencer os pobres brasileiros aferrados à CULTURA DO PATERNALISMO, que por sua vez faz com que prefiram GOVERNOS SOCIALISTAS, peço que resistam a tudo e a todos. Não pensem, em hipótese alguma, em JOGAR A TOALHA.
CULTURA DO PATERNALISMO
Se, por acaso, este sentimento passar pela cabeça, o melhor remédio para afastar este mau e derrotado pensamento é ficar com o ALERTA LIGADO, com uma sirene potente cujo som, acompanhado de um áudio que informe a todo momento que SOCIALISMO é a PORTA DE ENTRADA PARA O COMUNISMO. Mais: de antemão é preciso sempre ter em mente que a CULTURA DO PATERNALISMO é algo do tipo que -JÁ VEM DE FÁBRICA-, o que dificulta sobremaneira a sua remoção. Daí a crença equivocada de que o ESTADO É O PAI DE TODOS e, como tal, é aquele e somente aquele que deve ser acionado quando o povo precisa de alguma coisa ou mesmo quando alguém se dispõe a empreender.
LUTA CONSTANTE
Antes de tudo é preciso reconhecer que não existe VITÓRIA DEFINITIVA. No máximo, qualquer vitória deve sempre ser considerada como TEMPORÁRIA. Na real, nesta LUTA CONSTANTE, cada uma das partes está sempre na expectativa de que o seu contendor pisque o olho e com isto tire o melhor proveito. Por ora, o que se vê é que os maiores adversários -políticos- do atual governo estão do Parlamento e no STF. Some-se aí, com força descomunal e associada, o pesado e comprometido CONSÓRCIO DA MÍDIA ABUTRE, e as mais diversas instituições e/ou associações que estão fazendo de tudo e mais um pouco para que o SOCIALISMO VOLTE COM FORÇA REDOBRADA.
REEMPLACAR O SOCIALISMO
Pois, mesmo em meio a tantas, efetivas e poderosas FORÇAS CONTRÁRIAS, que lutam desesperadamente para reemplacar o SOCIALISMO, que se notabilizou no Brasil por comprovada -CORRUPÇÃO e MÁ GESTÃO DA COISA PÚBLICA-, ainda assim o atual governo vem conseguindo emplacar muita coisa boa para o Brasil, como é o caso, por exemplo, da inauguração de mais um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco. Nesta semana, para alegria do povo nordeste e brasileiro, o presidente Bolsonaro esteve na cidade de Salgueiro, em Pernambuco, para a entrega do Núcleo de Controle Operacional da integração do São Francisco, responsável pelo controle do bombeamento das águas do rio para os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
ÁGUA PARA O NORDESTE
A propósito: a instalação do núcleo teve início em 2014 e a obra controla, entre outras coisas, as redes de tecnologia de informação, as estações de bombeamento, subestações, estruturas de controle e tomadas de água dos dois eixos do Projeto São Francisco, o norte e o leste. A rigor esta obra foi projetada em 1840 e só agora, no atual governo, está sendo entregue. Em Salgueiro, Bolsonaro disse: “Só tem noção do que foi feito aqui quem realmente enxerga uma obra dessas, que vai “mais do que economizar recursos dos impostos”, pois vai levar água para a região e substituir os carros-pipas utilizados para abastecer municípios do Nordeste. Mais: de Salgueiro, o presidente seguiu para a cidade de Jati, no Ceará, para visitar a Barragem de Jati, estrutura que possui 56 metros de altura e capacidade de acumular até 28 milhões de metros cúbicos de água.
Prof. Valdemar Munaro
Este nobre e generoso espaço de Percival Puggina me dá a possibilidade de render singela homenagem ao dom e serviço intelectuais prestados a todos, especialmente a nós brasileiros, pelo nosso querido Olavo de Carvalho, recentemente falecido.
