A ?a certeza que tenho ?ue, de fato, vivemos um momento hist?o de raro significado. O processo hist?o sofreu uma acelera? equivalente aos grandes momentos do passado, em que cortes memor?is aconteceram, seguidos que foram de acontecimentos catacl?icos. Barack Hussein Obama assume o cargo de presidente dos Estados Unidos da Am?ca em um momento tempestuoso. N???crise econ?a que lhe espera, h?amb?o barril de p?ra do Oriente M?o. De fato, h?m forte risco de depress?econ?a associado a um potencial de conflito militar envolvendo as principais pot?ias do mundo. No Oriente M?o est?eu detonador e essa guerra preliminar de Israel contra o Hamas serviu de p?imo aug? para o que est? espera.
E mesmo que os tempos n?fossem t?sombrios a figura pessoal do novo presidente ?m emblema marcador de eras. Que um mulato, filho de negro africano com m?branca norte-americana, nascido no Hava?sem riqueza familiar not?l e sem um passado que pudesse ser o seu apoio na sua jornada surpreendeu a todos. Chegou onde chegou sozinho, a despeito de todos e de tudo. O mundo viu seus ?mos cap?los nas elei?s que conquistou, ao enfrentar e vencer os caciques do Partido Democrata e, ajudado pela crise, a derrotar seu advers?o do Partido Republicano, nas urnas.
O que menos quero aqui ?azer enc?s como o de Lucas Mendes, publicado no site da BBC-Brasil. Nenhuma v?ma de racismo ou discrimina?, enquanto tal, credencia-se a presidir a maior na? da terra. ?preciso enxergar Obama pelos seus m?tos, a despeito da quest?racial, absolutamente irrelevante no caso. Obama tem estrela, est?o lado superior da Roda da Fortuna, que lhe sorriu. Mas, a que pre? A declara? que deu hoje, pouco antes de tomar o trem na Filad?ia em dire? a Washington contribuiu para aumentar as minhas apreens?
Acredito que nosso futuro ?ossa escolha e se pudermos nos reconhecer nos outros e unir todos: democratas, republicanos, independentes, norte, sul, leste oeste, negros, brancos, latinos, asi?cos, nativos americanos, gays e heterossexuais e deficientes... ent?isto n?apenas restauraria a esperan?e oportunidade onde s?necess?as, mas talvez poder?os aperfei?r nosso pa?no processo. E mais: “Come?do agora, vamos levar para nossas vidas o trabalho de aperfei?r nosso pa? Vamos construir um governo que ?espons?l com o povo. Vamos aceitar nossas responsabilidades como cidad? para manter nosso governo respons?l. Vamos fazer nossa parte para reconstruir este pa? vamos garantir que esta elei? n?? fim do que fazemos para mudar a Am?ca, mas apenas o come?
Claro que ele aqui procura seguir os gestos de Lincoln. Fez-se acompanhar de dez americanos comuns, escolhidos por sorteio, uma representa? pl?ica e teatral da famosa express?do antigo governante: “A democracia ? governo do povo, pelo povo e para o povo”, a maior mentira j?roferida em ci?ia pol?ca, que serve de mantra para as formas modernas de escolha de representantes. O gesto de Obama ?ma confiss?de que, com ele, o homem-massa tornou-se senhor da Casa Branca. J? era, na verdade, mas moderado por l?res que n?recusavam seu papel.
Essa mentira de Lincoln s?oca palavras ao Obama dizer: “Vamos construir um governo que ?espons?l com o povo”. N?? governo que ?espons?l pelo povo, mas exatamente o contr?o, o povo ?ue ?espons?l pelo governo e o direito inalien?l ?esobedi?ia civil est?ais vivo do que nunca. S?a alma de ditador para dizer algo assim. “N?pergunte ao seu pa?o que ele pode fazer por voc?Pergunte o que voc?ode fazer por seu pa?, a c?bre declara? de John Kennedy que ?la mesma uma declara? de escravid?do indiv?o ao Estado todo poderoso.
No discurso ouviram-se as palavras “aperfei?r”, “reconstruir”, “mudar”, os mantras malditos que est?na boca de todos os demagogos, de todos os tempos. Ficou subentendida a absurda Vontade Geral de Rousseau e seu pressuposto, a Igualdade Geral. Os demagogos recusam a realidade como ela ? alimentam as massas com a ilus?de que h?utro mundo poss?l, que a humanidade ?ass?l de perfectibilidade pela via da pol?ca. Discursos como esse est?a dois passos da constru? do totalitarismo. Nenhum homem de alma s? desperto pode ignorar os avisos que essas palavras agourentas carregam.
?um discurso quixotesco, tal como Cervantes p?a boca de seu famoso personagem:
“ – Has de saber, ¡oh Sancho amigo!, que yo nac?or querer del cielo en esta nuetra edad de hierro para resucitar en ella la dorada, o de oro. Yo soy aquel para quien est?guardados los peligros, las haza?grandes, los valerosos fechos...”
Dom Quixote era louco varrido e n?tinha poder, menos ainda poder nuclear. Vemos que ?ma mente deformada pelo quixotismo da modernidade que assume plenipoteciariamente esse poder tit?co. O jogo pol?co mundial ficou demasiadamente perigoso, entregue que est?os leg?mos representantes das massas. Obama ? homem-massa no poder, que recusa de antem?ser o l?r e diz candidamente que far?quilo que a multid?deseja. A l?a das massas foi levada ao centro de decis? Essa ?ma loucura que rumina destrui?, que est?renhe de todos os v?os, que n?deixar? governante hesitar diante de qualquer d?a moral quando os momentos letais se precipitarem.
O tratamento que se tem dado ?rise econ?a ?everas emblem?co do que quero dizer. Emiss?desenfreada de moeda, agigantamento do Estado, doa? de quantias astron?as a administradores pr?os, substitui? do indiv?o por coletivos nas decis?s?fatos que est?acontecendo velozmente, de forma inexor?l. O suposto de tudo isso ?ue o Estado – o governante, o novo pr?ipe – teria o poder de reformar o real, de superar (mesmo eliminar) a crise e at?esmo abolir a lei da escassez. As pessoas sensatas sabem que isso ?m dispare, uma loucura. Obama, todavia, chega ao poder imbu? dessa certeza quixotesca e disposto e levar as expectativas das massas ??mas conseq?ias. Dane-se a realidade, construa-se o sonho imposs?l. O ?mo governante que tentou isso mandou construir fornos cremat?s.
Desejo ao novo presidente dos EUA boa sorte. Que Deus tenha piedade de todos n?