O panteão dos escritores e dos intelectuais reúne, segundo Allam Bloom, gigantes e anões. É na garupa daqueles que estes podem vislumbrar coisas impossibilitadas de ver por suas estaturas. Os gigantes, quando tais, se assemelham a desbravadores abrindo sendas nas selvas a fim de outros trilharem caminhos antes não percorridos. Gigantes intelectuais não são muitos, nem frequentes, por isso devemos amá-los, estudá-los, auscultá-los, perscrutá-los e agradecê-los, pois, nos fazem transcender da miopia que nos faz ver bem o perto, mas mal o longe a fim de enxergarmos o que nossa mediocridade impossibilita.
Olavo, como muitos disseram, inclusive nosso presidente, está, certamente, entre os poucos pensadores brasileiros gigantes. Sua obra ultrapassa os limites das paixões, opiniões e/ou modismos que normalmente nos aprisionam. Pode-se dizer que ele foi e é uma surpresa intelectual brasileira, um milagre, pela mesma razão de estarmos imersos e acostumados às mediocridades culturais rotineiras que são incapazes de gerá-lo. Inegável dizer que sua atividade educativa e filosófica soergueu nossa qualidade investigativa racional e abriu brechas nas nossas discussões e pensamentos há muito cristalizados. Nisso, foi um autêntico autor de nosso tempo, polêmico, sim, mas, em vista de nossa condição 'cativa', ele sacudiu o hábito no qual nos havíamos acostumado ante o invernoso e sombrio território educacional instaurado em nosso país.
Sabemos que todos os grandes escritores contêm uma parcela de substancialidade e outra de acidentalidade. Os elementos acidentais, no entender de Aristóteles, são aqueles penduricalhos ou aspectos que só existem enquanto estiverem enxertados na substância que os sustenta. Os acidentes são como sobras de banquetes, bagaços de ofício; são reais, mas não têm vida própria, subsistem e existem na medida em que estão unidos à substancialidade. De tal forma que, na obra de Olavo, por exemplo, há um lado ou aspecto jornalístico e político que pertence à sua atividade mais acidental e diz menos sobre o seu núcleo substancial. Este se localiza nas suas obras mestras e nas veias do seu trabalho elaborado através dos cursos que ministrou ao longo dos seus últimos vinte anos.
Nenhum autor, assim como nenhuma pessoa humana é admiravelmente integral, perfeita, completa. Mesmo nas obras de Dante, Tomás de Aquino, Shakespeare, Cervantes, Balzac, Dostoievski, Tolstoi, Machado de Assis e de tantos outros, podemos encontrar sabugos, palhas e não só grãos. Neles também temos flashes de literatura secundária, embora a substância esteja lá, pois sempre o substantivo é que dá existência aos adjetivos, não o contrário. 'Até o grande Homero tinha cochilos', justificou certa vez S. Jerônimo quando abordado sobre a leitura que fazia das obras heréticas de Orígenes. Olavo tinha o lado polêmico e irreverente, mas isso não fazia a parte central do conteúdo de sua obra.
Dotado de inteligência viva, sagaz e de prodigiosa memória, Olavo possuía um conhecimento vastíssimo sobre quase tudo o que constitui saber humano. Seu processo formativo percorreu etapas de autodidatismo, disciplina e método de estudo, leitura e investigação extraordinárias e pessoais. Buscou lugares onde pudesse encontrar conhecimento e sabedoria. Quem o ajudou inicialmente não foram as universidades, mas o padre Stanislavs Ladusãns, nascido na Letônia e jesuíta, membro da Academia Brasileira de Letras, que ministrava cursos livres de filosofia no Rio de Janeiro. Isso indica outra coisa: não sempre são as universidades que formam intelectuais e cientistas. Na Idade Média, por exemplo, não foi a Universidade de Paris que formou ou elevou Tomás de Aquino ou Duns Scotus ao patamar de grandes filósofos e mestres, mas foram justamente Tomás de Aquino e Scotus que elevaram o nível e a fama daquela universidade. As personalidades humanas normalmente se enchem mais de sabedoria e ciência não em espaços e lugares de algazarra e publicidade, mas no recôndito silêncio da própria cela ou casa. Os exemplos são inúmeros para assegurar que nem sempre as universidades são lugares de formação e geração de 'intelectuais' e ilustres escritores.
Olavo discorria com desenvoltura e segurança sobre quase todas as áreas do conhecimento humano. Abordava temas, prolixos ou não, relacionados à literatura, à ética, à filosofia, à religião, às ciências em geral, à história, à teologia, ao cinema, às artes e à estética, à política, à economia, à psicologia, aos problemas relacionados à ordem mundial, a autores vivos ou mortos do cenário contemporâneo, etc...
Nem mesmo em grandes autores da história da filosofia como Fraile, Reale, Copleston, Abbagnano, Urdanoz, E. Brehier, Gilson e outros, encontrei tanta lucidez e síntese compreensiva para entender o pensamento dos filósofos mais representativos de cada período quanto encontrei nas preleções apresentadas por Olavo em sua História Essencial da Filosofia e em outros seus textos relacionados a ela. Olavo também esmiuçou, sobretudo dos modernos e contemporâneos, um quadro de contradições e enganos que muitas das doutrinas daqueles autores contêm. Ousou, sem medo, denunciar vigarices e charlatanices de pensadores e/ou filósofos como R. Descartes, Lutero, Hobbes, Maquiavel, Rousseau, Kant, Hegel, Darwin, Newton, Marx, F. Engels, Freud, Nieztsche, Augusto Comte, Antônio Gramsci, M. Foucault, Heidegger, os membros da escola de Frankfurt (Lukács, Marcuse, Horkheimer, Adorno, Habermas, E. Fromm), Wittgesntein, Derrida, Deleuze, Sartre, Noam Chomsky, Richard Dawkins e muitos outros. Na atualidade, tornou-se o maior estudioso e intérprete do marxismo, pois dedicou particularmente parte de sua vida para ler e analisar a obra completa de Marx, de Lenin e de todos os seus principais asseclas.
Entretanto, sua maior, mais contundente e mais impactante provocação, entre nós, foi a denúncia pública do estado medíocre e apodrecido com que a vida intelectual brasileira se encontra tanto no interior das universidades quanto nas fontes editoriais e nos seminários de formação teológica e filosófica de muitas de nossas instituições eclesiais. Não sabíamos ou não tínhamos noção do quadro doloroso em que vivíamos em nossa vida cultural e formativa. Seu foguete demolidor dirigiu-se em primeiro lugar à turma representada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Basta, para se ter uma ideia, conferir a polêmica com os editores da revista 'Ciência Hoje' no livro 'Aristóteles em Nova Perspectiva'. Sua denúncia nos mostrou que o ensino da filosofia e de outras áreas do saber está integralmente preso ao ditame político ideológico esquerdista presente e atuante em quase todas as faculdades 'humanistas' do Brasil, especialmente da USP (cf. Jardim das Aflições), da PUC de SP e do RJ (leia-se O Imbecil Coletivo I e II). A mesma denúncia mostrou quão envergado e deprimente está o quadro de nossas universidades, de nossas escolas, de nossos meios editoriais, de nossos jornais e meios de comunicação, quase totalmente contaminados de marxismo e, sobretudo, de desonestidades intelectuais. Nem mesmo a teologia ficou livre desse imbróglio. Impregnada de 'libertação', penetrou a alma de nossos estudantes, futuros prelados e pastores. Segundo ele, essa teologia, com raízes no Vaticano II, tornou-se prisioneira da mesma vertente. Exemplos são os mais conhecidos teólogos brasileiros desse período: Leonardo Boff e Frei Betto. Por muito tempo foram inquestionados, mas Olavo os desqualificou sob o ponto de vista intelectual e reafirmou sua tese de que o estrago causado por essa teologia para a Igreja ainda não foi avaliado nem suficientemente medido.
Em razão de sua atividade como escritor e professor, pudemos, por meio do seu estímulo, ter acesso a obras antes sequer mencionadas nos meios editoriais e universitários. Temos hoje a chance de ler autores como Eric Voegelin, Mortimer Adler, Russel Kirk, Roger Scruton, Leopol Szondi, Nortrop Frye, Bernanos, Newman, I. Conrad, Victor Frankl, Andrew Lobaczewski, René Girard, Thomas Sowell, Xavier Zubiri, A. D. Sertillanges, Chesterton, Theodore Dalrymple, Louis Lavelle, B. Lonergan, Mário Ferreira dos Santos, Otto Maria Carpeaux, Vicente Ferreira dos Santos, Ângelo Monteiro, Meira Penna, Gustavo Corção, Leo Strauss e muitíssimos outros. Em seus cursos, Olavo chamou-nos a atenção para o valor atualizado da filosofia encontrada nas obras de Aristóteles, Platão, Agostinho, Tomás de Aquino, S. Boaventura, Duns Scotus, Husserl, Leibniz, Schelling (e outros muitos), dos grandes autores da literatura e historiadores (como Walter Scott), escritores contemporâneos e modernos, sejam eles do Brasil ou do mundo. Nosso país estava fechado à vastíssima obra de valiosos escritores simplesmente desconsiderados porque não eram, nem são de esquerda.
Segundo Olavo, o pensamento brasileiro e mundial contaminou-se do que Julien Benda designou 'traição', isto é, de emoção política que penetrou a mente de nossos intelectuais e deu vazão ao 'leimotiv' estampado na filosofia de Marx: 'o mundo não é para ser conhecido e contemplado, mas, antes, para ser transformado'. Assim, o terreno das ciências deixou de ser laboratório de pesquisas e de conhecimentos para se tornar um campo de batalha política. Nossa vida educacional foi engolida pela ansiedade primária de 'transformação' do mundo social, político, cultural, econômico e religioso. Estamos, pois, encharcados de 'anseios revolucionários'. Por causa disso, segundo Olavo, não há mais, entre nós, possibilidades de debates intelectuais honestos e científicos já que as paixões embotaram e distorceram nossa razoável racionalidade, terminando por prevalecer sobre a objetividade dos fatos e resultados. As discussões ligadas à política estreitamente ligada à sua militância, se locupletaram e substituíram-se à busca honesta, livre e amorosa pelo saber. Estamos entre os últimos lugares do mundo nos rankings educacionais. Tal é a tragédia que se abateu sobre a educação brasileira, sobre nossas universidades, sobre nosso mundo político, religioso e intelectual. Para servir de exemplo, foi recente a observação de um professor que avaliou o trabalho de conclusão de curso (feito a partir das obras de Olavo de Carvalho) de um estudante de filosofia: sua pesquisa não deveria ter sido feita sobre esse autor porque o mesmo não pertence ao quadro dos professores da academia filosófica universitária vigente. Ora, o argumento é fajuto, rasteiro e desonesto. Com efeito, se fosse correto, deveríamos excluir filósofos que não foram professores universitários, entre eles, K. Marx, Engels, Rousseau, Saramago, Gabriel Marcel, Kierkegaard.... e muitos outros. Como se conclui, prevalece ainda aqui e alhures a militância sobre a lógica, a verdade e a racionalidade.
Se o conteúdo central do trabalho de Olavo é a afirmação da unidade do conhecimento na unidade da consciência humana, resulta que esse princípio unitário essencial, é a condição sem a qual seríamos ou estaríamos desintegrados de nós mesmos e do mundo em que habitamos. A desintegração de nosso ser, portanto, começa na ausência da verdadeira percepção de nosso eu e da realidade na qual ele está inserido. Em outras palavras, toda vez que elaborarmos conhecimentos, doutrinas ou ideias nas quais nós mesmos não estivermos dentro delas, significa então que nos colocamos fora da própria doutrina que geramos e, dessa forma, instauramos em nossa atividade intelectual aquilo que Olavo designou 'paralaxe cognitiva', isto é, um conhecimento ou filosofia ficcional que conduz o próprio pensador que a produz (com seus discípulos, por consequência), à esquizofrenia de si mesmo, à loucura, à estupidez, à psicopatia. O que pode salvar nossas mentes das loucas ficções é sempre o esforço honesto e sincero de retorno à observação do mundo real das coisas e do nosso eu real. A nossa inteligência é que se alimenta do ser e não o inverso. Todos os idealismos são ficcionais e terminam por levar seus condutores e protagonistas a tentativas de forçosa e violenta implementação dos mesmos, na vida das pessoas. As experiências mostram que tais idealismos conduziram seus agentes e vítimas a experiências tristes, terríveis e chocantes que os totalitarismos históricos do último século testemunharam. Como disse Eric Voegelin, o 'iletramento espiritual' das elites intelectuais do mundo moderno e contemporâneo engendrou e legitimou o advento de psicopatas que, alçados a algum poder, foram capazes de, sem escrúpulos e remorsos morais, matar e ferir aqueles que bem quisessem. O homem que eliminar Deus da sua existência terminará por colocar-se no seu lugar e agirá como se divino fosse.
A despeito de todas as opiniões divergentes quero expressar minha gratidão pelas páginas que Olavo escreveu e pela intrepidez com que levou adiante a defesa de valores e princípios nutrientes daquelas almas que desejam crescer e viver na retidão, na sabedoria, na verdade. Muitos brasileiros encontraram em Olavo o alimento intelectual que as universidades não ofereciam. Ele os nutriu e os ajudou a viver melhor. Vinculada à grande tradição metafísica de Aristóteles, de Tomás de Aquino e às fontes judaico-cristãs, a filosofia de Olavo de Carvalho guarda pilares da sabedoria que já fora cultivada e buscada pelos gregos, mas que foi encontrada na grande herança cristã. Seus textos e preleções contêm aqueles valores e princípios que sustentaram as nobres e grandes civilizações. Nesse sentido colaborou muito para o bem do nosso Brasil e do mundo. O Brasil não é só futebol, carnaval, samba ou outra marca. Agora, sobretudo, é também Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Dele nos orgulhamos.
O grande africano Agostinho iniciou suas 'Confissões' com a célebre frase referindo-se a Deus: "Fecisti nos ad te e inquietum est cor nostrum, donec requiescat in te". Traduzida significa "Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração enquanto não descansar em Ti". A afirmação de Agostinho é que Deus não nos fez para o abismo intragável e niilista, mas para estarmos com Ele. Nossa origem será, portanto, também nosso destino. Carregamos em nossa alma a fonte de nossa origem, por isso sabemos qual será nosso destino. Olavo tinha consciência de sua origem e sabia do seu destino. Em recente entrevista disse não temer a morte. Obrigado Olavo, pela confiança que nos transmitiu e pelo bem que nos fez. Que o Cristo Ressuscitado o tenha para sempre na sua companhia.
Santa Maria, 10/02/2022.
* O autor é professor de Filosofia na UNIFRA.
Dra. Débora Balzan
Após dezesseis anos de atuação em Promotoria de Justiça de Execução Penal em Porto Alegre, onde testemunhei toda a sorte de benevolência com criminosos por parte da legislação leniente e ativismos mais diversos, no início de janeiro deste ano assumi como promotora de justiça titular com atuação no juizado do torcedor e grandes eventos de Porto Alegre. Já desde outubro de 2021, vinha atuando como substituta em jogos de futebol com público presente. Sem precisar, mas no primeiro ou segundo deles, na partida entre o Internacional e o Corinthians, no Beira-Rio, já enfrentei o que penso ser o calcanhar de Aquiles: a violência associal que pode estar presente nas torcidas organizadas. Inexperiente na matéria, mas não na área criminal, os envolvidos não me foram estranhos ao que eu estava acostumada. Sem saber sequer o “modelo” jurídico de um pedido de suspensão de torcida organizada, mas com muita atenção aos fatos, imediatamente fiz pedido em audiência dentro do estádio, de suspensão cautelar de duas torcidas envolvidas, que foi acolhido pelo juiz. Tudo ocorreu há alguma distância do estádio, quando as torcidas passavam próximo ao shopping Praia de Belas.
Fiz essa narrativa porque agora instada por alguma demanda que chegou à imprensa do Ministério Público para que eu me manifeste sobre a liberação de bebidas alcoólicas dentro dos estádios quando das partidas de futebol.
O óbvio precisa ser dito: não sou médica ou legisladora, sou promotora de justiça com 26 anos de atuação em promotorias criminais do estado e em Porto Alegre, ou seja, com forte atenção na busca de punição efetiva já que estamos num país onde há um desprezo pelos fatos concretos e onde há enorme discrepância entre crime e castigo. Não há proporcionalidade no tratamento vítima e criminoso, sem contar a mentira do encarceramento em massa (a propósito, a quem quer saber da verdade sobre o tema a leitura obrigatória é: O Mito do Encarceramento em Massa, do Promotor de Justiça, Dr. Bruno Carpes).
Nesse enfoque, no que concerne à venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios, ao que parece, o que se pretende é a segurança do torcedor. Pois bem, fique muito claro, de forma alguma desconheço os efeitos deletérios que o álcool pode causar.
Também existem discussões envolvendo constitucionalidade e o próprio Estatuto do Torcedor. Nesse ponto, parece que a proibição do estatuto é geral, pois não é explícito ao referir bebidas “alcoólicas”.
Sem abordar temas cientificamente já demonstrados como o alcoolismo tampouco as questões jurídicas envolvendo a liberação ou não, muito menos com relação ao preço praticado, a minha opinião será sobre o ponto segurança, a de que dentro dos estádios de futebol, o ambiente na imensa maioria das vezes é seguro, por conta do aparato de segurança e organização. Não sou contra a liberação da venda do álcool dentro dos estádios. Parece-me que o torcedor comum, que vai com amigos, esposa, filhos, não será quem colocará em risco os demais por ter acesso ao álcool. O pai de família e trabalhador quer apenas algumas poucas horas de diversão não se podendo presumir que vá se transformar ou puni-lo em nome de uma causa embora real, abstrata, pois não existem dados que comprovem que fatos graves deixaram de acontecer por conta da proibição, muito embora ocorrências de vulto menor e que eventualmente fazem parte do contexto podem decorrer. O meu exemplo do Colorado e Corinthians mostra isso. Penso estar potencialmente o perigo à segurança da maioria dos torcedores, pacata e famílias, em quem tem rivalidade clubística e com maior chance fazem parte de organizadas, e quem já vai para o evento com ânimo de confusão e pode embriagar-se até o portão de entrada, sendo a bebida apenas um potencializador ao seu intuito, e o fará sendo liberada ou não a venda dentro do estádio.
O tema é polêmico – a própria Brigada Militar já se manifestou contra a venda, colegas que me antecederam, o juiz, mas eu não sou contra. Pode ser algo que eu não tenha alcançado, mas não vi em lugar nenhum estudo sobre essa relação direta. O estudo que se tem é o abstrato e geral, sobre os freios inibitórios, por exemplo; no entanto, não há estudo ou dados sobre a relação concreta e direta da venda de álcool dentro dos estádios e o aumento da violência. O álcool é vendido fora, de fácil alcance a qualquer encrenqueiro. Ainda, consumir álcool, estar embriagado e provocar violência são três situações diferentes. De qualquer modo, não vou levantar nenhuma causa seja de que lado for porque não é o meu trabalho, e já tenho o suficiente. Mas registro meu posicionamento.
Muito pertinente ao tema e aos problemas que mais assolam os eventos de esportes coletivos e que causam paixão desmedida é a obra do Promotor de Justiça, Dr. Diego Pessi, Hooliganismo no Brasil – Violência e Disputa, um Estudo Criminológico, do qual transcrevo pequeno trecho da Apresentação, pelo também Promotor de Justiça, Dr. Leonardo Giardin de Souza, página 21:
“...Dentro desse contexto de escalada, a sanha dos mais ousados e violentos contagia os de personalidade fraca, e a crescente de belicosidade e agressividade torna o futebol em si mesmo mero pretexto para disputas de outra ordem e, paralelamente, vasto campo para o exercício do controle comportamental por parte do poder público compelido a tomar providências, controle que atinge todo contingente de torcedores em nome da tentativa muitas vezes vã de conter a minoria violenta (...) toda a sorte de controle - alguns eficazes, muitos imprestáveis para os objetivos propostos - são idealizados e postos em prática...”(grifei).
Esse artigo não faz apologia ao uso do álcool. Está patente isso, mas sempre é bom alertar os mais distraídos.
Adriano Marreiros
Release the Krakens
Parafraseando
Fúria de Titãs.
Atrasei a crônica. Passei o dia tentando corrigindo o token. Não o Tolkien: esse não tem o que ser corrigido: a luta dele é contra o mal! Um tal de token que permite que eu use “mais um programa da séria série” dedique o dia inteiro ao desencarceramento em massa ou, lembrando Fúria de Titãs: Release the Kraken. E num tempo em que há Krakens demais e Perseus de menos... Muitas Andrômedas morrerão sem socorro...
Talvez eu esteja errado: é claro que isso é sempre possível e até provável... Mas, quando vemos que se está tentando criar um modelo rígido e ...light de fixação de penas para vincular juízes e se centraliza o controle de toda a execução penal do país em quem acredita em soltar criminosos como a política de combate ao crime: é mais provável que, ao menos desta vez, eu tenha acertado...
É melhor que seja uma daquelas crônicas bem curtas. Já falei mais que devia e sobre temas geradores de censura: crítica ao “garantismo” penal, descrença no dogma do “encarceramento em massa”, opinião conservadora e temas da Cultura Ocidental... Estou brincando com um Kraken e sem contar com a cabeça da Medusa para petrificá-lo...
Vou botar a barba de molho... já começaram a invadir igrejas: se fazem isso com a Casa do Senhor, o que não farão com a choupana deste pobre pecador... Encerro aqui, invocando a Proteção de Deus... (da tua casa não há de se acercar nenhum flagelo – Salmo 91)
“Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nos ares”. Efésios 6:12
[1] Sim: no presente. Ele está vivo em sua obra.
Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas
* Publicado originalmente no excelente portal Tribuna Diária e enviado ao site pelo autor.
Roberto Motta
Carinho inesperado de filho. Dinheiro esquecido na roupa. Cheiro de comida antes de abrir a porta de casa. Sono que vem quando se precisa. Uma solução que surge de repente. Alguém elogiando você, sem saber que você escuta. Alguém elogiando seu filho. A febre que baixa. Um guichê sem fila. Vaga na porta. Um voo tranquilo. Cigarras. O vento do mar. O mar.
Quando o avião pousa. Quando o pai chega. Quando a dor passa.
Quando rola um beijo. Quando assinam o contrato. Quando o abraço aperta.
Quando o amigo se cura. Quando a foto sai boa. Quando o sono vem.
Quando a mesa é posta para o almoço de família no domingo.
Quando o depósito entra. Quando dá praia. Quando alguém liga.
Quando o livro é bom. Quando sobra grana.
Quando o neném ri. Quando falam o seu nome. Quando a poltrona é na janela.
Quando chega o outono.
Quando o médico diz: “Foi só o susto”.
Quando o sol se põe no mar.
Quando o pão está quentinho. Quando é música italiana. Quando a mulher passa a mão nos cabelos.
Quando você achava que era tarde, mas descobre que ainda é cedo, muito cedo.
Fiquem em paz.
* Publicado originalmente na página do autor no Facebook